Reformas tributária e ministerial podem sair em dezembro

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Coordenador do grupo de trabalho que fechou o texto constitucional da reforma tributária, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) calcula que, em dezembro, o governo terá tudo pronto para sancionar a regulamentação da emenda constitucional que estabeleceu o novo sistema tributário sobre o consumo. Nesse caldo, ele acrescenta a reforma ministerial.

“Acho que o presidente não escapará de fazer esse ajuste para os próximos dois anos de governo”, afirmou, no programa Frente a Frente, da Rede Vida de Televisão, referindo-se à necessidade de ajustes. “Se será no núcleo de governo, é o presidente Lula quem vai decidir”, afirmou, sem avançar o sinal.

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Quanto à reforma tributária, Lopes está tão otimista que acredita ter tudo pronto para sanção presidencial em dezembro, como um legado da atual direção do Congresso — Arthur Lira (PP-AL), na Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado.

Deixa quieto

O governo não vai mexer nas contas do sistema de Previdência dos militares, pelo menos por enquanto. A avaliação de setores do governo é de que não dá para cutucar os militares nesse momento, apesar dos alertas do Tribunal de Contas União (TCU).

O recado de Walton

Na análise das contas do primeiro ano do governo Lula, chamou a atenção dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) o voto em separado do ministro Walton Alencar, levantando que “o sistema de proteção dos militares é o que impõe maior custo à sociedade por beneficiário e, por isso, deve ser objeto de atenção, estudo e debate”. É onde está o maior buraco. A contribuição dos militares cobre 15,47% das suas despesas, enquanto a do sistema geral de Previdência cobre 65% e a dos servidores, 41,9%.

O perigo para Lula

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuar colocando o Estado como promotor de desenvolvimento, aumenta o risco de os empresários se aproximarem ainda mais dos parlamentares, a fim de promover um freio na intenção do Poder Executivo.

O “esquenta”

A campanha contra a MP 1.227, que limitava a compensação dos créditos de PIS/Cofins e terminou devolvida ao Poder Executivo, foi lida como o primeiro movimento desta união entre setor produtivo e parlamento. O governo ficou a reboque.

Deixa que eu chuto/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aceitou o desafio imposto pelo Ministério da Fazenda de arranjar dinheiro extra. Pediu sugestões aos líderes sobre fonte de recursos para a desoneração da folha. A ideia é tapar buracos na arrecadação, sem aumento de carga.

E o Juscelino, hein?/ O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, está no olho do furacão, suspeito de desvio de emendas. Porém, depois de receber o apoio do partido, o União Brasil, Lula vai dar a ele o benefício da dúvida.

Sem marola/ Com dificuldades no Congresso, Lula não pretende piorar a sua relação com o União Brasil.

A postos/ O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (foto), tem dito que estará “disponível” para assumir um cargo nacional no fim deste ano. Logo, ficará na prefeitura até terminar o mandato.

 

Difícil segurar Ana Moser, avaliam aliados

Publicado em GOVERNO LULA

A preços de hoje, está cada vez mais difícil segurar Ana Moser no cargo de ministra do Esporte. A pasta deve agregar Juventude e Empresas ( ou empreendedorismo) e ser entregue ao líder do PP, André Fufuca. Assim, o governo atenderia o desejo do PP, de ter um ministério com “ações na ponta”, ou seja, com um trabalho direto junto a prefeituras.

Pelo desenho desta quarta-feira, o deputado Sílvio Costa Filho, do Republicanos, irá para o Ministério de Portos e Aeroportos, no lugar de Márcio França. Como está sem mandato, o ex-governador de São Paulo, ex-secretário de Geraldo Alckmin e ex-deputado, pode ir para uma estatal.

A reforma ministerial deve ficar para ser anunciada na sexta-feira, ou na semana que vem. Vejamos se, até lá, Ana Moser consegue recuperar o posto.

Ah, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dais, que hoje lança o Brasil sem Fome ao lado do presidente Lula, permanece onde está.

Governo define pastas “intocáveis” em reforma ministerial

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg – Em meio às especulações sobre a reforma ministerial, o governo fez chegar aos partidos a lista das pastas que estão fora da lista de possíveis substituições. Primeiramente, os ministros palacianos — Casa Civil, Secretaria Geral da Presidência e Relações Institucionais. Depois, os três da área econômica: Fazenda, Planejamento e Gestão. Em seguida, vêm os da Defesa e da Saúde, no qual o governo coloca como ponto de honra manter uma gestão técnica. Os demais, ainda que o presidente tenha dito aqui e ali que um ou outro não será substituído, o aviso recebido pelos partidos que devem entrar no governo deixa tudo em aberto. A ideia é afunilar essa decisão ainda neste final de semana, para que o governo possa se reunir com os partidos, na semana que vem, com um desenho fechado.

Em tempo: as especulações sobre a reforma ministerial irritaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não quer gerar mágoas que possam comprometer o todo. O trabalho paralelo será arrumar serviço para quem deixará o primeiro escalão. Afinal, se arrumar o Centrão e comprometer todo o trabalho de juntar a esquerda que Lula começou, lá na pré-campanha, a soma é zero para o presidente e o PT.

Facilita a vida

Quem não tem mandato parlamentar, é ministro e está na lista de quem pode ser substituído, tem a perspectiva de ocupar estatais e autarquias. Algo que os detentores de mandato eletivo não têm. Isso será levado em conta na hora de decidir a reforma ministerial. Por isso, a lista inclui Portos e Aeroportos, Ciência e Tecnologia e por aí vai.

Veja bem

Na reforma em curso, o PT não mexerá com os ministérios do MDB. O partido já deu muito trabalho no passado, quando ficou insatisfeito e deflagrou o impeachment de Dilma Rousseff. Lula quer paz com os emedebistas.

Foi vapt-vupt…

… para marcar território. Integrantes do PL calcularam mal a disposição do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, de se manter distante do PT e apostar nos votos do bolsonarismo. A expulsão do deputado Yuri do Paredão (CE), em menos de uma semana, é uma demonstração de que o PL não abandonará o ativo que conquistou em 2022 — ou seja, os votos de Jair Bolsonaro e de seus aliados.

Avise antes/ A reunião que deveria ocorrer na quinta-feira entre Lula e o deputado Arthur Lira (PP-AL, foto) não aconteceu por um único motivo: ninguém no Planalto ligou com antecedência para o presidente da Câmara a fim de combinar o encontro.

Sem WhatsApp/ Entre os aliados de Lira, o comentário é que não se convida chefe de outro Poder para uma reunião via jornais nem por rede social. Não precisa ser um convite bordado a ouro, mas uma consulta para verificar a agenda do presidente da Câmara seria de bom tom. Lira estava em São Paulo, fazendo exames.

Vai esquentar a cadeira…/ …e voar de novo. Lula já tem nova viagem internacional agendada. Em agosto, estará na África do Sul, para reunião do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Vladmir Putin avisou que não irá. A guerra é a prioridade do presidente russo.

Por falar em Rússia…/ Alguns diplomatas brasileiros começam a temer que o conflito deságue na III Guerra Mundial. Deus queira que estejam errados.

 

Lula não esperava ter que trocar ministros com seis meses de governo

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente Lula já contava com a perspectiva de uma reforma ministerial, mas não esperava ter de trocar ministros com seis meses de governo. Há um receio de seus principais aliados de que uma reforma agora não resulte nos votos do União Brasil, que o governo considera importantes, ainda que o deputado Celso Sabino, cotado para o Ministério do Turismo, seja mais orgânico dentro da bancada do que a atual ministra, Daniela Carneiro. A incerteza é um dos motivos que levam o presidente a resistir na entrega das pastas com “porteira fechada”, como desejam alguns. Quem mais conseguiu emplacar cargos de segundo escalão nos ministérios atende pela alcunha de “aliado histórico”.

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Vale lembrar: os recém-chegados e os que estão por assumir ainda não passaram no teste de fidelidade. Sabino fez festa, reuniu seus aliados num jantar, mas é grande a turma do União Brasil que prefere independência, tal e qual o presidente do Republicanos, Marcos Pereira.

A ordem dos fatores

Há quem diga que, antes de mudar ministros, Lula precisa parar de olhar para o retrovisor. Seus mais fiéis escudeiros consideram que o PT precisa deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro de lado. O que prevalece na base fora do PT é que “Bolsonaro, agora, é problema da Justiça”.

O discreto Juscelino

Se depender da bancada do União Brasil, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, tem tudo para passar incólume pela reforma ministerial. No último mês, ele se articulou muito no partido.

E a tributária, hein?

O fato de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, querer incluir a desoneração da folha de pagamento na reforma tributária é visto com uma certa desconfiança. É que, se a reforma não for votada, o benefício das empresas vai para o ralo junto.

Troca, mas não leva

Mesmo que o União Brasil tenha novos ministros, as pautas ideológicas que o PT deseja levar adiante, como a revisão de privatizações, não ganham tração. Nesses temas, o PT contará só com a esquerda.

Em tempo de mudança em ministério…/ ... Tudo chama a atenção. Ao receber os prefeitos, o presidente Lula ajeitou a gravata do ex-prefeito de Araraquara Marcelo Barbieri, do MDB (foto), hoje consultor da Confederação Nacional dos Prefeitos, e foi direto: “Está na hora de você voltar para a minha equipe”. Barbieri, que foi assessor dos governos Lula e Michel Temer, apenas sorriu.

Prioridade/ O presidente do Conselho Nacional do Sesi, Vagner Freitas, começou um périplo nos estados a fim de turbinar o debate sobre a reforma tributária e a revitalização da indústria. O tema se transformou numa obsessão do presidente Lula. Uma das primeiras paradas foi na Firjan.

Presença/ Na próxima terça-feira, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, confirmou participação no CorreioTalks sobre A reforma tributária e a indústria.

A volta do São João da política/ Ilustre representante do alto clero do antigo PFL, o ex-ministro e ex-deputado José Jorge, de Pernambuco, voltou a morar em Brasília e, num almoço de pernambucanos, nesta semana, anunciou que retomará a festa junina de maior sucesso em Brasília, no período do governo de Fernando Henrique Cardoso.

A pressão na Câmara por uma reforma ministerial está cada vez maior

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao escolher seus ministros às vésperas da posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabou dando mais peso ao Senado do que à Câmara dos Deputados. Agora, a conta desse “pecado original” chegou e a pressão por uma reforma ministerial está cada vez maior. Os números que a coluna mostrou ontem sobre os cálculos do Centrão e do Planalto sobre o potencial de votos nos partidos mais conservadores só irão se confirmar se houver compensações à Câmara pelo sobrepeso do Senado nos cargos de primeiro escalão.

Dos ministros do MDB, por exemplo, todos, sem exceção têm mais afinidade com senadores do que com os deputados: Simone Tebet (Planejamento) foi senadora, Renan Filho (Transportes) é senador e primogênito de Renan Calheiros; e Jader Filho (Cidades), filho do senador Jader Barbalho. No PSB, Flávio Dino (Justiça) é senador. No PT, Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Camilo Santana (Educação) são senadores; no União Brasil, Waldez Goes (PDT) chegou ao governo pelas mãos do senador Davi Alcolumbre. Esse descompasso, avisam os líderes, terá que ser resolvido ou os problemas continuarão.

Ibaneis, o retorno

O parecer favorável da Procuradoria-Geral da República é o primeiro passo para que Ibaneis Rocha (MDB-DF) passe a Páscoa como governador em pleno exercício do cargo. “Temos que aguardar. Não vejo o governador como partícipe ativo ou envolvido nesse plano malévolo (a tentativa de golpe em 8 de janeiro). Mostrou, talvez, excesso de confiança pelas mensagens que recebeu de seus auxiliares, de que estava tudo bem e, na verdade, não estava”, disse o ministro Gilmar Mendes, em entrevista ao programa Frente a Frente, da Rede Vida.

Por falar em 8 de janeiro…
Aos poucos, o relator do inquérito dos atos antidemocráticos, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solta os civis envolvidos com menor gravidade na invasão dos prédios públicos em 8 de janeiro. Mas isso não significa que o caso será esquecido. Falta concluir a investigação sobre militares e financiadores.

Piso em debate…
As entidades privadas de saúde preparam um estudo para levar ao Supremo e tentar mostrar que o piso da enfermagem é inviável da forma que se apresenta. O documento aponta que existem no país 1.408.584 profissionais da área. Desse total, 55,2% (778.233) estão abaixo do piso e seriam beneficiados. O impacto nas contas seria de R$ 12,45 bilhões por ano, a preços de outubro de 2022. Os valores estimados da implantação do piso seriam divididos em R$ 7,88 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS); e R$ 4,57 bilhões para o setor privado.

… e sob pressão
Até agora, não se sabe como essa conta será paga. O piso foi sancionado pelo então presidente Jair Bolsonaro em agosto do ano passado, no início da campanha eleitoral, sem definição da fonte de custeio. Sem isso, o piso acabou suspenso pelo STF e virou uma novela. Em 14 de fevereiro, o presidente Lula apoiou o piso e disse que “ia resolver”. O governo federal quer sair desse impasse sem faltar com a palavra junto à categoria e nem explodir as contas públicas. À Fiesp, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, prometeu que sairá “em breve”.

Gilmar sem meias-palavras/ Em entrevista à Rede Vida semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes foi incisivo ao fazer uma reflexão sobe os movimentos eu levaram ao 8 de janeiro: “Os militares deixaram correr solto. Não tem sentido fazer manifestação em frente a um quartel. Se o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) resolvesse ficar em frente ao Forte Apache (QG do Exército) seria tolerado? Se tolerou algo ilícito. O erro inicial foi tolerar essas pessoas em frente aos quartéis”

Anderson, “o elo”/ Perguntado sobre Anderson Torres e o tempo que o ex-ministro da Justiça continuará preso, Gilmar disse ser impossível prever. “(Ele) é um elo de vários episódios”, disse, referindo-se, inclusive, a atuação da Polícia Rodoviária Federal no dia da eleição de 2018, quando as pessoas foram impedidas de chegar aos postos de votação, especialmente, no Nordeste.

Imagem do STF/ Gilmar avalia ainda que o STF exerce seu papel: “Na pandemia, fomos definitivos. O Brasil teria virado uma grande Manaus sob a gestão de (Eduardo) Pazuello na Saúde e a diretiva de Bolsonaro. Qual era o plano de ação dele? Encher os cemitérios?”, pergunta. Para quem não se lembra, a capital amazonense sofreu com a ausência de oxigênio em plena pandemia.

Recursos & apoios/ Os prefeitos começam a chegar hoje para a 84ª Reunião da Frente Nacional dos Prefeitos, a partir de amanhã, no Royal Tulip, em Brasília. O governo vai em peso para o encontro, de olho em apoios para a reforma tributária. O presidente Lula encerrará o evento na terça-feira.

Aliados de Bolsonaro pedem Guedes fora do governo em abril

Publicado em coluna Brasília-DF

O ano mal começou e aliados do governo tentam forçar a porta para que, em abril, quando os ministros candidatos a algum mandato eletivo deixam seus cargos, Jair Bolsonaro aproveite para trocar, também, o comandante da Economia, Paulo Guedes. Assim, no bolo de ministros, a saída, avaliam alguns, não traria desgaste. O presidente, até aqui, não se convenceu.

A avaliação dos aliados, porém, é a de que Guedes não tem mais apoio do mercado, onde os grandes fundos e bancos não acreditam mais nas promessas do ministro de crescimento e dias melhores. No empresariado, também não está aquela maravilha. Por isso, muita gente defende que é preciso alguém que renove as esperanças para ajudar a dar mais gás eleitoral ao presidente. Bolsonaro, entretanto, avisou que só vai tratar das substituições em março, ou seja, quer ter um pouco mais de sossego e tempo para organizar o jogo até depois do carnaval.

A la dona Marisa

A primeira-dama Michelle Bolsonaro deu um basta nas visitas de políticos ao presidente durante as férias para que ele pudesse descansar. Só “liberou” os ministros. Muitos que transitaram pelo governo Lula e agora frequentam a corte bolsonarista comparam as atitudes de Michelle àquelas da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que, nos finais de semana, feriados e férias do então presidente fazia o máximo para reservar os momentos à família.

Quanto à dieta…
Se tem algo que Michelle não consegue é regular a alimentação do marido. Ele gosta mesmo é de fritura (pastel, coxinha) e… cachorro-quente. Bolsonaro, porém, sabe que precisava dar uma “regulada” depois da facada. E, muitas vezes, meio inconformado, comenta: “Esse cara me tirou uns 10 anos de vida”, diz, referindo-se ao agressor, Adélio Bispo de Oliveira.

Quem tem tempo…
A ideia no governo é só tratar da reforma ministerial quando for aberta a janela para troca de partidos. Assim, será possível verificar quem realmente está com Bolsonaro para o que der e vier.

Escassez é geral
O governo não demonstra pressa para deflagrar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos porque ainda não tem orçamento suficiente para a compra de uma quantidade capaz de atender a todos. Inicialmente, o Brasil receberá, em janeiro e fevereiro, um terço das doses infantis de que necessita para uma ampla cobertura vacinal. É aquela história: quem se desloca, recebe; quem pede, tem preferência.

Esqueceu dela/ Em suas avaliações sobre a eleição presidencial deste ano, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha sequer cita a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Para ele, tanto ela quanto Luiz Henrique Mandetta, do União Brasil, não passam de vices.

Por falar em Mandetta../ Em março de 2020, quando era ministro da Saúde, ele só dava entrevistas usando o colete do SUS. Agora, são vários os ministros que adotam o modelo. Ontem, na viagem a Minas Gerais, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, vestia o seu. Na Bahia, o da Cidadania, João Roma, também usava um, assim como Marcelo Queiroga, da Saúde.

Exceção/ A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, não aderiu à moda. Aliás, no Planalto, os ministros, de um modo geral, continuam de terno e gravata. Na viagem de ontem a Minas Gerais, na comitiva que avaliou os estragos das chuvas, era a única do primeiro escalão sem o tal colete. O trabalho árduo, porém, ficará com ela: ajudar a arrumar dinheiro para atender os mais necessitados.

Chegou com vontade/ O governador de São Paulo, João Doria, começou o primeiro dia útil de 2022 com reunião do secretariado para planejar o ano e definir o que pode ser feito até abril, antes do prazo de desincompatibilização para concorrer ao Planalto.

Planalto pega receita para evitar processos de impeachment

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao nomear Carlos Henrique Sobral para número 2 da Secretaria de Governo, a ministra Flávia Arruda leva para dentro do Palácio do Planalto um dos poucos que acompanhou, de dentro, todos os processos de impeachment e de denúncias contra presidentes da República que tramitaram na Câmara, neste século. Carlos Henrique tem a memória das votações do impeachment de Dilma Rousseff e das duas denúncias contra Michel Temer. E, nos três casos, atuou do lado vitorioso.

Nos tempos de Dilma, era braço direito do todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Depois, nos tempos de Michel, era chefe de gabinete da mesma Secretaria de Governo em que está agora. Chegou com Geddel Vieira Lima e ficou com os ministros Antônio Imbassahy e Carlos Marun. Dadas as investigações que correm no Supremo Tribunal Federal, a ordem é se preparar para o caso de Jair Bolsonaro ser submetido a algo parecido pelo STF. Temer venceu a primeira denúncia por 263 votos a 227, em 2 de agosto de 2017, e a segunda por 251 a 233, em outubro do mesmo ano. E sabem como é: com esse novo inquérito envolvendo o presidente, todo cuidado é pouco.

Paulo Guedes perde mais uma

Depois de ver a área de Trabalho e Previdência sair da sua pasta, o ministro da Economia está prestes a perder mais uma: é voz isolada dentro do governo a favor do Bolsa Família de, no máximo, R$ 300, enquanto a área política pretende elevar para R$ 400. O programa, como o leitor da coluna sabe, é visto como o passaporte para melhorar a popularidade de Bolsonaro.

Mas não entrega os pontos
A equipe de Guedes tem dito que, para ter um programa social robusto, será preciso demonstrar capacidade de controle do gasto publico. Não adianta aumentar os valores de auxílios e benefícios sociais se o mercado entender que a proposta é eleitoreira e não tem sustentação fiscal. O resultado será inflação, queda da bolsa e dólar nas alturas. No mínimo, será preciso garantir o parcelamento dos precatórios de R$ 89 bilhões que vencem em 2022, um valor que compromete o teto de gastos.

E o voto impresso, hein?
O relator da PEC do voto impresso na comissão especial, deputado Felipe Barros (PSL-PR), anunciou que vai procurar o ministro Ciro Nogueira em busca de apoio para tentar salvar a proposta. O titular da Casa Civil, porém, tem outras prioridades. Como garantir as bases que possam levar o presidente a recuperar popularidade.

Segura aí
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pisou no freio para a reforma tributária. Se colocasse para votar hoje, a perspectiva de derrota era grande.

Curtidas

O quarteto/ Os quatro ministros que aparecem na foto à porta da residência oficial do Senado, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o da Câmara, Arthur Lira, mostram quem está com a responsabilidade política de comandar a relação entre Congresso e Parlamento: Ciro Nogueira, Flávia Arruda, João Roma (Cidadania) e… Paulo Guedes, o detentor da chave do cofre.

Looks em sintonia/ A calça com listras brancas e pretas de Flávia Arruda estava em sintonia com a gravata de Pacheco, enquanto Ciro, Roma, Guedes e Lira desfilaram de gravatas azuis.

Chuva de processos/ Advogados do ex-presidente Lula avaliam processar quem repassou vídeos com áudios adulterados com a entrevista do petista de 20 de julho. A velocidade da gravação foi alterada para sugerir embriaguez. O vídeo foi compartilhado, por exemplo, pelo cantor Roger Moreira, da banda de rock Ultraje a Rigor.

Agosto começa em alta-tensão/ Bolsonaro deu a largada dizendo que Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, não pode presidir o processo eleitoral depois da soltura de Lula pelo STF. O presidente do STF, Luiz Fux, falou que diálogo e harmonia entre os Poderes não implica impunidade. De quebra, o TSE instaurou inquérito para investigar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral sem provas. O clima não está para bandeira branca.

Reforma ministerial atiça aliados de Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Desde que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a reforma ministerial, as salas do Palácio do Planalto viraram um mar de especulações. Quem mais tem sido objeto desse disse me disse é a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que “passeou” pela Esplanada como se estivesse certo seu deslocamento para outras pastas. Até aqui, de certo mesmo é o deslocamento do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que, avaliam os políticos, é simpático, mas não tinha o traquejo para o cargo. Na Secretaria de Governo, por enquanto, não há qualquer confirmação de mudança por parte dos auxiliares diretos de Bolsonaro.

Flávia, pelo visto, terá no senador Ciro Nogueira (PP-PI) um coordenador político para acelerar o “atendimento” das excelências, sempre incansáveis na busca de emendas e espaços no governo. E como a Casa Civil tem diversas atribuições, ele terminará dividindo esse trabalho com a ministra. E até prefere alguém mais “calma”, como Flávia, do que alguém que ficaria disputando espaço.

A pressão continua
Além da pasta do Trabalho e Emprego, há uma pressão nos bastidores para a volta do Ministério do Planejamento, que sempre cuidou do Orçamento e das políticas públicas. Só tem um probleminha: Bolsonaro, em princípio, não quer saber de tirar tanta coisa das mãos de Paulo Guedes, o seu “Posto Ipiranga” da área econômica.

Tamanho P

A greve dos caminhoneiros até aqui não provocou tantos estragos quanto previu a oposição.

Tamanho GG
O sonho do Progressistas é, na Casa Civil, conseguir fazer crescer a bancada do partido nas próximas eleições. Já tem gente, inclusive, sugerindo a Ciro Nogueira que não concorra ao governo do Piauí, no ano que vem, para manter o status quo em pleno ano eleitoral.

Nada passou, mas…
Ao cancelar os estudos sobre a Covaxin solicitados pela Precisa, empresa intermediária citada em um esquema de pedido de propina sob investigação, o governo acredita que será possível deixar claro que não houve malfeito na compra de vacinas. Só tem um probleminha: tentativa também é crime. E é por aí que a maratona da CPI da Covid volta na semana que vem.

Ele não/ A forma como Bolsonaro se referiu ao vice-presidente Hamilton Mourão, segunda-feira (26/7), como “aquele cunhado que você tem que aturar”, foi vista como um sinal de que não há hipótese de essa parceria ser mantida em 2022.

E o fundão, hein?/ Se ficar em R$ 4 bilhões, ninguém vai chiar.

Toque feminino/ A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) ganhou uma integrante em sua diretoria. Especializada em regulação de transportes aquaviários, Flávia Takahashi é a primeira mulher a ser indicada para a diretoria da autarquia.

Fadinha/ Diante das incertezas que o país atravessa, especialmente na educação, a medalha de Rayssa Leal, aos 13 anos, foi vista com um incentivo e um sinal de que nem tudo está perdido. A prática esportiva é o portal que temos nesses tempos estranhos.

Bolsonaro vai para o PP criar um novo PFL

Publicado em coluna Brasília-DF

Em conversas reservadas, aliados do presidente Jair Bolsonaro afirmam que ele está entre se filiar ao PP, ao PL ou ao PTB para concorrer à reeleição. Porém, a ida do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), para a Casa Civil reforça a perspectiva de o presidente se filiar ao Progressistas, como o leitor do Blog da Denise já sabe. Desta vez, o presidente precisará de um partido grande e com estrutura que possa pagar as despesas de uso do avião presidencial e diárias de seguranças nos deslocamentos de campanha pelo Brasil afora. A ideia é transformar o PP no novo PFL, partido que deu lastro à aliança democrática que elegeu Tancredo Neves no colégio eleitoral de 1985 e, mais tarde, se tornou parceiro de Fernando Collor no governo — e, ainda depois, dos tucanos no governo de Fernando Henrique Cardoso.

O PP é a terceira maior bancada da Câmara, hoje, atrás do PSL e do PT. Com a própria filiação, e Ciro Nogueira como o grande articulador político do governo, o presidente espera evitar que o partido termine se juntando a uma terceira via em 2022 — além de segurar Arthur Lira (AL) em suas fileiras, como candidato a mais dois anos de mandato à frente da Câmara, em caso de reeleição de Bolsonaro. É a política em movimento para resolver os problemas políticos do governo.

Jogada de risco, com novos lances

De todos os presidentes que passaram por desgastes políticos imensos na história recente do país, apenas Fernando Collor cedeu a Casa Civil, mais precisamente ao PFL, com Jorge Bornhausen. Deu no que deu. Por isso, a ideia de Bolsonaro é voltar ao PP. É a forma de acoplar o partido de vez ao governo.

O quarto líder

Formado ainda no governo Dilma pelo então líder do MDB, Eduardo Cunha — que, depois, viria a ser presidente da Câmara —, o poder no Centrão já teve dois outros grandes comandantes depois dele: Rodrigo Maia e Arthur Lira. Agora, com Ciro Nogueira na Casa Civil, há quem diga que Bolsonaro tem tudo para ocupar esse posto informal.

Deu ruim

Na última reforma ministerial, o então ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, foi cuidar da Defesa, sua área. Luiz Eduardo Ramos saiu da Secretaria de Governo para dar lugar à deputada Flávia Arruda (DF), do PL. E, agora, deixa a Casa Civil para ceder a vaga a Ciro Nogueira. Sinal de que o generalato fracassou na coordenação política. E cabe aos políticos resolver os problemas da área. Aos poucos, cada um vai ocupando o seu quadrado.

Estreitou

Depois de Gilberto Kassab dizer, ontem, ao CB.Poder que tem em Rodrigo Pacheco (DEM-MG) a esperada candidatura à Presidência da República, o espaço para lançar um outro nome vai ficando mais apertado. A tendência é que outros partidos de centro terminem se aglutinando nesse projeto, caso o presidente do Senado empolgue a população disposta a fugir da polarização entre Bolsonaro e Lula.

“Eu tenho medo do Supremo”/ No programa Frente a Frente, da Rede Vida, que foi ao ar ontem à noite, a presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, Carla Zambelli (PSL-SP), disse com todas as letras que “tem medo do Supremo Tribunal Federal” e que mudou seu comportamento depois da prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ).

Por falar em prisão… / Carla disse, ainda, que tem “medo de ser presa”, não porque considera que tenha feito algo errado, mas “porque, no caso Daniel (Silveira), ele extrapolou, mas não era motivo para prisão”. Diante desse temor em relação ao STF, a deputada diz que, agora, pensa melhor antes de falar e, ao gravar vídeos, espera sempre um tempo para refletir antes de postar.

Um falso Bebianno na área/ Jornalistas e pessoas próximas que ainda mantêm em seus smartphones o contato do ex-ministro Gustavo Bebianno  tomaram um susto, ontem, quando, de repente, Bebianno “entrou no Telegram”. A conta tinha, inclusive, a foto do ex-ministro. Bebianno morreu em 14 de março do ano passado, vítima de infarto fulminante.

Eu, hein!/ O repórter Renato Souza, do Correio Braziliense, perguntou ao usuário da conta se era alguém da família. A resposta foi: “Eu sou o Bebianno”. Ele ainda tentou entrar em contato com parentes do ex-ministro, mas não obteve resposta.

Ciro Nogueira na Casa Civil prepara ida de Bolsonaro para o PP

Publicado em Governo Bolsonaro

Ao colocar o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, na Casa Civil, decisão já confirmada por aliados do presidente, Jair Bolsonaro começa a guardar uma certa distância da caserna e se alinha com a máxima de que “só a política resolve a política”. Ciro é experiente, acompanhou de perto todos os governos petistas e também o do presidente Fernando Henrique Cardoso. É visto como alguém “tarimbado” para tentar não só ajustar os ponteiros entre os partidos, mas também com os senadores, uma vez que tem trânsito em todas as legendas. Outra mudanças virão, dando ao Planalto um perfil mais afinado com os partidos. Não está descartada uma posição de destaque para Davi Alcolumbre e ajuste na liderança do governo na Câmara, por exemplo. Bolsonaro, aliás, pode aproveitar essa troca de comando na Casa Civil para afastar Ricardo Barros sem que diga publicamente que foi por causa do desgaste causado pela CPI.

O fato de Ciro Nogueira ter ficado calado nos últimos tempos dentro da CPI da Pandemia foi justamente o período em que trabalhava nos bastidores essas mudanças, junto com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Comunicações, Fábio Faria, outro que tem articulado bastante no sentido de organizar a base para conseguir acertar os ponteiros e evitar que os dissabores prosperem.

Em conversas reservadas, políticos dizem que Bolsonaro adota agora o mesmo que Fernando Henrique Cardoso e Lula fizeram no passado: Reforçar laços com os partidos para resolver problemas políticos. A diferença, porém, é que nenhum deles entregou a Casa Civil, coração do governo, como Jair Bolsonaro faz agora. Lula, quando os escândalos começaram a crescer, fez uma reforma ministerial ampliando o espaço do MDB no primeiro escalão. Entregou, por exemplo, o ministério de Minas e Energia; o PL, do então senador Alfredo Nascimento, tinha o Ministério dos Transportes. A aproximação com o MDB foi crucial para ajudar a evitar problemas diante das denúncias do mensalão.

Bolsonaro sabe que sua base aliada enfrenta problemas, haja visto o confronto público com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, nos últimos dias. Ramo, embora independente, é aliado de Arthur Lira e políticos próximos a Bolsonaro tomaram um susto ao ver essa briga. Desnecessária. No Senado, o governo também não tem uma maioria firme, o que tem comprometido o governo e ainda dado espaço para que os partidos trabalhem o nome do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), como pré-candidato ao Planalto.

A ideia agora é consertar os erros dos últimos dias, onde pareceu mais um recesso para se armar até os dentes do que para pacificar as duas Casas. Resta saber se dará tempo. Fernando Collor, em 1992 entregou boa parte do governo, inclusive a Casa Civil, ao PFL, na esperança de permanecer no governo e evitar um processo de impeachment. Não conseguiu. Bolsonaro ainda tem tempo e mais apoios do que Collor mantinha naquele período. A esperança dos aliados do presidente é a de que a história não se repita.

Ah, e sobre o partido do presidente: Ele está entre o PP e o PL. A ida de Ciro Nogueira coloca o PP como destino preferencial. É a volta para “casa”, conforme definem os aliados de Bolsonaro.