Autor: Denise Rothenburg
No vôo que o levou até Curitiba ontem, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) comunicou a quem interessava: “Podem chamar os procuradores”. A senha está dada. Gim quer falar. Ou, no mínimo, está mandando recados aos que podem ser arrastados para a fogueira junto com ele. É a Lava Jato cada vez mais próxima dos políticos às vésperas da votação do impeachment no plenário da Câmara.
Desde ontem de manhã, nota-se uma certa apreensão entre os senadores, em especial alguns do PMDB, por causa da prisão do ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Os ares de preocupação têm motivo: Se Gim decidir partir para a delação premiada, tentará enroscar os peemedebistas e a presidente Dilma Rousseff.
Não por acaso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, torce para que Gim decida fazer uma delação. Assim, há o risco de Renan Calheiros entrar novamente na rota defensiva, dividindo a cena do desgaste com presidente da Câmara. é mais um lance na briga surda entre Eduardo e Renan.;
Cunha, 2ª temporada
Passada a votação do impeachment, independentemente de resultado, Eduardo Cunha promete voltar com força em nova temporada de exposição na galeria da Lava Jato. É que a próxima testemunha a ser ouvida no Conselho de Ética é do Banco Central, com a missão de detalhar as contas na Suíça que apresentam o presidente da Câmara como beneficiário.
Reforço no público
Secretários de Educação de vários municípios do Espírito Santo foram convidados para viajar a Brasília e acompanhar a solenidade dos educadores no Palácio do Planalto, onde Dilma discursou acusando um golpe. Há quem jure que o convite incluía passagem aérea paga pelo governo federal.
Impeachment no ar I
Nas últimas horas, vê-se no Congresso uma onda mais favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff oriunda de alguns fatores, a saber: a ida dp vice-poresidente Michel Temer ao deputado Jorge Picciani, pai do líder do PMDB, Leonardo Picciani, em busca da reconciliação do partido, antes da votação em plenário. O vazamento programado do discurso de Temer, tratando o impeachment como fato consumado e, ainda, o movimento do PP, pró-afastamento de Dilma Rousseff. A conferir no domingo.
Impeachment no ar II
A avaliação de muitos é a de que a expectativa de poder de Michel Temer, com perspectivas de mudança de clima, vale muito mais para os partidos de centro, como o PP, do que a permanência de Dilma Rousseff. Até aqui, dizem alguns, quem domina a cena é a Lava Jato. A única forma de tentar mudar isso é trocando o governo. Falta combinar com os procuradores dedicados a limpar o que der.
CURTIDAS
Confusão na CPI do futebol/ Aposentado, o ex-consultor Marcos de Santi continua trabalhando na CPI com acesso a toda a documentação sigilosa, que só pode ser acessada por servidores da Casa em exercício. O requerimento que permitiria a Santi assessorar a CPI foi anulado por decisão do presidente da Casa, Renan Calheiros, junto com outros que previam a convocação dos ex-dirigentes da CBF, inclusive Ricardo Teixeira. O senador Romário, que preside a CPI, vai forçar nova votação esta semana.
“Alô, presidente?”/ Num jantar ontem entre integrantes do DEM e do PSB, um dos deputados do PMDB presentes telefonou para o celular de Michel Temer e colocou o vice-presidente para falar com todos eles. Todos trataram o vice como “meu presidente”.
Pensando bem…/ Assessores palacianos reagem assim quando alguém menciona que o PP abandonou a presidente Dilma: “A única coisa que não tem jeito é a morte”.
… o momento é delicado/ Até aqui, os tucanos mantiveram a fleuma com o “pixuleco” mostrado com a imagem do presidente do partido. Agora, entretanto, se o deputado Orlando Silva resolver repetir a dose, a ideia é partir para cima e lembrar que o parlamentar deixou o primeiro governo Dilma acusado de irregularidades, enquanto Aécio Neves deixou o governo de Minas com uma aprovação expressiva.
Quem conhece, garante que ele não ficará na cadeia, enquanto seus antigos colegas de Senado permanecem incólumes. As apostas de quem conviveu com o ex-senador Gim Argello, do PTB, são as de que logo virá uma delação premiada. Cordato e bom de conversa, Gim chegou ao Senado em 2007, rompendo um acordo. Joaquim Roriz, alvo de denúncias de corrupção, renunciou ao mandato de senador e combinou a renúncia dos seus suplentes para forçar nova eleição. Gim, o primeiro da fila, gostou da cadeira e ficou.
No Senado, aos poucos foi se “enturmando” com o PMDB de Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney. Gostava ainda de passar a ideia de que era amigo íntimo da presidente Dilma Rousseff, nos tempos em que ela chefiava a Casa Civil. Em 2010, foi incansável na campanha da petista. Mais tarde, chegou a ser indicado para o Tribunal de Contas da União , mas não emplacou por causa dos processos que responde na Justiça. Da Aquarela, a operação que derrubou Roriz, à Zelotes, passando pela Lava Jato, Gim está em todas.
Enviado do meu iPhone
Depois que a ministra do Supremo Tribunal Federal Carmem Lúcia fatiou a operação Zelotes remetendo o nome de Lula para investigação na primeira instância, ampliaram-se no Planalto as suspeitas de que o ministro Teori Zavascki pode fazer o mesmo com o ex-presidente no que se refere ao processo da 24ª fase da Lava Jato, entregando Lula ao juiz Sérgio Moro.
Conforme antecipou a coluna na semana passada, o Planalto teme que as investigações sobre o ex-presidente ainda estejam no STF por causa da presidente Dilma. Nesse caso, o ministro Teori, tratado no meio jurídico como um dos mais técnicos do tribunal, analisaria se a presidente Dilma Rousseff cometeu algum crime, na hora em que nomeou Lula ministro. E é aí que, avaliam alguns, mora o perigo.
Novo discurso
O governo vai bater bumbo com o recuo da inflação de março para ver se consegue convencer parte dos congressistas dos partidos de esquerda de que ainda é possível consertar a economia sob o governo da presidente Dilma Rousseff. A investida da semana será sobre o PSB, antigo parceiro petista. Ali, havia até quinta-feira apenas três votos contrários ao impeachment. É nos socialistas que o PSDB também pretende investir para não perder votos favoráveis ao impedimento.
Apostas
Os governistas estão convictos de que, se a presidente Dilma Rousseff perder por pouco na comissão especial, é sinal de que pode vencer no plenário. Na madrugada, entretanto, muitos estavam meio descrentes dessa hipótese por causa dos 39 pronunciamentos pró-impeachment, com apenas 19 favoráveis ao governo.
Oráculo
Do alto de quem viveu muitas crises governamentais, o ex-presidente José Sarney tem dito a amigos que não acredita no impeachment. A um dos interlocutores reagiu assim: “Estou aqui desde Getúlio. Não vai ter impeachment”. Na hora, o sujeito que garante ter ouvido essa frase de Sarney pensou em Jorge Bornhausen, ministro da Casa Civil de Fernando Collor famoso à época por ter declarado que a CPI de PC Farias ia dar em nada.
MST, a vingança
Bastou o PMDB deixar o governo para que, na semana passada, o movimento dos Sem terra, o MST, invadisse a fazenda Santa Mônica, do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. O líder é hoje um dos que tenta servir de ponte às alas do partido no Senado, cobrando serenidade daqueles mais afoitos.
Encolher para respirar
A mistura explosiva crise econômica com reflexos da Lava Jato levou a Mendes Júnior, uma das maiores empresas do país, a demitir mais de 10 mil pessoas. É a volta aos tempos em que a família começava um pequeno negócio. As empreiteiras estão na linha de “recomeçar para tentar sobreviver”.
CURTIDAS
#NãovaiterPaolla I/ O diretor, Sérgio Rezende, e parte do elenco do filme “Em nome da lei”, estrelado por Matheus Solano e Paolla Oliveira, vão dar o ar da graça no Congresso esta semana. Não, eles não vêm tratar do impeachment da presidente Dilma,
#NãovaiterPaolla II/ O filme conta a história do juiz Odilon de Oliveira, que desbaratou várias quadrilhas de tráfico de drogas e armas no Mato Grosso do Sul e até hoje anda com escolta policial. A pré-estreia em Brasília, na próxima quinta-feira, será acompanhada de um périplo do diretor e atores pelo Congresso para pedir celeridade na votação do projeto que combate o contrabando.
#NãovaiterPaolla III/ Paolla Oliveira não virá a Brasília. Ela, que já tirou a concentração de muitos com a cena em que Danny Bond,aparece numa loungerie fio dental em Felizes para Sempre?, a minissérie filmada em Brasília, prefere não provocar tumulto num momento em que as excelências precisam se concentrar na votação do processo de impeachment.
Por falar em impeachment…/ Passava da 1h30 da matina de sábado na comissão especial, quando Marcos Feliciano, em tom de pregação, diz que quem votar contra o impeachment é um “Judas, deve se enforcar e não poderá olhar nos olhos dos filhos”. Chico Alencar, do PSol, contrário ao impeachment, não se conteve: “Isso é apelação baixa de quem se julga dono da verdade e usa a religiosidade em proveito próprio. Meus filhos continuam orgulhosos do pai”. Feliciano retrucou e foi a senha para que quase começasse uma discussão. Na saída, Alencar fez o sinal da Cruz para Feliciano e brincou: “É a benção de Judas!” A resposta: “Essa eu aceito!”
O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva, soltou uma nota hoje para responder às acusações feitas por Otávio Azevedo, executivo da Andrade Gutierrez, que, em delação premiada disse ter abastecido a campanha de 2014 com propinas. Ele reitera que jamais se reuniu com o empresário para discutir contratos do governo e anuncia que irá interpelar Azevedo judicialmente.A seguir a íntegra da nota:
Nota à imprensa:
Tenho sido injustamente acusado de articular um conluio envolvendo obras e contratos do governo federal. Segundo os vazamentos seletivos de uma suposta delação premiada do empresário Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, propinas teriam financiado a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. Esta alegação é uma mentira escandalosa e me causa extrema indignação e perplexidade. Por isso, vou interpelar legalmente, para posteriores ações judiciais, o empresário responsável por essa inverdade, para que responda as perguntas que, infelizmente, a imprensa brasileira não faz.
Como é de conhecimento público, fui coordenador financeiro da campanha Dilma-Temer 2014. Assumi a tarefa em julho daquele ano, enquanto a operação Lava Jato já estava em pleno andamento. Minha missão foi “blindar” a campanha de qualquer fato que estivesse vinculado às denúncias. Assim o fiz. Por isso, garanto que nenhuma investigação vai encontrar algo que desabone a minha conduta e, por consequência, atinja a campanha da chapa Dilma-Temer.
Além disso, reforço que jamais ocupei cargo no governo federal e nunca trabalhei junto às esferas da União. Assumi como ministro somente em 2015. Como eu poderia, portanto, ter atuado em 2014 como articulador de um conluio envolvendo obras e contratos do governo federal? Isso não existe. Esta é uma acusação totalmente descabida e grosseira. Esse conluio nunca aconteceu. É uma invenção vazada seletivamente a partir de uma suposta delação premiada, que tem o único objetivo de atingir a presidenta Dilma e interferir no processo de impeachment em andamento.
As perguntas que farei na interpelação judicial são:
a que planilha se refere o delator, sendo que não a conheço e nunca a vi? Com quais empresas eu teria feito a suposta combinação de doações em articulação com a Andrade Gutierrez? Com quais empresários eu teria combinado a doação no valor de R$ 100 milhões cada? Quando e onde?
Sei que não haverá resposta a essas perguntas pelo simples fato de que nada disso existu.
Ainda acredito no Poder Judiciário brasileiro. Acredito que a Legislação brasileira não seja manipulável e que o ônus da prova ainda cabe à quem acusa, ou a quem divulga acusação mentirosa.
Sinto-me profundamente atingido pelas mentiras que têm sido divulgadas por essa suposta delação premiada. É lamentável que estejamos vivendo em um país onde a verdade tem tão pouco valor, em que a honra das pessoas sejam atingidas como se nada valessem. É lamentável que processos de investigação sejam utilizados para a luta político-partidária, e que as delações premiadas, que deveriam ser um valioso instrumento de investigação, tenham se tornado espaços para mentiras e manipulações, no caso da Andrade Gutierrez, segundo o divulgado pela imprensa, chega às raias da hipocrisia.
Reafirmo que estive reunido com o empresário Otavio Azevedo, inclusive em Brasília, como relata a suposta delação, a seu pedido. O empresário se locomoveu por livre e espontânea vontade até o comitê de campanha, na capital, e definiu os valores doados pela empresa, bem como datas para depósitos bancários. Otavio Azevedo jamais mencionou contratos e obras do governo federal, tão pouco fez menção às doações como resultado de vantagens de propinas. As doações foram declaradas à Justiça Eleitoral e os valores mostram que a campanha Dilma-Temer recebeu, inclusive, um valor inferior ao doado ao candidato adversário no segundo turno. Essa é a verdade. O restante é uma tentativa escandalosa de criminalizar doações legais que seguiram as regras e normas da legislação brasileira.
Lembro, ainda, que as contas da campanha Dilma-Temer passaram pela maior auditoria da história do Tribunal Superior Eleitoral. Nada de irregular, absolutamente nada, foi encontrado. As contas foram aprovadas por unanimidade dos votos dos ministros daquela corte.
Edinho Silva, Ministro Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Enviado via iPhon
O uso das palavras “convergência, diálogo, parceria” ontem pela presidente Dilma Rousseff foram no sentido de reforçar os movimentos em curso nos bastidores. Depois de buscar os votos via varejão dos cargos, o governo agora tenta levar atrair setores da esquerda pela política. E foi com esse poropósito que a presidente Dilma Rousseff autorizou conversas com o PSB e outros integrantes da oposição. Ela não aceita nada que encurte seu mandato, mas quem participa dessas iniciativas crê que não está descartado um movimento em prol do parlamentarismo.
O problema é que, a esta altura do campeonato, vésperas da votação do pedido de impeachment na Câmara, está difícil buscar esses votos socialistas. O partido calcula uma maioria favorável ao impedimento. Afinal, desde o início do governo, Dilma ficou de procurar o PSB, mas não fez qualquer gesto de aproximação.
O medo da hora
Com a Lava Jato quieta nos últimos dias, os políticos calculam que algo virá nas vésperas da votação do processo de impeachment no plenário da Câmara
Corpo-a-corpo
A ideia de suspender as sessões neste domingo não foi propriamente para dar descanso aos parlamentares. Ao contrário: A ideia é deixá-los livres para que possam ir às bases ouvir cobranças de votos em favor do impeachment. Afinal pode ser o último fim de semana antes da votação do pedido no plenário da Câmara.
Contagem pepista
Deputados do PP calculam que o governo, “se apertar”, ou seja, levar para dentro do Poder Executivo e cobrar respaldo, pode conquistar 30 votos na bancada.
Lá e cá
Os petistas citam o impeachment como um golpe que dará mais poder ao PMDB do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e Michel Temer não conseguirá governar. Já a ala de Michel Temer cita a todo momento que o ex-presidente Getúlio Vargas escapou de um processo em junho de 1954, mas, emparedado, sem condições de governabilidade, cometeu suicídio em agosto. Dilma pode escapar, mas não conseguirá governar. Façam suas apostas!
CURTIDAS
Não gostou/ Se teve algo que irritou a presidente Dilma Rousseff pro esses dias foi saber que os executivos da Andrade Gutierrez trocavam mensagens chamando-a de “gorda de capacete”. Afinal, se tem algo que a presidente perdeu, além da popularidade, foi peso.
Momento relax no Planalto/ A piada que bomba nas redes sociais,da “determinação” do governo para tiras das artes marciais, como Judô e Karatê das Olimpíadas, foi contada à presidente Dilma Rousseff. Ela sorriu e respondeu “É, no tatame vai ter golpe, no país não”, brincou.
Mapas incertos/ Somados os votos que a oposição diz ter para o impeachment e aqueles que o governo espera contar para barrar o processo, chega-se a quase 540 deputados. Alguém está prometendo votos para os dois lados.
Sessão coruja/ Diante da sessão que iria varar a madrugada, os deputados brincaram com o presidente da Comissão Especial do impeachment, deputado Rogério Rosso (PSD-DF): “Em vez do suco de maracujá, é melhor distribuir café, guaraná e chás energéticos!”
Depois da delação da Andrade Gutierrez colocando a campanha de 2014 na mira, voltou a crescer no PMDB o receio do dia seguinte ao processo em curso na Câmara. Há a sensação entre senadores e deputados do partido de que, se aprovado o impeachment, o vice-presidente Michel Temer não conseguirá governar. Por isso, antes mesmo de divulgado o teor da delação da Andrade, o presidente do Senado, Renan Calheiros, colocou em campo a proposta de novas eleições. Temer não gostou.
O vice-presidente viu na atitude do senador mais um ataque. E, assim, o PMDB voltou à velha divisão, com seus maiores caciques em campos opostos e o grupo de Renan atribuindo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a correria pelo impeachment e o desembarque antecipado do governo. Tudo isso chegou ao ponto de aliados de Cunha ontem comentarem nos bastidores que é preciso encontrar algo para “detonar” Renan. É o bastidor do PMDB em chamas justamente quando o partido precisava estar unido.
O escalão que conta
Um pedaço do PMDB acredita que a antecipação do desembarque deixou Dilma livre para demitir os 600 apadrinhados do partido em cargos de segundo escalão. Como falta algo em torno de 50 votos para o governo consolidar os 171 necessários para escapar do impeachment, os cargos seriam suficientes para resolver. Por isso, essa ala do PMDB acredita que ela escapará.
Quem fala o que quer…
Depois do inflamado discurso essa semana, o senador Romero Jucá ouviu poucas e boas da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) num jantar do partido: “Não foi para isso que colocamos você lá (na presidência do PMDB), quando você foi votar no Aécio, ninguém exigiu que você apoiasse o Michel”. A cobrança foi no sentido de evitar o fechamento de questão em torno do impeachment, o que promete criar mais confusão na bancada peemedebista. É a nova batalha.
Reforço
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, vai chamar a Força Nacional para ajudar a evitar confrontos entre manifestantes no dia da votação final do parecer do impeachment no plenário da Câmara. Está prevista presença de 150 mil pessoas na Esplanada.
“Esse cara não tem a menor credibilidade para comandar um processo de impeachment”
Do deputado Sílvio Costa, escudeiro de Dilma, referindo-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
CURTIDAS
Em tempos de crise econômica…./ “Se houver o impeachment da presidente Dilma, é bom marcar uma reunião de troca de faixas: os ‘mortadelas’ ficam com as do “impeachment já” e os ‘coxinhas’ pegam as ‘não vai ter golpe’. Assim, pelo menos, haverá economia de papel”, comenta o deputado Daniel (PCdoB-BA).
Vacina tucana/ O presidente do PSDB, Aécio Neves, reúne hoje o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e governadores filiados ao partido para avaliar o quadro e tentar fechar uma posição de não-participação na hipótese de governo Michel Temer.
“O mestre mandou”/ É assim que muitos peemedebistas respondem quando alguém pergunta por que Henrique Eduardo Alves deixou o governo antes que todos os outros. O “mestre”, respondem, é Eduardo Cunha, que ordenou a saída de Henrique para puxar os demais. Não deu certo.
Enquanto isso, no Planalto…/ O encontro das mulheres com Dilma estava tão barulhento e confuso que o cerimonial pediu calma, em vez de pedir silêncio, quando uma moça simpática ao impeachment foi retirada. Foi uma vaia geral. E a presidente Dilma, acostumada aos pedidos de silêncio do cerimonial, deu corda: “O cerimonial também precisa ter mais calma!” É… O país precisa de muito suco de maracujá…
Ao mesmo tempo em que fechou as portas para uma reforma ministerial, o governo abriu as comportas de cargos e emendas para atender os políticos dos partidos aliados. Entraram no rol o Dnocs, diretorias do Banco do Nordeste, do Banco do Brasil, regionais da Codevasf e outros. A estratégia ajuda a conquistar um ou outro voto contra o impeachment, mas não garante que os partidos fechem questão em favor da presidente Dilma Rousseff. O PR, por exemplo, recebeu dez deputados no período em que vigorou a janela para mudança de partido. Muitos lá chegaram com posição fechada em favor do impeachment e não vão mudar. O PP, idem. Logo, as bancadas ficarão liberadas para escolher como votar.
Moral da história: se o governo quiser obter algum sucesso, será no pinga-pinga e não no atacado.
Michel na lida
A oferta de cargos a parlamentares não se restringe ao atual governo. O vice-presidente Michel Temer tem recebido muita gente interessada num naco futuro de poder. Quem tem levado parlamentares para conversar sobre esse tema com o vice é ex-deputado Sandro Mabel, do PMDB de Goiás.
Tarde demais
Alguns deputados que receberam cargos do governo estão com o seguinte raciocínio: como o pedido é antigo e só foi atendido agora, vale por votações passadas. Para o impeachment, é outra história. A nomeação de Ricardo Bezerra para diretor da Agencia Nacional de Aviação Civil e de João Maia para uma diretoria do Banco do Brasil são exemplos. Carlos Henrique Gaguim, do Tocantins, tido como padrinho da indicação da Anac, é contado no rol de favoráveis ao impeachment.
E os novos partidos, hein?
O sistema do Tribunal Superior Eleitoral para registro de novos partidos ficou fora do ar três meses, depois das novas regras do Tribunal para registro de agremiações partidárias. Só ontem voltou a funcionar. Agora, novas legendas virão para se somar as dezenas.
O intocável…
O governo não pretende mexer nas Docas do Ceará que são atribuídas a indicações do senador Eunício Oliveira, líder do PMDB. E por um único motivo: Eunício é considerado um dos mais equilibrados e pode promover a paz entre as bancadas no dia seguinte, se não houver impeachment.
… Termômetro
Foi para Eunício que a presidente telefonou a fim de saber os reflexos sobre o pronunciamento do senador Romero Jucá (PMDB-RR) em prol do impeachment. Eunício, segundo aliados, desconversou, dizendo que está focado no Senado, onde o processo não chegou.
CURTIDAS
Jefferson, campeão/ Ao chegar à sala de café do plenário da Câmara, Roberto Jefferson recebeu cumprimentos efusivos de diversos parlamentares e jornalistas. “Não tem um defensor do governo como você foi do Collor. Quem mais se parece com você é o deputado Silvio Costa, de Pernambuco, mas não tem a metade do seu talento na tribuna”, comentou o deputado José Carlos Aleluia
Ainda é cedo para contagens/ Aleluia era deputado nos tempos do impeachment de Fernando Collor e avisa aos navegantes: “Eu era indeciso em relação ao impeachment de Collor. Antonio Carlos Magalhães era o todo poderoso e cobrou votos em favor do presidente. Eu, três dias antes, avisei a Luís Eduardo Magalhães que não tinha como votar em favor de Collor”. Isso vai ocorrer aqui.
Walfrido, o contador/ Ex-ministro de Relações Institucionais de Lula, é Walfrido dos Mares Guia quem mais está ajudando o governo na contagem dos votos em favor da presidente Dilma Rousseff. Grande conhecedor da base aliada, identifica os indecisos e os leva para conversar com o ex-presidente Lul. Só não tem tido muito sucesso no PTB ao qual pertenceu por décadas.
Pensando bem…/ O fato de Jovair Arantes ser dentista provocou piadas ontem: “Ele é um Tiradentes às avessas: Tiradentes foi esquartejado. O Jovair está esquartejando. É a vingança dos dentistas!”, comentou um socialista.
O deputado Macedão, do PP do Ceará, indicou o novo presidente do Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Pastor Franklin, do PP de Minas Gerais, levou a regional mineira da Codesvasf, que era do PMDB do deputado Saraiva Felipe. É o governo atrás de votos pepistas contra o impeachment.
Aliados e adversários do governo não conseguem mais freqüentar o mesmo ambiente. Há pouco, o deputado Paulinho da Força e aliados quase vão às vias de fato contra sindicalistas da CUT no restaurante de um hotel em Brasília. O deputado já estava à mesa, quando integrantes da CUT o reconheceram e começaram a entoar um uníssono “não vai ter golpe”. Um dos amigos de Paulinho se levantou e partiu para cima dos sindicalistas. Foi contido pelos próprios colegas, que se levantaram e saíram do restaurante. Melhor assim.