Mulheres que Inspiram

Publicado em mulheres, Sem categoria

Ana Castro & Cosette Castro

Brasília- Esta é uma semana de comemoração no Coletivo Filhas da Mãe.

A Cosette recebeu a notícia de que é finanalista do Prêmio Mulheres que Inspiram 2023, do Instituto Neoenergia, na Categoria Coletivos.

Esta é a 3ª edição do Prêmio que foi criado em 2020, em plena pandemia. Ele  vai contemplar lideranças femininas de iniciativas de arte e cultura promovidas em sete estados atendidos pelo Grupo Neoenergia.

Fico feliz que ela tenha aceitado a minha ideia e estímulo para que se inscrevesse no prêmio. Hoje é a Cosette quem escreve no Blog.

Cosette Castro – “Ana e eu conversamos todos os dias. Nem que seja apenas para desejar bom dia e perguntar se está tudo bem. Na última semana de maio de 2023, não foi diferente.
Ela mandou mensagem dizendo: ‘vi a chamada para um prêmio que tem a tua cara. Acho que você deveria se inscrever’.
Nem me passou pela cabeça representar a mim mesma, apesar do nome do prêmio. Fui direto para a categoria Coletivos.
A primeira coisa que fiz, quando tive um tempo livre,  foi ler as regras. Como o Coletivo Filhas da Mãe ainda é informal, muitas vezes não podemos participar de editais ou aceitar convites de representação pela necessidade de CNPJ.
Era um longo formulário. Exigia alguns dias pra ser preenchido. Mas em quase quatro anos de existência, temos muito o que contar.
Ainda mais em um Coletivo que luta pelo direito à memória, à visibilidade, ao reconhecimento do trabalho gratuito do cuidado familiar. E, principalmente, pelo direito à existência e ao envelhecimento saudável em meio ao mundo caótico das demências e do esquecimento.
Mesmo com poucos recursos financeiros, realizamos projetos criativos interligando informação (cuidado coletivo), prevenção de saúde (cuidado coletivo e autocuidado), arte e cultura (como espaço de saúde mental).
Isso em um mundo onde, em geral, arte cultura e saúde são vizinhos que pouco se comunicam, a não ser  quando a arte e a cultura aparecem na programação de abertura de algum evento da saúde.
Se juntarmos a isso temas relacionados à pesquisa e à academia então, os olhares ficam (ainda mais) arregalados. Sem contar o estranhamento. Particularmente pela pouca aproximação entre saberes populares e saberes cultos, a não ser quando os primeiros são objetos de estudo.
Como venho do mundo acadêmico, acredito que essa aproximação é necessária e imprescindível, sendo benéfica para os dois lados. Eu que o diga.
Fui filha única cuidadora familiar por nove anos e onze meses e foi graças a mulheres cuidadoras solidárias que consegui sobreviver aos desafios cotidianos da demência da minha mãe. Essas mulheres me acolheram,  trocaram experiências,  estiveram ao meu lado nas (longas) hospitalizações e na hora do adeus final.
Como não multiplicar toda essa vivência em um  grupo de apoio como o Filhas da Mãe?
No Coletivo, há pouquíssima verba para realizar projetos. Em geral, tiramos dinheiro do próprio bolso, o que não é um bom exemplo. Ainda assim, nestes quase quatro anos,  temos trabalhos de referência.
Eu costumo dizer pras pessoas: ‘se sem dinheiro a gente faz tudo isso, imagina com dinheiro?. Um dia a gente chega lá!’
Temos muitas ideias. Mas é a Ana que coloca os ‘mas’ e vê possíveis dificuldades. Esse equilíbrio é importante.  O medo pode ser um ‘pé no freio’,  mas também nos ajuda a sobreviver. Na vida pessoal e no Coletivo também.
Como diz o dito popular,  às vezes “tiro leite de pedra”.  Acredito que é possível realizar projetos partir dessa teia que viemos tecendo com muita  solidariedade e afeto. Do trabalho em rede. E do apoio de pessoas incríveis que abrem espaço na agenda pessoal, profissional, empresarial e institucional para tornar possível o quase impossível. Mas, sim, precisamos de infraestrutura, inclusive financeira.
Considero possível pensar e atuar  em políticas públicas de saúde, em pesquisa científica, em informação, cuidado e autocuidado Tudo isso ao lado da arte e da cultura, estimulando o riso, a alegria e a saúde mental, mesmo em meio a dor.
Estou feliz em ser finalista ao Prêmio Inspirar 2023 ao lado de tantas mulheres e projetos incríveis. A notícia me encheu de ânimo. Principalmente depois do susto de uma labirintite que virou o meu mundo de cabeça pra baixo durante uma semana.”

Se você quiser participar da votação popular do Prêmio Inspirar 2023, basta entrar aqui. Existem três categorias: Mulher, Coletivos e Organização. A Cosette concorre na categoria Coletivos. É preciso votar em uma candidata de cada categoria e responder o formulário online até o dia 22 de outubro.

PS: Na segunda-feira, dia 16, a partir das 9h, haverá audiência pública no Senado sobre Políticas públicas para o Cuidado integral de pessoas com  Alzheimer e outras demências. Acompanhe a TV Senado.

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