Nossos Homens de Lata

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

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Nicholas Ferreira. Foto: Reprodução/ TV Câmara

 

         Um indivíduo que tivesse despertado agora de um estado de coma de pouco mais de uma década, com certeza, já não reconheceria o mundo atual e não seria surpresa se passasse a considerar duas hipóteses: ou a humanidade perdeu o juízo durante esses últimos anos, ou ele, que depois desse apagão prolongado, já não está mais em posse de sua sanidade. De qualquer forma, esse já não era o mundo e uma realidade que queria para si. Melhor ter continuado em seu sono profundo, alheio a um mundo no qual já não havia lugar para gente como ele.

         Toda essa situação sobrenatural ganharia ainda um tom mais dramático e desesperador, quando esse ressuscitado se deparasse com os jornais diários, estampando notícias que somente num universo paralelo seriam cabíveis ou críveis. De nada adiantariam explicações de que, ao contrário do que sempre aconteceu no passado, agora eram as leis que haviam se antecipado à evolução natural da sociedade, obrigando os cidadãos a se adaptar aos novos ordenamentos jurídicos, mesmo que isso viesse a contrariá-los em seus costumes, sua fé, seus preceitos éticos.

          Com isso, toda a legislação consuetudinária, baseadas nos hábitos e costumes da sociedade, havia desaparecido, dando lugar às leis confeccionadas por técnicos e juristas, alheios ao mundo ao redor e, sobretudo, indiferentes ao que almejava a sociedade em volta. Questões íntimas, que antes eram resolvidas entre quatro paredes, ganhavam agora as luzes e holofotes de tribunais técnicos e eram resolvidas em benefício não dos pacientes, mas de conceitos vagos e questionáveis como defesa da democracia ou rearranjos técnicos e novas interpretações, todas elas redigidas por alguma inteligência artificial ou uma espécie de Homem de Lata, sem inteligência emocional e sem coração.

         Eram de fato tempos estranhos. Comportamentos ou desvios humanos que, anteriormente, pouco se viam ou escutavam em público, estavam agora sob a guarda, abduzidos pelos partidos de esquerda, todos eles empenhados ainda no combate do desmanche da família tradicional, acusada de patriarcal e conservadora.

         Discrepâncias no âmbito sexual, indo além da conhecida dualidade, homem ou mulher, passaram a ser pomposamente denominados como políticas de gênero, capturadas para a esfera e órbita dos partidos. Com isso, esses antigos dogmas universais, que tinham guiado a humanidade até aqui, caíram no domínio e ingerência ideológica, constituindo-se num novo estandarte e numa diretriz programática de alguns partidos políticos.

         Quaisquer alusões contrárias à esses novos dogmas eram punidos como crimes. Para acompanhar esse novo conjunto de mudanças insanas, foi necessário erigir também uma nova gramática, onde uma espécie de novilíngua era introduzida, com artigos e pronomes deixando em aberto a distinção entre feminino e masculino, transformando o idioma num sarapatel pegajoso e disforme.

         A confusão das línguas, costuradas com arame pelos que rejeitam a estrutura socioeconómica subjacente ao capitalismo contemporâneo, era necessária para confundir as mentes, tornando o trabalho de distopia da sociedade, uma tarefa mais fácil.

         O mundo que conhecera, antes do coma, agora se desmanchava por entre seus dedos, escorrendo pelas páginas do jornal diário onde se lia “Alvo de pedidos de cassação” por transfobia.

 

A frase que foi pronunciada:

“Neste Dia da Mulher, lembre daquela que permitiu que você nascesse!”

Dona Anésia Nunes

Foto: br.freepik.com

 

Dantesco

Área nobre da cidade, onde salas e lojas fervilhavam em movimento, transformou-se no refúgio dos desabrigados da cidade. Banheiros químicos podem ser vistos pelo Setor Comercial Sul. Todos os tipos de drogas parecem ter encontrado, finalmente, um lugar neutro para reinar. Pobres pagadores de impostos, que não têm o direito constitucional de ir e vir porque os governantes não cumprem com a obrigação constitucional de dar saúde e educação à população vulnerável.

Setor Comercial Sul — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

 

Passeio

Turistas que quiserem visitar o Congresso com um guia só precisam se inscrever previamente para os sábados e domingos ou se precisarem das apresentações em inglês, francês, espanhol e libras. Durante a semana, a visitação guiada é feita de meia em meia hora, a partir das 8h30 até às 17h30.  

Congresso Nacional. Foto: EBC

 

História de Brasília

Os ônibus da TCB não estão chegando mais até o Iate. Voltam onde termina o asfalto, onde há o esgoto da Asa Norte que desemboca no Lago. (Publicada em 17.03.1962)

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