Onde Vamos Morar nos Próximos Anos?

Publicado em Cuidado e Autocuidado

Ana Castro, Cosette Castro & Convidada

Brasília – Em uma sociedade em processo de envelhecimento e com núcleos familiares cada vez mais reduzidos, precisamos pensar urgentemente onde vamos viver nos próximos anos.

Nesta edição, nossa convidada é a arquiteta Rosangela Rachid, mestranda em Gerontologia pela EACHD/ USP. Ela pesquisa novas formas de moradia para a população 60+.

Rosangela Raschid – Um assunto que tem se mostrado bastante frequente é sobre onde morar quando envelhecer. Motivado pelo acelerado crescimento da população idosa e associado aos novos arranjos familiares, o planejamento vem se apresentando necessário para garantir uma fase mais prazerosa, com qualidade de vida e bem-estar.

Os fatores sociais e o senso de pertencimento são pontos relevantes que contribuem para essa qualidade de vida. No entanto, as opções hoje se mostram reduzidas a formatos que não se adequam a esse envelhecer ativo, com autonomia e independência. 

Essa evidência sugere a necessidade de se desenvolver novas formas de morar para esta fase. É importante levar em conta que o compromisso e a inclusão social favorecem o entendimento sobre o processo de envelhecimento, dando clareza e mitigando os efeitos negativos, sejam eles sociais, psicológicos ou biológicos.

O modelo de moradia que vem se destacando por atender esses quesitos é o Sênior Cohousing

São modelos de moradias que favorecem os benefícios sociais. Além disso, são reconhecidos por órgãos globais como o Fórum Econômico Mundial (2020). Eles acreditam ser “um modelo mais inclusivo e sustentável que facilita a convivência, a cooperação e o uso responsável dos recursos naturais e energéticos”. 

Esse modelo promove o cooperativismo, o pertencimento e a troca de experiências devido à sua formatação e organização.

O Cohousing se trata de uma espécie de vila (20-40 unidades + Casa Comum), onde cada morador possui sua casa, respeitando a privacidade. Há também espaços compartilhados como lavanderia, biblioteca, sala de ginástica, quarto de hóspede, dentre outros, garantindo conexões sociais e uma rede de apoio entre os moradores.

Em um Cohousing, a arquitetura favorece as relações sociais, ampliando a rede de apoio e convivência entre os moradores. Eles se mantêm ativos e contribuem com conhecimento, expertise e a troca de experiências entre os moradores.

Outra característica do Cohousing é a economia financeira promovida pelo compartilhamento de itens como carro, internet e colaboração nas tarefas. Sem contar que o poder de compra é bastante significativo quando a aquisição é realizada pelo grupo, aumentando o poder de negociação, gerando economia.

O grande diferencial deste modelo está na intencionalidade de moradores  e moradoras e no desejo de morarem próximos uns aos outros. Desta forma a arquitetura é pensada para auxiliar nesta troca, promovendo encontros e compartilhamentos.

Este tipo de moradia colaborativa teve início por volta de 1970 na Dinamarca, com formato multigeracional. No entanto,  hoje o formato que mais cresce no mundo é o Sênior Cohousing, podendo ser 40+, 50+, o que confere ao formato uma significativa diversidade etária. 

Na Europa, EUA e Canadá o modelo  já se apresenta de forma consolidada, carregando princípios de comunidade, intencionalidade e sustentabilidade. 

Charles Durret arquiteto, foi o responsável por propagar este formato de moradia nos EUA, após ter conhecido o modelo na Europa.

No Brasil existem algumas iniciativas, mas ainda em fase embrionária. Elas têm grande potencial de crescimento por se tratar de um tema atual frente a diversos fatores, como a busca por menores custos promovidos pelo compartilhamento, uma vida mais prática, sustentável, saudável e de conexões sociais.”

No Distrito Federal, a  Lei 6926/2021, que dispõe sobre a política distrital para o tratamento de pessoas com Alzheimer e outras demências e para a prevenção de saúde de cuidadoras e demais familiares,  tem um artigo específico sobre moradias coletivas para pessoas saudáveis em processo de envelhecimento. Precisamos urgentemente que a Lei 6.926 seja implementada.

6 thoughts on “Onde Vamos Morar nos Próximos Anos?

    1. Olá De Franklin,
      Sim, é importante ir se preparando no plano individual, mas também precisamos implementar as moradias coletivas pensando o envelhecimento saudável de vários grupos sociais. Abs

  1. Fico feliz por ver que as pessoas estão se preocupando com esse morar de forma mais sustentável e colaborativa! E o planejamento é fundamental, para que possamos escolher e tomar a melhor decisão. Sem que decidam por nós. Abs!

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