Narrativa sem cola

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Wikimedia Commons

 

É lógico que, para aqueles que sabem para onde ir, qualquer caminho serve, mesmo aqueles que conduzem ao abismo. Do mesmo modo, torna-se inconcebível que um mandatário possa assumir o poder sem sequer trazer debaixo do braço as linhas mestras de um projeto de governo acabado e factível. Afinal, são milhões de cidadãos que confiaram um voto de confiança e que, de uma forma ou de outra, irão sentir na pele e no bolso as consequências das ações do governo ou a falta delas.

O que não se pode conceber é que a nação fique tateando no escuro, à procura de uma saída, ou de um plano de fuga vindo do governo. Eis aqui onde estamos. Antigamente, dizia-se estarmos no mato sem cachorro. Hoje, podemos dizer, estamos num país sem um governo à altura dos desafios e das necessidades de um gigante continental, com mais de duzentos milhões de habitantes, cercados de problemas e cobiçado por potências que se dizem amigas, mas que estão de olho gordo posto em nossos recursos e reservas minerais.

Depois de cobranças vindas de todos os lados, o que temos é um arcabouço ou esqueleto de um projeto que visa autorizar o governo a gastar além das possibilidades reais de caixa, sem que isso venha acarretar penalidades e sanções para o perdulário. É pouco ou quase nada e, ao mesmo tempo, é muito para quem vai pagar a conta.

Como metas de governo, o que foi apresentado não passou de um material formado de ações de improviso, que vão saindo das gavetas à medida em que os problemas surgem. Na impossibilidade de armar-se uma guerra contra um inimigo fictício, como fez a Argentina na Guerra das Malvinas, o jeito é deixar os problemas internos de lado e desengavetar um projeto qualquer, desses que propõem um tratado para a criação da chamada Unasul, integrando e unindo, nos âmbitos políticos, econômicos e outros, os países do continente. De preferência, unindo países prósperos como a Argentina, Venezuela, Suriname e outros, cujas economias estão no fundo do poço, criando uma poupança regional, com o apoio do BNDES, além do estabelecimento de uma moeda unificada, como meio de “aprofundar a identidade sul-americana”. Talvez engulam mais essa narrativa.

Diria o filósofo de Mondubim: “Vão juntar os farrapos e molambos num pardieiro só”. Para se ter uma ideia, o papel moeda na Venezuela, de tão desvalorizado, serve hoje como matéria-prima para confecção de artesanatos vendidos nas ruas a preços irrisórios. O que países como Argentina, Venezuela, Nicarágua e outros necessitam não é socorro do tipo econômico, que facilmente irá parar nos bolsos desses governos corruptos, mas de uma coisa chamada democracia e gente decente para administrar esses países.

Criar mecanismos e instituições como o Corporación Andina de Fomento, ou Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata, é irrigar com dinheiro do pagador de impostos, no Brasil, os governos ditatoriais de esquerda que infernizam suas nações. Levar dinheiro para as mãos dessa gente é perpetuar-lhes a tirania. Para quem já se armou de cautela contra essas intenções marotas, todas elas fincadas numa antiquada e falsa visão de mundo, as proposições feitas pelo governo brasileiro às lideranças sul-americanas se inserem no que ele mesmo denomina como narrativas e mostram de que lado da história ele se posiciona.

De fato, o Governo Lula não sabe para onde vai e ainda assim quer que toda uma nação siga com ele. Com companheiros do naipe de Maduro, Ortega e outros é melhor irmos sozinhos.

 

A frase que foi pronunciada:

“A confiança começa com uma liderança digna de confiança.”

Bárbara Kimmel Brooks

Bárbara Kimmel Brooks. Foto: amazon.in

 

Nota 10

Quando o GDF quer, faz. Um espetáculo o aplicativo do Detran com a carteira de motorista digital, acesso a todo tipo de informação sobre o carro. As multas são notificadas quase que em tempo real no celular do motorista. Para a averiguação, há, inclusive, a foto com todos os dados do dia da punição.

 

65 anos

Em entrevista à Rádio Nacional, no programa Eu de Cá, Você de Lá, a índia Kayná, da etnia Munduruku, contou que o pai dela remava por horas para trocar peixe e farinha por pilhas para o radinho. Só assim era possível a família acompanhar o que se passava do lado de cá da floresta.

Índia Kayná Munduruku no Programa Eu de Cá, Você de Lá. Foto: radios.ebc.com

 

Memórias

Por falar em Rádio Nacional, não havia foca no jornalismo de Brasília que não passasse por ali. Luiz Mendonça, Claire e Edson Tavares formavam um trio importante na redação da rádio.

Rádio Nacional de Brasília. Foto: ©Acervo Arquivo Público do Distrito Federal

 

História de Brasília

As portas dos cabeleireiros, seja qual fôr o endereço, estão cheias de carros do governo à espera de madames. (Publicada em 20.03.1962)

Improviso e surpresas

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Lula. Foto: Ricardo Chicarelli – 19.mar.22/ AFP

 

         Tivesse, como seria lógico, econômico e estratégico, apresentado um plano de governo, consistente e coerente, antes mesmo das eleições, antecipando o que seria ou não possível realizar em quatro anos, o atual chefe do Executivo e sua equipe não estariam, como se vê agora, correndo de um lado para outro, buscando reunir projetos soltos em busca de alguma racionalidade de gestão, ao fim desses cem dias no comando do país. Razões diversas fizeram o governo dispensar um mínimo de projetos, dentre elas creditadas a total descrença de que sua campanha sairia vitoriosa no pleito de outubro. A pouca audiência e a incapacidade visível do candidato andar livremente pelas ruas do país, o que é um dos pré-requisitos para todo e qualquer candidato, levavam todos a acreditar que sua eleição seria um fracasso. A seu favor, além do sistema é claro, estavam apenas boa parte da mídia e sua claque mais radical, movimentada de um canto para outro para fazer número e figuração.

         Diante desse pessimismo interno, a formulação de propostas de alto calibre parecia perda de tempo, resumindo-se, nos bastidores, a reuniões, onde eram formuladas propostas genéricas e requentadas, todas elas já testadas e reprovadas, mas que podiam fazer algum sentido num país que, terminadas as eleições, parecia ter perdido o rumo e o prumo.

         Numa situação como aquela vista depois de outubro, qualquer plano, mesmo aqueles que nada continham de racional, serviriam para dar início ao governo. Pena que a legislação eleitoral não obrigue os candidatos a apresentarem, previamente, planos de governo consistentes e adequados. O mais correto nesse quesito, onde seriam apresentados os projetos executivos de cada candidato, era cada um desses planos serem estudados e aprovados por uma junta de especialistas isentos, que dariam, ou não, o aval para o registro da candidatura.

          Candidato sem plano de governo consistente não teria permissão para concorrer. Com isso seria evitada a perda de tempo e de recursos com governos, já em pleno exercício do mandato, e ainda remendando propostas soltas em busca de um plano mínimo de administração. Mas isso é querer demais, ainda mais num país onde nem mesmo o pré-requisito de uma ficha limpa é exigido dos candidatos. O que temos como resultado desse desdém por planos executivos de ação governamental é a comemoração de cem dias de poder, sem que medida alguma de alcance fundamental tenha sido tomada.

         Para piorar uma situação de total improviso e de incertezas, o atual governo tem pela frente ainda um Congresso que, à primeira vista, não parece muito disposto a validar de imediato suas propostas, sendo que, nesse ponto, a abdução de parlamentares em troca de favores, como ocorreu lá atrás no mensalão, está mais difícil e mais complicada. O governo nem tem nem uma base política, nem propostas bem costuradas para apresentar ao parlamento, o que faz prever que todas as suas medidas que sejam enviadas ao Congresso irão sofrer uma intensa revisão, sendo poucas as chances de que seus planos saiam do Legislativo como pretendiam os grupos políticos ligados ao Palácio do Planalto.

         Não fez antes e não fará bem agora à toque de caixa e na undécima hora. O problema com o improviso, em funções como a do Poder Executivo, que exige tempo de maturação de ideias, é que ele vem sendo acompanhado de imprevistos e de surpresas, nem sempre agradáveis.

A frase que foi pronunciada:

“Um bom plano é como um mapa rodoviário: mostra o destino final e geralmente o melhor caminho para chegar lá.”

Stanley Judd

 

Antes

Condomínios, prédios, empresas, todos começam a se mobilizar em campanhas proativas de proteção a roubos e furtos. Até a UnB recomeça as aulas com mais câmeras de monitoramento, botões espalhados pelo campus para acionar a segurança, além de um manual com dicas de proteção contra furtos e protocolos em casos de crimes.

Foto: fd.unb.br

 

Deu Brasil

Recorde mundial na F1 in Schools batido pelo mineiro Pedro Silva da equipe Speed Lions. Trata-se de um projeto mundial apoiado pelos mandachuvas da Formula 1, que estimula a meninada de 9 a 19 anos a implementar o software CAD/CAM para colaborar, projetar, analisar, fabricar, testar e, em seguida, competir em miniaturas de carros movidos a ar comprimido feitos de blocos modelo F1. Os carros são lançados pela rapidez entre a luz verde e o toque do competidor que aciona o motor.

 

Cultura

Na realidade, o gancho para a matéria que informa sobre a reforma da sala Martins Pena não é a geração de empregos. É a geração do conhecimento e exercício do pensamento, que são valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade. É esse o valor dado pelo governador Ibaneis.

Foto: Sergio Amaral/CB/D.A Press

 

História de Brasília

Mas o assunto não é bem êste, e está mais ligado ao dr. Pimenta. É necessário que a captação de águas pluviais seja feita também nas superquadras, mesmo as inacabadas, como o Iapfesp. (Publicada em18.03.1962)

Fronteiras e realidades

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Charge do Duke

 

          Não se sabe ao certo o que seria, na visão dos atuais protagonistas do poder, o que significaria a utilização do adjetivo “extrema” constantemente acoplado à expressão direita, quando se referem aos seguidores do ex-presidente. Comunicadores seguem o modelo e também apelidam de extremistas quaisquer outros grupos que se posicionem como direita.

         Para aqueles que se deixam embalar pelas cantilenas do populismo, extrema direita ou extrema esquerda são termos utilizados apenas para desqualificar o oponente, lançando-o às bordas e aos limites da razão. Ocorre que nada é mais parecido e próximo um do outro, do que os elementos que se situam nos extremos, confirmando a tese antiga de que os extremos se tocam.

         Soldados que vigiavam as fronteiras entre a Europa Ocidental e Oriental, durante a Guerra Fria, pela proximidade e pelo convívio obrigatório que essa condição exigia, mantinham, nesses locais, trocas de impressões e comentários ou mesmo provocações irônicas sobre o cotidiano de cada lado dessas barreiras. Com o tempo, os mais curiosos começavam a perceber que eram as divisões ordenadas pela ação política e ideológica que induziam as divisões entre as pessoas e não, propriamente, a realidade humana, que parecia manter o mesmo padrão.

         Todos queriam viver, cruzar esses pontos de fronteiras sem problemas e ter uma vida digna. Mas havia ali, naquele ponto extremo, uma diferença que chamava a atenção de todos: eram sempre as populações que habitavam o lado Oriental que tentavam passar para o Ocidente, e não eram poucos. Dificilmente se via algum indivíduo tentando ingressar no lado Oriental. E por que isso ocorria? A resposta era simples e dizia muito sobre essa linha divisória. No lado Oriental, naquele período cominado pela URSS comunista, não havia liberdade. Todos eram controlados pelo Estado onipresente e isso fazia toda a diferença entre um lado e outro.

         Não foram poucos os casos de soldados que, aproveitando a oportunidade de estarem tão perto da fronteira, fugiam para o lado Ocidental, com a ajuda dos seus colegas, de um lado e de outro. Vendo isso, as autoridades da parte Oriental criaram uma espécie de zona neutra ou de transição, afastando esses soldados do convívio com seus colegas do Ocidente. Atletas, embaixadores e outros personagens, quando vinham ao Ocidente, logo providenciavam uma maneira de pedir asilo político, mesmo que isso acarretasse duras repressões aos seus parentes que ficavam do outro lado da fronteira. São inúmeras as histórias que contam as tentativas para se livrar do controle do Grande Irmão e a busca pela liberdade. Muitos pagaram com a vida.

         Por ocasião das notícias, dando conta da queda iminente do Muro de Berlim em novembro de 1989, quilômetros de carros particulares trazendo famílias inteiras e com aquilo que podiam carregar formavam filas junto à fronteira, esperando o momento certo para cruzar para o lado oriental. Nenhuma alma viva fez o caminho inverso naquela data.

          Voltando ao nosso caso particular, onde as nuances entre esquerda e direita se dão mais pelos valores de caráter de cada um, poderíamos facilmente classificar de extremismo, o uso dos recursos do Estado para enriquecimento do partido e de seus líderes. A dilapidação de empresas estatais e outros crimes, que todos vimos ao vivo e a cores, guardam uma certa similaridade com os líderes políticos da antiga Europa Oriental, todos eles donos de grandes fortunas, enquanto, para a população, eram reservados tíquetes para a compra de alimentos escassos e racionados.

         A construção efetiva de uma direita no Brasil, em contraponto aos desastres já conhecidos de outros carnavais, já foi iniciada. É um caminho ainda novo e que precisa ser pavimentado com muito esforço e dedicação, mas que se torna necessário e urgente para que os brasileiros de bem não tenham que se dirigir às fronteiras, em busca da liberdade.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quantas vezes eu já disse para você não acreditar em tudo que ouve? Busque a verdade por si mesmo.“

Isabel Allende

Foto: Divulgação

 

Humanidade

Ariano Suassuna conheceu uma figura que classificava a humanidade em quem já foi a Disney e quem não foi. A novidade é que CEO da Disney, Robert Iger, já escolheu o terreno em Florianópolis para trazer, ao Brasil, o parque de diversões mais conhecido do mundo.

 

Violência

Roubos no Parkway, assaltos em sinais de trânsito de Brasília, furtos nas igrejas. Se houver complacência da polícia e da Justiça nos primeiros casos, é melhor a população ir se preparando.

Foto: Material cedido ao Correio

 

História de Brasília

Fugiu, doutor, é o termo. E vai ser duro, reaver o crédito. Seu sucessor soube se portar, com espírito de renúncia e compressão. Desprendeu-se de vaidades, e abriu mão de um direito constitucional para que não fosse sacrificado o povo. O senhor, no caso, faria o mesmo, dr. Jânio? (Publicada em 17.03.1962)

Quando a natureza é imutável

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Ilustração: JF 13

         O escorpião, que do sapo havia se valido para atravessar a lagoa, como paga, incutiu, sem piedade, sua peçonha no dorso do pobre anfíbio. Moral da fábula, diz que picar é da natureza do escorpião. Também é da natureza de governos, já testados e reprovados no passado, repetirem seus programas e projetos – se é que os possuem – mesmo que, com isso, venha a cometer os mesmos erros e gerar as mesmas consequências catastróficas diante do silêncio reinante.

         É da natureza, particularmente das esquerdas da América Latina, usar da oportunidade real de administrar um país, para transformar seus governos numa espécie de laboratório, testando teses que funcionariam melhor se aplicadas, por exemplo, na gestão de um diretório acadêmico da universidade.

         Ocorre que um país não é um diretório ou outra instituição, onde estudantes ensaiam suas revoluções idealistas. Do mesmo modo, um país não pode ser resumido numa espécie de central sindical, onde oportunistas de todo o calibre, ensaiam modelos distópicos de quebrar industrias e empresas, ao mesmo tempo em que buscam lucros maiores para si e seus filiados.

         O que ocorreu no ABC paulista, com as indústrias de automóveis abandonando essa região em busca de melhores retornos para seus investimentos, e deixando atrás de si um verdadeiro cinturão da ferrugem, com desemprego e falta de oportunidades, demonstra o resultado dessa prática nefasta e improvisada de querer impor, a qualquer custo, esses ensaios governamentais.

          A Venezuela e agora a Argentina e outros países do continente, formam um laboratório vivo dessas experiências mal sucedidas e que, na maioria das vezes, redundam em centralismo político e, daí, para uma ditadura fechada e opressora. Os métodos são sempre os mesmos. O inimigo é o outro, a quem devemos cancelar e destruir. Alguém no passado já havia ensinado que essas fórmulas não resultam em boa coisa. O inimigo é sempre a ignorância e a prepotência.

         Bem faria se, na entrada do Palácio do Planalto, fosse afixada, de forma bem visível, em placa de bronze, as lições pregadas por Abraham Lincoln (1809-1865), 16º presidente americano: “Não Criarás a Prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos por enfraqueceres os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aquele que o paga. Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos. Não poderás criar estabilidade permanente baseada em dinheiro emprestado. Não evitarás as dificuldades se gastares mais do que ganhas. Não Fortalecerás a dignidade e o anônimo se subtraíres ao homem a iniciativa da liberdade. Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.”

          Não por outra razão, é este o país para onde muitos desejam migrar, sobretudo aqueles que viveram sob as ditaduras de esquerda. Não é por outra razão também que certas pessoas de lenço vermelho, toda vez que podem, deixam Havana de lado e vão para Miami.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os norte-americanos não entendem… que nosso país não é só Cuba; nosso país também é humanidade”.

Fidel Castro

Fidel Castro. Foto: Charles Platiau/Reuters

 

Planos planejados

Pobre consumidor que acha estar protegido pelo Plano de Saúde que paga religiosamente. Quando pede os detalhes das consultas ou internações, vem a surpresa. Remédios que nunca foram usados, procedimentos que jamais foram feitos. Tudo devidamente contabilizado. Quem dita as regras e está do lado do paciente precisa agir rápido.

Charge: Bier

 

Dinheiro a rodo

De agora em diante, as prefeituras têm novas obrigações em planos contra situações de risco. Além disso, falta a cobrança e transparência nas verbas de emendas parlamentares recebidas por prefeitos e governadores. Não há prestação de contas onde a população, que paga os impostos, possa acompanhar para elogiar ou denunciar.

Charge: abarraeanoticia.blogspot.com

 

Reação

Segundo a BBC Brasil, uma das principais organizações que comandam o atletismo em todo o mundo, a World Athletics, acaba de vetar a participação, nos esportes femininos, de atletas transgênero. A proibição será válida a partir de 31 de março próximo. Já não era sem tempo.

Foto: Giuseppe CACACE / AFP

 

História de Brasília

A fala do dr. Jânio Quadros disse o que todos esperavam. Foi corajoso e incisivo. Democrata, e livre. Mas mostrou que a hora da renúncia era a hora de se manter no poder e chamar o para acompanhá-lo nas suas decisões. (Publicada em 17.03.1962)

Nossos Homens de Lata

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Nicholas Ferreira. Foto: Reprodução/ TV Câmara

 

         Um indivíduo que tivesse despertado agora de um estado de coma de pouco mais de uma década, com certeza, já não reconheceria o mundo atual e não seria surpresa se passasse a considerar duas hipóteses: ou a humanidade perdeu o juízo durante esses últimos anos, ou ele, que depois desse apagão prolongado, já não está mais em posse de sua sanidade. De qualquer forma, esse já não era o mundo e uma realidade que queria para si. Melhor ter continuado em seu sono profundo, alheio a um mundo no qual já não havia lugar para gente como ele.

         Toda essa situação sobrenatural ganharia ainda um tom mais dramático e desesperador, quando esse ressuscitado se deparasse com os jornais diários, estampando notícias que somente num universo paralelo seriam cabíveis ou críveis. De nada adiantariam explicações de que, ao contrário do que sempre aconteceu no passado, agora eram as leis que haviam se antecipado à evolução natural da sociedade, obrigando os cidadãos a se adaptar aos novos ordenamentos jurídicos, mesmo que isso viesse a contrariá-los em seus costumes, sua fé, seus preceitos éticos.

          Com isso, toda a legislação consuetudinária, baseadas nos hábitos e costumes da sociedade, havia desaparecido, dando lugar às leis confeccionadas por técnicos e juristas, alheios ao mundo ao redor e, sobretudo, indiferentes ao que almejava a sociedade em volta. Questões íntimas, que antes eram resolvidas entre quatro paredes, ganhavam agora as luzes e holofotes de tribunais técnicos e eram resolvidas em benefício não dos pacientes, mas de conceitos vagos e questionáveis como defesa da democracia ou rearranjos técnicos e novas interpretações, todas elas redigidas por alguma inteligência artificial ou uma espécie de Homem de Lata, sem inteligência emocional e sem coração.

         Eram de fato tempos estranhos. Comportamentos ou desvios humanos que, anteriormente, pouco se viam ou escutavam em público, estavam agora sob a guarda, abduzidos pelos partidos de esquerda, todos eles empenhados ainda no combate do desmanche da família tradicional, acusada de patriarcal e conservadora.

         Discrepâncias no âmbito sexual, indo além da conhecida dualidade, homem ou mulher, passaram a ser pomposamente denominados como políticas de gênero, capturadas para a esfera e órbita dos partidos. Com isso, esses antigos dogmas universais, que tinham guiado a humanidade até aqui, caíram no domínio e ingerência ideológica, constituindo-se num novo estandarte e numa diretriz programática de alguns partidos políticos.

         Quaisquer alusões contrárias à esses novos dogmas eram punidos como crimes. Para acompanhar esse novo conjunto de mudanças insanas, foi necessário erigir também uma nova gramática, onde uma espécie de novilíngua era introduzida, com artigos e pronomes deixando em aberto a distinção entre feminino e masculino, transformando o idioma num sarapatel pegajoso e disforme.

         A confusão das línguas, costuradas com arame pelos que rejeitam a estrutura socioeconómica subjacente ao capitalismo contemporâneo, era necessária para confundir as mentes, tornando o trabalho de distopia da sociedade, uma tarefa mais fácil.

         O mundo que conhecera, antes do coma, agora se desmanchava por entre seus dedos, escorrendo pelas páginas do jornal diário onde se lia “Alvo de pedidos de cassação” por transfobia.

 

A frase que foi pronunciada:

“Neste Dia da Mulher, lembre daquela que permitiu que você nascesse!”

Dona Anésia Nunes

Foto: br.freepik.com

 

Dantesco

Área nobre da cidade, onde salas e lojas fervilhavam em movimento, transformou-se no refúgio dos desabrigados da cidade. Banheiros químicos podem ser vistos pelo Setor Comercial Sul. Todos os tipos de drogas parecem ter encontrado, finalmente, um lugar neutro para reinar. Pobres pagadores de impostos, que não têm o direito constitucional de ir e vir porque os governantes não cumprem com a obrigação constitucional de dar saúde e educação à população vulnerável.

Setor Comercial Sul — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

 

Passeio

Turistas que quiserem visitar o Congresso com um guia só precisam se inscrever previamente para os sábados e domingos ou se precisarem das apresentações em inglês, francês, espanhol e libras. Durante a semana, a visitação guiada é feita de meia em meia hora, a partir das 8h30 até às 17h30.  

Congresso Nacional. Foto: EBC

 

História de Brasília

Os ônibus da TCB não estão chegando mais até o Iate. Voltam onde termina o asfalto, onde há o esgoto da Asa Norte que desemboca no Lago. (Publicada em 17.03.1962)

Prisioneiros de consciência

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

 

Em democracias verdadeiramente maduras, as instituições do Estado jamais se prestam a perseguir opositores do governo de plantão, com base em opções ideológicas. Nessas democracias autênticas, o Estado e todas as suas instituições são infensas às etéreas fumaças de matizes ideológicos. Predileções ou cores partidárias são válidas nos limites dos partidos e jamais devem contaminar o Estado e sua máquina. Primeiro, porque é esse o desejo dos cidadãos de bem. Segundo, é preciso lembrar que o custeio da máquina pública é feito pelos pagadores de impostos, que, na sua imensa maioria, querem ver os políticos e suas preferências momentâneas longe, muitas léguas, de tudo que é público.

O problema é fazer valer esse modelo de equidistância do Estado, num país histórico e culturalmente patrimonialista, onde as relações interpessoais e consanguíneas penetram e contaminam toda a estrutura da máquina pública. A persistir esse modelo de República às avessas, o que a população brasileira pode esperar para o futuro ad infinitum é ser governada, alternadamente, por clãs oligárquicos, que usam e abusam dos mecanismos do Estado para perseguir, ou eliminar, opositores, tornando o caminho dos cofres aplainados e livres para seus correligionários.

Nada do que foi dito acima é novidade para ninguém, o que tornam as coisas ainda piores, já que muitos passam a acreditar que é esse o modelo que estamos fadados seguir e aturar e que, em última análise, decorre, diretamente, de nossas próprias escolhas diante do altar das urnas eletrônicas. Não há salvação à vista, frente a um Estado distópico, pronto a desconstruir e retorcer, diante de todos, o que vem a ser Estado democrático de direito, ainda mais quando forças de toda a ordem, que poderiam estar ao lado dos cidadãos, se rendem às benesses do governo, ajudando o sistema a parecer aquilo que não é de fato.

São bilhões e bilhões de reais que fluem das mãos dos cidadãos, diretamente para manter o status quo, azeitando e mantendo atuante a odiosa máquina de moer opositores. Somos, nesse caso, todos cúmplices, mantendo vivo um sistema que visa nos manter num silêncio sepulcral. Essas digressões, feitas tangencialmente à nossa realidade, nesses momentos de penumbra, vem a propósito do esquecimento ou para usar uma linguagem mais atual, do cancelamento a que estão submetidas centenas de pessoas, na sua maioria gente idosa, presas sem acusação formal ou acesso aos seus processos na justiça, todas elas acusadas de crimes vagos e sem previsão no ordenamento jurídico.

Taxadas de terroristas e outros epônimos a estampar manchetes e que agora jazem em condições sub-humanas por conta de uma máquina pública transformada em fuzil e municiada por projéteis ideológicos, prontas para aniquilar opositores. É disto que se trata, mesmo que a tarja preta tente esconder de todos. São prisioneiros de consciência, mesmo que digam o contrário.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A verdade é que este tipo de ditadura, sendo essencialmente antidemocrática, tem de recorrer a formas pseudodemocráticas para se legitimar, mas também, e isso é o que importa, pela sua real convicção de representar o povo, o verdadeiro, pessoas legítimas, que se definem pelo poder através de critérios raciais, políticos ou culturais”.

José María Faraldo, Redes de terror: a polícia secreta comunista e seu legado.

José María Faraldo. Foto: Antonio Heredia

 

Quase 3 mil
Se alguns acham que para cumprir os deveres como cidadão é difícil, o Estado mal gerido sofre muito mais. Depois de registrar matrículas de alunos que precisam de apoio durante as aulas por portarem alguma deficiência, a Secretaria de Educação está às voltas para contratar concursados e conclamar a presença de voluntários.

Foto: Mateus Rodrigues/G1

 

Entendido
Vida Vivida — histórias de um advogado, de José Alberto Couto Maciel, é um desses livros de cabeceira que se tem para conversar lendo. Cada vez que é aberto, chama a atenção para detalhes. “Na prática, muitas vezes se ganha o processo porque se tem razão, porque fez um excelente trabalho; outras vezes por esses mesmos motivos, se perde. É que o lado humano importa muito  mais do que o direito. Parece-me que o direito tem sempre duas caras, e qualquer das duas vale quando transitado em julgado.”

Foto: Divulgação

 

Acidente
Cloreto de vinila é o nome da substância tóxica que vazou do trem descarrilado em Ohio, nos Estados Unidos. O caso é tão grave que os moradores não querem voltar às suas casas. Os depoimentos são de estarrecer.

 

História de Brasília

Atrás do Bloco 2 do Iapfesp (304), estão jogando entulho para encobrir a lama. A superquadra não pode ser urbanizada porque construíram as casas de alvenaria onde deveria ser jardim. (Publicada em 17/3/1962)

Presente peçonhento

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Postagem publicada no perfil oficial do deputado federal Marcel Van Hattem no Instagram

 

         Governos que, por definição e prazo de validade, deveriam ser sempre passageiros e mudados, como se muda de guarda-roupa a cada estação, deveriam também, por uma questão de economia de tempo, manterem-se focados nos assuntos que realmente importam para o país.

         No nosso caso e dado o grande volume de problemas que temos, torna-se indiscutível que as questões internas ligadas à infraestrutura, à economia, ao meio ambiente, ao saneamento das cidades, ao combate à violência, ao aparelhamento da máquina do Estado ou ao combate à corrupção endêmica, entre outras questões, deveriam ocupar 24 horas de qualquer governo que se preze. A não ser, é claro, que o governo, como parece ser o caso atual, esteja considerando a possibilidade de se perpetuar no poder.

         Se for esse o caso, faz sentido a adoção de uma série de medidas pré-concebidas, que vêm sendo colocadas em pauta, como alicerces, que vão sendo construídos, visando o soerguimento do edifício da centralização política. Pelas ações do presente, o futuro aponta para esse norte gélido.

         Segundo o ministro Moraes, os ataques de 8 de janeiro apontam para condutas ilícitas e gravíssimas, com intuito de, por meio de violência e grave ameaça, coagir e impedir o exercício dos poderes constitucionais constituídos. “Houve flagrante afronta à manutenção do estado democrático de direito, em evidente descompasso com a garantia da liberdade de expressão”, e ainda “há provas nos autos da participação efetiva dos investigados em organização criminosa”, para sustentar a conversão da prisão. No entanto, está fora de cogitação uma CPI sobre o assunto.

         Trata-se aqui de uma agenda que vai sendo passada, em pequenas doses, bem debaixo do nariz de todos, e que irá se constituir, lá na frente, a base para a consolidação do poder. Nesse ponto, já não haverá mais retorno e não se poderá falar em golpe ou coisa do gênero, já que todos foram avisados de cada passo. É da desatenção geral do momento presente que se estabelecem e se firmam os governos longevos.

         Trata-se de um trabalho lento e cauteloso, para ver por onde deve seguir todo o plano. Por conta do 8 de janeiro, algumas ações do governo vieram à luz num átimo. Proibiram-se as manifestações e concentrações de pessoas; passou-se a considerar crime quaisquer contestações, mesmo legítimas ao pleito de novembro. No passo seguinte, busca-se o desarmamento legal de parte da população. No mesmo sentido, vão se enfraquecendo as leis preventivas com relação ao teto de gastos, às indicações para as estatais e outras medidas, visando manter a economia sob controle total do Estado, que, nesse caso, vem a ser o partido no poder. Repete-se aquela velha história da primeira noite em que o jardim da casa é invadido para roubar a flor da liberdade e nada é feito contra esse ato.

         Agora, aproveitando uma iniciativa, no mínimo, estranhíssima, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), um organismo cujo propósito deveria ser o de cuidar da educação e da ciência, duas manifestações do gênio humano, na qual a liberdade é o motor propulsor de toda a ação, o governo volta a insistir naquele fórum na tal da regulação da mídia.

         Por mais que se fale em defesa da democracia e dos mais desfavorecidos, qualquer brasileiro com apenas dois neurônios sabe muito bem que essa é mais uma das propostas que visam censurar toda e qualquer oposição. A defesa da verdade parece ser a defesa de uma verdade específica e não aquela buscada com liberdade por filósofos desde a antiguidade. Pelas pessoas, direta ou indiretamente envolvidas nessa discussão estranha, já dá para sentir que esse é mais um presente de grego, embrulhado num papel vistoso de cetim vermelho, mas que esconde, dentro de si, um escorpião.

 

A frase que foi pronunciada:

“A democracia é atividade criadora dos cidadãos e aparece em sua essência quando existe igualdade, liberdade e participação.”

Marilena Chauí

Marilena Chauí. Foto: Reprodução

 

Para estrangeiros

Orlene L. S. Carvalho e Marcos Bagno são estudiosos do ensino do português brasileiro a estrangeiros. Tratam do uso autêntico contemporâneo da língua falada e escrita. Assista, a seguir, o bate-papo.

 

Consome dor

Leitor se manifesta com dúvidas sobre burocracia. Com tudo dentro de legalidade, inclusive a película instalada, precisou voltar à oficina. Para fazer a vistoria no carro, não aceitam os vidros com película.

Foto: blog.olhovivovistorias

História de Brasília

A única firma que acabou o bloco a si confiado, foi a Caiçara, há mais de um mês, enquanto que as outras, em passo de tartaruga, proporão, provavelmente, reajustamento proximamente. (Publicada em 17.03.1962)

Prisioneiros de consciência

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

 

         Em democracias verdadeiramente maduras, as instituições do Estado jamais se prestam a perseguir opositores do governo de plantão, com base em opções ideológicas. Nessas democracias autênticas, o Estado e todas as suas instituições são infensas às etéreas fumaças de matizes ideológicos. Predileções ou cores partidárias são válidas nos limites dos partidos e jamais devem contaminar o Estado e sua máquina. Primeiro, porque é esse o desejo dos cidadãos de bem. Segundo, é preciso lembrar que o custeio da máquina pública é feito pelos pagadores de impostos, que, na sua imensa maioria, querem ver os políticos e suas preferências momentâneas longe, muitas léguas de tudo que é público.

         O problema aqui é fazer valer esse modelo de equidistância do Estado, num país histórico e culturalmente patrimonialista, onde as relações interpessoais e consanguíneas penetram e contaminam toda a estrutura da máquina pública. A persistir nesse modelo de República às avessas, o que a população brasileira pode esperar para o futuro ad infinitum, é ser governada alternadamente por clãs oligárquicos que usam e abusam dos mecanismos do Estado para perseguir ou mesmo eliminar opositores, tornando o caminho dos cofres aplainados e livres para seus correligionários.

          Nada do que foi dito acima é novidade para ninguém, o que tornam as coisas ainda piores, já que muitos passam a acreditar que é esse o modelo que estamos fadados a seguir e aturar e que, em última análise, decorre, diretamente, de nossas próprias escolhas diante do altar das urnas eletrônicas.

         Não há salvação à vista, frente a um Estado distópico, pronto a desconstruir e retorcer, diante de todos, o que vem a ser Estado Democrático de Direito. Ainda mais quando forças de toda a ordem, que poderiam estar ao lado dos cidadãos, se rendem às benesses do governo, ajudando o sistema a parecer aquilo que não é de fato.

         São bilhões e bilhões de reais que fluem das mãos dos cidadãos, diretamente para manter o status quo, azeitando e mantendo atuante a odiosa máquina de moer opositores. Somos, nesse caso, todos cúmplices, mantendo vivo um sistema que visa nos manter num silêncio sepulcral.          Essas digressões, feitas tangencialmente à nossa realidade, nesses momentos de penumbra, vêm a propósito do esquecimento ou, para usar uma linguagem mais atual, do cancelamento a que estão submetidas centenas de pessoas, na sua maioria gente idosa, presas sem acusação formal ou acesso aos seus processos na justiça, todas elas acusadas de crimes vagos e sem previsão no ordenamento jurídico.

         Tachadas de terroristas e outros epônimos a estampar manchetes e que agora jazem em condições sub-humanas por conta de uma máquina pública transformada em fuzil e municiada por projéteis ideológicos, prontas para aniquilar opositores.

         É disto que se trata, mesmo que a tarja preta tente esconder de todos. São prisioneiros de consciência, mesmo que digam o contrário.

A frase que foi pronunciada:

“A verdade é que este tipo de ditadura, sendo essencialmente antidemocrática, tem de recorrer a formas pseudodemocráticas para se legitimar, mas também, e isso é o que importa, pela sua real convicção de representar o povo, o verdadeiro, pessoas legítimas, que se definem pelo poder através de critérios raciais, políticos ou culturais”.

José María Faraldo, Redes de terror: a polícia secreta comunista e seu legado.

José María Faraldo. Foto: Antonio Heredia

 

Quase 3 mil

Se alguns acham que para cumprir os deveres como cidadão é difícil, o estado mal gerido sofre muito mais. Depois de registrar matrículas de alunos que precisam de apoio durante as aulas por portarem alguma deficiência, a Secretaria de Educação está às voltas para contratar concursados e conclamar a presença de voluntários.

Foto: Mateus Rodrigues/G1

 

Entendido

Vida Vivida – histórias de um advogado, de José Alberto Couto Maciel, é um desses livros de cabeceira que se tem para conversar lendo. Cada vez que é aberto chama atenção para detalhes. “Na prática, muitas vezes se ganha o processo porque se tem razão, porque fez um excelente trabalho; outras vezes por esses mesmos motivos, se perde. É que o lado humano importa muito mais do que o direito. Parece-me que o direito tem sempre duas caras, e qualquer das duas vale quando transitado em julgado.”

Foto: Divulgação

 

Acidente

Cloreto de Vinila é o nome da substância tóxica que vazou do trem descarrilado em Ohio, nos Estados Unidos. O caso é tão grave que os moradores não querem voltar às suas casas. Os depoimentos são de estarrecer.

História de Brasília

Atrás do Bloco 2 do IAPFESP (304), estão jogando entulho para encobrir a lama. A superquadra não pode ser urbanizada porque construíram as casas de alvenaria onde deveria ser jardim. (Publicada em 17.03.1962)

Guerra de palavras

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Foto: Lula e Bolsonaro | Arquivo Google

 

         Foi-se o tempo em que a expressão do Latim que ensinava que: “ verba volant, scripta manent” ou, em tradução livre , “palavras voam, a escrita permanece”, fazia algum sentido. Hoje, com o estabelecimento generalizado das tecnologias digitais, somadas às mídias sociais, tudo o que é falado em público, especialmente pelos políticos, é gravado e replicado ad infinitum.

         Capturados pelas redes, ficam como escritos em rochas e jamais desaparecem, nem por força de controles e de censuras. Posto isso, é fácil aferir, antologicamente, o que seria a quintessência de qualquer indivíduo. Somos a expressão do que falamos, até de modo inconsciente. Não é por outro motivo que a psicanálise recorre, basicamente, ao que o paciente expressa em palavras, para desnudar-lhe a alma e o âmago.

         Da mesma forma, é possível desnudar algumas dessas lideranças políticas, que estão atualmente sob o foco e a luz das atenções, para entendermos o sujeito e o objeto de suas falas. Tomando apenas os dois principais personagens políticos do momento e de posse do que disseram publicamente nesses últimos meses, e que podem ser conferidos em gravações que navegam pelas mídias eletrônicas, teremos farto manancial de palavras que podem, muito bem, servir de material para uma análise que mostre quem é, de fato, que pode estar por trás de cada fala.

         O trabalho de compilar uma e outra fala do atual presidente e de seu opositor, que ambiciona lhe tomar o lugar, não é tarefa fácil, em virtude da verdadeira guerra de palavras que foi estabelecida e declarada, tanto no campo das eleições como anteriormente, na pré-campanha. Assim, estabelecendo Lula como sendo o número (1), e Bolsonaro como número (2), temos: (1) “ainda bem que a natureza criou o Coronavírus”; (2) “Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, e especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo”; (1) “Eu não vou enganar o povo mais uma vez”; (2) “O povo armado jamais será escravizado”; (1) “Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos, assaltando e sendo violentado pela polícia, só porque roubou um celular”; (2) “O sr. só promete, promete até picanha com cerveja, quando, da votação do Auxilio Brasil, seu partido votou contra a medida”.

         A lista de parlapatices é imensa e pode muito bem ser pesada, na balança do juízo, por qualquer um. O fato, como disse o próprio Lula, durante sua turnê na Europa, é que “Bolsonaro só pensa em destruir aquilo que destruímos.” Fossem aferidas, segundo padrões de peso, cada frase poderia, muito facilmente alcançar algumas toneladas.

         Jogadas contra os adversários poderiam provocar grandes estragos. Nessa batalha de palavras, a maioria, saída da boca sem antes passar pelo crivo do cérebro, os mais prejudicados são os cidadãos de bem, que têm sua família, que vão à Igreja, pagam seus impostos e sonham com um país onde seus filhos possam expressar, livremente, seus credos, sua educação, exatamente como faziam nossos antepassados, quando essas ameaças de destruição de valores eram vistas apenas em livros de ficção distópica e que, de tão assustadores e tenebrosos, eram lidos apenas por uma parcela de masoquistas e niilistas renitentes.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As palavras são gratuitas. É como você as usa que pode lhe custar caro.”

De KushandWizdom

Pela saúde

Ausente nos supermercados, a Vigilância Sanitária está perdendo os absurdos, principalmente, nas gôndolas de carne. No supermercado Dia a Dia do Novo Gama, as prateleiras do produto exalam o odor putrefato de longe. Pelo DF, a Vigilância também encontraria bastante trabalho.

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

 

Muito cuidado

Por falar em vigilância, com acesso aos limites de crédito dos clientes bancários, empresas que já tiveram busca e apreensão da polícia, continuam trabalhando com aposentados na mira. Mudam o nome e não se intimidam. Oferecem crédito consignado. Uma verdadeira armadilha. Marcam reunião, recebem a visita de consultores, tomam até cafezinho na própria empresa. O primeiro contato é feito por telefone. Quando o assunto for seu dinheiro, trate com o seu gerente.

 

Lado bom

Amor à primeira vista. Carlos Moisés e Antônia Souza Araújo. Esses são os nomes certos do casal que se conheceu no Varjão, enquanto votavam há 4 anos, e voltou, neste ano, para votar na mesma seção, já com aliança no dedo.

Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

 

História de Brasília

Já que o assunto é fiscalização, aqui está uma: as casas da Caixa Econômica, na W-3, estão abolindo dependências de empregadas, para alugar a escritórios e oficinas. E o pior. Já estão colocando basculantes nas paredes externas, não se sabe com ordem de quem. (Publicada em 13.03.1962)

Timing é tudo

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Foto: bandnewsfmcuritiba

 

        Timing, uma expressão da língua inglesa, pode ser entendida como sendo também o tempo certo, momento de agir. Há um timing para todas as ações humanas. Passado esse momento, perde-se a oportunidade e a abertura momentânea para que as ações surtam seus maiores e mais eficazes efeitos. De um modo geral, o timing necessita ser respondido à altura, no exato momento ou no tempo próprio. Passada essa janela, que pode variar de segundos a anos, a resposta a um fato perde seu potencial e a ocasião escapa para sempre.

         Todo o mundo foi pego de surpresa durante a pandemia por seus efeitos mortais. No Brasil e em muitas partes do mundo, a indecifrável doença foi recebida com muitas dúvidas e poucas respostas. Vacinar uma população inteira com um composto onde não há assinatura do responsável na bula despertou desconfiança. Mesmo assim, não faltou vacina e o protocolo mundial foi obedecido. Mas o governo pode ter perdido o timing quando demorou a providenciar a união dos maiores institutos e laboratórios do país, como a FioCruz e o Butantan, ofertando-lhes, em medida de emergência, todos os recursos financeiros e logísticos para uma resposta imediata ao vírus, conclamando também a fusão de vários laboratórios e centros de pesquisa, espalhados pelo país, para reunirem esforços na pesquisa de uma medicação adequada.

         Vieram o panorama posterior e seus reflexos nas eleições de outubro. Perdeu-se o timing. Com isso, o Supremo encontrou um mote jurídico certo para abrir as portas da cadeia e de lá retirar seu candidato favorito “para consertar o Brasil”. Como não houve manifestação capaz de impedir o feito, foi realizada essa estratégia inédita e impensável para aqueles que lidam e que são operadores da Justiça em nome do Estado. Mais uma vez e de boca aberta, perdeu-se o timing.

         Quando as Forças Armadas, a quem é assegurada a defesa, a integridade e a garantia da ordem e da segurança interna, bem como de suas leis, conforme artigo 143 da Carta de 88, deixaram de agir, impedindo que um condenado em três instâncias voltasse à atividade política, colocando, novamente, em sério risco, a segurança interna do país, deixou que o timing passasse. Não agiu naquele momento e não pode agir a posteriori. Mesmo aqueles que não cursaram a Escola Superior de Guerra e outros centros de formação estratégica sabiam que o que se seguiu depois, com a anulação dos inquéritos contra o principal personagem do maior caso de corrupção do planeta e do país, traria sérias consequências para a segurança interna nacional, o que vem se confirmando pelas manifestações populares que não param de acontecer.

         Ou é preciso uma mudança nos currículos dessas instituições superiores, que ensinam estratégias de segurança interna, ou faltou timing e coragem para o estabelecimento de um conjunto de ações legais, visando impedir o avanço e o enraizamento de doutrinas globalistas de esquerda dentro do Estado.

         Agora que esse avanço vem sendo feito à luz do dia, e com proteção de instituições do próprio Estado, é tarde, mas não impossível. Também o atual presidente da República, depois de mais de 40 horas em silêncio sobre os resultados de uma eleição, totalmente tutelada pelo Tribunal Superior Eleitoral, perdeu o timing, quando em pronunciamento ao lado de todo o seu gabinete, não expôs, abertamente e de maneira franca, sua visão sobre o que se passou nesses dois pleitos e sua percepção do que virá amanhã.

         Poderia muito bem ter dito que foi esmagado pelo sistema que aí está. Que se viu impossibilitado de agir, quando esse sistema enfiou, goela abaixo da nação, um candidato flagrantemente impedido de concorrer, e que, diante dessa pressão interna e externa, contra um candidato do sistema, viu-se abandonado por aqueles que mais deviam apoiá-lo.

         Poderia ter exposto os bastidores dessa que chamamos de República e que a maioria dos brasileiros desconhece totalmente. Com isso e mais uma vez, fechamos as portas depois de roubados.

A frase que foi pronunciada:

“O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de existir.”

Albert Einstein

Albert Einsten. Foto: Arthur Sasse/Nate D Sanders Auctions/Reprodução

 

Agenda

Dia 10 deste mês, a Câmara dos Deputados vai receber educadores para discutir as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores. A iniciativa é da deputada federal petista Rosa Neide.

Deputada federal Rosa Neide. Foto: camara.leg

 

Presença

Dados impressionantes divulgados pelo GDF mostram a redução de crimes contra à vida no DF. Foi a maior redução desde o ano 2000. Outro índice registrado pela Secretaria de Segurança é em relação aos roubos em transportes públicos. Caem pelo terceiro mês consecutivo.

Foto: ssp.df.gov

 

Chegando

Grupo chinês da Xamano Biotech vai ocupar uma área de quase 500 m2 na UnB. A parceria foi firmada em solenidade entre a gigante da biotecnologia chinesa e a Universidade de Brasília. A reitora Márcia Abrahão está animada com a ampliação e fortalecimento da estrutura de pesquisa na instituição.

Representantes da administração superior, do PCTec e da Xamano Biotech durante assinatura de acordo com a empresa chinesa para instalação de um Centro Integrado de Tecnologia e Inovação (CITI) na Universidade. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

História de Brasília

Mas o pior é que o Instituto já construiu aragens de prédios que ainda não foram terminados, e insiste em não fazer a do bloco 5, sob as mais insistentes alegações de que “não há condições no momento”. (Publicada em 13.03.1962)