Agora é conta de chegada. E nas ruas

Publicado em coluna Brasília-DF

Os 199 votos que o governo obteve em votação secreta para formação da Comissão Especial que analisará o pedido de abertura de impeachment deixaram o Planalto de cabelo em pé. A presidente Dilma Rousseff tem 28 votos de margem para tentar barrar a abertura. Os oposicionistas precisam de 70.

» » »

O problema, entretanto, é que, quando chegar a hora da decisão final sobre o tema, ou seja, se a Câmara autoriza ou não o processo, a votação será aberta, no microfone central do plenário. Diante do voto transmitido pela tevê, a avaliação ontem era a de que, se o movimento de rua pró-impeachment for grande, a tendência é esses 28 votos minguarem. Por isso, os dois grupos, governo e oposição, planejam desde já percorrer o país.

Base unida
Se tem algo que une PMDB e PT hoje são as preocupações diante do que pode vir se o Ministério Público Federal fechar um acordo de delação premiada com o senador Delcídio do Amaral, que completa hoje 15 dias preso.

Picciani balança.E cai
O líder do PMDB, Leonardo Picciani, só se manteve no cargo ontem à tarde porque o governador Luiz Fernando Pezão o socorreu, mandando de volta para a Câmara os deputados Pedro Paulo e Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral. Assim, faltaram dois votos para que o grupo da oposição destituísse o líder. Picciani achou que a batalha estava vencida. Caiu logo depois.

Ministério por liderança
Os três deputados do PMDB de Minas Gerais recusaram a Secretaria de Aviação Civil: Newton Cardoso Júnior, Mauro Lopes e Leonardo Quintão. Se o grupo oposicionista conseguir destituir Picciani num futuro próximo, Quintão será o líder. Esse foi o jeito de os oposicionistas garantirem o apoio da bancada mineira.

“O que me preocupa é o mundo. Nada disso do que ocorre aqui hoje altera o preço da batata na feira”
Do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), referindo-se à disputa de poder que assola a Câmara dos Deputados, em especial, o PMDB.

E o Cunha, hein?
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conforme antecipou ontem a coluna, ainda tem força. Hoje, haverá mais um movimento dos aliados dele no Conselho de Ética no sentido de tentar adiar a votação. Se conseguir, completará cinco semanas de enrolação.

CURTIDAS
Diálogos do povo/ “E aí? Vai querer nota legal?”, pergunta o responsável pelo caixa do estacionamento de um grande centro empresarial da cidade. “Nada! Sou sonegador. Tudo menos dar dinheiro para o governo.”

Versões/ Num grupo de WhatsApp, a liderança do governo tentou atribuir as urnas quebradas a seguranças da Casa que estariam a serviço de Eduardo Cunha. Diante de relatos da comentarista da CBN Rosean Kennedy, que narrou ao vivo na rádio CBN o deputado Afonso Florense tirando uma urna da parede e colocando-a virada sobre a bancada, a liderança do governo apenas registrou.

[FOTO2]
De saída/ O ingresso do PDT de corpo e alma em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff levará o senador Reguffe (foto) a deixar a legenda. Para onde vai, entretanto, é um mistério. Há quem aposte que ele ficará um período sem partido, avaliando as opções.

Deixe sua mensagem após o sinal/ O ministro da Saúde, Marcelo Castro, bem que tentou falar com amigos dentro da bancada para ver se revertia alguns votos em favor da chapa 1, na qual estavam os mais governistas. Mas alguns nem sequer atenderam o telefone. No plenário, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-RS) deixou propositalmente o celular no silencioso e não atendeu as ligações. “Hoje, não vou falar com ninguém para não precisar dizer não aos amigos.”

E a resistência durou pouco

Publicado em Sem categoria

Daqui a pouco, a maioria dos deputados do PMDB irá destituir o líder Leonardo Picciani. O movimento contra o líder voltou a ganhar força nesta manhã, depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin concedeu liminar ontem no final da noite suspendendo a instalação da comissão especial do impeachment. A instalação está suspensa pelo menos até o dia 16, quando o pleno do STF analisará os procedimentos de formação da comissão especial inseridos no mandado de segurança apresentado pelo PCdoB, em especial, a votação secreta realizada ontem sob um intenso tumulto na Câmara.
A destituição do líder, surgiu então como um gesto de segurança para que, caso a votação de ontem seja anulada no dia 16, a ala oposicionista do PMDB consiga fazer valer as suas indicações para compor a comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma. A previsão dos oposicionistas é oficializar a destituição de Picciani ao meio-dia.

Comissão do impeachment só na semana que vem

Publicado em Sem categoria

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fachin, de suspender a instalação da Comissão Especial que vai analisar o processo contra a presidente Dilma Rousseff, paralisou tudo, inclusive as votações para escolha dos integrantes que ficaram pendentes. Isso porque o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um dos interessados em deixar tudo para o ano que vem, afirmou que só irá tratar novamente do tema depois de notificado oficialmente. O Supremo marcou o julgamento do mérito do mandado de segurança do PCdoB para o dia 16, daqui uma semana. O recesso parlamentar começa em 22 de dezembro. Logo, o mais provável é que tudo termine paralisado até janeiro do ano que vem. Isso se não houver recesso. Espera-se que até lá os ânimos fiquem menos acirrados para que os parlamentares não repitam o horror que marcou a sessão dessa terç-feira, transformada num festival de atropelos por todos os lados.

Picciani sobrevive

Publicado em Sem categoria

O líder Do PMDB, Leonardo Picciani, balançou, nas não caiu. Ele resistiu ao movimento dos oposicionistas do partido para apeá-lo do cargo graças à interferência direta do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, que mandou dois secretários de volta ao Congresso para evitar que a oposição peemedebista obtivesse maioria. Pedro Paulo e Marco Antônio Cabral, filho do governador Sérgio Cabral reassumiram o mandato apenas para salvar o líder.

À noite, Picciani buscou acordo para tentar manter o cargo sem precisar segurar dois secretários em Brasília. Por enquanto o futuro dele é incerto quanto o de Dilma e de Eduardo Cunha.

Eduardo Cunha ainda reina

Publicado em coluna Brasília-DF

As últimas manobras em torno da comissão especial que analisará o pedido para abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff mostraram a muitos que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não está tão morto politicamente como esperavam os palacianos. Sentindo-se renovado diante das discussões do processo contra Dilma, Cunha retoma o controle do processo, ao dar tempo para que os adversários do líder Leonardo Picciani (PMDB-RJ), favoráveis ao impeachment, montem uma chapa para concorrer contra os nomes indicados pelo líder para compor a comissão especial. Há um grupo que não descarta sequer montar uma lista para tentar destituir Picciani do comando da bancada.

A confusão criada no PMDB tem um segundo objetivo velado: evitar que o Conselho de Ética da Casa vote ainda esta semana o parecer do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que recomenda a continuidade do processo de perda de mandato contra Eduardo Cunha. O atual presidente da Câmara quer comandar impeachment de Dilma, de forma a coroar a vingança. E, diante das manobras em curso, há quem aposte que ele pode até conseguir esse feito, com ou sem conta na Suíça.

PSB na roda pró-impeachment
O líder do PSB, Fernando Filho (PE), participou da reunião fechada com o grupo pró-impeachment no gabinete de Mendonça Filho (DEM-PE). O deputado socialista é herdeiro politico do senador Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro da presidente Dilma Rousseff. O PSB ainda não definiu que rumo tomará nesse processo contra a presidente.

Pressão sobre Temer
Os inúmeros elogios da presidente Dilma e de seus ministros ao vice-presidente Michel Temer são para forçar um posicionamento dele contra o impeachment. Quem conhece o vice, jura que essa declaração não virá. Aguardemos.

“Na atual conjuntura da Câmara, vaca não reconhece bezerro”
Do especialista Eliseu Padilha, ex-ministro da Aviação Civil

Na pauta
Depois de quase uma década, está previsto para amanhã o julgamento do empresário e ex-senador Luiz Estevão por envolvimento no desvio de dinheiro da construção do Tribunal Regional de São Paulo (TRT-SP). A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) incluiu o processo na pauta da sessão extraordinária convocada pela ministra Rosa Weber.

Independentes S.A.
Entre os deputados indicados para a comissão especial do impeachment dentro do PMDB, pelo menos José Priante e Washington Reis têm apadrinhados no governo. A bancada do Rio indicou os diretoras das Docas do estado e Priante fez parte do grupo que indicou os integrantes da Codesp, as Docas de São Paulo. Isso sem contar os cargos no Pará.

CURTIDAS

Novo quartel general/ As salas onde funcionam a liderança do Democratas, vizinhas do gabinete do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, viraram o bunker do grupo pró-impeachment. Ontem, lá estavam, além dos integrantes do DEM, peemedebistas, tucanos, pepistas, representantes do Solidariedade e até socialistas.

“Eu peitei ele!”/ Quem chegou à sala de reuniões na maior felicidade foi o deputado Júlio Lopes (PP-RJ). Aliado de Eduardo Cunha, ele falava para quem quisesse ouvir: “Fui falar com o Leonardo Picciani e peitei ele: Se não for correto, 4 a 4, vou fazer campanha contra você!”. Referia-se aos votos contra e pró-impeachment no rol de indicados do PMDB. Ora, ora… Quem diria… O PP “peitando” o PMDB…

Enquanto isso, no grupo de ministeriáveis…/ O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) é direto quando perguntado sobre a consulta para ingressar no governo Dilma: “Consultei minha mãe, d. Dica; minha mulher, Luciane, e elas não me autorizaram a assumir cargo no governo Dilma”, diz ele, um dos nomes da chapa alternativa para a comissão especial pró-impeachment.

Detalhes/ A carta de demissão do ministro Eliseu Padilha é de 1 de dezembro, terça-feira. O protocolo palaciano, deu-se na quinta-feira. Ele agora ocupará uma mesinha na presidência do PMDB. Em tempo: Foi assim que, em menos de um ano, ele se viabilizou para ser o nome do partido ao Ministério dos Transportes do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

E Picciani balança

Publicado em Sem categoria

O grupo de oposição do PMDB já chegou ao número de assinaturas suficientes para destituir Leonardo Picciani (RJ) do cargo de Líder da bancada do partido na Câmara. O indicado para ocupar o posto é o deputado baiano Lúcio Vieira Lima, que havia perdido a eleição para líder em fevereiro por um voto de diferença. A operação, se concluída, será mais uma demonstração de força do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A verdade de Temer

Publicado em Sem categoria

Diz-se que a verdade liberta. Quando alguém fala a verdade deixa ao outro a decisão sobre o que fazer com essa verdade. Foi isso que Temer fez com Dilma ao lhe enviar a carta (a transcrição está ao final). Dilma poderia ter, depois da carta ter chamado Temer para uma conversa e tentar consertar as coisas. Não o fez. O vazamento da carta tem o claro objetivo de constranger ainda mais o vice-presidente e evitar que ele se movimente à luz do dia em prol do impeachment. O que Dilma entretanto não calculou é o que isso pode fazer no PMDB. A cúpula do partido estava reunida ontem quando a carta foi divulgada. Saíram da reunião para deflagrar hoje o movimento de unidade do partido em torno de Temer. E Temer não precisará fazer qualquer movimento para que isso ocorra.Não precisará dizer que apoia o impeachment, ou o inverso. Basta ficar quieto e deixar as ondas quebrarem na praia. O PMDBe, sua maioria, a partir de agora, trabalhará pelo seu presidente. Quem é que vai dormir, no Planalto ou no Alvorada, com um barulho desses?

São Paulo, 07 de Dezembro de 2.015.
Senhora Presidente,
“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)
Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário destes últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos das conversas no Palácio.
Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo.
Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.
Lealdade institucional pautada pelo art. 79 da Constituição Federal. Sei quais são as funções do Vice. À minha natural discrição conectei aquela derivada daquele dispositivo constitucional.
Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo.
Basta ressaltar que na última convenção apenas 59,9% votaram pela aliança. E só o fizeram, ouso registrar, por que era eu o candidato à reeleição à Vice.
Tenho mantido a unidade do PMDB apoiando seu governo usando o prestígio político que tenho advindo da credibilidade e do respeito que granjeei no partido. Isso tudo não gerou confiança em mim, Gera desconfiança e menosprezo do governo.
Vamos aos fatos. Exemplifico alguns deles.
1. Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A Senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas.
2. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários.
3. A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone.
4. No episódio Eliseu Padilha, mais recente, ele deixou o Ministério em razão de muitas “desfeitas”, culminando com o que o governo fez a ele, Ministro, retirando sem nenhum aviso prévio, nome com perfil técnico que ele, Ministro da área, indicara para a ANAC. Alardeou-se a) que fora retaliação a mim; b) que ele saiu porque faz parte de uma suposta “conspiração”.
5. Quando a senhora fez um apelo para que eu assumisse a coordenação política, no momento em que o governo estava muito desprestigiado, atendi e fizemos, eu e o Padilha, aprovar o ajuste fiscal. Tema difícil porque dizia respeito aos trabalhadores e aos empresários. Não titubeamos. Estava em jogo o país. Quando se aprovou o ajuste, nada mais do que fazíamos tinha sequência no governo. Os acordos assumidos no Parlamento não foram cumpridos. Realizamos mais de 60 reuniões de lideres e bancadas ao longo do tempo solicitando apoio com a nossa credibilidade. Fomos obrigados a deixar aquela coordenação.
6. De qualquer forma, sou Presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo sem nenhuma comunicação ao seu Vice e Presidente do Partido. Os dois ministros, sabe a senhora, foram nomeados por ele. E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o Deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo e a mim ligado.
7. Democrata que sou, converso, sim, senhora Presidente, com a oposição. Sempre o fiz, pelos 24 anos que passei no Parlamento. Aliás, a primeira medida provisória do ajuste foi aprovada graças aos 8 (oito) votos do DEM, 6 (seis) do PSB e 3 do PV, recordando que foi aprovado por apenas 22 votos. Sou criticado por isso, numa visão equivocada do nosso sistema. E não foi sem razão que em duas oportunidades ressaltei que deveríamos reunificar o país. O Palácio resolveu difundir e criticar.
8. Recordo, ainda, que a senhora, na posse, manteve reunião de duas horas com o Vice Presidente Joe Biden – com quem construí boa amizade – sem convidar-me o que gerou em seus assessores a pergunta: o que é que houve que numa reunião com o Vice Presidente dos Estados Unidos, o do Brasil não se faz presente? Antes, no episódio da “espionagem” americana, quando as conversar começaram a ser retomadas, a senhora mandava o Ministro da Justiça, para conversar com o Vice Presidente dos Estados Unidos. Tudo isso tem significado absoluta falta de confiança;
9. Mais recentemente, conversa nossa (das duas maiores autoridades do país) foi divulgada e de maneira inverídica sem nenhuma conexão com o teor da conversa.
10. Até o programa “Uma Ponte para o Futuro”, aplaudido pela sociedade, cujas propostas poderiam ser utilizadas para recuperar a economia e resgatar a confiança foi tido como manobra desleal.
11. PMDB tem ciência de que o governo busca promover a sua divisão, o que já tentou no passado, sem sucesso. A senhora sabe que, como Presidente do PMDB, devo manter cauteloso silencio com o objetivo de procurar o que sempre fiz: a unidade partidária.
Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que o País terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.
Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.

Respeitosamente,

MICHEL TEMER

A Sua Excelência a Senhora
Doutora DILMA ROUSSEFF
DO. Presidente da República do Brasil
Palácio do Planalto

O jogo da decisão: Dilma ou Michel Temer?

Publicado em Análise da semana

Os times do impeachment, o futuro de Eduardo Cunha e os movimentos do PMDB

A política continuará fervendo a partir desta segunda-feira, quando serão escolhidos os integrantes da comissão especial que analisará o pedido de abertura processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. No dia seguinte, o Conselho de Ética da Câmara deve finalmente votar o parecer do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que determina a continuidade do processo por quebra de decoro contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha.

Cunha na berlinda, dividindo o palco do desgaste com Dilma

A tendência é o Conselho de Ética aprovar o parecer de Pinato contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha e deflagrar a investigação. Paralelamente, seguirá a batalha na comissão especial do impeachment, onde haverá uma guerra para escolha do presidente e do relator da comissão formada por 65 deputados. Tanto o presidente quanto o relator da comissão do impeachment devem ser escolhidos ainda esta semana.

E o PMDB tem a força…

A contar pela posição tomada pelos partidos, Dilma estará nas mãos do PMDB. O partido do vice-presidente da Republica já deflagrou a operação de desembarque do governo, com a saída do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, do PMDB do Rio Grande do Sul, ligado ao vice-presidente Michel Temer _ não foi à toa que Dilma passou os últimos dias cobrando juras de fidelidade de seu companheiro de chapa. Ela sabe o que representa a saída do ex-deputado gaúcho do governo.

Padilha tem um livro onde ao longo de vários meses anotou o comportamento de cada deputado e mapeou os cargos e benesses que cada um já recebeu do governo. Agora, esse conhecimento estará a serviço do impeachment, que já tem o apoio formal do PPS, PSDB, DEM e SDD. (leia mais sobre PMDB abaixo)

… E o apoio do PSDB
A entrevista de José Serra hoje na Folha de S. Paulo é um claro sinal de que ele está com os dois pés no projeto para colocar Michel Temer. E para Serra ter colocado seu chapéu ali, significa que já existe um acordo de que o peemedebista não concorrerá à reeleição. Há menos de um mês, Serra recusava todos os pedidos de entrevista alegando que não era hora de se pronunciar. Agora, para bons entendedores, ele saiu da toca.

A rede da Legalidade

Para se contrapor a essa onda da oposição, os partidos aliados com um viés de esquerda lançaram no fim de semana a Rede da Legalidade, numa alusão ao grupo que, em 1961, se mobilizou pela posse do presidente João Goulart. Ontem, no Maranhão, o governsdor Flávio Dino (PCdoB), reuniu-se com integrantes do PDT para selar o apoio à presidente Dilma. O ex-ministro Ciro Gomes atacou diretamente o vice Michel Temer, chamando-o de “capitão do golpe”.

O governo sabe que se esses partidos de centro (PP-PTB-PR e uma parcela do PMDB) estiver junto com a oposição em favor do impeachment, as chances de vitória da presidente Dilma Rousseff serão praticamente nulas. Daí, o fato de a presidente tentar manter o embate com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que, de acordo com a pesquisa Datafolha, está hoje em pir situação do que a presidente, uma vez que 81% querem sua saída da presidência da Casa.
Lula, os governadores e os movimentos sociais
O ex-presidente tentará ajudar a pupila colocando os movimentos sociais em manifestações em prol do mandato da presidente Dilma. Na mesma direção, atuará o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, tentando segurar seus correligionários ao lado da presidente da República. O pano de fundo dessa disputa é o controle do PMDB, hoje com os vários grupos em guerra, tentando arregimentar apoios para a convenção do partido no ano que vem. Os favoráveis ao impeachment, liderados pela Bahia. Os governistas, pelo Rio de Janeiro. Não por acaso a presidente já ofereeceu a Secretaria de Aviação Civil à bancada na Câmara comandada do Leonardo Picciani, abandonando assim a ideia de extinguir pastas que predominava em julho. Você deve se recordar, leitor, que essa pasta de Eliseu Padilha chegou a entrar na lista de cargos fadados à extinção e, depois, o governo voltou atrás.

STF e as tentativas de barrar o processo
Paralelamente, seguem as ações para tentar barrar o processo de impeachment. Até aqui, duas tentativas fracassaram. Outras virão.

Economia e recesso
Com o impeachment e o processo envolvendo Eduardo Cunha em pauta, fica cada vez mais difícil o governo conseguir colocar em votação as medidas pendentes. E pior: Se o Congresso for mesmo convocado para trabalhar no recesso, a ideia do grupo aliado ao presidente da Câmara é que ele coloque o impeachment como tema único para janeiro, deixando todo o resto no congelador até depois do carnaval. Os partidos, entretanto, vão defender que o processo contra Eduardo Cunha seja incluído, bem como as medidas do ajuste fiscal. Afinal, com tantos problemas e a crise a cada dia mais aguda não dá para a classe política simplesmente sair de férias. Aliás, como cantava Milton Nascimento, ficar de frente para o mar e de costas para o Brasil não vai fazer desse lugar um bom país.

Primeiro round

Publicado em coluna Brasília-DF

Nas conversas com os líderes partidários ao longo do fim de semana, o governo pede que as indicações dos integrantes da comissão especial que analisará o processo de impeachment se baseie em dois pilares: lealdade à presidente Dilma Rousseff; e capacidade de enfrentamento. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por sua vez, tem feito apelos para que os líderes de partidos aliados indiquem aqueles em quem o governo não pode confiar plenamente.

Segundo round
Os parlamentares opositores ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, estudam com uma lupa o regimento da Casa e do Congresso para tentar incluir o funcionamento do Conselho de Ética numa possível convocação da Casa para trabalhar no período do recesso. Afinal, dizem alguns, não dá para tratar apenas do impeachment e deixar o processo contra Cunha parado no colegiado.

Pânico no Ceará
A perspectiva de delação premiada dos executivos da Galvão Engenharia, condenados esta semana na Lava-Jato, deixou muita gente à base de calmantes em Fortaleza.

O imponderável
Em meio a toda a confusão envolvendo os processos de impeachment e o julgamento de Eduardo Cunha, tem ainda a Lava-Jato que não está parada esperando a chegada de Papai Noel. Há quem diga que o tal japonês fará novas visitas
em breve.

Tempo & personagens
A pressão da oposição pelo recesso tem um ingrediente que vai além do agravamento da crise econômica. É que, em fevereiro, tem troca de comando em diversas lideranças partidárias, em especial, no PMDB, onde hoje Leonardo Picciani (RJ) joga a favor da presidente Dilma Rousseff.

Jogo de empurra
Desde que saíram as notícias de que o executivo da Andrade Gutierrez optou pela delação premiada, a responsabilidade final pela construção do estádio Mané Garrincha pula de mão em mão. Os petistas começaram a dizer que o assunto era da lavra dos peemedebistas e vice-versa.

E o Delcídio, hein?/ Numa deferência ao senador Delcídio do Amaral (MS), suspenso do PT na sexta-feira, policiais deixaram que ele assistisse à sessão de seu julgamento no Senado, no dia em que foi preso. Ele estava crente que seus “amigos” peemedebistas na Casa ajudariam a tirá-lo da cadeia. Ao ver o resultado, percebeu que estava sozinho. A um amigo, desabafou: “O PMDB não é amigo de ninguém”.

Ô homem difícil!/ Não é só o ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que diz não conseguir falar com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que está cheio de atribuições no governo, inclusive a coordenação de ações interministeriais para conter a proliferação do mosquito da dengue, da chikungunya e zika vírus. O deputado Osmar Terra (PMDB-RS) tenta há semanas marcar uma conversa sobre esse tema e não recebe sequer retorno.

R$ para o DF/ Relator da parte do Orçamento de 2016 que engloba o Poder Judiciário, o deputado Danilo Forte (CE), do PSB, mesmo partido do governador Rodrigo Rollemberg, reservou R$ 25 milhões para a construção da sede do “Polo da Justiça, Cidadania e Cultura” do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

Façam suas apostas/ Faz parte do cardápio dos almoços e jantares, em Brasília, enquetes com a pergunta: quem cai primeiro: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ou a presidente Dilma? Cunha “vence” essa corrida por uma pequena margem. Se Dilma vai ultrapassá-lo, o tempo dirá.

O MAPA DE PADILHA A SERVIÇO DO IMPEACHMENT

Publicado em Sem categoria

A saída do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, pode custar o cargo da presidente Dilma Rousseff mais à frente. Por um simples motivo: Padilha é o guardião do mapa da mina do PMDB e dos partidos aliados. É, de todos os ministros do PMDB, o mais ligado ao vice-presidente. No período em que Michel Temer cuidou da coordenação política do governo, durante as primeiras votações do ajuste fiscal, Padilha montou um quadro geral da Câmara. Sabe tim-tim por tim-tim quem indicou quem, para onde, as emendas que cada um deseja, em qual área de atuação. Detalhista, o ministro tem tudo anotado numa espécie de “livro-caixa”, onde registrava pedidos atendidos, pendentes e o comportamento do parlamentar em todas as votações, o mapa de entradas e saída de políticos da base governista. Tudo indica que agora todo esse conhecimento estará a serviço de levar Michel Temer ao cargo de presidente da República. É a primeira baixa do governo desde que Eduardo Cunha embolou o cenário político. E, em termos estratégicos, uma das mais importantes.

A justificativa que Padilha deu para se afastar foi o fato de ficar dias esperando para falar com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para tratar de uma indicação na Anac. Wagner não respondeu e, ontem, na reunião ministerial, foi abordar Padilha sobre isso quase como quem pedia desculpas, mas Padilha deu uma resposta atravessada. Há quem considere que a história da Anatel tenha sido uma desculpa, uma vez que o PMDB, como todos sabem, já está com um pé na canoa da oposição e outro no governo. Michel Temer, impávido ao centro, mantém os olhos voltados ao 3º andar do Planalto, onde fica o gabinete presidencial.