Caro, cara, barato, barata: adeus, dúvida

Publicado em português

Quem aguenta? Nosso arroz e feijão de todos os dias dá um susto atrás do outro. Num dia e noutro também, pôr a duplinha no prato exige mais e mais notas do nosso desvalorizado dinheirinho. Mas a dor não se restringe ao bolso. Afeta também os ouvidos. Repórteres de tevês abertas e fechadas, de rádios AM e FM, de jornalões e jornalinhos anunciam que “o preço do arroz está mais caro”. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! É otite na certa.

Caro e barato, alto e baixo

Preço caro? Nem pensar. É redundância. Caro e barato encerram a ideia de preço. Produtos e serviços são caros ou baratos. Preço é alto, baixo, elevado. A moçada mereceria banda de música e tapete vermelho se tivesse dado a informação assim: O preço do arroz está mais alto. Também poderia ser assim: O arroz está mais caro.

Times diferentes

Caro e barato jogam em dois times. Podem ser adjetivos ou advérbios. Como lidar com eles?

1. Se pertencerem à classe dos advérbios, mantêm-se invariáveis — sem feminino e sem plural. No caso, a oração se constrói com os verbos custar, pagar ou similares e o complemento do verbo pode ser substituído pelos advérbios pouco, muito, mais ou menos: No Brasil, o arroz custava barato (pouco). Agora, custa caro (muito). Nos Emirados Árabes, a gasolina custa barato (pouco). Paguei caro (muito) pelo litro da gasolina. Em Natal, as lagostas custam mais barato (menos) que em Campina Grande. 

2. Se forem adjetivos, variam em gênero e número. No caso, a frase será construída com verbo de ligação (ser, estar, ficar, permanecer, continuar, andar): Com a elevação do preço do arroz, o prato 100% nacional ficou mais caro. Graças à safra generosa, a cesta básica deveria ficar mais barata. Produtos de primeira necessidade ficaram caros. Como o tomate está caro!