Categoria: português
Ele está numa roda animada. Olha em torno. Oba! Vê futuros clientes. Animado com a perspectiva de aumentar o faturamento, esbanja charme. Sorri. Circula. Público dominado, entrega o cartão. Sorrisos se recolhem. Olhares se cruzam. O silêncio grita. A razão: lá está escrito “adivogado”. Ao pisar a grafia, o bonitão ficou mal na foto. Informou ao leitor que não tem familiaridade com a língua escrita. […]
Maquilar ou maquiar? Escolha. A alternativa é acertar ou acertar. Mas a preferência recai sobre maquiar. É aí que pinta a confusão. Muitos conjugam maquiar como odiar (odeio, maqueio). Bobeiam. O verbo que embeleza se flexiona como premiar: premio (maquio), premia (maquia), premiamos (maquiamos), premiam (maquiam). É isso. Eu me maquio todos os dias. E você? Tomara que se maquie. O rosto agradece. A família […]
As línguas adoram bater papo. Umas influenciam as outras na conversa sem fim. Aí, não dá outra. Quanto maior o contato, maior a influência e os empréstimos. No século 19, o interlocutor de prestígio morava em Paris. O chique era tocar piano e…falar francês. Com livre circulação na diplomacia, na etiqueta e na moda, o idioma de Descartes frequenta com desenvoltura o mundo da beleza. […]
“Algumas pessoas pensam que luxo é o oposto de miséria. Não é. É o oposto de vulgar.”
Gratuito joga no time de circuito e fortuito. O ui se pronuncia numa só sílaba. O s de subsídio soa como o de subsolo. O som do z não tem vez. Xô!
Revezar pertence à família de vez. Por isso se escreve com z.
Cáqui é cor que não sai da moda. Desfila nas passarelas, frequenta as telas de cinema, toma assento nos bancos escolares. A palavra veio de longe, lá da Índia. Em hindi-urdu quer dizer cor de terra. Eis a história: o uniforme do exército britânico tinha calças brancas. A poeira as encardia. Os militares decidiram tingir as vestes com a mistura de café e caril em […]
“A gente pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra, e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita.” Comprovou-se a afirmação de Mário Quintana na faixa exibida em frente de charmoso salão unissex: “Corto cabelo e pinto”. O resultado? Os homens sumiram e as mulheres rarearam. O dono do negócio ficou preocupado. Consultou um marqueteiro. A solução: Corto e pinto cabelo. […]
Faz dois anos ou fazem dois anos? Na contagem de tempo, fazer é impessoal. Conjuga-se só na terceira pessoa do singular: Faz cinco anos que trabalho no banco. Faz duas horas que ele chegou. Fazia muitos anos que não ia ao Rio. Contágio Deve fazer dois anos que moro aqui? Devem fazer dois anos que moro aqui? Vai fazer duas horas que ele chegou? Vão […]
A curto prazo ou no curto prazo? A longo prazo ou no longo prazo? Os adjetivos curto e longo não cheiram nem perfumam. A presença deles é indiferente. Fica tudo como dantes no quartel de Abrantes (a prazo, a curto prazo, a longo prazo): Comprou o carro a prazo. Vai pagar a conta a longo, muito longo prazo.