Articulação e convencimento

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

 

          É notório que a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sempre traz embaraços para o governo, pois quer queira, quer não, acaba despindo o Executivo e colocando-o no olho do furacão. A depender do Palácio do Planalto e do poder de articulação e de convencimento, por meio de liberações de recursos, nenhuma CPI merece ser instalada.

          Como isso nem sempre é possível, mas cabe ao governo se preparar para a possibilidade de o Congresso vir a instalar, não uma, mas cinco Comissões de investigação, conforme informam os principais jornais do país. Nem é preciso dizer aqui que as CPIs, por sua enorme capacidade de bisbilhotar as andanças do governo, conferem ao Legislativo e, sobretudo, aos presidentes das duas Casas, um poder e um instrumento legal extra não só para fustigar o chefe do Executivo e toda a sua equipe, como permite ainda a abertura forçada de canais de negociação dos mais diversos.

         Mesmo sem saber ainda quais CPIs serão instaladas e quando, o certo é que um dessas Comissões irá voltar suas luzes para a delicada questão do crime organizado e todas as suas repercussões. Essa certeza se dá pelo fato de que a violência, conforme todas as pesquisas demonstram, tem crescido assustadoramente, com o aumento exponencial no número de homicídios, tráfico de drogas, roubo a bancos e a carros fortes, preocupando, sobremaneira, governadores e prefeitos por todo o país.

         O fato de a Justiça soltar presos quando a polícia indica a prisão atinge diretamente a paz da população. Exemplo no Recanto das Emas, quando um homem que tinha dezenas de passagens pela polícia estava solto e matou um homem que comprava comida para a mulher que tem câncer e o esperava em casa. Os fatos vão de encontro com a afirmativa de um ministro que apelou para o lado cristão das saidinhas. A diferença é que Dimas se arrependeu de todo o mal que havia feito. Esses bandidos passam longe do arrependimento, mesmo porque não existe empatia com ninguém, não mudam a conduta, nem mesmo o pensamento. Tantos outros crimes poderiam ter sido evitados se houvesse razão para se arrepender. Mas não há. Os casos de vítimas que choram seus entes queridos assassinados contrastam com a liberdade de seus algozes. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, disse que essa situação só mudaria se os juízes passassem por uma experiência como a que ela passou. Segundo ela, os juízes não podem julgar essa dor se nunca sentiram.

         Se for instalada apenas a CPI tratando do aumento da criminalidade em todo o país, o barulho e os holofotes sobre o governo serão imensos para a imagem do governo, podendo afetar, seriamente, outras pautas de interesse do Executivo. Para piorar essa situação, é sabido que, em época de eleições, tudo o que o governo pretende é se ver fora de confusões e acusações. Para aqueles que irão trabalhar nessa Comissão, a oportunidade de exposição na mídia é tudo o que necessitam para seus currículos. O fato visível e que interessa aos que só têm poder de voto é que o aumento da criminalidade requer providências urgentes. O espraiamento dos crimes organizados nas instituições do Estado hoje é uma realidade das mais perigosas e que precisam ser debeladas o quanto antes.

         Todos os dias, o noticiário vem mostrando que as organizações criminosas brasileiras, à semelhança do que ocorre com as máfias internacionais, diversificaram suas atividades ilegais, investindo grandes somas no controle dos transportes urbanos, na limpeza, na distribuição de gás e energia elétrica, entre outros setores, que antes eram controlados apenas pelos estados.

         Além desse enraizamento em atividades dos estados, o crime organizado investe pesadamente também nas campanhas dos candidatos de sua preferência, penetrando, silenciosamente, no Poder Legislativo, de onde pode vir a dar as cartas, favorecendo as atividades criminais. Além desses crimes, a CPI que poderá cuidar da segurança pública e do aumento das organizações criminosas poderá direcionar seus holofotes para questões ainda mais espinhosas como o tráfico infantil, a exploração sexual, a venda de sentenças, a soltura de criminosos de alta periculosidade pelos tribunais, entre outros assuntos.

         Ainda dentro das investigações dessa CPI, por certo, haverá brechas para que se investigue também o, ainda vivo e atuante, sistema de corrupção, que assola nossas instituições públicas e que é diretamente responsável por todo esse caos instalado em nosso país. Mas tudo vai depender da escolha do relator.

 

A frase que foi pronunciada:

“O MP é parte. O nosso lado é o da sociedade, é o lado da vítima. O réu, com todos os direitos humanos e respeitos que deve ter, tem que ser firmemente apontada a sua responsabilidade e levado aos tribunais superiores para que a sua condenação seja mantida e não gere na sociedade essa sensação de impunidade. Isso desanima as forças policiais, o Ministério Público e o sistema de Justiça.”

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, Procurador-geral de Justiça de São Paulo

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa. Foto: MPSP / Divulgação

 

História de Brasília

O sr. Baeta Neves convidou o sr. Leonel Brizola para se candidatar a deputado ou senador por Brasília. Ainda não foi decidido se haverá eleição em Brasília, e os “donos dos votos” já começam a se manifestar. E o povo? (Publicada em 06.04.1962)

Reforma agrada

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Presidente Lula durante o lançamento do Programa Terra da Gente no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 15 de abril. Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

Não é de hoje que se discute a questão da reforma agrária. Desde o início do século passado, o problema foi alçado do campo para as pautas de governo. Trata-se, pois, de um assunto de cunho eminentemente oficial, e, como tal, entregue às autoridades e aos governos.

Ao obter esse status, a questão ganhou também matizes políticos e ideológicos, entrando para a pauta das discussões sem fim e para o glossário de promessas de campanha. Na verdade, desde a promulgação da Constituição Federal de 1934, a reforma agrária tem espaço assegurado nos instrumentos legais, recebendo também a atenção de órgãos públicos criados, exclusivamente, para tratar desse processo.

É preciso ressaltar que grandes somas de recursos públicos para a criação de uma pasta ministerial — ou seja, de primeiro escalão — voltada totalmente para a reforma agrária foram gastas. E isso ao longo de quase um século. Institutos como o Incra, composto por pessoal especializado no assunto, vêm, ao longo de décadas, se debruçando sobre essa questão.

O número de títulos agrários entregues oficialmente ao longo desse tempo todo chegou à casa das dezenas de milhões. Portanto, não há que se falar em falta de empenho por parte do poder público. O ponto aqui, diante de todo esse esforço estatal que foi feito e de toda a montanha de dinheiro despendida com essa questão, é saber, exatamente, por que nada desse trabalho hercúleo teve ainda o condão de pacificar, ou mesmo resolver de vez, o problema da reforma agrária em nosso país.

Curioso, também, é saber que foram os governos militares e civis de orientação conservadora que mais distribuíram títulos de terras, assentando centenas de milhares de famílias no campo. Talvez, esteja nesse ponto parte da explicação para o prosseguimento dessa questão. Não se pode cobrir a luz do sol com peneira, assim como não se pode deixar de enxergar que esse é um problema que vai muito além da questão do recebimento de títulos de terra e do assentamento legal de famílias.

A reforma agrária, antes mesmo de ser uma necessidade premente em resolver o problema da posse da terra, é uma questão política. Sem essa questão, esvazia-se o debate e perde-se o rumo. Para um país que vai consolidando sua economia com base no agronegócio, a questão da reforma agrária parece ter perdido a mão e o sentido. Tivessem os governos interesse real em resolver essa questão, o problema do marco temporal das terras indígenas e a criação de reservas gigantescas seria outro.

Do jeito que a questão vem sendo debatida, fica claro que a não resolução do problema é parte de uma estratégia, bem pensada, para perpetuar a questão e, quiçá, forçar outra discussão, relativa à propriedade privada.

O Abril Vermelho, com suas invasões previstas e programadas pelo Movimento Sem Terra (MST), faz sua parte dentro das expectativas e dos projetos de poder. Essa tal de jornada mensal de luta por reforma agrária esconde um propósito que nada tem a ver com a titularidade de terra ou com a consolidação de assentamentos de camponeses.

Não por outra, como parte integrante e paralela do Abril Vermelho, o governo acaba de anunciar o programa Terra da Gente, voltado para o modelo de reforma agrária que acredita. Pelo discurso feito naquela ocasião, ficam claros os dois lados dessa mesma e corroída moeda: “Somente por intermédio de um regime democrático, a gente pode fazer o que a gente quer. Reivindicar, fazer greve, pedir aumento de salário, pedir plano de carreira… O nosso papel é ser honesto com o movimento social, dizendo o que podemos e o que não podemos fazer, utilizando terras sem muita briga. Isso sem pedir para ninguém deixar de brigar.” Acredite se quiser.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Todo e qualquer protesto se aceita. O que não se aceita é a violência”
Presidente Lula

Presidente Lula. Foto: REUTERS/Adriano Machado

 

Acolhimento
Idilvan Alencar, deputado federal cearense, propôs uma audiência pública para discutir a falta de capacitação do corpo docente dos colégios públicos no trato com os alunos com Transtorno do Espectro Autista. Sem ambiente escolar adequado, o aprendizado das crianças autistas é totalmente prejudicado, pontuou.

Deputado Federal Idilvan Alencar. Foto: Câmara dos Deputados

 

História de Brasília

As chuvas de ontem provocaram um desastre numa caixa telefônica subterrânea, que foi invadida pelas águas. Por isto, a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes ficaram sem telefone. (Publicada em 6/4/1962)

Prejuízos de uma manobra mal feita

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Atleta Trans. Foto: oantagonista.com

 

           Nesse mundo que parece ter virado de cabeça para baixo, os cidadãos brasileiros não são chamados a decidir, por meio de consulta popular ou instrumento idêntico, que futuro deseja ver para o país e, principalmente, para si e seus familiares. A cultura Woke, vinda do Norte do continente, contaminou o debate com questões que, até pouco tempo, eram pacíficas.      Existe uma realidade social que, embora muitos políticos tentem escamotear para debaixo do tapete, permeia toda a nossa sociedade, com características nitidamente conservadoras. Não se pode, por meio de decretos e leis superficiais, ditar costumes e práticas próprias para nossa gente, apenas para dar um falso verniz de modernismo ou atualidade, sendo que nosso povo, por sua formação cultural, social e religiosa demonstra a preferência em seguir por caminhos que conservam nossos costumes e tradições e que, ao longo dos séculos, têm-se provados seguros e mais adaptados a nossa realidade.

         Entrevistas com médicos renomados e cientistas diversos por toda parte do mundo indicam, claramente, não por opinião própria, mas em bases científicas, que as questões polêmicas, como aquelas que introduzem diversos novos gêneros entre o masculino e o feminino, nosso povo, mesmo sem criticar ou ofender quem quer que seja, são, unicamente, as opções macho e fêmea, deixando de lado quaisquer outras variantes de gênero. Ao matar uma pessoa, uma criança de 10 anos não pode responder pelo crime como um adulto; não tem discernimento nem para isso e nem para escolher o próprio sexo.

         O caminho da biologia, com suas proposições naturais, dita, ainda entre nós, o modelo a seguir. Aliás, para o brasileiro médio, e todos somos, de uma maneira ou outra, as questões de gênero, com todas suas múltiplas variantes, não interessam, de modo direto, a nossa população. Sobretudo, se discussões como esta ficarem restritas à escolha ou ao interesse pessoal de cada indivíduo. O problema é quando toda essa pseudo evolução da espécie força a barra e passa a invadir e esgueirar-se para dentro do mundo conservador, pretendendo impor novos comportamentos e atitudes, mesmo a contragosto da maioria.

         É nesse ponto que a questão incomoda e passa a gerar atritos, como temos visto frequentemente. Impõem-se, pois, a afirmar, com toda a sinceridade, que não há espaço, no mundo conservador de nosso país, para essas e outras teorias, ditas revolucionárias, que contrariem costumes e tradições históricas. Experiências, das mais diversas, têm constatado que o processo de aculturação do tipo niilista e iconoclasta, trazido pelo movimento Woke, não visa enriquecer ou somar elementos positivos à cultura nacional. Pelo contrário, esse movimento possui, em seu bojo, a estratégia de deformar e mesmo destruir as bases da cultura nacional, pela incorporação de elementos antagônicos aos nossos costumes e tradições históricas. Óbvio que assunto como esse encontra pouca guarida com as elites políticas. Sobretudo aquelas desprovidas da coragem de dizer não ou com medo de parecerem ultrapassadas. Não há modernidade alguma quando o que está em jogo é um processo nítido de destruição da cultura nacional travestido de evolução ou democracia. Modernidade nesse caso é defender o que deseja maioria.

         Os países do Norte, que mais têm sofrido com esse verdadeiro assédio do movimento Woke, parecem estar acordando de um pesadelo e começam a tomar decisões voltadas para o que deseja a maioria, sem se importar em parecer o que quer que seja. A Associação Nacional de Atletismo Intercolegial (NAIA) dos Estados Unidos acaba de aprovar, por maioria absoluta, a proibição de atletas trans em esportes femininos. Isso depois de uma ampla campanha liderada por mulheres atletas iradas com a manobra sexual. Para os membros da NAIA, essa é uma forma de assegurar uma competição justa e segura para todas as estudantes-atletas. Com isso, acabam as vitórias mascaradas de atletas “biologicamente masculinos” sobre as mulheres.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Ora, se é por obrigação, então não é respeito, mas submissão, subserviência. E é desta maneira que funciona a agenda LGBT: o objetivo final nunca foi que o homossexual fosse respeitado como cidadão, mas sim a imposição de uma agenda que obrigue a sociedade (através da legislação) a se sujeitar.”

Jordan Peterson

Jordan Peterson. Foto: Divulgação

 

Fonte da vida

Foi preciso um projeto de lei para tornar dever do Estado o oferecimento de água potável aos alunos da educação pública e obras de infraestrutura física e sanitária adequadas para o acesso e a permanência dos estudantes em ambiente escolar. O texto de autoria do deputado federal Duda Salabert, que teve a sensibilidade de perceber a necessidade dos estudantes, será enviado ao Senado.

Deputado federal Duda Salabert. Foto: camara.leg

 

História de Brasília

As chuvas de ontem provocaram um desastre numa caixa telefônica subterrânea, que foi invadida pelas águas. Por isto, a esplanada dos Ministérios e praça dos Três Poderes ficaram sem telefone. (Publicada em 06.04.1962)

Com as tintas da razão

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Foto: TV Globo/Reprodução

 

         Planejamento é tudo. Seja para o que vier a ser feito. Aliás, essa é uma das principais características a dar status, dentro da criação, diferenciando o ser humano das demais espécies existentes sobre o planeta. Foi justamente esse atributo que possibilitou a sobrevivência da nossa espécie. A capacidade de pensar além do presente, projetando a vida para depois de amanhã.

          Ainda hoje, quando, teimosamente, deixamos de lado essa qualidade e não planejamos nada, deixando o barco ser levado pelos ventos da ocasião, normalmente, deparamo-nos com problemas sérios. Se a capacidade de planejar é importante e vital para cada um de nós, imagina, então, para toda uma cidade, com sua complexidade e tamanho e que vai nos servir de moradia e abrigo por um longo tempo.

         Cidades, desde sempre, não lograram subsistir, ao longo de toda a história da civilização humana, sem o devido planejamento. Não é por outra razão que as melhores cidades do mundo são justamente aquelas que devotam grande importância ao ato de planejar. Aqui mesmo, sob nossos pés, está Brasília, a capital de todos os brasileiros, planejada para ser o centro das mais importantes decisões do país. Uma espécie de torre de comando, nesse imenso transatlântico chamado Brasil.

          Mesmo, antes de chegar ao papel, os principais eixos urbanos, dessa que seria posteriormente um patrimônio cultural da humanidade, já existiam na cabeça de seu idealizador. A razão aliada a um minucioso planejamento fez da cidade o que ela é hoje, ou, na realidade, o que poderia ter sido, caso fossem respeitados e seguidos, ao longo de décadas, os mesmos princípios que nortearam sua concepção primária.

         O crescimento demográfico acelerado, experimentado pela capital, depois da chamada maioridade política, por suas características próprias, muitas delas, embasadas em critérios políticos eleitorais e momentâneos, trouxe sérios problemas não só para o complexo urbano, mas, sobretudo, na infraestrutura da cidade, que teve que ser ligeiramente adaptada ou acochambrada a uma nova realidade criada artificialmente.

         Os seguidos e teimosos processos de moldar a cidade aos desejos da nova elite política no controle da cidade resultou no que presenciamos dia a dia. Hoje, é consenso, entre os urbanistas, que Brasília caminha, a passos largos, para uma espécie de envelhecimento precoce, tornando a cidade idêntica, em problemas, às demais capitais do país. Congestionada em suas vias públicas e em seus serviços à população, a administração da cidade representa, agora, um grande desafio para seus gestores, principalmente, para aqueles munidos da certeza de que sem planejamento é impossível prosseguir.

         As manchetes diárias apresentadas em todos os noticiários locais comprovam que a cidade vive, a cada dia, envolta em problemas de toda a ordem. Na última quinta-feira (11), a chuva volumosa inundou, com uma enxurrada de água e lama, toda a rua da comercial da 202 Norte, causando prejuízos incalculáveis aos comerciantes e para aqueles que estavam naquela localidade. Carros e lojas foram tomados pela lama. Na origem do problema estão as obras feitas nas quadras 100 e acima. Pena que faculdades de arquitetura e urbanismo da cidade não se ocupem de realizar um levantamento sobre os pontos sensíveis e sujeitos a calamidades existentes hoje na capital, fazendo o trabalho em parceria com a secretaria de planejamento. A bem da verdade, a própria UnB foi palco de cataratas com água da chuva empurrando portas das salas avançando pelos corredores.

         Em vários pontos da capital, as chuvas fortes deste ano mostraram a fragilidade da cidade diante desses fenômenos. Na maioria desses casos, a raiz do problema pode ser encontrada em obras emergenciais, realizadas sem a preocupação de um macro e cuidadoso planejamento.

         A extensa avenida W3, Sul e Norte, que poderia ser o cartão de visita e um vigoroso centro da economia do Plano Piloto, estão tomadas por invasões de lata, instaladas não só nas paradas de ônibus como por todas as quadras, criando problemas para a cidade e seus moradores, apenas para atender as necessidades de um e outro comerciante.

         Sem planejamento, temos os exemplos vistosos, como é caso do Estádio Mané Garrincha e o Buritinga, que consumiram bilhões de reais dos contribuintes locais e seguem erguidos como verdadeiros elefantes brancos, lembrança da falta de planejamento. Difícil hoje encontrar um prédio comercial que não esteja fora dos padrões normatizados. São puxadinhos de todo o tipo a avançar sobre áreas verdes e vias públicas e aéreas.

         A descaracterização da cidade segue em ritmo ligeiro e toma impulso maior. Sem essa ideia de futuro e de preocupação com a qualidade de vida para as próximas gerações, que espécie e modelo de capital teremos no futuro para justificar o título de patrimônio cultural da humanidade? Essa é uma questão que merece ser pensada e sobretudo planejada com as tintas da razão.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não adianta deixar um dragão vivo fora dos seus cálculos, se você mora perto dele.”

 JRR Tolkien, O Hobbit

Tolkien em sua sala. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

As contas de telefones estão chegando com atraso ao Banco do Brasil, e quando chegam, são avolumadas, criando dificuldades orçamentarias para a maioria dos assinantes. (Publicada em 06.04.1962)

Espadas em arado

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Foto: conexaoplaneta.com

 

Quem, por acaso, conhece o livro de Jean Giono (1895-1970), “O homem que plantava árvores”, de 1953, por certo, leu com a frase: “(…)os homens poderiam ser tão eficazes como Deus em algo mais que a destruição.” Com isso, o autor quis dizer que os homens poderiam, se assim dispusessem, imitar o Criador, erguendo e cuidando de todas as formas de vida sobre a Terra, e não destruindo e reduzindo a cinzas como faz a morte, ao deixar escombros e aridez por onde passa.

A observação de Jean veio a propósito da incansável atividade de Elzéard Bouffier, o personagem principal, que, durante a maior chacina de nossa história, representada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), continuava, dia após dia, plantando carvalhos numa região agreste dos Baixos Alpes Franceses, já abandonada pela população local, devido ao desmatamento secular promovido pelos carvoeiros naquela região.

O contraste entre quem cuidava de recuperar a vida da região e o morticínio irracional da Guerra de 14/18, é flagrante e mostra, de forma crua, como os homens podem, ao mesmo tempo, abandonar de lado a vida em sua plenitude e seguir os passos da morte, mesmo sabendo dos resultados dessa opção. O texto chegou ao Brasil, em forma curta em animação, dirigido por Frédéric Back. Laureado pelo Oscar, Annecy, Festival de Animação de Hiroshima e Festival Internacional de Ottawa.

Cada vez mais atual, justamente por mostrar a capacidade do ser humano em mudar o mundo ao seu redor, tanto para o bem como para o mal. Nesses tempos em que o nosso planeta experimenta, por meio do fenômeno do aquecimento global, o que talvez seja o seu maior desafio de todos os tempos, e que pode ser um fim à existência da própria espécie humana na Terra, nada mais hodierno e premonitório do que as mensagens contidas nesse texto escrito ainda no século passado.

Buscar o exato significado para as árvores, num tempo em que ainda se acredita não existir nenhum, é uma tarefa e um desafio que pode nos colocar, hoje, entre permanecer por essas paragens ou ter que sair de fininho para outros mundos para não perecer. O desafio gigante que, na obra, é realizado por um só homem, durante mais de 30 anos em que plantou naquela região milhões de árvores, pode ser uma das respostas para esse dilema da atualidade.

Embora pareça uma tarefa impossível, recuperar o planeta da degradação imposta pelas consequências da Revolução Industrial em sua ânsia por adquirir matérias-primas, o livro mostra que bastou a persistência de apenas um indivíduo para mudar a realidade local. “Um único homem, reduzido a seus recursos físicos e morais, foi capaz de transformar um deserto em uma terra de Canaã”, diz o autor.

O que conhecemos hoje através da palavra muito em moda como resiliência, que é a capacidade de resistir e se adaptar às mudanças, tanto pode ser aplicada ao homem como à própria natureza, desde que lhes sejam ofertados a oportunidade. A esse fenômeno, que muitos classificam como um sinal e uma semente da própria vida, é que pode estar a redenção, ou não da humanidade.

Obviamente que os exemplos a seguir não devem se resumir à uma obra de ficção. Mas podem nela inspirar para promover as mudanças necessárias e urgentes que o momento exige. Toda grande obra tem seu início apenas movido pela inspiração trazida pelos belos exemplos, sejam eles reais ou não. O primeiro passo é o das ideias, dado ainda no mundo abstrato dos projetos mentais. Pode vir a ser realidade concreta, pelo esforço físico, o que é uma mera consequência da capacidade de pensar. Nesse caso pensar num mundo em que a vida seja ainda uma possibilidade real e que valha a pena.

Da África, talvez o continente economicamente mais sofrido e espoliado na história da humanidade vem um dos muitos e bons exemplos que precisamos para nossa salvação futura. Como descrito em Isaías: “Ele julgará entre as nações e solverá as contendas de muitos povos; e estes converterão suas espadas em lâminas de arado, e as suas lanças, em foices; uma nação não mais levantará sua espada contra outra nação, nem será necessário que se preparem para batalhas.”

Na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele continente, o governo empreendeu uma jornada em que, em apenas 12 horas, uma força-tarefa, atuando em mais de mil áreas daquele país, conseguiu a façanha de plantar mais de 350 milhões de árvores. Um recorde mundial. Também a Índia, castigada pelos desflorestamentos, vem empreendendo um grande esforço para recuperar, ao menos uma parte de suas florestas. Na última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores e prosseguem plantando. Na China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta tem sido deslocada para a mesma tarefa no Norte do país. São mais de 60 mil soldados empenhados nessa tarefa. Os fuzis cedem lugar às ferramentas agrícolas.

São esforços pontuais, mas que podem fazer a diferença num futuro não muito distante. Cientistas acreditam que, pelo estágio atual de degradação do planeta, será preciso, ao menos, o plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, apenas para arrefecer a Terra e livrá-la dos efeitos maléficos do aquecimento global, que já está atuando entre nós. A situação, que é bem do conhecimento dos técnicos das Nações Unidas, tem estimulado ações dessa Organização, com vistas a um projeto, já em andamento, cuja meta é plantar 4 bilhões de novas árvores nos próximos anos.

Por todo o mundo, projetos semelhantes estão em andamento, uns ambiciosos e outros mais modestos, mas já são de grande valia em seu conjunto. De todos os projetos de plantio de árvores pelo planeta, nenhum é mais ambicioso do que o vem sendo erguido nas bordas do grande deserto do Saara, também na África. Em nenhum lugar do planeta as mudanças climáticas são mais impactante do que as que ocorrem nos países margeados por esse grande deserto. O deserto vem aumentando de área num ritmo assustador nos últimos anos. Com ele, vem o clima cada vez mais inóspito à vida. Com temperaturas que ficam numa média próxima aos 50 graus centígrados. Com esse fenômeno, vem também a escassez de água, cada vez mais assustadora e já motivo de conflitos permanentes na região. Financiado pelo Banco Mundial, a União Europeia e as Nações Unidas, projeto unindo vários países locais, ergueu uma gigantesca barreira verde de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto do Saara, formando uma enorme muralha para conter o avanço da areia. A meta é erguer essa Grande Muralha Verde até 2030, cobrindo com reflorestamento uma área de 247 milhões de acres ou aproximadamente 100 milhões de hectares.

Em nosso mundo, em todo o tempo e lugar, sempre existiram homens movidos pela paixão de plantar árvores, como se recebessem essa missão diretamente das mãos de Deus.

 

A frase que foi pronunciada:

“Mesmo se eu soubesse que amanhã o mundo iria desmoronar, eu ainda plantaria minha macieira.”

Martinho Lutero

Imagem: bibliaeteologia.com

 

História de Brasília

O dr. Sávio Pereira Lima, diretor do Departamento Administrativo da Fundação Hospitalar, acaba de ser nomeado diretor do Departamento Hospitalar. É uma garantia para os que desejam ver construídos os hospitais das cidades satélites, e dos nucleos rurais.

Para o bem geral

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Hotel Torre Palace. Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

 

Existe, hoje, uma crise séria, na forma de subocupação ou sublocação de edifícios corporativos. Por toda a parte da cidade, o que se observa, seja aqui no Brasil, em Brasília, ou em muitas partes mundo afora, o fenômeno do esvaziamento de prédios inteiros nos apresenta uma nova realidade que, ao que parece, ainda não conseguimos entender em sua extensão e, pior, resolver esse problema que ameaça muitos centros urbanos, inclusive a própria capital do país.

Depois da pandemia, esse problema ganhou ainda mais visibilidade. No nosso caso em particular, para onde quer que você olhe, no centro do Plano Piloto, são inúmeros os edifícios totalmente desocupados. Esse é um problema que deve merecer atenção de todos. Não só dos empresários e donos desses prédios comerciais e corporativos, mas de todas as autoridades, pois essa situação anômala ameaça também a economia local, além de representar uma dor de cabeça para a segurança da cidade.

Por sua extensão, essa questão deveria merecer maior atenção do legislativo local, na forma de audiência pública, debates, CPI e outros instrumentos. O que não se pode é ignorar um problema que parece aumentar com o passar do tempo. Não fossem as instituições públicas, bancos e outras empresas de grande porte, que ainda ocupam esses edifícios, instalando aí seus serviços e repartições, o problema seria ainda mais grave.

Para complicar uma situação que, em si, aponta diretamente para a decadência precoce de nossa cidade, não se tem, por parte do poder público, um levantamento com o número exato de edifícios fantasmas. É preciso entender que essa situação, por suas características próprias, não pode ser empurrada para frente sem uma definição correta e racional.

Edifícios, quando deixados vazios ou sem a utilização para a qual foram projetados, rapidamente entram em processo de degradação, transformando-se em mais um problema. Lembrando aqui que, neste mesmo espaço, tempos atrás, descrito pelo fenômeno conhecido por “ teoria das janelas quebradas”, na qual ficou constado que a degradação de um bem ou mesmo o aumento da criminalidade começam de forma pequena, com uma janela quebrada, pichações, pequenos delitos e outros processos contra a lei, quando não reprimidos logo de início, crescem, transformando-se em verdadeira calamidade pública, agora já de difícil solução.

Não vai passar muito tempo até que moradores de rua ou outros malfeitores e viciados, impulsionados por oportunistas e sabichões, passem a promover a ocupação desses imóveis, como aconteceu no antigo Hotel Torre Palace, ocupado por desordeiros e drogados, degradando toda uma área nobre da capital, com sérios reflexos para o turismo local, para os comerciantes e todos que circulavam naquela área.

Por certo, o fenômeno do teletrabalho, em que muitos profissionais passaram a produzir diretamente de casa, também contribuiu para o esvaziamento de muitos edifícios. Mas essa é uma tendência mundial e local que, por suas características positivas, tanto na vida do trabalhador como para a economia das empresas e instituições, veio para ficar e deve ser, inclusive, incentivada.

Também a interligação dos serviços de computação, as redes e mídias em geral, criou o que os especialistas chamam de “não lugar”, no qual já não existe a necessidade de trabalhar em um ponto geográfico e específico, bastando, ao trabalhador e profissional ter, em mãos, um pequeno laptop com acesso à rede laboral.

Trata-se de um novo tempo. No entanto, essa modernidade toda, com suas facilidades, não pode, de modo algum, trazer problemas e prejuízos para o presente, sob pena de melhorarmos um aspecto específico de nossas vidas, às custas da piora de outros fatores. É preciso pensar com criatividade e para o bem geral.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A única coisa que importa é o resultado da sua equipe. Ao liberar o controle sobre quando e onde alguém trabalha e focar apenas nos resultados, você criará espaço para sua equipe ser criativa, encontrar novas maneiras de fazer as coisas com mais rapidez e construir uma cultura mais forte.”

Mitko Karshovski, fundador da Remote Insider

Mitko Karshovski. Foto do seu perfil oficial no LinkedIn

 

História de Brasília

Ao que parece, e aí a informação não é carregada de certeza, o IAPFEST teria desviado êste dinheiro para outras obras, e por isto as superquadras 104 e 304 estão como todo mundo sabe: reduzidas a um canteiro. (Publicada em 06.04.1962)

PPCUB e o futuro da capital em jogo

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Imagem: seduh.df.gov

         Se depender da coordenação realizada pela deputada Paula Belmonte (Cidadania), que agora preside a Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa do Distrito Federal, os debates que tratam do importantíssimo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) estarão em boas mãos, podendo finalmente chegar a um bom termo.

         Para a parlamentar, o caminho para se chegar a um projeto à altura da importância que a capital de todos os brasileiros possui para o país e para o mundo, já que se trata também de um patrimônio cultural de toda a humanidade, é por meio de um debate amplamente transparente, capaz de informar corretamente os cidadãos sobre o que se está discutindo agora e que certamente terá grande significado para o futuro de Brasília e de seus moradores.

         Esta coluna, inaugurada com Brasília, em 1960, desde seu início vem se posicionando ao lado da cidade e de seus moradores. Não foram poucas as vezes que, em seus editoriais, a defesa firme da capital, conforme idealizada pelas equipes de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer desapontaram políticos e empresários, ávidos por facilidades e outros negócios contrários ao espírito da ética pública.

         Por isso mesmo, a partir do momento em que a capital ganhou representação política própria, as preocupações dessa coluna com os destinos que a capital tomaria doravante foram elevadas às alturas. Nessas ocasiões, não foram poucos os alertas e mesmo as denúncias sobre os desvirtuamentos sofridos no projeto original da cidade.

         A classe política local, aliada aos empresários da cidade, conseguiram levar adiante, contra tudo e contra todos, projetos mirabolantes que, em pouco tempo, levaram a capital a conhecer as mesmas mazelas que já afligiam outras metrópoles do país. Do dia para noite, assentamentos dos mais diversos, muitos edificados em áreas sensíveis ecologicamente, foram erguidos. Verdadeiras cidades foram construídas sem um criterioso plano de impacto, sem projetos racionais e sem levar em conta as múltiplas exigências urbanas. Em curtíssimo prazo, Brasília experimentou um profundo inchaço urbano, com reflexos negativos em todas as áreas. A saúde, a educação, a segurança pública, a infraestrutura viária e urbana foram sobrecarregadas, causando congestionamentos e colapsos em muitos serviços.

          O crescimento desordenado e a invasão de terras públicas passaram a ser uma constante. A transformação de terras públicas em moeda de troca política, na base de “um voto, um lote”, ganhou impulso, graças às ações irresponsáveis de políticos, que incentivavam essas práticas, sendo, muitos deles, responsáveis, diretamente, pela formação acelerada e desordenada de muitos bairros e assentamentos periféricos.

         A representação política da capital, do jeito afoito que foi construída e graças também à qualidade duvidosa de muitos representantes, serviu para desvirtuar o projeto original e sui generis da capital e cujos reflexos, ainda hoje, são sentidos. Por isso quando, mais uma vez, volta-se a discutir o PPCUB, é preciso que toda a população fique atenta sobre os rumos dessa discussão, principalmente quanto a aspectos e critérios de preservação que serão fixados nesse Plano.

         A deputada Paula Belmonte, que hoje é reconhecida como um exemplo de liderança política, terá pela frente um árduo trabalho, sobretudo quando os assuntos relativos ao desenvolvimento da cidade ficarem acima do plano de preservação.

         Todo o cuidado é pouco com a ação e o lobby poderoso de políticos e empreendedores gananciosos, que enxergam, na cidade, apenas uma oportunidade a mais de lucros e ganhos imediatos. O que está em jogo nessas discussões é o futuro da capital e de seus habitantes e a qualidade de vida de ambos. Por certo, será difícil conciliar elementos de preservação com desenvolvimento. O que já foi mencionado aqui, neste espaço, e que vale a pena ser repetido, é que a cidade poderia, num sentido racional, manter intactas as áreas livres e edificáveis que ainda restam, para que tenham sua destinação definitiva decidida, somente quando todos os outros problemas urbanos existentes foram resolvidos.

         É o caso da reurbanização e modernização de toda a avenida W3 Norte e Sul. Primeiro, parte-se para essa obra, depois para a construção de mais uma quadra, como desejam muitos apressados. O mais preocupante em toda essa questão é que o envolvimento da população ainda seja tímido.

A frase que foi pronunciada:

“Falo aqui com o cidadão brasiliense. O que nós queremos para o nosso futuro em questão de políticas públicas e de dinâmica da nossa cidade?”

Deputada distrital Paula Belmonte, na abertura do Primeiro debate sobre o PPCUB

Deputada Distrital Paula Belmonte. Foto: cl.df.gov

História de Brasília

Não sabemos se o professor Hermes Lima sabe disto, mas o govêrno havia liberado u8ma verba para o IAPB construir a superquadra 109. Como o dinheiro era pouco, e não dava, o IAPB abriu mão em favor do IAPFESP, contanto que fossem concluídos os blocos em Brasília.

Decisão perigosa

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Foto: GETTY IMAGES

 

           Descriminalizar o uso e o porte de drogas significa, em nosso caso e em última análise, transformar as leis e a própria justiça em entidades indiferentes e abstratas, incapazes de buscar e implementar soluções para um problema social seríssimo e de repercussões catastróficas.

Transformar leis específicas em letras mortas não só não ajuda a sociedade, como também contribui ainda para tornar esse mal em algo imutável e de difícil combate. Em outras palavras, significa dar poder ao mal, blindando-o de ações mais efetivas e saneadoras. Para que isso aconteça, e estamos a um passo de vermos esse empoderamento acontecer, sem que outras medidas sejam adotadas, significa perder uma batalha sem, sequer, entrar em combate.

Nenhuma autoridade pública, no caso poder público, pode pretender lavar as mãos para o problema, deixando, ao livre arbítrio de traficantes e consumidores, as soluções para essa questão. É preciso lembrar que, nesse assunto específico, Judiciário e Legislativo estão em discordância quanto à questão das drogas. Os parlamentares, de posse do documento legal (voto) de representatividade popular, estão indo contra essa descriminalização, conforme quer e deseja a população brasileira.

Já o Judiciário, por meio da mais alta Corte do país, vai se guiando pela descriminalização de pequenas quantidades de maconha. Caso vingue essa segunda posição, como tudo leva a crer, o problema das drogas irá escalar a um patamar que fugirá totalmente ao controle do Estado, deixando a população e a polícia à mercê desses entendimentos, ditos moderníssimos, mas de resultados questionáveis.

É sabido que, segundo as autoridades de segurança, mais precisamente a polícia, esse é um problema equivalente a enxugar gelo ou a impedir que o fogo se propague morro acima. É do conhecimento de todos também que essa é uma questão que deve envolver toda a sociedade, quer por meio de uma campanha massiva de educação de todos os cidadãos, quer por meio do empenho de cada um para denunciar o problema, exigindo medidas enérgicas e prontas das autoridades.

O que não se vê, em nenhuma parte do país e em nenhum meio de comunicação, são campanhas educativas e de alertas para o consumo das drogas. Nem em escolas, nem em qualquer mídia à disposição da sociedade. É como se o problema não existisse de forma oficial. O pior, nesse caso, é o Estado Brasileiro querer adotar e copiar modelos vindos de outros países do Ocidente, com uma realidade totalmente diferente da nossa e com poderes e meios materiais capazes de enfrentar essa calamidade a qualquer hora.

O que é preciso estar atento agora, e isso não se discute oficialmente, é que muitos países desenvolvidos já estão revendo a posição de descriminalizar o porte e o consumo de drogas. Drogas como as metanfetaminas, hoje consumidas muito mais do que outros produtos como a cocaína e a maconha, estão fazendo estragos nunca vistos. Milhares de filmes apresentados nas mídias sociais mostram os danos desse consumo para a população, transformada em verdadeiros e modernos zumbis, paralisados e dormindo em praças públicas, tudo sob o olhar indiferente da população e das autoridades.

O problema é que a metanfetamina e seus derivados já estão chegando também no Brasil. As cracolândias, com esse novo produto, vão ganhar muitos outros usuários, criando verdadeiras cidades marginais, dentro dos espaços urbanos.

A continuar na direção proposta pela própria justiça da descriminalização das drogas, em breve, as cidades brasileiras irão se transformar naquilo que jornalistas estrangeiros, durante as Olimpíadas de 2016, já alertavam: “Bem-vindos à selva!”.

 

A frase que foi pronunciada:

“O crack tinha uma lógica social, um tipo específico de raciocínio que se baseava em um vasto poço de experiência comum para sua ressonância simbólica. Crack representava dor e poder, caos e ordem, a verdade por trás da mentira. O crack era uma lógica sociojurídica fundamentada no sangue.”

Dimitri A. Bogazianos

Dimitri A. Bogazianos.                            Foto: scholars.csus.edu

 

1 por 3

Com uma placa indicando que é preciso preservar a natureza, a Floresta Distrital dos Pinheiros está sendo colocada no chão. Caminhões levando as toras e a terra aguardando o tempo certo para fazer mais estragos em tempos de chuva. Para gestores que se preocupam com o futuro, cada árvore retirada corresponde a três novas árvores plantadas.

 

Serra&Cerrado

Depois da recategorização dessa unidade, o objetivo é proteger a biodiversidade. Na verdade, o cerrado local foi devastado para a plantação de pinheiros. O Decreto 38.371 também cita a recuperação de áreas degradadas. Pinheiros não são nativos da nossa região. A degradação foi iniciada no Paranoá com a troca do cerrado por pinheiros.

 

História de Brasília

Conselheiro Alves, presidente do IAPI, não está informado de que prédios residenciais da superquadra 305 já podem ser entregues, e ainda não foram, porque a comissão de engenheiros ainda não veio a Brasília receber o trabalho dos empreiteiros. (Publicada em 06.04.1962)

Aos 64 anos

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Quem der ao trabalho de percorrer, quadra por quadra, rua por rua ao longo de todo a vastidão do chamado Plano Piloto, de Norte a Sul, em busca de espaços voltados as atividades artísticas ou estabelecimentos comerciais especializados na venda e promoção de produtos de arte, poderá constatar desiludido, que a capital do país é hoje um imenso e inóspito deserto, desprovido de vida inteligente.

Com exceção de uns raros pontos com essa finalidade, como é caso do subutilizado Espaço Cultural da 508 Sul ou a Casa da Cultura na Asa Norte, quase nada que lembre produção artística é visto nas redondezas de Brasília. Por onde quer que se olhe, não há sinais de livrarias, bibliotecas, teatros, escolas de arte, de dança, de pintura, escultura. Nada de nada. Para um turista que venha de lugares, onde as artes integram o cotidiano dos habitantes e estão presentes em toda a parte, essa ausência e aridez cultural chama a atenção e acaba revelando muito sobre o grau de cultura dessa população.

Viver, ou pior, acostumar-se à uma cidade, onde a exceção dos monumentos arquitetônicos do modernismo, nada mais lembra a pulsação de vida e de criação de seus moradores, que só a arte e a cultura proporcionam e revelam é como estar num terreno baldio, desprovido de alma e engenho humano.

Outra sensação estranha que se observa, com esse vazio e com esse exílio das artes em plena capital do Brasil, é que em cada recanto dos espaços urbanos em que esse vácuo foi criado, ali mesmo, abriu-se mais uma área e mais uma oportunidade para que a degradação da cidade aconteça. Só a vibração humana, trazida pela arte, pode salvar uma cidade de sua decadência. Se formos hoje fazer um apanhado sobre que tipo de atividade e de estabelecimentos são mais presentes hoje ao longo de todo o Plano Piloto, veremos que os bares e as farmácias são as atividades que mais estão presentes nas centenas de ruas de comércio.

Para quem observa esse fenômeno de longe, fica a falsa sensação de que as centenas de milhares de moradores que vivem nesses locais, adoecem nos bares, pelo consumo exagerado de bebidas alcóolicas e daí passam a frequentar as farmácias em busca de remédios e curas para esses males. Depois desses estabelecimentos, aparecem em seguida as casas lotéricas, que também mostram outro perfil humano dessa cidade. A impressão, nesse caso, notada por um forasteiro acidental, é que a população dessas áreas, dispendem o que possuem em recursos, consumindo bebidas e remédios em excesso e depois buscam compensar esses gastos, na vã tentativa de recuperá-los nessas casas de apostas e de azar.

Outra incidência, quase endêmica, observada nessa cidade, onde as artes e o entretenimento cultural e sadio foram transformados em poeira vermelha é a de igrejas e templos para todo o tipo de fé ou de esperança no além. Para esses mesmos observadores ocasionais e assustados com que notam é que, depois de adoecidos pelo consumo de álcool, desenganados pelas farmácias e desiludidos pelas casas de apostas lotéricas, os moradores desse deserto, buscam agora, como derradeiro recurso, a salvação de suas almas, já que o corpo e a matéria foram corroídos pelo consumo de bebidas. Restaria então, como tentativa última desses habitantes da cidade deserto, buscar o consolo da alma, de preferência num mundo além, sobre as nuvens, onde ao menos se possa ouvir os sons celestiais uma harpa, tangida por um anjo solitário e igualmente melancólico.

 

A frase que foi pronunciada:

“A cidade como centro onde, em qualquer dia do ano, pode haver um novo encontro com um novo talento, uma mente perspicaz ou um especialista talentoso – isto é essencial para a vida de um país. Para desempenhar este papel nas nossas vidas, uma cidade deve ter uma alma – uma universidade, uma grande escola de arte ou música, uma catedral ou uma grande mesquita ou templo, um grande laboratório ou centro científico, bem como bibliotecas, museus e galerias que unir passado e presente. Uma cidade deve ser um lugar onde grupos de mulheres e homens procuram e desenvolvem as coisas mais elevadas que conhecem.”

Margaret Mead

Margaret Mead. Foto: britannica.com

Absurdo

Continuam, impunemente, os estelionatários com a retaguarda de bancos e telefônicas. Até recado na caixa eletrônica com opções de retornar para o número dos golpistas as quadrilhas encontraram suporte para atacar. “Recado importante. O seu banco (diz o nome do banco) adverte que houve uma tentativa de compra no Magazine Luiza de R$2.760. Para confirmar digite 1. Se não foi você, digite 2″. E daí para frente, atendentes bem articulados vão levando os desavisados para uma grande enrascada. A melhor saída é ter um gerente de confiança e qualquer dúvida ligar para ele.

 

História de Brasília

A cadeira de “Princípios de Administração” da Universidade de Brasília será entregue ao sr. Felinio Epitácio Maia, que ministrará quarenta aulas, a partir de maio próximo. (Publicada em 06.04.1962)

População em alerta

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Nosso país é um farto laboratório para alunos de filosofia que tenham interesse em aproveitar a oportunidade de conhecer, na prática e na vida real, a grande polêmica, que desde o século XVII é travada entre empirismo versus racionalistas. Basta acompanhar nas redes sociais os infinitos debates com grande parte da nação. Política, Economia, Sociologia, Antropologia incluindo nessas discussões políticos, cientistas, adolescentes, idosos, todos com um discurso pronto e fechado a temperos diferentes.

Na verdade, essa batalha é travada tanto no Brasil como no exterior. Basta aos assinantes do Correio darem uma folheada em jornais dos tempos do Covid. A doença competia com a economia. De um lado os hospitais cheios e de outro a produção e a economia aguardando ações ficando por longo tempo estagnada. O certo já estava escrito. Aquele período poderia agregar ainda mais dramaticidade e consequências nefastas ao futuro. E um detalhe bastante importante para quem acompanhava o trajeto percorrido até os dias de hoje. E agora?  Qual será o próximo passo?

Trata-se de uma discussão que, para alguns opõem três elementos básicos à sobrevivência humana: vida e trabalho, saúde e sobrevivência, opinião e atitude. Num ponto os economistas, em sua maioria, concordam que os efeitos da paralisação da economia poderiam ter sido piores, como o próprio vírus, podendo gerar fome e grande instabilidade social, principalmente em países ainda em desenvolvimento.

Várias discussões brotam de toda parte do país, às vezes até em tom raivoso e muitas vezes eivadas de tonalidades político partidárias e diferentes influências, como de vertentes religiosas e outras. Pontua-se a questão entre a necessidade da população e a boa vontade em usar os recursos disponíveis para tornar o Brasil, um país melhor.

A contínua falta de investimento na Saúde provoca um caos generalizado em todo o sistema do país, mas especificamente no Sistema Unificado de Saúde (SUS), um sistema público e já, tradicionalmente sobrecarregado e pouco eficiente. Nesse debate até os micros, pequenos e médios empresários e todos os brasileiros que trabalham por conta própria, reforçam a tese de que a falta de investimentos traz malefícios a todos indiscriminadamente.

De fato, mais uma vez o Brasil se encontra numa encruzilhada e não pode, por variados motivos, abraçar nenhuma das teses espalhadas por aí de modo absoluto. Há ideias boas de todos os lados. Falta uma gerência imparcial para decidir.

Em um país cuja a economia insiste em apresentar baixos níveis de crescimentos, a estagnação completa é uma espécie de suicídio, tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista político e por consequência, social. É nesse ponto que o empirismo, ou seja, o conhecimento, pela experiência e vivência política, adquirida nas décadas vividas por parlamentares e juízes, investidores e empresários, industriais e executivos se choca com a realidade enfrentada pela população. Toda prática voltada para hoje construindo um futuro promissor. É disso o que o povo fala é isso o que o povo quer.

 

A frase que foi pronunciada:

“Que a democracia, tão falada atualmente, não represente idealismo e interesse partidário, mas sim a razão verdadeira da união e do trabalho de toda uma nação, de cada cidadão, na construção do desenvolvimento do país… sob as leis do Brasil e sob as leis de Deus.”

Astronauta Senador Marcos Pontes

Senador Marcos Pontes. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Pela paz

Aos poucos, o trânsito em Brasília perde o brilho da cordialidade. São pessoas que vêm de estados onde a regra é outra e tentam impor o próprio hábito a uma cidade que conquistou a calma no trânsito graças a investimentos em campanhas e à boa vontade da população. Hora de arregaçar as mangas e cortar o mal pela raiz.

 

Necessidade

Por falar nisso, numa fila de carros parada em local proibido, em Águas Claras, o carro da PM passou devagar com o policial filmando um por um. Depois parou a viatura e multou os que não respeitaram a lei. Mas é preciso dizer a verdade. A viatura parou no mesmo lugar para que o policial pudesse trabalhar. O que dizer?

 

História de Brasília

As firmas que constroem o meio fio de Brasília estão deixando na pista detritos de construção. Areia em quantidade está interrompendo o tráfego, principalmente na pista que liga o Eixo Monumental ao início da W-3. (Publicada em 06.04.1962)