Sonhar no escuro

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Protesto contra falta de luz no Amapá. Foto: Maksuel Martins /Fotoarena/Folhapress – 10.11.2020

 

Com o apagão geral no Amapá, completando agora exatos 30 dias, a escuridão e todos os males que dela decorrem para a vida de uma cidade de aproximadamente 860 mil habitantes, provocou, naquela população, um misto de desconfiança e de repúdio com o gerenciamento privado nas operações de transmissão de energia elétrica.

Trata-se aqui, e todos sabem disso, de um bem de utilidade pública, essencial para um mínimo de civilidade e cidadania em qualquer localidade, ainda mais numa capital desse porte. Atualmente, esses serviços vêm sendo realizados pela empresa Gemini Energy, que, há pouco, adquiriu a concessão de outra empresa espanhola privada, a Isolux. Essa passa atualmente por um sério processo de recuperação judicial.

A população local, que pouco era informada desses contratos, fechados em gabinetes políticos, mesmo pagando religiosamente altas tarifas em suas contas mensais por um serviço que muitos consideram de baixíssima qualidade, aguentou o quanto pôde sem reclamar. Não fosse o incêndio na subestação, atingindo um dos principais transformadores de energia da capital, a vida naquele distante estado seguiria em frente, com as eventuais reclamações sobre a prestação de luz elétrica amontoadas no fundo da gaveta, blindadas por interesses, sempre escusos, a unir políticos locais astutos e empresários gananciosos.

Essa é a realidade dos fatos, sustentada hoje pelos moradores daquela cidade. A demora e o descaso com uma situação tão grave, a paralisar a vida de centenas de milhares de pessoas, pouco comoveu as autoridades locais. Muito menos o governo federal, que, por aquelas bandas, fez uma aterrisagem breve, depois de mais de uma semana de apagão, sendo, na ocasião, fortemente vaiado pelos moradores onde desfilou.

Como se trata de um serviço prestado por operadora privada, as autoridades chegaram a desdenhar do problema, preferindo fazer cara de paisagem para a questão. Foi somente com o agravamento da situação nos hospitais e na economia local, e graças à repercussão nacional do caso, a ganhar manchetes dentro e fora do país, que as autoridades ensaiaram um movimento visando resolver o caso.

Nesse tempo, em meio ao breu da noite, tem refletido muito sobre a conveniência de entregar tão importante prestação de serviço a uma empresa privada, controlada por uma holding estrangeira de um país distante, que ninguém sabe, ao certo, quem são os donos, nem mesmo quem nela trabalha. Esses comentários vêm a propósito da privatização efetivada da Companhia Energética de Brasília (CEB), na esperança de que esse importante patrimônio do cidadão brasiliense, entregue à gestão da inciativa privada, não resulte na repetição desse lamentável caso que ainda ocorre no Amapá.

Para a maioria da população, que também não foi consultada sobre essa venda e que muito teme pelo futuro, fica aqui o triste exemplo vindo do Norte do país e a torcida para que a prestação dos serviços melhore e as tarifas sejam reduzidas, o que, em nosso país, é apenas um sonho distante. Ao menos fica o consolo de que o melhor ambiente para dormir e sonhar é na escuridão.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Eu não vejo a política como ambição, enxergo como missão. Se eu pedir a legenda e não me derem, considero como livramento.”

Dra. Janaína Paschoal, advogada

Foto: odia.ig.com

 

Reclame aqui

É bastante arriscado para o Banco do Brasil relaxar na forma de atendimento aos clientes da maneira como está ocorrendo. Com os bancos digitais em alta, a arrogância pode levar o BB para a cova. Depois de uma hora aguardando na fila da agência da Câmara dos Deputados, o cliente, que pleiteava financiamento imobiliário, foi descartado com argumentos que fogem a todos os protocolos.

 

Charge: tribunadainternet.com.br

 

Aproveite

Hoje é o último dia de feira no Parque da Cidade. Das 9h às 16h, direto dos produtores, os consumidores podem comprar biscoitos, hortaliças, geleias, pães, flores, sorvetes, pimentas, artesanato, tudo produzido no DF.

Foto: Emater-DF/Divulgação

 

Celeuma

Engana-se quem pensa que as eleições norte-americanas acabaram. Trump quer que o Congresso decida sobre o sufrágio. Trump é o que o filósofo de Mondubim chamava de Mucuim. Hoje é dia de fortes emoções sobre o assunto.

Presidente Trump. Foto: Brendan Smialowski / AFP

 

Sem pensar

Conhecida frase esconde muito mais do que um crime: “Sou dona do meu corpo”. O mote criado e repetido por mulheres assassinas esconde um submundo de tráfico de órgãos fetais que movimenta bilhões de dólares. Isso, ninguém fala. Veja no link: Imagens chocantes denunciam tráfico de órgãos de bebês humanos nos EUA.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Uma solução parcial para o problema das invasões em Brasília seria a instituição, novamente, de acampamentos nas obras, hoje proibidos pela Novacap. (Publicado em 20/01/1962)

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