Hora de agir

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: jornaldebrasilia.com.br

 

Segundo lição aprendida por aqueles que tiveram treinamento em guerra de selva, talvez o mais traiçoeiro e mortal de todos os combates, é preciso ficar muito atento aos movimentos do inimigo em seu raio de ação. Assim é dito e repetido: “Se o inimigo avança, nós recuamos. Se o inimigo recua, nós avançamos. Se o inimigo para, nos aquietamos”.

Como numa caçada ao rato, toda estratégia e todo ardil são necessários para pegá-lo no momento exato. Por certo, as forças de segurança conhecem essas lições. O problema aqui é que o inimigo, nesse caso aqueles que infernizam, dia e noite, a maior parte da área central da capital, continua a praticar os crimes de roubo, assalto, tráfico de drogas e outras delinquências, transformando essa parte da cidade numa verdadeira selva, habitada por feras de todas as espécies.

A insegurança e o medo são os sentimentos comuns a todos que são obrigados a transitar pela Rodoviária do Plano Piloto e por boa parte da extensa área que circunda essa região. O enorme perímetro urbano, no sentido Leste/Oeste, abrangendo desde a Catedral até ao Centro de Convenções e no sentido Norte/Sul englobando os Setores comerciais e bancários, está, literalmente, tomados por marginais e moradores de rua, que não só perderam o medo de polícia e da prisão, como fazem questão de afrontá-los, certos da impunidade e da pouca efetividade da Justiça.

Também o estado de euforia e coragem, induzido pelo consumo de drogas, dá a esses marginais o falso sentimento de poder e destemor, o que complica, ainda mais, toda essa situação.

Um levantamento elaborado pelo Observa-DF, pesquisa vinculada à Universidade de Brasília (UnB), indica que mais de 60% da população percebem aumento da criminalidade no DF. A pesquisa aponta para a mudança de comportamento vinculada ao medo. Especialistas no assunto já recomendaram aos órgãos de segurança que estabeleçam, na própria Plataforma da Rodoviária, o amplo e moderno centro de monitoramento fixo, com câmeras de última geração, para servir como central de comando e coibir o avanço da criminalidade. O que esses especialistas acreditam é que, tendo a Rodoviária como centro de comando diuturno dessas operações, cobrindo um raio de aproximadamente 5 Km, toda essa região possa voltar a ficar em paz e sobre o controle das forças de segurança, permitindo que essa área, tão nobre da capital, recupere esses espaços para os cidadãos pagadores de impostos.

É preciso lembrar ainda que o abandono de inúmeros imóveis, inclusive prédios inteiros, contribuem para a criação de espaços fantasmas, que são
imediatamente ocupados por moradores de rua e desocupados em geral. Nesse ponto, é preciso ressaltar também que o Teatro Nacional, talvez a obra mais importante da capital, do ponto de vista cultural, por sua situação de completo abandono, é mais um motivo para o processo de decadência dessa região.

Não custa chamar a atenção para o fato de que essas áreas são ainda o cartão de visita de Brasília, visitado por inúmeros turistas, que enxergam essas paisagens apenas pelas janelas dos ônibus fretados. Não por outra razão, os hotéis alertam aos que chegam à cidade para não andarem sozinhos, não portarem joias e bolsas chamativas, não saírem à noite, evitarem tomar táxis e outros transportes alheios ao hotel, entre outras precauções. Todo o cuidado é pouco para circular na área central da capital, tornada agora uma região inóspita. Uma verdadeira selva urbana.

 

A frase que foi pronunciada:

“Entenda, nossos policiais colocam suas vidas em risco por nós, todos os dias. Eles têm um trabalho difícil a fazer para manter a segurança pública e responsabilizar aqueles que infringem a lei.”
Barack Obama

 

Grande alcance
Vereadores podem contar com um novo trabalho produzido no Interlegis, do Senado. O modelo de Lei Orgânica para as câmaras municipais será apresentado na Oficina de Marcos Jurídicos, um dos minicursos oferecidos para capacitar e otimizar o trabalho das casas legislativas em todo o território nacional.

Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado

 

Uma pena
Brasília não conta mais com o delicioso croissant da padaria Portuguesa, na 509 Norte. Vidros automotivos São Cristóvão também não conseguiu se manter com tamanha carga tributária. Aos poucos, o comercio tradicional da cidade vai desaparecendo.

 

História de Brasília

O avião do dr. João Goulart, para o vôo direto Brasília-Washington, foi reabastecido em Brasília. Com o peso do combustível o avião baixou demais sobre os calços, e ninguém conseguiu tirá-los. (Publicado em 04.04.1962)

Para outra freguesia

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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

 

          Em entrevista concedida, nesta semana, a um importante veículo de comunicação da capital, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, mais uma vez, manifestou a preocupação de todo o Executivo local com o fato, já por diversas vezes mencionado nesta coluna, de que diversos membros de organizações criminosas estão estabelecendo residências fixas em todo o entorno da cidade. Não se trata aqui de um alerta recente, nem mesmo feito sem base na realidade. Não é de hoje que os órgãos de segurança do Distrito Federal vêm monitorando a atividade desses criminosos, como a compra de imóveis, comércios e outros estabelecimentos comerciais de fachada para montarem suas atividades ilegais.

         Com a chegada da bandidagem de alta periculosidade de outros estados, houve um significativo aumento de diversos crimes nessas regiões do entorno de Brasília, como roubos, tráfico de drogas e até assassinatos. De acordo com o governador, nessas últimas semanas, a cúpula de uma dessas organizações, com braços infiltrados em todo o país, divulgou uma espécie de ordem, diretamente de dentro do complexo penitenciário, para que seus integrantes soltos levantem a ficha de cada um dos servidores desses presídios, com o objetivo de forçar as autoridades a concederem benefícios aos apenados da facção, estabelecendo também maior controle interno dentro dessas cadeias.

           Ibaneis acredita que a aproximação, cada vez maior dessas organizações do crime do Distrito Federal, deu-se em razão da transferência dos chefões desses grupos para o Presídio Federal local recém-construído no DF. “Vemos com muita preocupação, afirmou o governador, porque eles vão tomando conta do Entorno, comprando residências, estabelecimentos comerciais. Isso tudo por conta dessa aproximação.”

           Para Ibaneis, o aumento do tráfico de entorpecentes gerou a chegada desses grupos criminosos, e também o fato de terem trazido criminosos para o Presídio Federal do Distrito Federal. Isso, diz o governador, “faz com que eles consigam se alocar nessas regiões mais próximas do presídio para obter o contato com esses líderes presos”.

         Mesmo enfatizando que as forças de segurança do DF estão atentas para as movimentações dessas organizações no Entorno, inclusive deflagrando operações nesses locais, o governador se mostrou apreensivo, pois reconhece o poderio e o perigo dessas quadrilhas. A vinda desses grupos de criminosos tem movimentado a Secretaria de Segurança que já prevê um reforço nas cidades satélites, onde os índices de criminalidade vêm crescendo. O governador citou os casos das regiões administrativas de Ceilândia, Sol Nascente e outras, que apresentam hoje elevação nas ocorrências violentas.

         Especialistas em segurança acreditam que apenas o reforço nos quadros das polícias é insuficiente para deter a chegada e a expansão dessas organizações nas proximidades da capital do país. Para eles, diferentemente do que ocorre em outras unidades da Federação, Brasília é a sede de diversas embaixadas e de muitos organismos internacionais, abrigando ainda toda a cúpula administrativa federal. Por isso mesmo, reafirmam, Brasília deveria ter um tratamento especial, convertendo-se em área de segurança máxima, livre da presença de presídios para presos de alta periculosidade, pois a presença desses chefes de facções acaba atraindo também todo o staff do crime, que orbita em torno desses presídios.

         A questão aqui é saber por que o Governo Federal não tem, em momento algum, manifestado sua preocupação ou sua solidariedade sobre essa situação delicada. O risco que a capital e seus moradores correm com a chegada desses criminosos é conhecido e já foi externado por diversas vezes às autoridades, que seguem trazendo os comandantes dessas organizações do crime para o complexo de presídio da Papuda. Por que e até quando?

A frase que foi pronunciada:      

“Já é hora de a aplicação da lei se tornar tão organizada quanto o crime organizado.”

Judy Giuliani

Charge do Cazo

 

Promessa

Elias Vidal é literalmente Brasília Novos Talentos, o time BNT na categoria sub 14 foi destaque na final da Copa Satélite do futebol base do DF, encerrando o ano com a taça na mão. Que os olheiros abram os olhos!

Cartaz publicado no perfil oficial da Copa Satélite de Futebol no Instagram

 

Tecnologia

Um dos maiores desperdícios nacionais é o coco verde. Sem aproveitar a fibra inigualável, o Brasil perde divisas. As fibras do coco têm inúmeros usos. A Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com a metalúrgica Fortalmag, desenvolveu uma tecnologia de processamento das cascas de coco verde que pode ser implementada em todas as áreas produtoras de coco no território nacional. Além de reduzir a disposição inadequada de resíduos sólidos, proporciona uma nova opção de renda para as regiões produtoras.

Foto: Noroes, Claudio

 

História de Brasília

Para isto, a assessoria de imprensa do Planalto recebeu ordens para alterar as passagens, e mandar os rapazes para o Rio. Mas ninguém disse quem pagaria as passagens, e se não fôsse o Batista, que ficou até de madrugada em comunicações com a Vasp, os homens não teriam embarcado, até que veio a cortesia do transporte. (Publicada em 28.03.1962)

Reforma útil

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Arte: seduh.df.gov

 

Esta coluna, por sua defesa intransigente e histórica da capital, recebe, com entusiasmo, a notícia de que o governo do Distrito Federal finalmente dará início às obras de um projeto modelo para a reforma do Setor Comercial Local Residencial Norte (SCLRN). É o primeiro passo, quem sabe, para uma reforma bem resolvida de toda a Avenida W3 Norte e Sul.

Por enquanto, o que se sabe é que essa reforma será feita, inicialmente, nas quadras 707/708 Norte. Segundo o Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal, que aprovou a primeira etapa dessa reforma, o projeto irá transformar aquele espaço, bem como as áreas no entorno próximo, de modo a se constituir como um modelo acabado, que servirá como piloto ou exemplo a ser estendido ou replicado para toda a região da W3 Norte.

A previsão é que o modelo piloto tenha um foco na acessibilidade com a instalação de calçadas mais largas, piso tátil, para os portadores de necessidades especiais, com mais arborização, ciclovias, novos mobiliários urbanos e novas praças. No Plano Piloto, nenhuma outra área, dentro de Brasília, apresenta um tamanho grau de possibilidades e de retorno econômico e social do que as Avenidas W3 Norte e Sul.

Trata-se, como ficou assentado aqui neste espaço, em diversas oportunidades, de uma avenida que, por sua extensão e localização, cortando a cidade pelo meio, de uma ponta a outra, repleta de atividades comerciais variadas, tão logo, venha a ser racionalmente reformada, trará um fabuloso retorno econômico para a capital.

Tudo isso sem a necessidade de obras caríssimas e de grande impacto ambiental, bastando, aos reformadores, nesse caso, a uniformização de pisos e fachadas, iluminação adequada, ligação por calçamento amplo das duas avenidas, policiamento e outras melhorias, todas elas dentro do âmbito de reforma e de modernização.

A geração de empregos que uma avenida comercial grande como essa pode trazer para a cidade e para o entorno da capital dá a certeza que esse é um projeto fadado ao sucesso. Do ponto de vista do turismo e de ganho para a própria população brasiliense, que terá de volta a sua mais tradicional e pioneira avenida, a reforma de toda a Avenida W3 Sul e Norte, tão logo fique pronta, atrairá não só as maiores lojas de departamento da cidade, mas também os mais sofisticados restaurantes, cafés e outros pontos de encontro, fazendo, desse imenso espaço aberto, a atração principal da capital.

Poucas cidades pelo mundo possuem a possibilidade e mesmo a sorte de trazer, à tona e à vida, uma avenida com essa dimensão. Reta e completamente plana, com amplos espaços livres e prontos a receber projetos de uma boa arquitetura, capaz de dar um novo dinamismo urbano a uma área que, por décadas, permaneceu adormecida e esquecida.

A valorização imobiliária dessa nova avenida é outro ponto a ser destacado. Não somente dos imóveis comerciais locais, mas de todo o entorno imediato. Também é de se mencionar que, uma vez realizada toda essa reforma, também as ruas perpendiculares de comércio irão, por inércia, seguir o movimento de reforma, modernizando seus espaços para não perder a freguesia.

Para a cidade, esse projeto, caso venha a ser concluído, será um verdadeiro presente de Natal e, quem sabe, o início de nova fase de revitalização de todo o Plano Piloto, esse senhor sessentão.

 

A frase que foi pronunciada:  

“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção.”

Oscar Niemeyer

Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte. Grafite e aquarela, 29x21cm, 2010 (evblogaleria.blogspot.com)

 

Natal

Hoje é o último dia para fazer compras no Bazar de Natal da Paróquia Rainha da Paz. De 10h as 20h, o público vai ver de perto o resultado da Oficina de Artes.

Cartaz publicado no perfil oficial da Paróquia Rainha da Paz

 

Ontem & Hoje

Na roda dos aposentados, é unânime. Mensagens de que outro telefone acessou o aplicativo “Meu INSS”, telefonemas incessantes oferecendo crédito consignado, ligações de bandidos avisando que seu cartão foi usado nas Casas Bahia. Deve ser a versão eletrônica da Jorgina de Freitas.

Foto: Getty

 

Prove o contrário

Uma solução tão simples que não é dada porque quem trabalha na reciclagem é invisível para a sociedade. O que custa juntar garrafas pets em casa, latas, papelão e deixar em sacos separados no lixo? Acabaria com a cena degradante de homens, mulheres e crianças manuseando lixo para escolher o que é reciclável.

Foto: Arquivo pessoal

 

História de Brasília

Ontem, como soprasse vento muito forte em Brasília, a reportagem procurou saber pelo menos a velocidade e temperatura, e não havia quem desse uma informação. Só funcionava a estação de rádio. (Publicada em 27.03.1962)

Transporte urbano gratuito

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Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

         Algumas metrópoles mundo afora, que há algum tempo vem testando a possibilidade de ofertar transporte urbano gratuito para seus habitantes, começam agora a colher os dados dessa experiência inovadora. Pelo o que tem sido apurado até aqui, existem muito mais vantagens do que pontos negativos nessa alternativa, embora as empresas privadas vejam toda essa inovação com maus olhos, pressionando os governos para que essa nova ideia não siga adiante. Para os urbanistas, envolvidos nessa pesquisa inédita, os resultados desse teste piloto mostram que as vantagens desse modelo, superam, em muito, os pontos negativos.

        Sob o ponto de vista da racionalidade, dentro da complexa administração das metrópoles modernas, o uso de toda a malha urbana, que incluem ônibus, trens, metrôs, barcas e outros, dentro de um novo e eficaz modelo capaz de manter a cidade em movimento contínuo, sem paralisações e sem as múltiplas exigências que as frotas particulares exigem, parece apontar para uma espécie de renascimento das cidades.

         A destruição provocada a cada dia nas cidades, por um frota de carros que só aumenta, aliada aos congestionamentos e a poluição crescente, requer medidas também radicais e que a médio e a longo prazos irão se mostrar a melhor e mais racional saída para deter o envelhecimento e a decadência precoce de muitas metrópoles. Com a frota urbana uniformizada e seguindo padrões de monitoramento eletrônico contínuo, muitos dos imprevistos, vistos hoje, serão reduzidos. Para alguns essa medida acarreta até a diminuição, senão o fim, dos processos de greves e de paralisações dos transportes, movimentos estes que contribuem para a instalação e proliferação do caos nas cidades.

         A exemplo do que ocorre em locais como Luxemburgo e outras capitais pelo mundo, o transporte urbano público, feito por ônibus, trens e metrôs, sem cobrança de tarifa dos usuários, tem sido um sucesso e mostra bem que essa é uma grande e inovadora alternativa, que parece ter vindo para ficar em definitivo. Em tempos de redução de gases do efeito estufa e dos congestionamentos de trânsito, esse modelo tem mostrado que opera de forma racional, desafogando as cidades, permitindo mais qualidade de vida para seus habitantes.

         A ideia de oferecer transporte público gratuito para os usuários é um modelo que tem sido experimentado inclusive em São Paulo, por ocasião das últimas eleições. Somente com a redução dos congestionamentos do tráfego e das emissões de poluentes, há uma inegável vantagem para todos os moradores, além, é claro, de melhorar o acesso aos serviços públicos para as pessoas com baixa renda. A livre movimentação das pessoas dentro do espaço urbano, é essencial para a vida das cidades. Num paralelo rápido, o transporte urbano possui a mesma importância que a circulação de sangue tem para os seres vivos. Há, no entanto, que observar que a implementação desse modelo pode ter custos elevados, num primeiro momento, tanto para os governos locais como para os próprios pagadores de imposto. Mas as experiências têm demonstrado que essa é uma solução viável, a médio e longo prazo para algumas cidades apenas.

         A questão de quem irá pagar pela operação dos serviços de transporte público, pode ser solucionada com um melhor uso dos recursos dos impostos, que hoje são direcionados para os donos das frotas. Mesmo que a implementação de um sistema de transporte público gratuito possa enfrentar resistências de empresas de transporte privado e de outros setores afetados pela redução na demanda por seus serviços, esse deve ser um entrave a ser vencido com os novos modelos. Somente com a redução ou mesmo o fim dos inúmeros casos de corrupção e malversação dos recursos dirigidos ao setor de transporte, o cidadão já sai ganhando. O importante é avaliar cuidadosamente esse novo modelo, de forma a implementá-lo o mais rapidamente possível em nossas cidades, tendo Brasília como modelo piloto para todo o Brasil.

 

A frase que foi pronunciada:

“Todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira.”

Provérbio Chinês

 

Labirinto

Impossível elogiar um funcionário do GDF. Bem atendida por Hailton Rodrigues de Souza, a contribuinte teve a primeira dúvida ao buscar o canal para o registro. O agendamento foi feito na Secretaria de Economia, no SRTV Norte. Mas, no portal do GDF, o mais próximo desse título é a Secretaria da Fazenda. Mudou para o registro no site da Ouvidoria, que só não perguntou o tipo de sangue de quem quis elogiar. Até título de eleitor foi preciso informar. Nome, endereço, nome da mãe, telefone. Por que razão? Que uso é feito de tantas informações?

Foto: Francisco Aragão/Agência Brasília

 

Censo

Por falar em dados, nos últimos anos, os domicílios da cidade receberam questionários para o recenseamento da população. Que resultados concretos a população recebe com esse levantamento estatístico? Que políticas públicas foram adotadas com os dados coletados?

Foto: Reprodução

 

Honra ao mérito
Foi o estímulo dado pelo professor iugoslavo Oleg Abramov que levou Wanduil Gaio de Souza à IBM do Rio de Janeiro, com 19 anos de idade. Em 21 de abril, Wanduil completa 40 anos de empresa, o funcionário mais antigo que começa nova vida. O conselho à geração que nasceu no tempo da Inteligência Artificial é que as pessoas, clientes ou colegas são a parte delicada e que mais importa ao lidar. O trato com as máquinas é a parte mais fácil

 

História de Brasília

Já saiu da W-3 uma prensa de papel velho, que era responsável pela invasão de ratos nos HC-3. (Publicada em 18.03.1962)

A lei contra o caos

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Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

 

          Juntamente com o parcelamento de terras no Distrito Federal, feito com base apenas em interesses políticos e imediatos, veio um conjunto complexo de consequências para o urbanismo. Como ocorre sempre nesses casos, os resultados dessa incúria com as terras públicas vieram a mostrar seus efeitos, muito tempo depois, quando os autores dessas e outras medidas interesseiras já estavam longe e livres de quaisquer imputações de dolo.

          Legislar sobre bens públicos com olhos em interesses paroquiais, nunca foi um bom negócio, nem do ponto de vista da ética pública, nem para os interesses reais da população, que é quem acaba colhendo os malefícios de políticas feitas em proveito de grupos ou com objetivos eleitoreiros. Para muitos desses novos assentamentos, cuja intenção primária era a da formação de verdadeiros currais eleitorais fincados no entorno da capital, sobravam direitos e escasseavam os deveres.

         Nessas benesses, feitas com o chapéu alheio do contribuinte, caberiam aos assentados apenas responder com o voto em favor do benfeitor com assento na Câmara Distrital, ficando todo o restante a cargo das autoridades, dentro do velho modelo patrimonialista e populista. Não obstante à necessidade social e indiscutível de aquisição da casa própria por famílias de baixa renda, o que se viu e o que se seguiu, por essas bandas e em outros estados da federação, foi a formação de autênticas indústrias de parcelamento de terras públicas, um problema que ainda hoje aflige as autoridades e que poderá perdurar por muito tempo ainda.

          As manchetes diárias dos noticiários estão aí para comprovar essa afirmação, em favor do ditado que diz que o que nasce de maneira torta dificilmente toma prumo correto. A questão aqui é saber como conciliar a existência de uma capital, minuciosamente planejada para ser o que é, com o improviso imposto por lideranças locais, de olho apenas na manutenção do poder.

         Quem observa hoje o incremento assustador da violência que tomou conta das ruas de Brasília e das diversas regiões administrativas da capital pode não suspeitar que esse fator negativo está ligado diretamente à questão dos parcelamentos açodados de terras. Mas essa é uma realidade que veio desse modo irresponsável de criar assentamentos, sem prévio planejamento urbano. Tirando os aspectos urbanos de infraestrutura, como abastecimento de água, luz, coleta de esgoto, asfaltamento, e outros, a questão relativa ao aumento da violência é visível e decorre desse modo de fazer políticas públicas sem planejamento.

         Todos os dias, as unidades de saúde e de segurança, incluídas aí os bombeiros e a defesa civil, estão sendo sobrecarregadas por atendimentos de emergência, com altos custos humanos e financeiros para todos, indiscriminadamente. De nada, nesse caos instalado, adianta aumentar o número de policiais, bombeiros ou atendentes de saúde. O grande número de ocorrências em todas essas localidades supera essas e outras providências.

          Para aqueles que estão diretamente envolvidos no combate às ocorrências diárias de roubos, assaltos, assassinatos, violência doméstica, brigas de ruas entre gangues pelo controle do tráfico de drogas e outros crimes, muitos dos quais envolvendo menores de idade, algumas soluções poderiam ser adotadas para, ao menos, minorar essa situação.

          A primeira, e talvez a mais importante, seria a imposição, como foi feito em outros locais e com êxito, de uma espécie de lei seca, com fechamento, a partir das 18 horas, de bares e outros estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas. Outra seria a adoção, por meio da Câmara Legislativa, de mecanismos legais que impedissem a aquisição de imóveis, por meio de programas sociais, para aqueles proprietários envolvidos e condenados em crimes. Não é possível que essas pessoas, além de receberem benefícios como imóveis de forma facilitada por programas sociais, ainda venham, como retribuição, a cometer crimes de toda a natureza, impunemente e em desfavor da comunidade.

          É preciso retomar aqueles imóveis das mãos de delinquentes, que, por sua conduta, perderam o direito a benefícios bancados pelos cidadãos de bem. O mais correto é repassá-los a quem merece de fato. Outra medida, essa de cunho direto, seria onerar diretamente aqueles indivíduos envolvidos em violência, obrigando-os a pagar pelos serviços de atendimento de urgência, que custam muito dinheiro aos pagadores de impostos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Um bom plano é como um mapa rodoviário: mostra o destino final e geralmente o melhor caminho para chegar lá.”

Stanely Judd

 

Antes

Condomínios, prédios, empresas, todos começam a se mobilizar em campanhas proativas de proteção a roubos e furtos. Até a UnB recomeça as aulas com mais câmeras de monitoramento, botões espalhados pelo campus para acionar a segurança, além de um manual com dicas de proteção contra furtos e protocolos em casos de crimes.

Foto: fd.unb.br

 

Cultura

Na realidade, o gancho para a matéria que informa sobre a reforma da sala Martins Pena não é a geração de empregos. É a geração do conhecimento e exercício do pensamento, que são valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade. É esse o valor dado pelo governador Ibaneis.

Foto: Sergio Amaral/CB/D.A Press

 

História de Brasília

Mas o assunto não é bem êste, e está mais ligado ao dr. Pimenta. É necessário que a captação de águas pluviais seja feita também nas superquadras, mesmo as inacabadas, como o Iapfesp. (Publicada em 18.03.1962)

Teatro Nacional

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

         Estamos a caminho de vir a lamentar por dez anos o fechamento do mais importante e icônico espaço cultural da capital do país. Pensar que Brasília, com toda a importância que possa ter para o país e para o mundo, mantem fechado, a mais de uma centena de meses, o Teatro Nacional, obra fincada bem no coração da cidade, é algo assustador e ao mesmo tempo motivo de desalento e frustração para toda uma classe de artistas, dentro e fora da cidade.

         Eis aqui um modelo acabado do descaso com a cultura. Pensar também que, a pouco mais de dois quilômetros desse teatro magnífico, e que hoje serve como uma espécie de almoxarifado para o governo local, ergue-se imponente, desajeitado e inútil o mastodonte Estádio Mané Garrincha, onde caminhões de dinheiro dos contribuintes foram criminosa e desnecessariamente despejados, dói na alma dos brasilienses de bem.

         Não é por outra razão, que muitos consideram a bagagem cultural de um governante, um dos principais requisitos para todo e qualquer gestor público. De fato, nosso principal e mais belo palco para artes continua fechado porque as autoridades que tinham obrigação de cuidar desse patrimônio cultural de todos não entendem o significado do que venha a ser arte ou cultura.

         Quando um cartão de visita, do porte do Teatro Nacional, permanece por tanto tempo esquecido e fechado, cheio de lixo e tralhas, o que se depreende é que estamos todos entregues em mãos despreparadas para tal missão ou sob a gestão de gente primitiva e tosca que despreza o universo da cultura. Gente, para quem artes e artistas de toda espécie devem ser deixados à própria sorte ou ao relento.

         Não são poucos os brasilienses que se envergonham quando são perguntados, pelos visitantes, sobre o destino atual do Teatro Nacional e as salas Villa-Lobos, Martins Penna e Alberto Nepomuceno. O que teria ocorrido nos bastidores do governo local e da própria Câmara Legislativa para que esse Teatro tenha sido esquecido por tanto tempo? Não é normal, em país algum, só aos que estão mergulhados em guerra, deixarem-se ao abandono e à ruína, teatros dessa importância. Meninos e meninas que hoje andam por volta dos 10 anos de vida, desconhecem o Teatro Nacional seus espaços e sua importância. E isso é grave.

         Muitos outros moradores locais, que poderiam ter a oportunidade de conhecer a arte nesse espaço espetacular, talvez nunca venham a ter essa experiência. Escolas, que antes organizavam caravanas de alunos para visitar e vivenciar esse espaço e suas apresentações, perderam essa oportunidade. O que acontece no interior desse monumento esquecido se reflete em seu entorno próximo. Entregue ao abandono e ao esquecimento duradouro, toda essa área belíssima, com seu paisagismo bem elaborado, transformou-se hoje em área de valhacouto de delinquentes e drogados, colocando, em grande perigo, quem ousa transitar na região.

         Para os que se contentam com pouco ou se satisfazem com as promessas vãs de que aquele espaço vai voltar a vida em breve, resta admirar, de longe a arquitetura desse prédio monumental. Como uma casca de concreto a exibir, talvez, o período mais fértil de criação do arquiteto Oscar Niemeyer, o Teatro Nacional, por qualquer ângulo que se aviste, é uma obra e uma escultura de arte por si só, a iluminar as tardes e a noite da capital, sinalizando no horizonte a promessa de que seu interior e sua alma ainda hão de voltar a vida, renascendo das ruínas do abandono.

 

A frase que foi pronunciada:

“O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia.”

Jean Barrault

Jean Louis Barrault. Foto: Coleção Fotografias de Carl Van Vechten da Biblioteca do Congresso dos EUA

 

Pelo DF

Em toda essa festa da posse dos novos senadores, o comentário no cafezinho é a falta que o representante do DF, Reguffe, vai fazer. Como exemplo de parlamentar que abriu mão de todas as regalias, inclusive plano de saúde, mostrando a perfeita harmonia e ritmo entre discurso e prática.

Senador Reguffe. Foto: senado.leg.br

 

IFB

Uma herança recebida pela capital do país é o Instituto Federal de Brasília. Com campus em várias regiões administrativas, é lá que o estudante que quer crescer profissionalmente encontra os primeiros caminhos. São centenas de vagas gratuitas de formação inicial e continuada, desde moda à robótica.

IFB. Foto: Divulgação

 

Dez anos

Quem está feliz da vida com a mudança na rotina é Claudia Lyra. Hoje, é gerente de Relações Institucionais da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, CNseg.

Arte: cnseg.org

 

Boas vindas

Segunda-feira será o grande dia para a Saúde do DF. Dentistas (125), Médicos (447), Especialistas (454), Enfermeiros (220) serão nomeados para reforçar o atendimento à população.

Cartaz: divulgação da SESDF

 

História de Brasília

Há uma lei no Brasil, segundo a qual todos os prédios de mais de três andares, devem ter caixa coletora de correspondência para cada apartamento, separadamente, no térreo. (Publicada em 15.03.1962)

Remoçando as W3

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           Bem faria o próximo governador se empenhasse a dinâmica de sua administração na revitalização das Avenidas W3 Norte e Sul. Trata-se aqui de um eixo de vital importância econômica e social não só para o Plano Piloto, mas para toda a grande Brasília e que tem sido mal direcionado ao longo de décadas.

          O renascimento dessas avenidas trará recursos preciosos para a capital, primeiramente irradiando seus benefícios para todas as áreas adjacentes, ajudando a alavancar também outras regiões distantes. Uma primeira providência, e que não custaria quase nada aos cofres públicos, seria deslocar o Eixão do Lazer, fechados aos domingos e feriados para as Avenidas W3 Norte e Sul.

         O fechamento dos eixos W3 levaria a população e todos os eventos que ali se realizam para esse novo eixo do lazer, criando oportunidades e incentivando novos negócios, ao mesmo tempo em que despertaria na comunidade uma maior atenção para essa esquecida área.

         Todos sabem que o comércio vive sobretudo graças à movimentação da população nesse local. O Eixo Rodoviário, como o próprio nome indica, poderia voltar a ter sua vocação preservada que é a de permitir a livre circulação de automóveis, interligando as pontas extremas do Plano Piloto, conforme idealizado pelos construtores da capital.

          Essa Mudança poderia, num primeiro momento, funcionar como um teste piloto, para que as autoridades e a população pudessem avaliar as consequências dessa mudança para o desenvolvimento das W3. Caso essa experiência desse certo, como acreditamos que dará, o passo seguinte seria um investimento pesado para a melhoria de toda a infraestrutura dessas avenidas, a começar por uma repaginação arquitetônica de toda essa via, capaz de trazê-la de volta aos seus dias de glória.

         Outra medida, que também pouco custaria aos cofres públicos da cidade, seria a adoção de incentivos, de ordem fiscal e outros, para que os proprietários desses imóveis aderissem ao movimento de renovação geral, através de gestos simples como a uniformização dos reclames nas fachadas de cada loja, a uniformização também dessas fachadas, de modo a preservar o conceito singelo e original da capital, acabando com a poluição visual, que tantos males causam à cidade e à saúde das pessoas.

         O poder público entraria nessa empreitada com obras pesadas de infraestrutura necessária interligando essas avenidas, dotando-as de iluminação adequada e segurança constante. Qualquer pesquisa realizada entre os proprietários e aqueles que possuem seus negócios instalados nas Avenidas W3 Norte e Sul tem mostrado que todos eles reclamam do abandono desses locais, da falta de iluminação, de segurança e calçadas uniformes.

         Também o replantio de árvores ao longo de todas essas avenidas traria conforto climático e ambiental valorizando, ainda mais esses espaços. Exemplos pelo mundo afora tem ensinado que a revitalização de antigas áreas das cidades gera benefícios incontáveis para a população e para a economia dessas metrópoles.

         Medidas desse porte, colocadas na prática em cidades como Nova York e Londres, mostram que, com poucos incentivos dos cofres públicos, é possível fazer renascer pontos essenciais dentro dos espaços urbanos. Os benefícios dessas medidas são incontáveis e se multiplicam pelo planeta.

         Aqui mesmo no Brasil, como é o caso do Rio de Janeiro, antigas áreas, como o cais do porto, depois que passaram por uma repaginação e modernização, voltaram a ganhar vida, fazendo com que essa cidade incorporasse, ao seu patrimônio, áreas que antes eram problemáticas e que traziam prejuízos aos moradores da própria metrópole.

 

A frase que foi pronunciada:

“Sempre foi fácil odiar e destruir. Construir e valorizar é muito mais difícil.”

Rainha Elizabeth II

Rainha Elizabeth II em seu casamento. Foto: Topical Press Agency/Getty Images

 

Manhã da saudade

Aos 37 anos, a escola Visconde de Cabo Frio, na L2 Norte, vai fazer um encontro no sábado entre famílias de alunos, ex-alunos e ex-funcionários. A ideia é reencontrar quem viu a instituição nascer, saber onde estão essas pessoas e o que fazem. Para provocar a memória, uma exposição de fotos será montada. O evento Manhã da Saudade, começa às 10h do dia 10, neste sábado.

Foto: cabofriodf.com

 

Kamikazes

Zebrinhas são o transporte coletivo sobre rodas mais rápido e confortável do Plano Piloto. Mas há alguns problemas. Não há paradas próprias e a velocidade que passam nos balões das entrequadas tira um lado do veículo do chão.

Foto: conteudo.ebc.com

Educação

Plataforma desenvolvida em parceria entre o Itaú Social e a Crossknowledge alcançou a marca de 140 mil usuários e mais de 80 mil certificados dos 50 cursos oferecidos gratuitamente. A iniciativa rendeu a medalha de prata do prêmio Brandon Hall – Excellence Awards 2022, na categoria “Melhor Avanço na Implementação de Tecnologia de Aprendizagem”.

Print: crossknowledge.com

História de Brasília

Na escola pública, a sala da diretoria é uma mesa jogada num corredor infecto, lamacento, caindo aos pedaços. As crianças não usam caderno dia de chuva. Á água molha tudo. (Publicada em 10.03.1962)

Na dúvida, vá para a casa

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Ari Cunha e JK. Foto: arquivo pessoal

 

          Como a primeira coluna diária da capital, desde Abril de 1960, este espaço, de diálogo aberto e franco com os pioneiros, vem lutando em defesa de Brasília. Desde logo, tínhamos em mente que o sucesso na consolidação da nova capital, um fato que contrariava muitos brasileiros, que não aceitavam a perda de hegemonia política e administrativa do Rio de Janeiro, significaria a sobrevivência deste espaço e do próprio Correio Braziliense. O fato de nascerem juntos, Brasília e a coluna Visto, Lido e Ouvido, ligou, de forma vital, este espaço no jornal aos destinos da nova capital.

         O sucesso ou o fracasso da capital selaria o destino do jornal. Não por outra razão e por se colocar, de forma intransigente, na defesa da nova capital e nos ideais que, naquele distante 1960, guiavam o espírito e as mãos do então presidente Juscelino Kubitschek, esta coluna sofreu dura oposição, e assim como o mandatário, naquela ocasião, aguentou firme, porque, no íntimo, vislumbrava que era o melhor para o país, para os brasileiros e, sobretudo, para os candangos que para aqui vieram, sem titubear, construir um novo modelo de cidade.

         O tempo mostrou que estávamos no caminho certo. Mais do que isso, o tempo e as transformações extraordinárias ocorridas nessas últimas décadas no mundo, no Brasil e em Brasília, particularmente, acabaram por apresentar novos desafios e novos problemas para a jovem capital.

         Ari Cunha, ciente de suas responsabilidades históricas e dos seus compromissos, mais uma vez, permaneceu ao lado de Brasília e dos brasilienses, apontando erros, mostrando soluções e buscando sempre trazer para o leitor a oportunidade de reflexão sobre esses momentos. Assim, quando da chamada emancipação política da capital, uma manobra urdida à toque de caixa e sem um debate aberto com a população local sobre suas consequências para a cidade, essa coluna se posicionou contra essa medida, porque não tinha dúvidas de que essa mudança, sob o manto falso da representatividade democrática, iria acarretar sérios transtornos para a capital e representaria uma mudança drástica de direção, contrariando o que havia planejado JK e todos aqueles diretamente envolvidos na construção da cidade.

          Não deu outra. A representação política trouxe, para a capital, todo um conjunto de problemas sofridos em outras cidades, a começar pela partilha administrativa da capital, entregue em mãos de pessoas que, na sua maioria, ou não eram pioneiros legítimos, ou não demonstravam amor ou carinho pela cidade. A transformação das terras públicas em moedas de trocas políticas, dentro da noção mesquinha: um voto, um lote, provocaria estragos irreversíveis para a capital.

         Áreas reservadas a futuras barragens, para abastecer a capital de água de boa qualidade e em abundancia foram transformadas em assentamentos. Também áreas de preservação ambiental viraram, da noite para o dia, áreas residenciais, tudo feito por incentivo de políticos, que agiam, inclusive, fornecendo material para as invasões. Escândalos se seguiram, mas os prejuízos já eram fato consumado.

         Esta coluna, a todo o momento, não se intimidou, denunciando essas mazelas e crimes contra os brasilienses e contra o futuro da capital. Ainda hoje esses problemas se repetem. Ainda hoje mantemos a linha de proteção à capital aberta por Ari Cunha. Denunciamos esses fatos, mesmo sob ameaças e outras intimidações. A violência, o congestionamento dos serviços públicos, a invasão silenciosa que vem sendo feita mesmo na área tombada, com a proliferação de barracos de lata, espalhados até pelos pontos de ônibus, mostram bem a face nefasta e as consequências danosas de uma representação política mal feita e muito bem remunerada, que custa bilhões aos contribuintes e sorvem recursos que poderiam, muito bem, ser destinados a áreas realmente prioritárias.

         A invasão de áreas nobres, como o Parque Nacional, ameaçado de ver diminuídas suas áreas naturais para a implantação de novos assentamentos, mostra que vamos nos aproximando do limite da razão e vamos ficando, a cada dia, mais parecidos com o restante das cidades do país, onde os problemas e as más ações políticas se multiplicam.

         Quando colocamos o dedo na ferida, logo surge um falso defensor desse tipo de democracia, que usa o bem público para alavancar candidaturas nocivas à capital. Agora mesmo, vemos o absurdo representado pela candidatura de pessoas financiadas, com altas somas de dinheiro, pelo crime organizado, que manda e desmanda nas áreas que controlam, dizendo quem pode ou não fazer campanha nesses locais.

         A aproximação das eleições, sobretudo aquela envolvendo a candidatura de políticos locais, deve ser muito observada pelos brasilienses. Ou a escolha errada, naquele político oportunista e sem valores éticos, significa uma ação a mais visando inviabilizar a vida na capital, para a população e para o próprio eleitor.

         A pandemia fez aumentar, ainda mais, a distância entre o cidadão e a Câmara Distrital, por isso mesmo é preciso muita atenção antes de entregar os destinos de sua cidade em mãos desconhecidas. O prejuízo pode retornar para você, em dose dupla e muito antes do que imagina. Todos nós já percebemos que estamos imersos em tempos muito estranhos, rodeados de problemas e sem soluções à vista. Desse modo, torna-se mais do que necessária a tomada de um compromisso íntimo: não votem em pessoas sem amor pela cidade e por sua gente. Na dúvida, vire as costas e vá para a casa.

 

A frase que foi pronunciada:

“Fazíamos música sentados no gramado das superquadras de Brasília, em casa, na faculdade. Era uma época criativa, mais ingênua, em que as pessoas se divertiam mais, brincavam mais.”

Katya Chamma

Katya Chamma. Foto: katyachamma.com

 

História de Brasília

Mas vamos ao avião que fica a três quilômetros da Praça dos Três Podêres. Ontem não ouve aula. O vento jogava chuva sôbre os alunos, porque a escola não tem janelas. As tábuas vão até certa altura, e por diante, o tempo é quem determina a assiduidade. (Publicada em 10.03.1962)

Projetos e revitalizações

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Foto: jornaldebrasilia.com

 

          Entra governo e sai governo e a promessa de que o instituto da reeleição será definitivamente enterrado vai ficando de lado, mesmo já tendo demonstrado o quão esse modelo é danoso para nossa democracia, principalmente pela utilização da máquina pública em favor daqueles candidatos que estão no poder. Por outro lado, é preciso notar que não basta a renovação de nomes no governo se as ideias e os projetos persistirem os mesmos. O tempo muda e com eles as prioridades. O que era antes uma inovação, hoje pode ser um estorvo e uma velhacaria.

         Desse modo, ao iniciar-se os novos governos que eles venham trazendo mudanças qualitativas, sobretudo na parcimônia e racionalidade com que irão lidar com os recursos públicos. Por isso, antes da implementação de projetos mirabolantes e dispendiosos as regras da boa administração mandam escutar, diretamente daquela população-alvo, que prioridades ou obras ela elege como correta para cada momento.

         Nesse início de campanha muitos candidatos ao Governo do Distrito Federal têm apresentado programas e projetos, principalmente grandes obras de infraestrutura como novas pontes sobre o Lago Paranoá e nova extensão da linha do metrô subterrâneo, sem que a população dessas localidades seja, ao menos, consultada sobre essas prioridades e urgência. Trata-se de um crasso erro de estratégia, de marketing , e que pode , facilmente resultar em gastos astronômicos e desnecessários, que, não raro, transformam essas obras ou num esqueleto inacabado e dispendioso ou num chamado elefante branco, pousado estranhamente na paisagem , como um símbolo da gastança e o que é pior, da corrupção.

         Grandes obras que no passado recente eram anunciadas como redentoras e de grande visão estratégica e administrativa, hoje estão sem uso e sendo corroídas pelo tempo. Verdadeiros monstrengos a homenagear governos perdulários, muitos, inclusive alvo de processo na Justiça. Exemplos como o Estádio Mané Garrincha, com sua arquitetura paquidérmica e inútil e o Buritinga, complexo de edifícios que serviriam para abrigar o GDF estão aí, de pé, como estátuas gigantescas a celebrar ao mau uso ou o desvio de dinheiro público.

         Há ideias e projetos que por sua inventividade e oportunidade nada ou pouco custam ao contribuinte e que muito podem ajudar a melhorar a vida dos brasilienses. Outras iniciativas e projetos devem, por sua urgência, serem continuados e até expandidos, como é o caso da revitalização das avenidas W3 Sul e Norte. Esses dois importantíssimos eixos comerciais e que por décadas foram esquecidos, merecem ser melhor repaginados do ponto de vista arquitetônico e econômico, trazendo de volta o valor que essas avenidas merecem.

         Uma ideia, para dar início a essa revitalização econômica e que nada custaria aos cofres da capital, seria deslocar o eixão do lazer do ponto em que ele hoje está, no eixo rodoviário Norte e Sul para a W3, fechando todo aquele corredor ao trânsito nos domingos, de uma ponta a outra, para atrair a população de pedestres e ciclistas para essa área. Outra ideia, que muito ajudaria a população seria o estabelecimento de uma espécie de transporte público náutico ligando as margens do Lago Paranoá, permitindo o deslocamento e lazer da população de uma localidade para outra.

         Ideias poderiam ser testadas como projetos pilotos para se saber o resultado dessas experiências e sua viabilidade. É preciso, no entanto, que o governo que virá, volte a implementar o orçamento participativo no qual a população diz em quais projetos devem ser investidos a dinâmica administrativa e o dinheiro dos pagadores de impostos. Lembramos aqui a importância para a vida cultural da cidade como a definitiva reforma dos teatros, a retomada de projetos culturais pela cidade ao estilo do Concerto Cabeças , Cinema Voador, Arte por Toda a Parte entre outros projetos, que tanto bem fizeram a cidade e onde nomes da cultura local foram revelados. Já é um bom começo.

A frase que foi pronunciada:

“Na cidade, a pressão da opinião pública é capaz de fazer o que a lei não consegue.”

Sherlock Holmes

Sherlock Holmes. Imagem: pt.wikipedia.org

 

Vulneráveis

Seria bom se o GDF divulgasse o investimento feito para crianças e adolescentes na cidade. O Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente tem dotação mínima de três décimos por cento da receita tributária líquida. Não é pouco dinheiro. E, na lei, é vedado o contingenciamento ou o remanejamento dos recursos destinados desse fundo.

Imagem: gov.br

 

Estúdio Barroco

Ana Cecília Tavares (cravo), André Vidal (canto), Cecília Aprigliano (viola da gamba) e Sueli Helena (flauta doce) vão lançar o CD Damas Virtuosas, na terça-feira (21/08), às 21h, no Clube do Choro de Brasília (Eixo Monumental), e na quinta-feira (23/08), às 21h, no Teatro da Escola de Música de Brasília (602 Sul). O concerto será apresentado dentro da série Concerta EMB. Não recomendado para menores de 14 anos. Os CDs estarão disponíveis para venda nos intervalos das apresentações ao preço de R$ 20.

 

Convite

Brasil Paralelo convida a todos para a Guerra do Imaginário – A jornada de Chesterton, Lewis e Tolkien, dia 25 de agosto às 20h. Para assistir, busque na Internet pelo título.

 

História de Brasília

É de descalabro, a situação de Taguatinga com relação a transportes. Quem precisa chegar ao Plano Pilôto às 9 horas, está saindo de casa às seis, porque não sabe o que lhe espera em matéria de imprevistos. (Publicada em 09.03.1962)

Mirem-se nos exemplos das Unidades de Resgate dos Bombeiros e no Hospital de Base

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Hospital de Base. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília – 20.6.2017

 

Todas as noites, enquanto você e sua família dormem tranquilamente, milhares de profissionais da saúde do Distrito Federal estão envolvidos no mais estressante e urgente trabalho de atendimento aos socorridos, que dão entrada a cada instante, nos hospitais da capital. Os casos são variados e sempre graves. A interação entre os socorristas e o pessoal dos hospitais, que estão de plantão na madrugada adentro, deve ser precisa e imediata.

É nesse ponto que todo o trabalho de socorro pode dar, ou não, os resultados positivos que todos esperam. Um atraso em cada um desses lados é fatal e pode custar a vida de muitos. Os socorristas que dão plantão nas diversas Unidades de Resgate dos Bombeiros, distribuídos por toda a cidade, trabalham incessantemente durante toda a noite, e sob todas as condições, buscando e levando, para os hospitais mais próximos, vítimas de acidentes e outros cidadãos que necessitam de socorro imediato. Trata-se de um trabalho da mais alta importância.

O crescimento desordenado da capital nessas últimas décadas, com o estabelecimento de centenas de novos bairros, a maioria erguidos sem muitas cautelas urbanísticas, com ruas e becos estreitos e sem iluminação, sem endereço ou CEP oficial, fez ,de muitas áreas periféricas do Distrito Federal, verdadeiros labirintos, onde nem a polícia ousa circular nas madrugadas.

É em lugares assim, fora dos mapas da civilização, que esses socorristas atuam, resgatando vítimas da violência diuturna, acidentes ou emergência física ou mental, que assolam esse lado da cidade. São heróis anônimos que estudaram por anos para salvar, diuturnamente, os cidadãos.

Para esses profissionais, que ajudam a zelar pelo seu sono tranquilo, sabendo que a cidade está entregue em boas e seguras mãos, a missão de conduzir para os hospitais é apenas a primeira e mais importante etapa do resgate. A segunda etapa, que é a do atendimento de emergência dentro das Unidades de Saúde, cabe inteiramente aos hospitais nas diversas Regiões Administrativas do Distrito Federal. E é aí que todo esse trabalho encontra um diagnóstico duvidoso e falho. Não são raros os casos e relatos, vindos das pessoas atendidas pelo serviço, de adentrarem os Hospitais Regionais e, nesses locais, não encontrarem os profissionais que ali deveriam estar. “Estamos sem cirurgião” ou “estamos sem esse ou aquele especialista”, é o que se ouve nessas unidades de saúde.

Nesse ponto, o que resta fazer e muitas vezes é feito, é levar o paciente para outro hospital, numa viagem em que a vida e a morte estão sentadas frente a frente. Muitas são as vezes em que esses casos se repetem. Quem geralmente salva essa situação extrema é sempre o Hospital de Base, que, nesse caso, fica sobrecarregado por não negar atendimento. No Hospital de Base de Brasília, estão os melhores profissionais de saúde de todo o Distrito Federal. Tanto médicos como pessoal de enfermagem. Quem já precisou sabe. Quem um dia precisar, saberá também.

Esse Hospital tem salvado não só os pacientes que ali chegam, como tem ajudado a salvar também a imagem arranhada dos Hospitais Regionais. A questão aqui é tentar entender como pode uma unidade de saúde como o Hospital de Base ser tão eficiente no que faz e ter, ao mesmo tempo e até com os mesmos recursos, outras unidades, como os Hospitais Regionais, apresentando tanta deficiência. Ou falta gestão nesses HRs, com severidade no controle de presença dos médicos, ou o caso é mais sério ainda. O que não pode é debitar boa parte do atendimento da população apenas ao Hospital de Base.

Se fosse de interesse das autoridades, uma blitz incerta nos Hospitais Regionais feita pela Secretaria de Saúde poderia solucionar esse mistério que se repete com cada vez mais constância. Aos socorristas e às Unidades de Resgate dos Bombeiros e ao Hospital de Base, nosso agradecimento. Aos Hospitais Regionais, por enquanto, nossa esperança de dias melhores.

 

A frase que foi pronunciada:

“O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.” 

Madre Teresa de Calcutá

Madre Teresa de Calcutá. Foto: Divulgação

 

Tempo, tempo, tempo

Algum dia chegará ao Brasil alguém capacitado para exterminar a burocracia. Leitor nos envia uma missiva contando a saga para se aposentar. Marcado o atendimento presencial, quase dois meses depois, com os documentos exigidos, o encontro foi apenas para copiar e devolver a documentação. Mais alguns meses aguardando os analistas e outras dezenas de dias para o final do processo. A falta de cruzamento de dados entre as instituições do governo local e federal é impressionante. Estamos em pior situação que a Idade da Pedra. Naquele tempo, não havia burocracia.

Charge do Bier

 

História de Brasília

As grandes sabotagens do momento: O presidente do Iapfesp vem a Brasília e não visita as obras paralisadas, nem dá ordem para seu prosseguimento. O presidente do Iapb viaja para o Rio, e faz declarações à imprensa dizendo que construirá na Asa Norte. Não sabe, sequer, que será na Asa Sul, onde a planta já foi aprovada. (Publicada em 02.03.1962)