Presidente eleito deixa três pontos para amarrar até fevereiro

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A demora do presidente eleito em montar a equipe do governo Lula 3 deixa pelo menos três pontos pendentes para ajeitar até fevereiro. Primeiro, a amplitude da base e resistências do PT a nomes de alguns partidos. Em segundo, a aposta dos agentes econômicos de que a inflação deve subir por causa da decisão do futuro governo de não prorrogar a isenção de impostos sobre os combustíveis. Afinal, na cabeça do povo e do “Seu José da Quitanda”, vale a máxima: quando a gasolina sobe, sobe tudo.

E ainda há um terceiro ponto: a desconfiança mútua entre Lula e o Centro/Centrão. O presidente eleito terá que dissipar a suspeita de que deu um empurrãozinho na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) — de acabar com as emendas de relator, o chamado orçamento secreto. Até aqui, há mais desafios do que motivos para relaxamento no dia da posse. Aliás, relaxar mesmo, só o “Lula Palooza” idealizado por Janja.

MDB apoiará, mas…

A opção de Lula por Renan Filho e Jader Filho para ministros de Lula deixou uma parcela expressiva dos emedebistas se sentindo como o “patinho feio”. Ainda que o Pará tenha eleito nove deputados dos 66 deputados emedebistas, soou com a volta da “velha politica” dos caciques partidários.

…tem problemas
Além das parcelas do próprio MDB, Lula corre o risco de não ter todos os votos, caso aceite o pedido do PT para que não dê porteira fechada aos aliados. A guerra, a partir de agora, será em torno dos cargos nos estados.

Ele tem a força
A resistência do PT em aceitar Elmar Nascimento (BA) como ministro com a grife União Brasil arrisca jogar a maioria dos deputados do partido na oposição. Quem conhece a fundo a agremiação avisa que Luciano Bivar não controla a bancada de
59 deputados.

Na ponta do lápis
Este ano, Luciano Bivar tentou correr uma lista para tirar Elmar da liderança do União Brasil. Não conseguiu sequer 20 assinaturas.

O clima do momento/ Lula chega hoje à situação em que todos os partidos que o apoiaram em outubro se acham “o ponto percentual” que garantiu a vitória no segundo turno. O Solidariedade, de Paulinho da Força, é um deles. Até agora, não tem um ministério.

Virou chacota/ Nos bastidores dos partidos quase aliados, a tal frente ampla que Lula prometeu na campanha vem sendo chamada de “Frente Ampla do PT”, onde todas as tendências foram contempladas.

Esqueceram deles…/ A virada do ano está logo ali e nada ainda de Ministério para o PT de Minas Gerais. Ali, está com jeitão de “santo de casa não faz milagre”.

…e ajudaram os outros/ Até aqui, de políticos raiz no ministério Lula 3, Minas terá o senador Alexandre Silveira, que deve ser confirmado na pasta de Minas e Energia. É o nome defendido por Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado e candidato a mais dois anos no comando da Casa.

Gente para demonstrar força/ Os petistas não vão desistir do show, todo concebido pela futura primeira-dama Janja. A ordem é reunir uma multidão capaz de mostrar que o PT não perdeu apoio nas ruas. Aliás, dado às nuvens escuras no horizonte, o PT vai precisar de apoio popular para ajudar a criar um ambiente menos tenso.

Simone Tebet ganha um farol para ver todo o governo

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Ao fazer as contas, os emedebistas concluíram que Simone Tebet está melhor no Planejamento do que estaria em áreas como Educação ou Desenvolvimento Social. Ali, no coração da organização do que o governo deve priorizar, ela terá uma visão multitemática com acesso a todos os dados das políticas a serem adotadas a partir de janeiro. De quebra, ainda fará o acompanhamento das estatais, função que, até o governo Dilma, estava a cargo da pasta entregue e aceita pela senadora. O PT, que tanto fez para evitar dar visibilidade a Tebet, terminou entregando um farol para que ela visse todo o governo.

IBGE preocupa
A equipe de Simone Tebet está para lá de preocupada com o IBGE. O Instituto ainda não conseguiu terminar o censo, teve sérios problemas de contingenciamento de verbas e, sem informações precisas, nenhum planejamento funciona. Na largada é ali que Simone atuará com mais afinco.

Muita calma nessa hora
A senadora não pretende chegar logo em 2 de janeiro trocando todo mundo. É preciso, primeiramente, saber “quem é quem” e não permitir a descontinuidade no censo.

A disputa por Cidades

Ainda não é hoje que Lula deve tirar foto com os futuros ministros. É que há uma briga interna pelo ministro das Cidades. O PT de Minas, por exemplo, considera que ainda está a ver navios e precisa ser contemplado.

Sai daí rapidinho!
O quase ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi aconselhado a “mergulhar” nesse período em que Brasília se mostra tensa. Os mais próximos esperam que ele viaje para os Estados Unidos, a fim de não ser acusado de ampliar a tensão até a posse.

Fica por aqui
Muitos daqueles que gostariam de ver Bolsonaro liderando a oposição, entretanto, estão frustrados com essa atitude. Deixar Brasília, para alguns, pode ser até compreensível. Agora, sair do país, soa como medo do futuro.

A conselheira…/ Economista responsável pelo programa de governo de Simone Tebet ao longo da campanha, Elena Landau, cotada para a equipe do Planejamento capitaneada pela senadora, é citada nas conversas internas dos petistas como alguém que não pode integrar o futuro governo.

… falou demais/ Na última sexta-feira, Elena foi direta em seu artigo no Estadão. Escreveu que “Lula tinha uma oportunidade de montar um ministério plural em todos os sentidos e a jogou fora”. Acrescentou ainda que o presidente acertou em recriar o Ministério do Planejamento e “errou” ao criar um “desnecessário” Ministério da Gestão. Concluiu dizendo que o “conjunto da obra mostra uma aposta no que sempre deu errado neste país. 2023 já nasce envelhecido”. Elena é uma das pessoas a quem Tebet mais ouve.

O árbitro/ Lula já avisou que, quando houver divergência na equipe econômica, será ele a decidir. E, pelo visto, terá muito trabalho.

Enquanto isso, na Defesa…/ O futuro ministro, José Múcio Monteiro, esticou até onde conseguiu a saída dos comandantes militares. Esta saída entre o Natal e o Ano Novo não é vista como um problema.

Por falar em problema…/ A tensão em torno da posse que toma conta desses dias não cessará em 2 de janeiro. Pelo menos, é assim que alguns no entorno de Lula pensam. Aliás, vale a pena assistir à entrevista do deputado distrital reeleito Chico Vigilante (PT) ao CB.Poder. Ele considera que o melhor seria não ter show na Esplanada. O momento é de trabalho. Uma festa tão efusiva só se justificaria se o futuro governo fosse uma unanimidade no país.

 

Alexandre de Moraes reforça que não há meios de reverter a eleição

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O discurso contundente do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, na diplomação de Lula e Geraldo Alckmin, foi para deixar claro aos bolsonaristas que não há meios de reverter o resultado das urnas. Quem foi derrotado que se prepare para a próxima eleição presidencial, daqui a quatro anos. De quebra, ainda deu o recado de que outras punições virão. Se vai atingir o presidente Jair Bolsonaro ou os filhos, é algo que só será decidido no ano que vem.

O tom mais incisivo do ministro foi decidido depois que o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores, na porta do Alvorada: “Tudo dará certo no momento oportuno”, “Quem decide meu futuro são vocês”, “Vamos vencer” e “Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês”. As frases foram vistas como um estímulo à ruptura. A ordem agora é deixar claro que não haverá interrupção democrática.

Terroristas querem barrar a posse

As ações terroristas menos de 12 horas depois da diplomação de Lula têm o objetivo de tentar impedir a posse. Enquanto os mais radicais queimam ônibus, carros e criam tumultos, outros, mais moderados vão se transferindo do QG do Exército para a porta do Palácio da Alvorada. A ideia é não deixar sair a mudança de Jair Bolsonaro e nem a de Lula entrar. A confusão não vai terminar tão cedo.

Argumento básico
O presidente Lula acredita ter encontrado um motivo muito justo para que o PT aceite a concessão do Ministério de Desenvolvimento Social para Simone Tebet, do MDB. Os petistas vão ficar com todos os ministros “da Casa”, ou seja, Casa Civil, Relações Institucionais, Secretaria Geral da Presidência e por aí vai.

E tem mais
O PT deve ficar ainda com Saúde e Educação. Só tem um probleminha: se o PT não se entender sobre o nome do ministro da Educação, Gabriel Chalita (PSB) entra no páreo.

Chamariz
O futuro governo encontrou um meio de atrair os deputados do Centrão ao voto sim à PEC da Transição, sem tirar um centavo do que foi aprovado pelo Senado: destinar parte dos recursos de infraestrutura para as obras que os políticos gostam. Vai crescer o orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) e da Codevasf, para alegria do líder do União Brasil, Elmar Nascimento.

Apostas/ No último domingo, por volta de meio-dia, um senhor falava em alto e bom som para quem quisesse ouvir: “Apostei duzentas pratas que o Lula não sobe a rampa”. O interlocutor, cético em relação à aposta respondeu: “Vai subir. Só não sobe se matarem ele”.

O que vale/ O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, fez chegar a todos os parlamentares que, pelo menos até a tarde de segunda-feira, ainda não havia nada oficial sobre a discussão e votação da PEC da Transição ainda hoje.

A ordem dos fatores/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, pode até ter dito que iria votar, mas só o fará depois que conversar com os líderes partidários nesta terça-feira. Difícil votar tudo hoje.

A volta dos convescotes/ Com Lula em Brasília e alguns ministros escolhidos, a cidade volta à temporada dos jantares. Às vezes, dois por noite. Esta semana, por exemplo, será a vez do deputado eleito Eunício Oliveira (MDB-CE) receber a bancada de seu partido. Lula deve comparecer.

Aliados dizem que pauta tributária pode dar sensação de base ampla a Lula

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Aliados do futuro governo consideram que a pauta capaz de dar uma sensação de base ampla ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será a tributária, com o novo marco fiscal. O setor produtivo e a classe trabalhadora desejam esta reforma. E, assim como ocorreu com a previdenciária, depois de mais de duas décadas de idas e vindas, o texto em tramitação na Câmara pode dar algum alento. A ordem, agora, é tentar convencer Arthur Lira (PP-AL) a recolocar o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator.

Aguinaldo foi relator da reforma tributária da Câmara, a PEC 45/2020, mas a proposta terminou inviabilizada com a troca de comando na Casa, em 2021. Agora, o novo governo espera apaziguar e colocar esse projeto de novo em andamento. Aguinaldo tem dito a amigos que basta uma atualização do texto para colocar em votação. É por aí, pela reforma tributária, que o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentará se aproximar mais dos agentes econômicos.

O céu é o limite

Com 16 partidos na base de Lula e a maioria reivindicando mais de um ministério, está difícil fechar os 20% que não estavam na cabeça do presidente eleito. O PV, por exemplo, que está na federação do PT, reivindica pelo menos um Ministério e apresentou ao presidente uma lista tríplice de cargos: Cultura, Turismo ou Esporte. Cultura ficará com a cantora Margareth Menezes.

Aos sem-mandato, as autarquias

Sem espaço para todos no primeiro escalão, a tendência é colocar quem perdeu eleição em escalões inferiores e agências. O martelo será batido hoje, na reunião que fechará o número de ministérios.

Há exceções

Nem todos os que perderam a eleição estão destinados ao segundo escalão e autarquias. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que fez campanha para Lula no segundo turno, e Márcio França (PSB), que abriu mão de disputar o governo de São Paulo para apoiar Fernando Haddad (PT), serão ministros.

Enquanto isso, no Parlamento…

A candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) a presidente do Senado é olhada com algum interesse por senadores que, em 2026, terão que concorrer a um novo mandato. É que muitos estão de olho no mega fundo partidário e eleitoral do PL para financiamento da reeleição. Parece distante, mas tem muitos senadores pensando na própria sobrevivência na próxima eleição.

Um cargo para acomodar dois/ Um dos nomes cotados no MDB para assumir um ministério é o do deputado Hildo Rocha (foto) (MDB-MA). Hildo ficou na primeira suplência. Se Roseana Sarney (MDB-MA) for para o governo Lula, ele assume o mandato. Se ela não quiser, Hildo pode virar ministro.

Neri na área/ Neri Geller (PP-RS), que foi ministro da Agricultura da presidente Dilma Rousseff (PT) tem encontro marcado com o presidente da Associação Comercial da Indústria Frigorífica Brasileira, Maurício Reis Lima. É mais uma ponte que o pessoal da transição faz com a turma do agronegócio.

Diplomação curta/ A cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva será vapt-vupt. Não está prevista sequer a fila de cumprimentos. A ordem é se agarrar no serviço da transição e fechar logo a equipe para que todos os futuros ministros possam passar o Natal em seus respectivos estados.

Por falar em Natal…/ O presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja permanecer no Alvorada, na noite de 24 de dezembro. Será praticamente uma despedida do Palácio e dos aliados do cercadinho.

Prioridade de Lula será acalmar os ânimos na Câmara

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Além do jogo do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva dedica esses dias a tentar acalmar os ânimos na Câmara. É que, desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou o julgamento das emendas de relator — vulgo Orçamento Secreto —, os aliados de Arthur Lira (PP-AL) passaram a desconfiar de que o presidente eleito atua para tirar fôlego da reeleição do deputado, embora publicamente e reservadamente diga que o PT apoiará a recondução. Neste sentido, ainda que haja um sentimento de que é preciso dar lastro a Lula, nada caminhará a contento se a turma de Lira não sentir lealdade no trato político.

Se o petista quiser apoio, é bom juntar as declarações à prática. Lira, da sua parte, está disposto a ajudar a aprovar a proposta de emenda constitucional, mas desde que se sinta apoiado pelo futuro governo. Até aqui, o governo não tem os 308 votos para aprovar a PEC e dificilmente obterá esses votos na Câmara se não obtiver o apoio do presidente da Casa.

Escalação para reduzir pressão

Os ministros a serem anunciados hoje são aqueles considerados imprescindíveis para deflagrar a transição em suas respectivas pastas o mais rápido possível. Defesa, para acalmar militares; Justiça e Segurança Pública, onde está a Polícia Federal e a Rodoviária Federal; Casa Civil, de onde saem leis e decretos; e Fazenda, onde é preciso montar a equipe que demonstre lastro ao fiscal com um olhar social.

Foi demais…
Muitos deputados deram um pulo quando perceberam que a PEC da Transição permitirá a abertura para operações financeiras, junto a organismos internacionais, fora do teto. Como se trata de uma emenda constitucional, alguns técnicos entendem, e já avisaram aos parlamentares, que o futuro governo poderá captar esses empréstimos sem aval do Parlamento.

…para precisar menos
Esse “pequeno detalhe” da PEC levou muitos na Câmara à desconfiança de que a ideia do texto é fazer com que o futuro governo possa prescindir do Parlamento para tocar suas obras e programas sociais. Assim, pode até aprovar, mas vai ser difícil manter o texto intacto.

E o Geraldo, hein?
Na entrevista à Globonews, o vice-presidente Geraldo Alckmin deu um recado direto à presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Perguntado sobre a vontade dos partidos de ocupar espaços no primeiro escalão, especialmente o PT, ele lembrou os tempos da pressão do PTB de Getúlio Vargas pelos ministérios e saiu-se com esta: “Getúlio dizia: vocês já têm a Presidência da República”.

Uma homenagem a Eduardo Campos/ Com o PT pressionando pelo Ministério das Cidades, que cuidará do Minha Casa Minha Vida, o presidente eleito acenou com a acomodação do ex-governador Márcio França (PSB) no Ministério da Ciência e Tecnologia. Foi a pasta que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos ocupou no antigo governo Lula.

Não conte com eles/ O deputado Sanderson (PL-RS) avisou ao partido que votará contra a PEC da Transição, ainda que o valor seja reduzido. Aliás, outros bolsonaristas pretendem seguir pelo mesmo caminho.

“Sessão do avião”/ É assim que muitos apelidaram as sessões da Câmara das quintas-feiras, quando a maioria dos deputados passa por ali “à paisana”, sem terno, registra a presença e sai correndo para não perder o voo. Ontem, véspera do jogo do Brasil contra a Croácia, não foi diferente.

Enquanto isso, no intervalo…/ Estava tão tranquilo que o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) pediu à mulher, Janaína, que levasse os filhos, Paulo e Sofia, para o Plenário. As crianças até discursaram na tribuna, antes da reabertura da sessão no início da tarde.

A PEC não é um cheque em branco. É um cheque especial sem limite. O Senado optou pelo liberou geral”
Danilo Forte, deputado (União Brasil-CE)

 

Punição a prefeito põe equipe de Bolsonaro em alerta

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O afastamento do prefeito de Tapurah (MT), Carlos Alberto Capeletti (PSD), por ter dito “vamos tomar o Congresso e o STF” foi visto pelos bolsonaristas como uma mensagem direta ao presidente Jair Bolsonaro (PL): se houver alguma manifestação no sentido de insuflar algo que soe ruptura institucional, tal como fez o prefeito, a punição virá. Até aqui, o presidente se mantém calado a respeito das manifestações de apoiadores na frente dos quartéis.

Depois do afastamento do prefeito do cargo por 60 dias, conforme determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, alguns aliados de Bolsonaro defendem que ele permaneça em silêncio para não ampliar a tensão. Afinal, o presidente ainda não se conformou com o resultado da eleição e, no calor de uma declaração pública, ou mesmo uma visita aos apoiadores nos acampamentos, pode elevar a tensão.

Outros mais afoitos, porém, têm pedido que Bolsonaro incendeie seus apoiadores. O problema é que, até aqui, o presidente não viu espaço para isso. A quem perdeu, cabe liderar a oposição e não uma ruptura institucional.

Uma coisa ou outra

A ala do PT que não é lá muito simpática a Fernando Haddad já fez chegar a seguinte sugestão ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva: se o ex-prefeito de São Paulo for mesmo ministro da área econômica, não será mais candidato a presidente da República pelo partido.

Veja bem
Da parte aliada a Haddad, vem a impressão de que está muito cedo para se fazer qualquer exigência. Vale lembrar que, em 1993, Fernando Henrique Cardoso virou ministro da Fazenda de Itamar Franco e tudo indicava que não teria condições de se eleger deputado federal. A roda da fortuna girou e FHC terminou eleito presidente, depois de montar a equipe que deu ao país o Plano Real.

Todos querem recursos
Até aqui, todos os setores que procuram o governo de transição no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) pedem algum tipo de financiamento. Desta vez, foi o setor de transporte público, capitaneado pelos dirigentes da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). A ideia é acoplar um aporte de recursos da União para barateamento do transporte à política de descarbonização.

E alguns vão levar
Lula venceu a eleição graças ao voto dos mais pobres, que mais dependem desse transporte. Por isso, a ideia dos integrantes da equipe de transição é não deixar esse setor a ver navios.

E a PEC, hein?
Na Câmara, a aposta é a de que a análise da PEC da Transição vai demorar muito mais.

Passou dos limites I/ O ataque de manifestantes bolsonaristas ao líder do PDT, Wolney Queiroz (PE), levou o comando da Câmara a redobrar a segurança. Ações desse tipo não serão toleradas. Uma coisa é se manifestar pacificamente, outra é agredir um deputado federal. Wolney teve o paletó puxado, a gravata quase arrancada. A Câmara colocou a Polícia Legislativa e agentes de prontidão.

Passou dos limites II/ A deputada federal reeleita Bia Kicis (PL-DF) corre atrás das suas redes sociais, suspensas pelo ministro Alexandre de Moraes. Ela foi a deputada mais votada do DF e, proporcionalmente, a mais votada do país. Na Câmara, ela já mobiliza o apoio dos colegas para que tenha o direito de manifestar suas opiniões.

Ele volta/ Primeiro suplente da bancada emedebista em Minas Gerais, o deputado Fábio Ramalho está na fila para assumir o mandato em 2023. É que o governador Romeu Zema pode levar o deputado Newton Cardoso Jr. para o seu secretariado, abrindo a vaga para “Fabinho Liderança”, apelido carinhoso que recebeu dos colegas.

E será governo/ “Eu sempre sou governo”, brinca o deputado, quando alguém lhe pergunta sobre o futuro. “Janto com Bolsonaro e almoço com Lula”, brincou.

Movimento bolsonarista dá fôlego à PEC

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A presença de manifestantes à frente dos quartéis e as dúvidas que alguns setores mais radicais tentam levantar sobre a posse de Lula ajudam na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da Transição, ou fura-teto. A ideia de muitos congressistas — e que começa a se cristalizar nos partidos de centro — é passar uma mensagem de tranquilidade ao país e de apoio ao presidente eleito, fortalecendo a posição em defesa da democracia. Assim, dizem alguns, será possível arrefecer movimentos favoráveis à ruptura institucional.

Os partidos de centro veem essa necessidade de aprovação da PEC para conter o golpismo. Porém, isso não significa aprovar o texto da PEC do jeito que está. A aposta hoje é de que Lula conseguirá um prazo de dois anos de valores fora do teto. Será o tempo para o governo definir uma nova âncora fiscal. Resta definir os valores, para os quais ainda não há um consenso (leia notas ao lado).

Mercadante ministro

Lula está a cada dia mais convencido de que o ex-deputado, ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante é o nome para a articulação interna do governo. Falta definir se esse trabalho será feito pela Casa Civil. Se essa for a ideia, é lá que Mercadante estará.

Malandro é malandro…

Integrantes da equipe de transição têm dito aos parlamentares que, quanto mais programas sociais fora do teto de gastos, mais sobrarão recursos para as emendas. A ideia é ver se, assim, a turma se convence da necessidade de aprovar o texto tal como
foi apresentado, sem
redução de valores.

… E mané é mané

Só tem um probleminha: o caixa é o mesmo, ou seja, ficar dentro ou fora do teto pode até facilitar a vida do governo, no sentido de evitar “pedaladas” como a da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas isso não aumentará o volume de dinheiro no cofre.

Acalma aí, PT

Nos próximos dias, além de negociar a PEC, Lula aproveitará para dizer aos petistas que é hora de segurar o apetite. Mais à frente, quem sabe, haja mais espaço
para o partido.

Olho nele/ O prefeito de Santo André, Paulo Serra, é apontado no PSDB como alguém em franca ascensão no partido, com a chegada do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (foto), ao comando tucano.

Comprou “na planta”/ Paulo Serra ficou ao lado de Eduardo Leite contra o então governador João Doria na disputa da prévia para escolha do candidato do PSDB à Presidência da República. Agora, com Doria fora do partido, ganhará mais espaço na cúpula partidária. Igual a um apartamento que se compra antes da construção, e o imóvel valoriza.

Objetivo/ A missão de Leite no comando do PSDB será no sentido de tentar recuperar os votos que perderam para Jair Bolsonaro, por causa de Lula, e aqueles que perderam para Lula, por causa
de Jair Bolsonaro.

Copa & política/ Com o Brasil passando para as quartas de final, depois de vencer a Coreia por 4 X 1, a intenção de Lula é deixar qualquer anúncio da futura equipe para depois do jogo contra a Croácia. Quem tem tempo, não tem pressa. A prioridade neste momento é o hexa.
Bora, Brasiiiiilllll!!!!

 

PT não quer Bolsa Família nas mãos de Simone Tebet

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a coordenação de campanha já sabem que não será possível atender cada partido aliado com um ministério para os deputados e outro para os senadores, como desejam várias legendas interessadas em apoiar o governo. Por isso, ele deixará para anunciar tudo depois da diplomação.

O tempo até lá será usado para definir um critério para ocupação de espaços no primeiro escalão. Só para o ministério que controlará o Bolsa Família (que hoje se chama Auxílio Brasil), por exemplo, o do Desenvolvimento Social, há uma gama de interessados e todos tiveram importância na vitória do petista. A ideia é compor por tamanho de bancada, mas isso ainda será avaliado na semana que vem.

Lula, aliás, tem evitado responder sobre os critérios para escolha dos ministros. Isso porque, nos 80% que ele já tem em mente, a regra tem sido a vocação de cada nome e não propriamente a preferência do partido aliado.

***

Um enrosco será a área social, hoje a cargo do Ministério da Cidadania, que deve ser dividido em dois — Desenvolvimento Social e Cidades. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), considerada fundamental para a vitória de Lula, tem participado da coordenação nessa área e há expectativa de que assuma o cargo. O PT, porém, não quer deixar justamente o Bolsa Família nas mãos de aliados e quer colocar lá o ex-governador do Ceará e senador eleito Camilo Santana.

Esquece os 14…

A expectativa do líder do PT, Reginaldo Lopes (MG), de formar uma frente com 14 partidos por fora do blocão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não vai se concretizar. O Cidadania, por exemplo, que integra uma federação com o PSDB, não tem meios de se desvincular dos tucanos para compor um grupo alternativo ao do PP de Lira.

…ou os 13
Outro que não quer saber de bloco alternativo é o União Brasil. O partido tem compromisso com Lira e, como o leitor da coluna já sabe, os integrantes da legenda preferem ficar com o atual presidente da Câmara, que não quebra acordos.

Sob nova direção…
O deputado reeleito Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, tem dito a amigos que seu partido não fará bloco como PT. Os tucanos têm convenção marcada para a semana que vem, quando o governador reeleito do Rio Grande do Sul Eduardo Leite assumirá o comando da legenda.

…com velhas disputas
Leite reassume o governo gaúcho em janeiro. Nesse cenário, quem comandará de fato o partido será o vice-presidente, cargo que fez ressurgir a velha rixa entre São Paulo e Minas Gerais. Desta vez, porém, Minas deve levar.

Um cargo para dois/ O Ministério das Cidades, que tem entre suas atribuições o programa Casa Verde e Amarela, que voltará a ser Minha Casa Minha Vida, é o sonho de consumo do PSol, de Guilherme Boulos, e do PSB, de Márcio França. Ambos abriram mão de concorrer ao governo de São Paulo para apoiar o PT.

CMO 24h/ Com os prazos para lá de apertados, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) fará um plantão neste fim de semana para receber os relatórios setoriais do projeto de lei do Orçamento de 2023. A ideia é votar todos esses pareceres na segunda e terça-feira.

Por falar em Orçamento…/ Depois da Comissão de Constituição e Justiça, o cargo considerado mais estratégico pelos parlamentares é a relatoria do Orçamento. Quem manda na destinação das verbas tem tudo.

Três eleições, um título/ Os petistas registraram à fala de Lula durante entrevista no CCBB sobre o PT ser grande, importante e “cheio de vontades”. O presidente eleito, aliás, segue para seu terceiro mandato como inquilino do Palácio do Planalto e o título de único nome filiado à legenda capaz transitar pelas várias tendências partidárias, sem contestação.

E a Copa, hein?/ Respeitem os adversários. Perder para Camarões no finalzinho foi dose.

Novo governo terá que fazer escolhas

Publicado em coluna Brasília-DF

A contar pelas análises técnicas já feitas pela Câmara e parte dos relatórios apresentados pelas equipes de transição, o futuro governo terá que buscar novas fontes de financiamento. É que, até aqui, tanto nos relatórios parciais da equipe de Luiz Inácio Lula da Silva quanto na PEC da Transição (ou fura-teto ou do Bolsa Família), fala-se em acréscimo de despesas sem que se apresente de onde sairão os recursos para fazer frente às necessidades de cada área. Sem aumento de impostos, há quem diga que muitos programas vão ficar a ver navios.

No atual cenário das contas, não haverá recursos para tudo que a transição está pedindo em termos de recomposição de recursos e programas. Para completar, a PEC também vai perder o que os parlamentares têm chamado de “gordura”. Deputados dos mais diversos partidos não se sentem à vontade para dar um cheque em branco para os investimentos, mas não vão se negar a fornecer os recursos para o Auxílio Brasil — que voltará a se chamar Bolsa Família.

O sonho do PSD

O PSD de Gilberto Kassab, futuro secretário de Governo do Estado de São Paulo, mira o Ministério da Infraestrutura. É onde o partido terá mais facilidade com a transição, uma vez que a atual equipe foi montada pelo governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Efeito Eduardo
Depois das imagens do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Catar durante o jogo do Brasil contra a Suíça, o bloqueio das estradas praticamente acabou.

Abre teu olho, 03
A agenda de Eduardo Bolsonaro apresentando que ele estava presente à sessão não-deliberativa, levada às redes sociais pelo deputado André Janones (Avante-MG), corre o risco de ir parar no Conselho de Ética. Já tem gente estudando o assunto.

Por falar em Bolsonaro…
O tratamento que o presidente da República recebeu no PL, no jantar coincidentemente marcado para o trigésimo dia pós-derrota, serviu para consolidar a posição de Jair Bolsonaro como presidente de honra do PL.

Os curingas de Lula/ Pelo menos quatro nomes podem ir para qualquer ministério do novo governo: Aloizio Mercadante, Fernando Haddad, Alexandre Padilha e Jaques Wagner. Todos do PT. Já os aliados têm endereço certo.

Por falar em aliados…/ O ex-governador de São Paulo Márcio França desfilou pelo Centro Cultural do Banco do Brasil sendo chamado de ministro pelos colegas.

Novos amigos/ O casamento do União Brasil com o futuro governo será de “papel passado, no civil e no religioso”, dizem os petistas. Com o senador eleito Sérgio Moro (PR) e tudo mais.

Enquanto isso, no TSE…/ Ao antecipar a diplomação de Lula para o próximo dia 12, o Tribunal Superior Eleitoral espera diminuir a tensão na porta dos quartéis. Resta saber se vai funcionar, uma vez que Bolsonaro continua calado. Há quem diga que a depressão do presidente ainda não passou, mesmo após um mês da derrota.

 

Lula quer isolar Bolsonaro como fez com Ciro

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva começou sua campanha, em 2021, atraindo para si todos os líderes de esquerda que poderiam enfraquecer a sua candidatura. Conseguiu a adesão de Guilherme Boulos (PSol), Marina Silva (Rede) e PSB, com o ex-tucano Geraldo Alckmin na chapa como seu vice. Feito esse serviço, restou a Ciro Gomes seguir em carreira solo, ou se aliar ao MDB de Simone Tebet, que, por pouco, não teve sua candidatura barrada pelos emedebistas aliados a Lula. No segundo turno, o petista ampliou esses movimentos atraindo o centro. Agora, repetirá a dose rumo aos aliados de Bolsonaro, leia-se Centrão e agregados.

A aposta de muitos é de que não será tão fácil Lula isolar Bolsonaro. O Centrão vai ficar com um pé na canoa governista e outro na oposicionista. Qual vai prevalecer, dependerá do nível de satisfação dos seus integrantes com a administração petista.

Diplomação, o dia D

Os bolsonaristas pretendem convocar outras manifestações, além da promovida no feriado de Finados. A mais importante do calendário será para 19 de dezembro, data da diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin. Os petistas, porém, acreditam que esses movimentos tendem a se esvaziar até lá, diante da falta de uma agenda que não seja a intervenção militar e a inconformidade com a derrota.

O jogo de Valdemar
Ao prometer ao presidente Jair Bolsonaro toda a estrutura para que ele possa se manter em Brasília e se firmar como líder da oposição, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, mantém um pé no bolsonarismo, mas não deixará de ter uma relação institucional com o futuro governo. Se não estiver bem atendido, não tentará conter os “pittbulls”.

Cálculos políticos
Da parte dos bolsonaristas, está definido que a ideia é permanecer onde estão. E, se a convivência ficar difícil, um caminho mais à frente será o partido que surgir da fusão do PTB com o Patriotas.

Nem vem
Na conversa que o relator do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), teve com o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) por telefone falou-se de revisão do Orçamento, mas em nenhum momento se falou em orçamento secreto, apelido das tais emendas de relator. A ideia do Congresso é resistir a mexer nesses recursos.

Discurso pronto
Os congressistas já têm na ponta da língua a justificativa para manter o Orçamento em suas mãos. Vão dizer que as emendas serão transparentes, conforme inscrito na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A hora da política/ Coordenador da campanha de Lula no Distrito Federal, Geraldo Magela disse ao CB.Poder que não tem negociação com a extrema direita, leia-se a parte bolsonarista raiz dos parlamentares do bloco do Centrão. Porém, as conversas com o PSD de Gilberto Kassab e o União Brasil são “para ontem”.

E de juntar força/ O União Brasil elegeu quatro governadores e 60 deputados, uma força considerada crucial para ampliar a estabilidade política do futuro governo no Congresso. Assim como no caso dos militares, a maior aposta para fazer essa ponte é… Geraldo Alckmin, que já percorreu muito o país ao lado de Neto, em 2006.

Muita calma nessa hora/ O PSD se dá bem com Lula, mas daí a aceitar cargo no governo é outra história. O partido tem a vice-governadoria de São Paulo e pretende manter essa lua de mel com o governador eleito Tarcísio de Freitas por muito tempo.

Enquanto isso, no centro…/ A reunião do PSDB marcada para a semana que vem deve manter uma certa distância do futuro governo Lula, assim como o Cidadania e o Podemos. O MDB, que viu Simone Tebet entrar de corpo e alma na campanha do petista no segundo turno, está numa encruzilhada. Uma ala não quer Simone ministra. Outra considera melhor ela entrar no governo e ganhar mais visibilidade. Hoje, começa a temporada de conversas que só terminará no dia da posse.