Troca da guarda

Publicado em coluna Brasília-DF

No mercado da advocacia, há quem aposte na troca iminente da defesa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Supremo Tribunal Federal (STF). É que já foi detectada uma certa hostilidade do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o ex-procurador Antônio Fernando de Sousa, hoje advogado de Cunha. A substituição seria apenas no sentido de proteger o cliente.

Climão I
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não deu a menor satisfação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de que faria hoje uma sessão do Congresso Nacional. A leitura foi a de que a relação entre os dois não está lá essas coisas.

Climão II
O mesmo vale para a relação do PMDB com o presidente da Câmara. Nos bastidores, até aliados de Cunha alegam desconforto com a situação de ter o comandante da Casa réu na Lava-Jato. Se seguir por esse rumo, corre o risco de falar e não ser ouvido pelos seus pares. Por enquanto, ele ainda não passou por esse constrangimento.

Amedrontar para afastar
Os alertas sobre possíveis conflitos nas manifestações previstas para 13 de março, próximo domingo, levaram os oposicionistas a ficarem desconfiados de uma tentativa de esvaziar o movimento. Afinal, é sabido que a oposição só terá fôlego para tratar do impeachment se houver gente na rua para pedir o afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Reflexão
“Se vier o apoio ao rompimento, ótimo. Se não vier, pelo menos, faremos o partido refletir a respeito.” Do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), autor de uma moção para que o partido rompa com o governo Dilma Rousseff

Que Lula, que nada!
O que preocupa os congressistas hoje é a delação de Delcídio do Amaral. Isso porque a situação está complicada: senadores acreditam que não têm como deixar de condená-lo. E, nesse caso, Delcídio não terá nada a perder, reforçando as suspeitas da força-tarefa sobre vários políticos com mandato. É isso que mais tira o sono de alguns senadores e vários deputados.

Direto ao ponto
Diante da polêmica a respeito da nomeação do ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, os palacianos comentavam que era o único nome neutro à disposição. Se a indicação for derrubada na Justiça, o jeito vai ser carimbar a pasta com um nome do PT de carteirinha. Wadih Damus está no páreo.

Ainda tem muito chão pela frente…/ A reportagem do Fantástico que apresentou a prateleira da fase 31 da Lava-Jato assustou os políticos. É sinal de que ainda vem muita coisa por aí e também que os detentores de mandato eletivo não estão fora da roda dos mandados de busca e apreensão.

Cochilo/ Dentro do próprio PT, há quem considere que o partido deveria ter arcado com as despesas de deslocamento da presidente Dilma Rousseff para São Bernardo no último sábado, quando ela visitou o ex-presidente Lula. Afinal, não era uma visita de estado e sim a solidariedade pessoal e partidária.

Périplo/ Os ministros que têm alguma responsabilidade, ainda que periférica, com as Olimpíadas vão passar pelo Rio de Janeiro esta semana e na próxima. A maratona termina em 18 de março numa reunião geral, com a presença da presidente Dilma Rousseff.

Firme?/ Quando o ministro Gilberto Kassab (foto) declara que seu partido está “firme”com a presidente Dilma, os deputados garantem que metade já foi embora.

8 de Março/ Se não fosse tanta crise, até que dava para comemorar.

O pós 04/03

Publicado em coluna Brasília-DF

A condução coercitiva de Lula fez com que cada partido tomasse o seu rumo e outros se dividissem. A nota oficial do PSB, por exemplo, colocando-se de vez na oposição, causou mal-estar entre filiados. A bancada do Senado, mais afeita à continuidade de uma amizade com os petistas, divulgou outra, criticando a condução coercitiva. PMDB, conforme já dito aqui, manteve-se em silêncio, enquanto o PSol, saído de uma costela petista, não fechou totalmente com os partidos de oposição que pedem o impeachment de Dilma. Nem Marina Silva, da Rede, o fez. O 4 de março, se era para testar como se comportam os atores da política, deixou claro que Lula, certo ou errado, ainda detém poder de incendiar a militância de seu partido e tem amigos entre os adversários.

PMDB em desembarque

Os peemedebistas voaram mais cedo neste fim de semana para Brasília a fim de avaliar a crise. Entre eles, há quem diga que não há mais como segurar a presidente Dilma. A mesma avaliação é feita para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Onde mora o perigo I

A possibilidade de ver sua mulher, Cláudia, na rede do juiz Sérgio Moro deixou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em pânico. Se ele obrigou Lula a depor, pode fazer o mesmo com a primeira-dama da Câmara e a filha.

Onde mora o perigo II

Quando Eduardo Cunha se sente acuado, ele desconta na pauta da Casa. Mas, com a família em risco, há quem aposte na renúncia. Desdobramentos virão.

Operação Uruguai

Do Paraná, quem vê Ciro Gomes candidato a presidente da República pede que ele vá devagar com o andor. Dario Galvão, da Galvão Engenharia, detentora de obras no Ceará, está na fila das delações premiadas.

Coutinho na corda bamba

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, entrou na mira dos dirigentes de seu partido, o PSB. Se ele for arrolado no petrolão, terá que deixar a legenda. Os socialistas querem distância dessa confusão.

Pegou/ Os peemedebistas só se referem ao ministro da Saúde, Marcelo Castro (foto) como Marcelo Zikastro. Enquanto tiver mosquito se reproduzindo por aí, é assim que ele será chamado.

Aloprou/ Depois do vídeo gravado pela deputada Jandira Feghali no diretório do PT em São Paulo, ela vem sendo chamada de “aloprada” pelos petistas. É aquele em que, ao fundo, Lula conversava ao telefone, segundo ela disse, com a presidente Dilma. Ou alguém fez alguma montagem com um timbre parecido com a voz do ex-presidente, ou ele mandou mesmo a força-tarefa da Lava-Jato enfiar o processo dele (Lula) “naquele lugar”. Em tempo: se os petistas estão reclamando, é um sinal de que, talvez, seja verdade.

O crime compensa?/ Amigos de Lula se perguntam: os operadores, entre eles, Pedro Barusco, Paulo Roberto Costa, estão todos em casa, cumprindo penas modestas e se preparando para gastar o dinheiro que mantiveram escondido. Isso é justo?

A lei é para todos? / Outra é a seguinte: outros, entretanto, só pelo fato de terem foro privilegiado, continuam por aí, como se nada tivesse acontecido. Isso é justo? Pelo que se vê de março, e dos impropérios mútuos ditos nos bastidores, a crise só tende a piorar.

O silêncio do PMDB

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Enquanto o PT se pinta para a guerra, os peemedebistas adotam o estilo paz e amor. Não se viu quem saísse em defesa do aliado Luiz Inácio Lula da Silva. Também não se viu um ministro peemedebista no pronunciamento da presidente Dilma. O PMDB está na muda. Não vai cutucar o PT para não ver os petistas apontando o indicador para as mazelas dos peemedebistas. O PMDB agora acredita piamente que o impeachment é factível e quer se preparar para assumir.

Em 12 de março, Michel Temer assumirá o comando da legenda, com um discurso voltado para a necessidade de recuperar a economia. Mencionará o projeto Ponte para o futuro, esquecido por Dilma e pelos petistas. Para conseguir a propalada união, entretanto, terá de distribuir poder com as outras alas do partido.

Em tempo: o fato de Michel Temer ter cancelado sua agenda nada teve a ver com a versão oficial, de acompanhar a Operação Alethea. Ele foi para São Paulo, onde estaria livre de ter que falar publicamente sobre o episódio.

Mudança dos ventos
O PT, que na sua festa de aniversário se afastava do governo Dilma com uma saraivada de críticas, agora se reaproxima do Planalto e vice-versa. Muitos ministros foram ao ato de apoio ao ex-presidente Lula ontem. O titular da Educação, Aloizio Mercadante, um dos mais próximos de Dilma, foi o primeiro a chegar, uma vez que já estava em São Paulo.

Muita calma nessa hora I
Em suas conversas mais reservadas, os tucanos têm demonstrado uma preocupação em relação ao movimento pró-impeachment: há o receio de que, se as investidas sobre Lula e Dilma forem muito fortes, eles terminem vistos como vítimas.

Muito explicadinho
Quem sabe das coisas tem certeza de que o ministro José Eduardo Cardozo tomou conhecimento da delação de Delcídio antes de ser publicada. Num dia de posse, ele não teria como preparar tudo com tantos detalhes

Tá feliz?
Enquanto se preparava para a troca da bandeira na Praça dos Três Poderes, a banda militar abriu seu repertório com Happy, de Pharrel Williams. Nada a ver com o clima palaciano ontem.

Toque da Alvorada
Passava pouco das sete da matina quando o país, atônito, tomava conhecimento da condução coercitiva de Lula.
Um morador do bairro Park Sul, próximo ao ParkShopping, colocou o Hino nacional nas alturas para todos os vizinhos ouvirem, e inclusive soltou fogos.

Não aperta!
Tanto Lula quanto Dilma anunciaram que dariam entrevistas ontem. O que se viu foram apenas pronunciamentos.

Por falar em entrevista…
O ministro da AGU, José Eduardo Cardozo, sugeriu aos repórteres na quinta-feira que falassem primeiro dos temas do Ministério da Justiça, para, numa segunda etapa, tratar da delação de Delcídio (foto). Ninguém fez perguntas sobre índios etc. E ele foi obrigado a passar direto para a delação.

País conflagrado

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Conversei com alguns integrantes do PT, que me disseram que nunca antes na história recente do país se viu um dia como hoje, um ex-presidente da República alvo de condução coercitiva para prestar depoimento. Nem Fernando Collor passou por isso quando deixou o Planalto em 1992 pela porta dos fundos. O simbolismo é forte. É isso que deixa os petistas revoltados e, na avaliação de muitos, levará o PT às ruas para defender seu maior líder. Teremos um país dividido e conflagrado. O que a TV exibe nesse momento em Congonhas e na frente do edifício onde Lula mora é apenas o começo.

Xilindró light

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Há vários dias, os petistas dizem que o alvo da operação Lava Jato é o presidente Lula. Inclusive se diziam preparados para uma busca e apreensão no Instituto que leva o nome do ex-presidente. Não imaginavam, entretanto, a condução coercitiva de Lula e seus familiares para prestar depoimento. Tampouco que fosse ocorrer no dia seguinte ao vazamento do relatório que deveria servir de base à delação premiada de Delcídio, algo que, aliás, muitos deles já haviam sido informados. Juram, porém, que não tinham conhecimento dos detalhes.

Estão na listagem da condução, algo como um xilindró light, ex-primeira-dama Marisa Letícia, o filho, Fábio Luiz, a nora, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto. Clara Ant, assessora do Instituto, também foi “convocada”. A polícia tenta descobrir tudo que está relacionado ao tríplex e ao sítio em Atibaia. No embalo, também começa a averiguar se Delcídio falou a verdade.

A semana fecha com a Lava Jato batendo à porta do primeiro escalão do PT, deixando o partido nas cordas. E Dilma caminhando nesse rumo. É o caldo pré 13 de março, data da manifestação pró-impeachment engrossando.

E a chapa esquenta…

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O governo chega ao mês de março com um cenário nada promissor: O PMDB anda o país em busca da unidade interna. Se conseguir e a rua permitir, vai apostar mais alto no impeachment. A economia não demonstra sinais de reação capazes de dar um respiro maior ao governo. A Lava Jato beira a campanha de Dilma ao prender o marqueteiro João Santana e, agora, sai o ministro da Justiça. Nos bastidores, o que se diz é que Cardozo sai por pressão do PT. Porque não controla a Polícia Federal e as investigações que deixam o partido desgastado.

O novo ministro, Wellington César, procurador da Bahia, dificilmente terá o sucesso que o PT deseja nessa seara, uma vez que todos os holofotes estão sobre a força-tarefa da Lava Jato, a cada dia mais empenhada nas apurações em curso. Se alguma coisa atrapalhar as investigações, o resultado por terminar levando às ruas uma população que até aqui não lotou as praças pedindo impeachment. O primeiro teste será em 13 de março, data marcada para aquilo que os partidos planejam transformar na primeira grande manifestação do ano contra o governo.

A saída de Cardozo do Ministério da Justiça tem ainda outro simbolismo: O fim do triunvirato que acompanhou a campanha de 2010. José Eduardo Dutra, então presidente do PT, faleceu. Antonio Palocci foi afastado por causa das denúncias a respeito de um apartamento em São Paulo. Restava o ministro da Justiça, como a memória e acompanhamento da presidente Dilma ao longo de todos esses anos de governo. E ela fica cada vez mais sozinha.

A sorte de Dilma é que a oposição não vive seus melhores momentos. Para muitos, a prévia do PSDB de São Paulo suga parte da energia que poderia ser usada no embate nacional. Porém, a lava Jato, sozinha, faz mais estragos na base governista e no PT do que todos os partidos de oposição juntos. Assim, o mês do carnaval vai embora com a chapa um pouco mais quente e João Santana levando a crise ao telhado do Planalto. Estão todos em movimento. Que venham as águas de março.

Primeiros passos

Publicado em coluna Brasília-DF

Primeiros passos
O programa partidário do PMDB que vai ao ar hoje à noite foi lido no meio político como uma espécie de “pode tirar a Dilma que a gente segura”. Entretanto, a mesma oposição que acalenta o sonho de afastar a presidente e o PT do poder não sente firmeza nos peemedebistas por causa do envolvimento de caciques do partido na Lava-Jato, nem confia no tamanho desse grupo que desfilará na tevê se colocando como a saída para a crise.
Enquanto o PMDB não demonstrar unidade além da telinha, o programa de hoje será apenas um passo. Mas, em política, não restam dúvidas: o mesmo PMDB que tentou caminhar na direção do impeachment no ano passado voltou a andar.

Jefferson, o retorno?
O ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou o esquema do mensalão, cruzou os dedos ontem, quando seu pedido de indulto saiu das mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso para que o Ministério Público se pronuncie.

Movimentos partidários
A janela para troca de partido começou a animar os pré-candidatos a prefeito. Na Bahia, é dada como certa a saída de Walter Pinheiro do PT para o PSD do vice-governador, Otto Alencar, a fim de garantir a vaga para concorrer à prefeitura contra ACM Neto, candidato à reeleição.

Cunha e o PP
A eleição de Aguinaldo Ribeiro para líder do PP mediante acordo com Cacá Leão teve o dedo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e do presidente do partido, Ciro Nogueira. Cacá era o preferido do Planalto. Aguinaldo, embora também seja simpatizante do governo Dilma, do qual foi ministro, é mais ligado aos dois.

Cunha e seus adversários
O deputado Marquezan Júnior (PSDB-RS), que integra o Conselho de Ética da Câmara e votou a favor do processo de cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no primeiro parecer, perdeu a relatoria do projeto que fixa o teto do funcionalismo. O comandante da Câmara tirou o projeto da comissão e designou como novo relator o deputado Ricardo Barros.

Cunha e os juízes
A votação do teto, entretanto, é considerada difícil por causa da resistência dos juízes ao texto. E, sabe como é: no meio desse climão da Lava-Jato e da onda de investigações que sacode a política, ninguém quer brigar com a turma da Justiça.

Marun Vandré I

Desta os petistas não vão gostar. Numa confraternização ontem, em Brasília, o deputado Carlos Marun (foto), do PMDB de Mato Grosso, tem uma nova versão da música que virou símbolo da luta contra a ditadura militar nos anos 1960. O refrão de “para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, ficou assim: “Vem, vamos pra rua/ pôr pra fora o PT/ E o Lula e a Dilma junto/ Que é pro Brasil renascer”.

Marun Vandré II
Marun não parou aí. Sobre a música de Vandré, e a estrofe “nas escolas, nas ruas, campos, construções”, ficou assim “O Brasil está chorando/E precisa de nós/ É preciso lutar/ Nossa arma é a nossa voz/ Nas escolas, indústrias, campo, construções,/ caminhando e cantando esse nosso refrão/ Vem, vamos pra rua (…)”.

Discurso do momento
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, já havia citado em entrevistas que questões internas contribuíram para a crise econômica e agora incluiu em pronunciamentos. Apesar do cuidado para não melindrar seu partido, o PT, ele não tapa o sol com a peneira. No seminário Dialogar para Liderar, promovido pelo Correio Braziliense, chegou a receber alguns aplausos ao fazer esse reconhecimento.

Carona no Moro
O programa do PMDB que vai ao ar hoje à noite apresentará os 12 pré-candidatos a prefeito de capital pelo partido e, no embalo de Sérgio Moro, pretende lembrar: “Em outubro, o juiz é você!”.

cheiro de fumaça

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Nas conversas mais reservadas dos fiéis escudeiros de Dilma Rousseff, a avaliação é a de que a prisão temporária de João Santana tirou de cena qualquer possibilidade de diálogo com a oposição, em especial, o PSDB. As pontes para as conversas, que ainda estavam em fase de construção, ruíram e, com elas, a discussão de propostas para tentar salvar o que ainda resta da economia nacional. No Planalto, há a clara sensação de que a ideia dos oposicionistas hoje é juntar as crises política e econômica para, a partir daí, passar a ideia de que um novo governo tem a solução para os dois problemas.

O receio do Planalto é saber como se comportará o PMDB. Já é voz corrente no governo e na oposição que a parcela do PMDB que se mantém afastada voltou a se animar e a procurar o vice-presidente Michel Temer num movimento pró-impeachment. O sucesso da empreitada dependerá do que vier pela frente. Não é à toa que o clima de tensão é visível entre os palacianos.

Os trabalhos de Wagner

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, elencou três tarefas para cumprir até o fim desta semana: nomear o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) como ministro da Aviação Civil; o senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo no Senado; e, por fim, eleger Cacá Leão como líder do PP na Câmara. Cacá é filho de João Leão, vice-governador da Bahia.

Pendências

Deputados da CPI dos Correios, que investigou o mensalão, comentavam que jamais descobriram quem foi o depositante dos recursos que Duda Mendonça recebeu no exterior pela campanha de Lula. O publicitário Marcos Valério disse, à época, que não foi ele. Sabe-se apenas que a ordem partiu de Delúbio Soares, ex-tesoureiro.

Educação no TCU

O Tribunal de Contas da União se prepara para retomar hoje o julgamento do edital para abertura de novos cursos de medicina. O edital foi publicado no ano passado pelo Ministério da Educação, mas a divulgação do resultado foi suspensa em junho pelo próprio tribunal por suspeita de irregularidades e a ministra Ana Arraes, relatora do caso, pede agora o cancelamento e abertura de nova seleção. O governo tem pressionado no sentido de evitar o cancelamento.

A vingança

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, colocou em votação a proposta de emenda à Constituição do deputado Wanderley Macris (PSDB-SP) que aumenta os recursos da saúde. Os aliados de Cunha não veem a hora de assistir ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, espremido entre o governo, que é contra a PEC, e a defesa de mais verbas para o setor. Castro na semana passada deixou o cargo por algumas horas só para ajudar a derrotar Hugo Motta, candidato de Cunha a líder do PMDB.

CURTIDAS

Olha o acarajé!!!/ O deputado Paulinho da Força (SD-SP) pretende levar várias barraquinhas de acarajé para a manifestação pró-impeachment que as oposições pretendem fazer em 13 de março. Tudo para lembrar o nome da 23ª fase da Lava-Jato, que atingiu em cheio o marqueteiro João Santana.

Olhar de Dilma/ A presidente tem reunido vários ministros para tratar das Olimpíadas 2016. Ontem, foram 15. A mágoa do governo é o pouco espaço que o assunto tem recebido na imprensa. Tem muita gente no Planalto reclamando que a mídia só fala de João Santana e há outras coisas que precisam ser divulgadas.

Mistério na Casa Civil/ Assessores da Casa Civil descobriram três páginas do ministério no Facebook, incluindo uma “Casa Civil residência”. O problema é que até hoje não se sabe quem criou os perfis. O governo agora vai pedir ao Facebook que tire as páginas do ar.

Praga palaciana/ O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (foto) passou maus bocados na Espanha. Uma queda fez com que colocasse uma placa de titânio na perna esquerda e sete parafusos. “Foi o Planalto tentando derrubar o senhor?”, brincou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Nada, nem cheguei perto da Dilma!”, respondeu Tarso. “Ah, então foi um drone!”, completou o paulista.

João Santana e Dilma

Publicado em Análise da semana

A semana começa com a Lava Jato dando as cartas. E João Santana vai aproveitar essas horas na República Dominicana para tentar arrumar uma justificativa para tanto dinheiro recebido lá fora. A força-tarefa da Lava Jato, entretanto, anunciou hoje cedo que nunca teve tantos documentos sobre uma operação. Sinal de que, desta vez, o mago João dificilmente terá condições de reverter a situação. Para o governo, não podia ter notícia pior. A vitória da semana passada para o cargo de líder do PMDB, algo que o governo comemorou como um bom presságio para este ano, parece apagada menos de uma semana depois. O receio é que se encontre algo nesse bolo de Santana que remeta à campanha de 2014, reforçando as ações que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassação do mandato de Dilma. Quanto ao impeachment no Congresso, o governo acreditava ter pulado essa fogueira. Agora, entretanto, o vulcão adormecido do processo pode voltar à atividade chamuscando a base parlamentar.
Da parte do PT, a ordem é deixar claro que Santana fez outras campanhas, muitas fora do país. Portanto, esses pagamentos lá fora não teriam relação com o partido de Lula e Dilma. A força-tarefa da Lava Jato não pensa assim. Se pensasse não teria colocado o marqueteiro no rol dos lavadores de dinheiro.

E Delcídio, hein?
O senador não decidiu quando voltará à cena. Sabe que não terá sossego e será perseguido por aquelas multidões de jornalistas e curiosos. Pior isso, quer primeiro conversar com advogados.

Esses são os dois novos ingredientes de 2016 que vão se somar ao caso Eduardo Cunha, às denúncias envolvendo Lula e quem mais chegar.

O embrulho da CPMF

Publicado em coluna Brasília-DF

Passada a eleição do líder do PMDB, o governo começa a discutir as formas de dar discurso aos deputados da base aliada para tentar emplacar a CPMF. Muitos envolvidos nas análises de cenários para apreciação do imposto do cheque consideram que a proposta, sem acessórios, não sai. A ideia é apresentá-la dentro de um contexto mais amplo, que elimine privilégios de alguns setores, alivie algumas taxas e acabe com vinculações obrigatórias. Essa moldura será discutida a partir da próxima semana.

Foram eles!

Os tucanos comentavam à boca pequena que a série de entrevistas da jornalista Miriam Dutra, que manteve um relacionamento amoroso com Fernando Henrique Cardoso nos anos 1980 e 1990, foi estimulada pelos petistas para colocar FHC no mesmo patamar de Lula. Deputados do PT, por sua vez, comentavam que, se o ex-presidente petista teve obras em apartamento feitas por empreiteiras detentoras de contratos com o governo, o ex-presidente tucano teve despesas da amante pagas por empresa que também mantinha relações com o governo FHC.

Primeiro round de 18

Os movimentos tucanos para escolha do candidato a prefeito de São Paulo chamam a atenção de todos os partidos. Fernando Henrique Cardoso e os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira jogam as fichas em Andrea Matarazzo, enquanto o governador Geraldo Alckmin ficará com João Dória. Se Dória vencer, Matarazzo deixará o PSDB, indo para uma legenda que permita ampliar as perspectivas da candidatura presidencial de José Serra em outras praias.

Segundo round de Picciani

Depois da vitória de Leonardo Picciani, o governo espera que o peemedebista escolha integrantes da comissão especial que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff de forma a privilegiar os mais fiéis ao Planalto na hora do voto. O líder, que prometeu dar espaço para todas as correntes do PMDB, poderá perder substância muito cedo se não cumprir a promessa de dividir o terreno na comissão de impeachment com os adversários.

Gestos & atitudes I

O almoço de homenagem ao chanceler português Paulo Porta, em que Michel Temer recebeu Leonardo Picciani, Eduardo Cunha e Hugo Motta, foi apenas um convescote internacional. Os aliados de Picciani comentavam à boca pequena que o grupo de Temer, leia-se Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e outros, estava engajado na campanha de Hugo Motta.

Gestos & atitudes II

Os bombeiros do PMDB (sim, eles existem!) não querem mais disputas ferrenhas entre as alas do partido. Depois das conversas entre Temer e o senador Renan Calheiros no fim do ano passado, tem um grupo atuando para que não surja, entre os deputados, nenhum candidato contra Michel Temer em março, na convenção que escolherá o comando partidário.

“Larguei primeiro!”/ Eterno candidato a presidente da República, Levy Fidelix (foto), do PRTB, faz sua largada da campanha presidencial para seus correligionários hoje em Pernambuco. Isso mesmo. Ele aposta que, até maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassará o mandato da chapa Dilma-Temer. “Aí, teremos três meses até a eleição. E eu já estou em campo”, diz ele.

E o Cunha, hein?/ Assim assessores palacianos se referem ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): “Ele vai secar no pé”. Tradução: Não sai da presidência no curto prazo, mas perde poder de fogo.

Conversinhas/ Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Jutahy Júnior (PSDB-BA) trocaram ideias por um bom tempo na sala de café dos deputados. Apenas análise do cenário. Sabe como é. Com tantas incertezas na política, a hora é de ouvir opositores para saber o que têm a dizer.

Paciência, paciente!/ A Policia Federal baixou em peso ontem no Casa Park. Calma, pessoal! Nada de Lava-Jato. Estavam no lançamento do livro da advogada Aline Albuquerque, esposa do delegado Luiz Flávio Zampronha, que atuou no mensalão. Com pós-doutorado em direitos humanos, o trabalho aborda os direitos dos pacientes da rede de saúde, que não devem ser tratados como meros consumidores, “usuários” ou clientes nos hospitais e casas de saúde. Faz sentido.