Santos do pau oco

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Cícero

         Uma das consequências da chamada herança cultural política é que, em países em que esse nefasto fenômeno ocorre, não é raro o surgimento de lideranças partidárias que extrapolam o próprio círculo político em que atuaram a passam a representar não mais um indivíduo, mas uma verdadeira entidade, criando, em torno de si, um movimento de cunho personalista. Esse evento, tão comum em nosso continente, resulta, na grande maioria das vezes, no aparecimento, quase que místico, de personalidades caudilhescas, populistas e demagogas, todas elas imantadas de uma oportunista áurea de salvadores da pátria. Trata-se aqui de um fato que, na maioria das vezes, tem trazido prejuízos imensos para a própria democracia e para o Estado Democrático de Direito, quando se verificam que autocratas passam a se impor e a se colocar acima das leis, principalmente aquelas que possam, de alguma forma, tolher seus anseios.

         Para um país com tantos santos ungidos, alguns de pés de barro, outros verdadeiros santinhos do pau oco, não chega a ser surpresa que a população carente e com pouca escolaridade passe a santificar alguns desses mandachuvas políticos, endeusando-lhes como autênticos padroeiros dos despossuídos. Por décadas e até séculos, essa divinização de políticos astutos beneficiou justamente uma casta de personalidades que, hoje, com toda certeza, ardem em fogo alto no inferno.

         Primeiramente, foi na imprensa escrita, no tempo em que havia impressa escrita e livre, que esses falsários foram sendo desconstruídos um a um. Depois, vieram o rádio e a televisão, que passaram, a seu modo, a mostrar o que havia por detrás das cortinas dos palácios. Hoje, com o advento das mídias sociais, foi erguido o que parece ser um vasto movimento do tipo iconoclasta, que arremete contra o chão essas falsas imagens santas, estilhaçando-as uma a uma. Finalmente, o altar onde repousavam os santos políticos e ocos, foi varrido pelos ventos, uma modernidade que já não toleram ou aceitam coisas como a apostasia ou a idolatria, dentro do que já pregava Jeremias 17:5: “Maldito homem que confia no homem”.

         De fato, as mídias sociais lançaram por terra uma legião de falsos profetas, embora alguns ainda insistam em permanecer instalados num altar onde já não há lugar para embusteiros. Hoje, em pleno século XXI, ainda há aqueles que teimam em acender velas para o Lulismo ou para o Bolsonarismo, acreditando que esses personagens possuem o condão de salvar o país das trevas. Nada mais falso, inútil e tardio. Mas, antes de tudo, é preciso destacar aqui as diferenças existentes entre esses dois santinhos, que, de uma maneira ou de outra, serviram para elevá-los ao altar de divindades populistas.

         Lula, essa alma autodeclarada mais honesta do país, que já se comparou ao próprio Cristo, fez o que pôde para ser entronizado no altar dos santos caudilhos. Bolsonaro não se empenhou para tanto e foi elevado a essa condição pela inércia da herança cultural e política que insiste em permanecer entre nós. Um foi desmascarado pelos escândalos de corrupção, exaustivamente mostrados pelas mídias sociais. Outro foi exposto e perseguido sem trégua por uma mídia parcial, por se apresentar tal como era, por isso foi levado também ao altar dos caudilhos, mesmo contra a vontade.

          Um foi elevado pelo sistema. Outro foi degredado pelo mesmo sistema. Nenhum dos dois são santos ou irão salvar a pátria. Ambos serão lembrados pela história. Cada um por suas ações e não por seus milagres.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O poder é uma coisa terrível. O poder é inebriante. O poder é enganoso.”

João Pinheiro Neto, em documentário sobre Jango, na TV Senado,

Imagem: Reprodução da Internet

 

Legislação

Um passo importante haver uma legislação que preveja obrigações de empresas que causem desastres ambientais. O Rio Doce, um rio que morreu no Brasil e pouco foi feito, é bom lembrar. Mas o projeto ainda não aponta com decisão a quem cabe o pagamento de indenizações. Se for um derramamento de óleo no mar, a punição também não está bem definida.

Foto: Lucas Landau/Reuters/Arquivo

 

Contribuinte

Ação importante, criada há anos pelo GDF, é o corredor BRT. Facilitou a vida de milhões de cidadãos que fazem uso do transporte coletivo. O criador do sistema BRT foi o urbanista Jaime Lerner, que, em 1970, implementou a experiência dos corredores exclusivos em Curitiba.

Foto: Alvaro Gonzalez

 

Lástima

Mas logo a Universidade de Brasília, que sempre apoiou o Partido dos Trabalhadores, teve que reagir à decisão do ministro Gilmar Mendes que cortou 26,05% de benefícios já adquiridos, por direito, nos salários do corpo técnico profissional da universidade.

Foto: Reprodução/TV Globo

História de Brasília

Ao mesmo tempo, algumas informações aqui contidas são também para o presidente da República, como o falso emprêgo de 400 candangos para reinicio das obras. (Publicada em 21.03.1962)

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