Sonhar no escuro

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Protesto contra falta de luz no Amapá. Foto: Maksuel Martins /Fotoarena/Folhapress – 10.11.2020

 

Com o apagão geral no Amapá, completando agora exatos 30 dias, a escuridão e todos os males que dela decorrem para a vida de uma cidade de aproximadamente 860 mil habitantes, provocou, naquela população, um misto de desconfiança e de repúdio com o gerenciamento privado nas operações de transmissão de energia elétrica.

Trata-se aqui, e todos sabem disso, de um bem de utilidade pública, essencial para um mínimo de civilidade e cidadania em qualquer localidade, ainda mais numa capital desse porte. Atualmente, esses serviços vêm sendo realizados pela empresa Gemini Energy, que, há pouco, adquiriu a concessão de outra empresa espanhola privada, a Isolux. Essa passa atualmente por um sério processo de recuperação judicial.

A população local, que pouco era informada desses contratos, fechados em gabinetes políticos, mesmo pagando religiosamente altas tarifas em suas contas mensais por um serviço que muitos consideram de baixíssima qualidade, aguentou o quanto pôde sem reclamar. Não fosse o incêndio na subestação, atingindo um dos principais transformadores de energia da capital, a vida naquele distante estado seguiria em frente, com as eventuais reclamações sobre a prestação de luz elétrica amontoadas no fundo da gaveta, blindadas por interesses, sempre escusos, a unir políticos locais astutos e empresários gananciosos.

Essa é a realidade dos fatos, sustentada hoje pelos moradores daquela cidade. A demora e o descaso com uma situação tão grave, a paralisar a vida de centenas de milhares de pessoas, pouco comoveu as autoridades locais. Muito menos o governo federal, que, por aquelas bandas, fez uma aterrisagem breve, depois de mais de uma semana de apagão, sendo, na ocasião, fortemente vaiado pelos moradores onde desfilou.

Como se trata de um serviço prestado por operadora privada, as autoridades chegaram a desdenhar do problema, preferindo fazer cara de paisagem para a questão. Foi somente com o agravamento da situação nos hospitais e na economia local, e graças à repercussão nacional do caso, a ganhar manchetes dentro e fora do país, que as autoridades ensaiaram um movimento visando resolver o caso.

Nesse tempo, em meio ao breu da noite, tem refletido muito sobre a conveniência de entregar tão importante prestação de serviço a uma empresa privada, controlada por uma holding estrangeira de um país distante, que ninguém sabe, ao certo, quem são os donos, nem mesmo quem nela trabalha. Esses comentários vêm a propósito da privatização efetivada da Companhia Energética de Brasília (CEB), na esperança de que esse importante patrimônio do cidadão brasiliense, entregue à gestão da inciativa privada, não resulte na repetição desse lamentável caso que ainda ocorre no Amapá.

Para a maioria da população, que também não foi consultada sobre essa venda e que muito teme pelo futuro, fica aqui o triste exemplo vindo do Norte do país e a torcida para que a prestação dos serviços melhore e as tarifas sejam reduzidas, o que, em nosso país, é apenas um sonho distante. Ao menos fica o consolo de que o melhor ambiente para dormir e sonhar é na escuridão.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Eu não vejo a política como ambição, enxergo como missão. Se eu pedir a legenda e não me derem, considero como livramento.”

Dra. Janaína Paschoal, advogada

Foto: odia.ig.com

 

Reclame aqui

É bastante arriscado para o Banco do Brasil relaxar na forma de atendimento aos clientes da maneira como está ocorrendo. Com os bancos digitais em alta, a arrogância pode levar o BB para a cova. Depois de uma hora aguardando na fila da agência da Câmara dos Deputados, o cliente, que pleiteava financiamento imobiliário, foi descartado com argumentos que fogem a todos os protocolos.

 

Charge: tribunadainternet.com.br

 

Aproveite

Hoje é o último dia de feira no Parque da Cidade. Das 9h às 16h, direto dos produtores, os consumidores podem comprar biscoitos, hortaliças, geleias, pães, flores, sorvetes, pimentas, artesanato, tudo produzido no DF.

Foto: Emater-DF/Divulgação

 

Celeuma

Engana-se quem pensa que as eleições norte-americanas acabaram. Trump quer que o Congresso decida sobre o sufrágio. Trump é o que o filósofo de Mondubim chamava de Mucuim. Hoje é dia de fortes emoções sobre o assunto.

Presidente Trump. Foto: Brendan Smialowski / AFP

 

Sem pensar

Conhecida frase esconde muito mais do que um crime: “Sou dona do meu corpo”. O mote criado e repetido por mulheres assassinas esconde um submundo de tráfico de órgãos fetais que movimenta bilhões de dólares. Isso, ninguém fala. Veja no link: Imagens chocantes denunciam tráfico de órgãos de bebês humanos nos EUA.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Uma solução parcial para o problema das invasões em Brasília seria a instituição, novamente, de acampamentos nas obras, hoje proibidos pela Novacap. (Publicado em 20/01/1962)

Afoiteza despropositada

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Preço mí­nimo para a privatização da CEB Distribuidora foi fixado em R$ 1,424 bilhão. Foto: correiobraziliense.com

 

Não há dúvidas de que, passada a pandemia, ou pelo menos quando a situação de isolamento compulsório arrefecer um pouco mais, o que restará da economia de uma cidade como Brasília, por certo, não será muito diferente daquela encontrada em outras partes do país.

A diferença fundamental e que acabará por beneficiar, em parte, a capital é que, no Distrito Federal, boa parte de sua economia depende da renda oriunda dos salários pagos ao funcionalismo público. Por enquanto, o que se sabe é que nesses seis meses de paralisação da economia, esses salários não sofreram alteração. Com isso, fica estabelecida uma situação de aparente conforto, caso se compare os efeitos econômicos da pandemia entre o DF e outras unidades da federação, mormente aquelas situadas nas regiões norte e nordeste.

Ainda assim, para aquele grande contingente situado fora da bolha confortável do funcionalismo, a realidade é outra e pode ser conferida, apenas, dando o giro pela cidade, onde o número de estabelecimento comerciais de diversos ramos de atividade estão fechados ou adentraram simplesmente para o imenso rol de empresas em regime jurídico de falência. Diante de um quadro dessa natureza, apontando para um recuo de longo prazo na atividade econômica local, a intervenção direta e bem estruturada do Governo do Distrito Federal (GDF), mais do que nunca, faz-se necessária e urgente. Não apenas para alavancar, por meio de crédito fácil e de incentivos fiscais, as atividades econômicas atingidas pela crise, mas, sobretudo, para criar programas de frentes de emprego e outras medidas para acudir a capital, evitando que Brasília ingresse, também, no beco sem saída dessa adversidade sem precedente.

Nesse sentido, urge que o GDF tome distância, ao menos momentaneamente, de todo e qualquer programa de privatização, conforme vem anunciando com grande insistência e alarde. Em tempos de crise profunda, como a que experimentamos nesse momento, as intenções do governo em privatizar a CEB Distribuidora, a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (CAESB) e o próprio Metrô/DF soam, além de oportunistas e extemporâneas, totalmente contrárias ao bom senso e aos interesses imediatos da coletividade, submetida às agruras de um período de incertezas que não tem dia certo para terminar.

Muito mais do que os apelos políticos, sindicais e partidários, o momento requer a interrupção imediata da venda dessas companhias, pelo menos até que se vislumbre uma luz no final do túnel ou até que se tenha concorrência no mercado. Trata-se aqui de empresas erguidas através da participação de todos os brasilienses em momentos de bonança, e não faz sentido entregá-las, agora, à exploração de uma iniciativa privada que, todos sabemos, visa unicamente a obtenção de altos lucros, o que acarretará, necessariamente, num aumento nas tarifas impostas por essas empresas.

Ao contrário do que muitos próceres e técnicos do governo acreditam ser uma grande estratégia política, a privatização dessas importantes empresas estatais, nesse momento de depressão econômica, significará um tiro no pé do GDF, que terá que amargar com as consequências dessa afoiteza despropositada.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se todo mundo é obrigado a votar, os políticos eleitos deveriam também ser obrigados a cumprir as promessas que fazem antes das eleições.”

Isabela Machado Cavalcante, adolescente, pensando numa redação para o Jovem Senador

Charge: Ivan Cabral

 

Cultura

Uma modalidade de cinema que estava adormecida nos velhos tempos: o cine drive-in. Com a pandemia, até shows são assistidos de dentro do carro. Em Planaltina, começa o Festival Brasília Drive-In: Todos os cantos da nossa cidade. Dias 17 e 18, a partir das 19h. A promoção é do GDF e a entrada é franca. Veja mais detalhes, a seguir, do que vai acontecer em Planaltina.

FESTIVAL BRASILIA DRIVE-IN

todos os cantos da nossa cidade 

drive in.jpeg

A Batucada dos Raparigueiros, do maior bloco carnavalesco do Centro – Oeste, convida a comunidade de Planaltina de todo DF a participar do Festival Brasília Drive-In: Todos os cantos da nossa cidade.

O Instituto de Apoio Desenvolvimento e Utilidades Comunitárias e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), com apoio do Instituto Cultural e Social do DF (InCs-DF), realizam o projeto. Para o presidente do Bloco dos Raparigueiros Zantana Gregorio “é um momento muito importante participar desse grande projeto com a nossa Banda, tendo em vista que seja muito improvável a não realização do carnaval 2021, um momento muito especial da nossa Banda apresentar  os grandes momentos de alegria do nosso carnaval com muito samba, pagode e axé e levando a nossa folia para Planaltina em tempo de pandemia. A programação contará ainda com presença das bandas Cuscuz com leite, Pileke Swingão e Grupo os Criolos.

O projeto acontecerá nos dias 17 e 18  de Outubro (sábado e domingo ) , com inicio a partir das 19h no estacionamento do múltiplas funções de Planaltina-DF.

A entrada é franca e limitada por ordem de chegada.

Serviço:

Festival Brasília Drive-In: Todos os cantos da nossa cidade.

Data: 17 / 10  ( sábado)  a partir das 19h

Local: Estacionamento do múltiplas funções de Planaltina-DF 

Atrações: Batucada dos Raparigueiros e Cuscuz com Leite

Censura: livre e entrada franca

Informações da Batucada dos Raparigueiros

98135-7020 ( Zanata)   

99997-4205  (Jean)

99908-0004 ( Weliton)

 

Insensata

Carol Solberg não perdeu o patrocínio do Banco do Brasil. Mas se tivesse mesmo todo esse pavor do presidente Bolsonaro, deveria abrir mão da verba do governo. Isso é coerência. A revolta registrada é do Ramirez, campeão brasileiro de Muay Thai. Veja a seguir.

 

Vai entender

Parece piada tomar as medidas sanitárias e protocolo de proteção contra Covid na Avenida Sapucaí. Ou é a negação total do vírus, ou é a irresponsabilidade governamental total. Mais um caso de incoerência e, dessa vez, confunde a população.

Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio

 

Na mesma

“Uma solução parcial para o problema das invasões em Brasília seria a instituição, novamente, de acampamentos nas obras, hoje proibidos pela Novacap. A outra seria a destruição, pura e simplesmente. O regime de premiar os invasores com um lote, dar caminhão para transportar o barraco ajudar de custo, afora ser dispendioso demais, é aviltante, porque premia os que apossam do que não lhes pertence”. Por incrível que possa parecer, esse texto do Ari Cunha foi publicado em janeiro de 1962

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Todos os recordes foram batidos pela equipe liderada pelo ministro Sampaio Costa, que atingiu a 9.356 julgamentos e publicou 8.217 acórdãos. (Publicado em 18/01/1962)

Privatização e bom senso

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: diariodopoder.com

 

Mesmo que os estudos sobre modelagens e as regras para a cobrança de tarifas fiquem prontos e formatados, como prevê estudo encomendado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o consenso sobre as privatizações da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), da Companhia Energética de Brasília (CEB) e da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), entre a população, técnicos e políticos locais, ainda está muito imaturo, para dizer o mínimo.

Na realidade, o que há, de fato, são dúvidas sobre detalhes até básicos sobre esse negócio. Não se conhece que tipo de venda que será realizada. Enquanto uns dizem que será apenas uma abertura de capital, de forma a capitalizar essas empresas, outros acreditam que haverá sim uma venda de ativos dessas empresas. Para outros, o que ocorrerá será apenas uma privatização pura e simples, com a entrega dessas empresas à iniciativa privada.

É preciso entender que a ponta final, que recebe e paga por esses serviços, é formada pela totalidade da população do Distrito Federal. Para muitos que defendem a continuação do modelo estatal para essas empresas estratégicas, os serviços prestados, sobretudo pela CEB e Caesb, se enquadram dentro dos direitos básicos da própria população, conforme estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esses serviços básicos e essenciais necessitam de uma supervisão profunda e diuturna do próprio Estado.

Com exceção do Metrô-DF, que pode muito bem ser gerido pela iniciativa privada, como acontece em muitas partes do planeta, o abastecimento de água, tratamento de esgoto e fornecimento de luz elétrica, por sua classificação como serviços públicos essenciais e cuja a universalização na prestação são metas seguidas indefinidamente por todo o qualquer governo, não podem, de uma hora para outra, se transformar em mercadorias negociadas ao sabor dos humores do mercado e com objetivos finais de lucro.

Quando o fornecimento de água tratada, de esgoto tratado e de luz forem colocadas no balcão de negócios, sujeitos à voracidade das leis da oferta e procura, submetidas ainda aos processos escusos de carteis e outras contrafações desses mercados particulares e especulativos, não restará à população alternativa para sobreviver, já que se trata da aquisição de um bem vital.

Sabe-se de antemão que serão as famílias mais necessitadas aquelas que mais sofrerão com o modelo de privatização da CEB/Caesb. O que é preciso de imediato é colocar o Código de Defesa do Consumidor à frente desse processo, para averiguar que tipo de relação está sendo criada com a venda de bens e serviços, caracterizados pela Constituição como serviços de infraestrutura essenciais e necessários à própria dignidade do cidadão.

É sabido que o corte no fornecimento desses serviços afeta inclusive a estrutura psicológica da população. Não é por outro motivo que nas guerras o primeiro alvo do inimigo é justamente destruir as fontes de abastecimento de água e luz, de forma a tornar a população mais propensa à rendição. Essa é uma questão ainda muito longe do consenso, principalmente por aquelas pessoas de bom senso.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Mas, infelizmente, a cultura que se instalou no DF foi de um consumo interno das empresas pelas suas forças. Temos servidores que ganham muito, que se aposentam e continuam trabalhando nelas; então, temos aquelas que se consomem internamente.”

Governador Ibaneis

Foto: jornaldebrasilia.com.br

 

Saudades

Dizia o filósofo de Mondubim que a rua tem olhos. Para exemplificar, nesse final de semana alguém entrou no Ki Filé e disse: “Ganhei isso do Ari Cunha. Ele me deu quando voltou do Japão.”

30/09/2013 Crédito: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.

 

UnB

Foi-se o tempo em que o restaurante universitário cobrava uma pechincha pelo almoço. Está mais caro que os restaurantes populares. Os estudantes estão reclamando bastante.

Foto: ru.unb
ru.unb

 

Por quê?

É bom que as universidades do país comecem um trabalho sério sobre a eficiência das urnas eletrônicas. Com visitas de representantes de vários países em Brasília, estranho o mundo inteiro não a ter adotado. Diz o escritor Denis Waitley: “Temos duas escolhas nesta vida: uma é aceitar as coisas como são; a outra é assumir a responsabilidade de mudá-las.”

Charge: Bessinha

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Líder nacional tem que se imiscuir nos assuntos, participar diretamente em todos eles, enfrentar as correntes contrárias, a impopularidade, em alguns casos, mas respeitar a confiança que o povo lhe empresta. (Publicado em 03/12/1961)