Santos do pau oco

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Cícero

         Uma das consequências da chamada herança cultural política é que, em países em que esse nefasto fenômeno ocorre, não é raro o surgimento de lideranças partidárias que extrapolam o próprio círculo político em que atuaram a passam a representar não mais um indivíduo, mas uma verdadeira entidade, criando, em torno de si, um movimento de cunho personalista. Esse evento, tão comum em nosso continente, resulta, na grande maioria das vezes, no aparecimento, quase que místico, de personalidades caudilhescas, populistas e demagogas, todas elas imantadas de uma oportunista áurea de salvadores da pátria. Trata-se aqui de um fato que, na maioria das vezes, tem trazido prejuízos imensos para a própria democracia e para o Estado Democrático de Direito, quando se verificam que autocratas passam a se impor e a se colocar acima das leis, principalmente aquelas que possam, de alguma forma, tolher seus anseios.

         Para um país com tantos santos ungidos, alguns de pés de barro, outros verdadeiros santinhos do pau oco, não chega a ser surpresa que a população carente e com pouca escolaridade passe a santificar alguns desses mandachuvas políticos, endeusando-lhes como autênticos padroeiros dos despossuídos. Por décadas e até séculos, essa divinização de políticos astutos beneficiou justamente uma casta de personalidades que, hoje, com toda certeza, ardem em fogo alto no inferno.

         Primeiramente, foi na imprensa escrita, no tempo em que havia impressa escrita e livre, que esses falsários foram sendo desconstruídos um a um. Depois, vieram o rádio e a televisão, que passaram, a seu modo, a mostrar o que havia por detrás das cortinas dos palácios. Hoje, com o advento das mídias sociais, foi erguido o que parece ser um vasto movimento do tipo iconoclasta, que arremete contra o chão essas falsas imagens santas, estilhaçando-as uma a uma. Finalmente, o altar onde repousavam os santos políticos e ocos, foi varrido pelos ventos, uma modernidade que já não toleram ou aceitam coisas como a apostasia ou a idolatria, dentro do que já pregava Jeremias 17:5: “Maldito homem que confia no homem”.

         De fato, as mídias sociais lançaram por terra uma legião de falsos profetas, embora alguns ainda insistam em permanecer instalados num altar onde já não há lugar para embusteiros. Hoje, em pleno século XXI, ainda há aqueles que teimam em acender velas para o Lulismo ou para o Bolsonarismo, acreditando que esses personagens possuem o condão de salvar o país das trevas. Nada mais falso, inútil e tardio. Mas, antes de tudo, é preciso destacar aqui as diferenças existentes entre esses dois santinhos, que, de uma maneira ou de outra, serviram para elevá-los ao altar de divindades populistas.

         Lula, essa alma autodeclarada mais honesta do país, que já se comparou ao próprio Cristo, fez o que pôde para ser entronizado no altar dos santos caudilhos. Bolsonaro não se empenhou para tanto e foi elevado a essa condição pela inércia da herança cultural e política que insiste em permanecer entre nós. Um foi desmascarado pelos escândalos de corrupção, exaustivamente mostrados pelas mídias sociais. Outro foi exposto e perseguido sem trégua por uma mídia parcial, por se apresentar tal como era, por isso foi levado também ao altar dos caudilhos, mesmo contra a vontade.

          Um foi elevado pelo sistema. Outro foi degredado pelo mesmo sistema. Nenhum dos dois são santos ou irão salvar a pátria. Ambos serão lembrados pela história. Cada um por suas ações e não por seus milagres.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O poder é uma coisa terrível. O poder é inebriante. O poder é enganoso.”

João Pinheiro Neto, em documentário sobre Jango, na TV Senado,

Imagem: Reprodução da Internet

 

Legislação

Um passo importante haver uma legislação que preveja obrigações de empresas que causem desastres ambientais. O Rio Doce, um rio que morreu no Brasil e pouco foi feito, é bom lembrar. Mas o projeto ainda não aponta com decisão a quem cabe o pagamento de indenizações. Se for um derramamento de óleo no mar, a punição também não está bem definida.

Foto: Lucas Landau/Reuters/Arquivo

 

Contribuinte

Ação importante, criada há anos pelo GDF, é o corredor BRT. Facilitou a vida de milhões de cidadãos que fazem uso do transporte coletivo. O criador do sistema BRT foi o urbanista Jaime Lerner, que, em 1970, implementou a experiência dos corredores exclusivos em Curitiba.

Foto: Alvaro Gonzalez

 

Lástima

Mas logo a Universidade de Brasília, que sempre apoiou o Partido dos Trabalhadores, teve que reagir à decisão do ministro Gilmar Mendes que cortou 26,05% de benefícios já adquiridos, por direito, nos salários do corpo técnico profissional da universidade.

Foto: Reprodução/TV Globo

História de Brasília

Ao mesmo tempo, algumas informações aqui contidas são também para o presidente da República, como o falso emprêgo de 400 candangos para reinicio das obras. (Publicada em 21.03.1962)

O mágico e o ciclista

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Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

 

         Ninguém, em sã consciência, nem mesmo os mais otimistas dos economistas do país, aposta um níquel furado nessa tal de âncora fiscal, desenhada às pressas, em garatujas ilegíveis, dentro dos muros do Palácio do Planalto. O princípio do teto de gastos, que poderia resolver um dos maiores, mais intricados e antigos problemas na área econômica do país, que é a excessiva diferença entre o que o governo arrecada e o que utiliza nas despesas para levar a cabo seus projetos e programas, mais uma vez, parece ir pelo ralo.

         A questão nesse caso atual é simples e não exige muito esforço de reflexão. A população pode acompanhar que não houve menção, nem o esboço de um único traço sequer de algo semelhante a um programa ou plano para os próximos quatro anos de gestão. Veio numa situação tão surreal que nem o próprio candidato tinha certeza da vitória. Apanhado de surpresa, também não se deu ao trabalho de elaborar um programa de governo, na certeza de que poderia desengavetar planos passados, na sua grande maioria, projetos populistas e sem lastro na realidade, todos eles feitos e executados com vista apenas às próximas eleições e na perpetuação no poder.

         O preço do improviso, é claro, veio na forma de mais gastos e consequente aumento de impostos, camuflados ou não, onerando quem produz e desonerando quem se mantém na sombra do governo, em apoio a suas teses. O que esperar de um presidente que, em viagem à China, levará, a tiracolo, um time de empresários que figuraram como réus nos escândalos da Operação Lava Jato? Não foi esse mesmo presidente que, ao reconhecer, erroneamente e sem reflexão, a China como economia de mercado, escancarando as portas do Brasil aos produtos desse país, acelerou o processo de sucateamento de nossas indústrias em vários setores?

         Diz o ditado que de onde nada se espera é que não pode vir nada mesmo. Não por outra razão, ao adentrar em seu terceiro mandato, o governo cuidou logo, mesmo antes de sentar na cadeira do Executivo, de arrombar o teto de gastos em mais de R$ 200 bilhões, num sinal premonitório e ruim do que virá pela frente. O passivo nas contas públicas já reforça a ideia de que o que começa de forma errada sempre acaba de forma errada.

         Não haverá a tão esperada rigidez nos gastos do governo, pois o montante de recursos que ele demonstra estar propenso a dispender é maior do que quaisquer regras venham a limitar. O populismo é um bolso furado que entende não valer a pena pagar as dívidas e sim gastar o que vê pela frente.

         Culpar governos passados, de forma duvidosa, acusando-os de terem promovido um grande desequilíbrio fiscal, já não cola nos ouvidos de ninguém. Pelo contrário, uma vista rápida nos números da economia nos governos Temer e Bolsonaro mostra a preocupação que ambos tiveram em desmontar o déficit público herdado dos governos petistas. Quem ainda espera alguma fórmula milagrosa vinda dessa proposta de âncora fiscal deste governo verá que, de fato, a montanha pariu um rato.

         Querer convencer a opinião pública de que populismo e economia podem andar juntos não esconde o fato de que esse processo só se torna viável por meio de pedaladas fiscais. Todos já conhecemos o conjunto de medidas econômicas que visam iludir o público, tal como fazem os mágicos, que tiram coelhos e pombos de cartolas.

 

A frase que foi pronunciada:

“(…) quando as leis deixaram de ser executadas, pois isso só pode vir da corrupção da república, o estado já está perdido.”

Montesquieu, O Espírito das Leis

Barão de Montesquieu. Reprodução da Internet

 

Arte

Sucesso da exposição Ecletismo nas Artes Visuais, com a curadoria e produção cultural de Malu Perlingeiro e coprodução de Lia Paz. Veja, a seguir, as fotos que a homenageada Leda Watson nos mandou com a Gláucie Lima.

 

Gota d’água

Aos poucos, a figura das mães vai sendo perdida nos absurdos do futuro e agora. Homens que menstruam, amamentam e jogam em times femininos.  Chegando o Dia das Mães, somos quase proibidas de pronunciar “leite materno”. Atualmente, o correto, para a minoria, é dizer “leite humano”.

Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF

 

Evasão Escolar*

Vejam no link BUSCA ATIVA ESCOLAR, a íntegra do guia “Papel das organizações da sociedade civil no enfrentamento da exclusão escolar”, desenvolvido pelo UNICEF, Undime e Itaú Social. É importante que as Comissões de Educação do Senado e da Câmara conheçam o teor de quem apoia a atuação das organizações sociais e do poder público para a superação dos índices de abandono e evasão escolar, aprofundados durante a pandemia da Covid-19.

 

História de Brasília

O único bloco da Esplanada dos Ministérios que tem dependência transformada em residência, é o Bloco 9. (Publicada em 17.03.1962)

Uma classe centrada

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Foto: virtunews.com

 

         Não se deve fechar os olhos aos fatos, porque, mesmo nessa cegueira voluntária, corre-se o risco de tropeçarmos neles, indo de cara contra o chão. A existência no Brasil de uma chamada Classe Média numerosa, que perfaz hoje metade da população do país ou algo em torno de 100 milhões de indivíduos, é um fato concreto, goste você ou não da ideia. A classe média, por sua posição intermediária na pirâmide social, é a prova viva de que é possível viver apartada de governos, sejam eles de direita ou esquerda. Vive, ou na pior das hipóteses, sobrevive longe dos programas populistas e ideologicamente assistencialistas dos governos de plantão. Em outras palavras, caminha com os próprios pés. Talvez, por essa e outras razões, seja tão duramente criticada e atacada de todos os lados, principalmente pelos que enxergam, nessa parcela da população, uma classe desvinculada e pouco afeita aos cânticos de sereia de políticos.

         Emparedada de um lado entre as classes D e E e de outro contra as classes A e B, a classe média experimenta o que seria o caminho do meio, pregado pelos budistas. Possui, ao mesmo tempo, as expertises emprestadas das classes D e E, quando o assunto é livrar-se das armadilhas do governo, ao mesmo tempo em que vai aprendendo as artes de aplicar recursos, como fazem os ricos, correndo de um lado para outro para salvar seus rendimentos, de modo que possa levar uma vida com certa dignidade e de olho no futuro.

         Há os que odeiam particularmente a classe média justamente porque foi ela que, de certa forma, impediu ou frustrou as previsões contidas no Manifesto Comunista de Karl Marx, de que o capitalismo, por suas contradições, iria abrir caminho para a tomada do poder pela classe operária, implantando assim o comunismo. Não previa Marx que, no meio desse caminho, ergueria-se a enorme muralha formada pela classe média. O ódio à classe média, por essa corrente, não tem impedido sua multiplicação em todo o mundo. Exemplo disso pode ser visto, lido e ouvido por filósofos que pregam, ser a classe média brasileira, a representante do atraso de vida, da estupidez e ainda reacionária, conservadora, petulante, arrogante, terrorista, uma abominação política, uma abominação ética, violenta, e uma abominação cognitiva por ser ignorante, entre outros adjetivos, dignos de uma acalorada discussão de boteco.

         Foi justamente, no momento dessa declaração, que, além do papelão e da sabujice, estava a seguir à risca o que previu o semioticista Umberto Eco (1932-2016), em seu tratado “Relativismo” de 2005. Nesse trabalho, o filósofo denunciou que as redes sociais e a mídia iriam pôr um fim na cordialidade e acentuar a polarização entre os indivíduos, minando o compartilhamento de ideias e que toda essa animalidade, que hoje nos envergonha, iria se estender também para a política. É o que presenciamos hoje nos debates, não apenas entre os políticos, mas englobando a todos, inclusive pessoas a quem, por sua formação acadêmica, esperávamos um mínimo de civilidade e educação.

         Dizia Eco que essa mudança ou regresso ao primitivo não seria tanto culpa da grosseria da mídia e se daria, muito mais, pelo fato de que as pessoas hoje só falam pensando em como a mídia irá noticiar o que foi dito. “Temos a impressão nos dias de hoje de que certos debates acontecem a golpes de facão, sem fineza, usando termos delicados como fosse pedras”, previu o escritor do best seller “O Nome da Rosa”.

         Os vaticínios de Humberto Eco se confirmaram para além do previsto. Atualmente, a cordialidade nos debates, seja de que tema for, foi deletada ou, no dizer moderno, “cancelada” das redes sociais. Dessa forma, o que assistimos agora são embates enfurecidos que nascem onde quer que haja diferença. O ódio fez sua morada nas redes sociais. Há, nesse contexto, uma certa tara das pessoas em criar desavenças e inimigos. Com isso, a sociedade vai deixando de lado o compartilhamento de ideias, substituindo essa virtude por uma animalidade que está cada vez mais na flor da pele.

         As redes sociais são hoje um oceano cheio de tubarões, prontos para atacar, censurar e ofender. Na política, toda essa ferocidade ganhou ainda mais adrenalina. Já não se tem oponente ou concorrente, mas inimigo fidagal, que deve ser destruído ou, ao menos, desconstruído em sua totalidade.

         Para Eco, seria como se andássemos para trás no tempo, em termos humanos, levando conosco um tablet de última geração. Quem se deu ao enfado de assistir aos últimos debates para a presidência do país, pela televisão, pôde verificar que os projetos de governo sumiram. Quando surgiam ideias aproveitáveis e raras, eram logo substituídas por ofensas e acusações, como num ringue.

         Quem ofende mais leva a melhor, segundo as redes. Os perdedores estão entre aqueles que não querem polêmicas e se restringem a apresentar propostas. Debater num ambiente assim é inútil. Ninguém ouve o que é dito. Perdemos a capacidade de escutar. Até os ouvidos falam. A língua comanda o cérebro. As redes sociais viralizam com essas batalhas. A cortesia ficou fora de moda, atingindo, de alto a baixo, todas as classes.

         A contribuir para esse mundo de intrigas e de extremismos, as redes sociais agem para estimular, por meio das fakenews e das meias verdades, os embates e a violência. Não seria estranho se algum dia alguém venha a classificar as redes sociais, sobretudo no mundo político, como o renascimento da mítica Torre de Babel. No afã de perfurar o céu, essa torre magnífica, uma espécie moderna das Torres Gêmeas de Nova Iorque, veio abaixo, marcando com sangue a entrada do século XXI, porque os homens parecem já não falar ou compreender a língua humana.

         Dizer que a classe média é hoje o último bastião ou muralha contra o avanço da ditadura das esquerdas políticas, não da ditadura do proletariado, como queria Marx, é uma realidade e um fato, contra o qual não adianta fechar os olhos.

A frase que foi pronunciada:

“Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.”

Umberto Eco

Umberto Eco. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)

Programas sociais

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Charge publicada no horabrasilia.com

 

          Transformado pela astúcia política de programa de transferência de renda para o combate à pobreza e à desigualdade, em mecanismos claramente eleitoreiros e personalistas, tanto o Bolsa Família, criado em 2003, como o atual Auxílio Brasil, tornado permanente neste ano, carecem de estratégias finais que tornem esses projetos uma porta de saída da pobreza e um meio capaz de permitir a plena emancipação do cidadão e de sua família em relação à classe política. Pelo contrário, tanto um programa como o outro representam, ainda, uma amarra e um verdadeiro cabresto, imposto à parcela mais pobre da população, confinando-a dentro de uma espécie de curral eleitoral moderno.

         Em um país em que a pobreza sempre foi explorada da forma mais vil e interesseira, todo e qualquer projeto social e econômico, que poderia, em tese, servir para a redenção e para o crescimento nos Índices de Desenvolvimento Humano, acabam apropriados, de modo astuto, por prefeitos, governadores, além do próprio presidente da República, dentro de uma estratégia traçada pelos especialistas de marketing de soerguimento político e de perpetuação no poder.

         Mesmo que transformados em programas do Estado, ainda assim, esses projetos respondem muito mais aos interesses da classe política do que ao público-alvo. A mudança de paradigma nos programas sociais e que teve, na figura da ex-primeira dama Ruth Cardoso, sua principal artífice, foi capaz de transformar, num curto período de tempo, o que era assistencialismo e populismo em verdadeiro experimento rumo à cidadania plena. Também pudera, D. Ruth não tinha ambições políticas ou eleitorais, sendo o seu programa intitulado Comunidade Solidária, um plano genuinamente bem elaborado, por uma equipe altamente gabaritada, formada por técnicos e estudiosos dos problemas inerentes à desigualdade, muitos deles professores oriundos da faculdade de sociologia da Universidade de São Paulo. “Combater a pobreza não é transformar pessoas e comunidades em beneficiários passivos de programas sociais. Toda pessoa tem habilidades e dons. Toda comunidade tem recursos e ativos. Combater a pobreza é fortalecer capacidades e potencializar recursos,” defendia Ruth Cardoso.

         Havia, naqueles anos, um real interesse no problema da exclusão social e um total desinteresse político ou partidário na implementação desse programa. Daí o seu êxito. Não surpreende que o Comunidade Solidária tenha rendido tantos frutos de qualidade, como o Bolsa Escola, o Cartão do Cidadão e outros, todos eles voltados para os aspectos da cidadania plena e longe dos antigos programas clientelistas, doados pelos políticos com uma mão e arrancados pela outra.

A frase que foi pronunciada:

“Acredito que o melhor programa social seja um emprego.”

Ronald Reagan

Ronald Reagan. Retrato Oficial

 

Empreendedorismo

Antonio Filho, que começou os negócios do zero nessa cidade, precisa verificar a unidade do Lago Norte. O princípio do empresário é que cada empregado haja como se fosse o dono do empreendimento. Leitor reclama de ter encomendado a entrega de leite em pó para a filhinha às 17h e, às 20h, nada havia sido entregue ainda. Quando alguém foi ao local buscar o leite, ninguém sabia da encomenda. Uma lástima!

Reprodução do Google Maps

 

Lé com Lé

Depois do caso da UnB, onde uma jovem foi fotografada dentro do box do banheiro por um estranho, seria bom que os deputados distritais discutissem a permissão de banheiros comuns para homens e mulheres.

Foto: reprodução

 

Ideia genial

A Agência Câmara noticiou que, com a relatoria do deputado federal Chistino Aureo, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou um projeto que prevê o destino de área para hortas comunitárias em programas habitacionais financiados pela União. Há uma emenda no projeto determinando que um agrônomo ateste a viabilidade da reserva. Na Asa Norte, foi uma luta do Dib Franciss para que o síndico admitisse uma horta comunitária.

 

Segredo

Pré-estreia do filme Amigo Secreto, de Maria Augusta Ramos, na próxima quarta-feira, no Cine Brasília.

 

Em julho

Uma novidade no evento Capital Moto Week, que acontecerá no mês que vem, na Granja do Torto. Os organizadores vão trabalhar em conjunto com a ONG Neutralize Carbono em busca do selo Lixo Zero, encaminhando corretamente os resíduos para o destino certo.

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com o Carnaval, muita gente está saindo de Brasília. Passeio à custa dos ministérios, que estão dando passagens pagas pelo gôverno a torto e a direito. Se o dr. Hermes Lima quiser saber, mande fazer um levantamento das contas correntes dos ministérios junto às empresas de aviação. (Publicada em 01.03.1962)

Vícios e virtudes

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Charge do Iotti

 

Na política, virtudes e vícios sempre andaram lado a lado. Principalmente quando direita e esquerda se afastam do bom senso e da realidade e passam a pregar ações extremas e radicais. Sabe-se que é justamente na fronteira entre opostos que todos parecem ter o mesmo caráter.

Falar em virtudes políticas soa como um absurdo. É do caráter da política, principalmente aquela realizada hoje em dia entre nós, o abandono dos princípios virtuosos da ética. Talvez por conta de nossa própria formação histórica, e pela gana com que desde sempre os representantes da população se arvoraram sobre a coisa pública, nunca houve espaço adequado para a prática das virtudes inerentes à dignidade humana.

Todos aqueles políticos que ousaram desempenhar um papel centrado nas virtudes éticas acabaram alijados, inclusive, das relações e acordos políticos. É possível afirmar, portanto, que é próprio de nosso jeitinho inzoneiro de fazer política, desprezar viés e outras parecenças firmados no bom senso e na ética.

Pela própria natureza, a política é, pois, aética. Ou seja, não se conforma e não se confunde com valores humanos positivos que, por sua essência, são tidos como um gesto de fraqueza ou de rendição. Esse monopólio dos sem virtudes cabe quase que exclusivamente à classe política e é uma de suas principais características, sendo inclusive tomada como um valor que, de alguma forma, qualifica o líder político.

Obviamente que a população, principalmente aquela formada por brasileiros com alguma formação moral e intelectual, esses vícios não são compreendidos como sequer são aceitos como normais e saudáveis. Daí o divórcio flagrante entre essa parte da sociedade e seus representantes, apesar do direito consagrado do voto.

Para o restante dos eleitores, essas nuances éticas não fazem sentido e são mais calcadas em realizações do tipo imediatistas e utilitaristas. Para o grosso da população, interessa mais o representante político que leva o asfalto ou a água encanada para dentro das casas do que aquele político que fala em coisas abstratas como respeito à coisa pública e ética nos gastos. Sobre esse ponto de vista, não há como argumentar de forma razoável.

Trata-se de uma discussão que, por seus aspectos filosóficos, interessa apenas a uma minoria, não fazendo sentido do ponto de vista da grande maioria dos brasileiros que lutam para sobreviver no dia a dia. Prova disso, é o ciclo perpétuo que conduz a mesma e degenerada classe política ao poder há décadas.

De certa forma essa é a democracia que atingimos como uma espécie da arte do possível, já que essa é justamente a característica mais marcante de nossa classe política. O problema é quando esse vácuo de valores humanos passa a se estender e contaminar os demais cidadãos, contaminando as relações entre as pessoas, entre os amigos, os parentes e demais indivíduos. Quando isso acontece, e é o que parece estar de fato ocorrendo, representados e representantes passam a formar uma mesma massa amorfa de farinha bolorenta do mesmo saco.

 

 

 

Frase que foi pronunciada:

“Quando as necessidades prementes estão satisfeitas, o homem se volta para o universal e o mais elevado.”

Aristóteles, filósofo grego, séc. IV a.C.

FOTO: CREATIVE COMMONS

 

 

Inovação

Equipe do Sr. Cláudio Vilar Furtado, do INPI, acelera o atendimento a processos de pedidos de patentes, além disso, parcerias para estimular a inovação no país. De acordo com o governo brasileiro, até 16 de dezembro de 2019, o INPI enviou 23 pedidos internacionais, sendo 75% de marcas de serviços, e recebeu 1.167 pedidos, sendo 62% de marcas de produtos.

Foto: jornalggn.com

 

 

Modernização

Dentro do novo pensamento jurídico, o uso de videoconferência é uma boa saída para solucionar lides trabalhistas. Foi o que aconteceu no TRT do Rio de Janeiro. Uma trabalhadora não pode comparecer à audiência porque mudou-se para o exterior. Nova data marcada, a audiência foi realizada à longa distância.

Foto: divulgação

 

 

Demografia

Nos anos 60 a cada 100 pessoas com emprego havia 90 crianças dependentes. Hoje a dependência dos idosos é maior, já que a média de 6 filhos naquela época baixou para 2 hoje em dia.

Autor — Foto: Marcelo Camargo/ABr (valor.globo.com)

 

 

DNA

Por US$400, é possível comprar, em farmácias nos Estados Unidos, um kit de testes genéticos que apontam para diagnósticos e prevenção de doenças diversas. O problema é que ninguém sabe ler os resultados, precisando de um profissional que o decifre.

 

 

Celíacos

Por falar nisso, há também um laboratório de bolso para os celíacos. Por US$200, o NIMA é capaz de detectar o glúten em pequena amostra do alimento. Veja como funciona em Nima: o “laboratório de bolso” que indica a presença de glúten em alimentos.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Superintendência de Agricultura abriu concorrência para o plantio de grama em Brasília, e venceu uma firma que ofereceu preço baixíssimo. (Publicado em 15/12/1961)

O adeus à serpente populista

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Charge do André Dahmer

Populismo, conforme definido por alguns dicionários, é uma prática e um fenômeno político fincado numa ideologia rasa e que visa, de forma pragmática, obter a simpatia e principalmente o apoio das populações da base da pirâmide social por meio de ações paternalistas e assistencialistas. Trata-se de uma tática política antiga e ainda muito empregada, principalmente nos países mais pobres, onde as carências da população são usadas de forma a alçar ao poder oportunistas e carismáticos de todo o tipo que se utilizam da miséria humana, como oportunidade de obter votos e apoios em eleições.

Os populistas, rezam os ditados, amam tanto os pobres, que os multiplicam em grande número. Uma vez instalados no poder, os populistas, tanto de esquerda, como de direita, viram as costas a população de baixa renda e só reaparecem novamente com a proximidade de novas eleições. Em comum, os populistas recorrem sempre às mesmas práticas alarmistas, apontando o dedo para o perigo iminente representado quer pelas elites, quer pelos imigrantes ou qualquer outro elemento que lhes sirvam de pretexto para se colocar ao lado da população.

Nesse sentido, tanto o “nós contra eles”, utilizado recorrentemente por Lula em seus discursos, como o pretenso perigo representado pelos judeus para o povo alemão, alegado por Hitler, se inserem no mesmo rol de estratagemas do populista para impor seus pontos de vista e alcançar o poder.

No Brasil, um país rico em exemplos de políticos populistas que lograram chegar ao poder com discursos divisionistas e ilusórios, também elegeram seus inimigos de ocasião para angariar votos. Enquanto os populistas de direita pregam contra negros, nordestinos e gays, seus sósias de esquerda clamam contra as elites e contra a ameaça representada pelo capitalismo e pelo imperialismo americano. Em comum, esses populistas necessitam da miséria para plantar as sementes de suas ideias e, com isso, colher o que de fato pretendem: a divisão da população, a criação de núcleos antagônicos, a perpetuação da pobreza, a criação de grupos de apoio, dispostos a tudo.

Para tanto, recorrem a todos os meios para lograr êxito. No Brasil chegou-se ao absurdo de se estabelecer uma mensalidade, desviada dos cofres públicos, para comprar a consciência dos parlamentares que votavam a favor das propostas do governo. O discurso populista, por seu magnetismo encantatório, move não apenas os iletrados e miseráveis rumo a um horizonte inatingível e ilusório, como boa parte da classe intelectual local, que passa a tecer, sobre esse novo demiurgo, teses e tratados rebuscados, justificando sua existência, imprecando contra todos os que não se renderam a essa novilíngua.

Impreterivelmente, seja aqui ou em outra parte, ou em outros tempos, os populistas deixam, atrás de si, um rastro de miséria, maior do que o encontrado, uma população dividida, a economia arrasada e muitos, muitos anos de atraso. As inúmeras lições deixadas no passado pelo poder destruidor do populismo começaram com a expulsão de um paraíso distante por conta de uma serpente, quem sabe a primeira populista da história humana.

 

A frase que não foi pronunciada:

“A forma de governo, o excesso de corrupção e a falta de incentivo ao trabalho, à pesquisa e à ciência afastou grandes pesquisadores e pensadores brasileiros. Queremos um país onde, os nossos cidadãos, que hoje são apoiados por outros governos, queiram voltar, trabalhar, criar, pesquisar e viver bem, com o nosso suporte e incentivo.”

Jair Bolsonaro, pensando com os seus botões.

 

Simples assim

A SECOM da Presidência lançou a nova logomarca do Governo Federal. A população teve acesso sem ter que pagar por isso. No lugar de milhões tirados dos cofres públicos para este fim, o novo governo preferiu mostrar a novidade com custo zero: pela Internet.

 

Abuso

Mais respeito aos mais velhos. Aposentados e pensionistas estão sendo constantemente incomodados em casa, pelo telefone, com propagandas de crédito consignado. Há alguém no meio do caminho que fornece os dados para bancos e financeiras. A regra é que aguardem pelo menos 6 meses para entrar em contato. Isso é um abuso. O idoso que tiver interesse é que deve buscar as instituições.

Charge do Gilmar + Val Gomes

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os convidados de honra não aparecerão, e, por isto, vão chamar o movimento de comunista. Mas não é.

(Publicado em 08.11.1961)