O camelo e a agulha

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Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

 

                       Em matéria publicada no Podcast do nosso Correio Braziliense jornal no dia 03/07/2024, sob o título: “PPCUB – Um grande risco à qualidade de vida”, a arquiteta e urbanista Vera Ramos, integrante do Instituto Histórico e Geográfico do DF, alertou para o grande risco de Brasília vir a perder o prestigioso título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em 1987.

                       Não é pouca coisa, já que se trata da maior área tombada do mundo, com 112,5 km², talvez, por isso mesmo, tenha sido tornada alvo constante de todo o tipo de especulação imobiliária, por parte de políticos e empreiteiros locais ao longo de toda a sua existência. Dessa vez, e de forma até impetuosa, Brasília volta a sofrer mais uma tentativa de ser desfigurada por conta do controverso e malicioso Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), aprovado agora pela Câmara Distrital.

                        De acordo com Vera Ramos, muitas são as cláusulas desse Plano que colocam em risco não só a manutenção do título concedido pela Unesco, mas, sobretudo, diminuem e agridem sensivelmente a qualidade de vida dos brasilienses. De início, a urbanista lembra que o partido da cidade, ou seja, a característica fundamental (personalidade) de Brasília é que ela é uma cidade parque, sendo concebida muito em função das extensas áreas verdes que a cercam. O próprio Lúcio Costa deixou isso patente quando deixou claro em seu projeto a predominância das áreas verdes sobre as áreas construídas. Dessa forma não se pode entender ou aceitar Brasília sem suas áreas verdes.

                       Esse é, justamente, o ponto que deixa aqueles que nada entendem de urbanismo ou dos aspectos que levaram à concepção da capital sempre animados e prontos para, a todo o instante, propor medidas para alienar essas áreas. “O urbanismo de Brasília, ensina ela, traduz uma referência ética, que significa a predominância do interesse coletivo sobre o privado”.

                       Na avaliação de Vera Ramos, o PPCUB está propondo exatamente o contrário nas diversas cláusulas aprovadas, beneficiando o interesse privado. “Essa aula de ética que o urbanismo de Brasília dá para todos nós, e para as autoridades, deveria fazer parte, inclusive, de informações para o melhor entendimento desse Plano”, enfatizou a arquiteta, ao ressaltar que os bens inscritos na Unesco, como é o caso da capital, devem possuir um plano de preservação com regras claras, tudo o que o PPCUB não parece possuir.

                       Outro ponto que também chamou a atenção da urbanista é que, no caso do PPCUB, não houve a participação ativa da sociedade civil o que, de certa forma, torna evidente que a comunidade brasiliense desconhece o que trata o PPCUB. Outra questão destacada por Vera Ramos é quanto ao adensamento populacional trazido pelo plano ao instituir a criação de diversos novos lotes em áreas públicas. Acontece que esses lotes estão justamente situados em áreas não edificantes, ou seja são áreas previstas para ficar vazias, sem construções. É outro conceito trazido por Lúcio Costa de intercalar o cheio e o vazio, dando sentido e harmonia a ambos.

                       Outro ponto que para não caber na cabeça dos leigos e interesseiros de prontidão. As áreas não edificantes, assinala Vera Ramos, não são áreas ociosas pois integram a escala bucólica, prevista por LC. A arquiteta lembrou ainda que, em qualquer intervenção válida e séria, a abordagem deve ser feita a partir da escala, uma vez que esse é um dos elementos fundamentais do tombamento. Não se pode, pois, misturar setores de uma escala com outra.

                       Com isso, dá para entender que aqueles que redigiram o PPCUB não conheciam nem mesmo as mais básicas regras do tombamento e mesmo de urbanismo. Além disso, o PPCUB, segundo analisa, peca por falta de transparência em vários dispositivos. A questão da volumetria, que também é uma das exigências contidas no tombamento, foi abordada com maestria. Nesse sentido, o aumento de gabarito em alguns edifícios também vão contra o estabelecido no tombamento e ferem de morte o projeto de Lúcio Costa. Na opinião de Vera Ramos, o principal em toda essa celeuma e o que importa para a sociedade é discutir, de forma honesta, os reais instrumentos de preservação e valorização do patrimônio que é de todos os brasileiros, pois como ela própria ressalta: “a população é a guardiã do patrimônio.” Com essas possibilidades de Brasília vir a perder, ao mesmo tempo, o título de patrimônio cultural da humanidade e a qualidade de vida de seus habitantes é que obriga o PPCUB ser colocado a apreciação da população local por meio de um amplo e claro referendum, que apresente ponto por ponto essa proposta. A aposta dessa coluna, que sempre tomou frente em defesa de Brasília, é que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a população aceitar esse plano maroto e cheio de más intenções.

A frase que foi pronunciada:

“Sim. A questão é polêmica, complexa e, por vezes, difícil de ser assimilada pela população.”

Leonardo Ávila, presidente do Codese sobre os alertas em relação ao tombamento

Leonardo Ávila. Foto: Codesi / Divulgação
Leonardo Ávila. Foto: Codesi / Divulgação

 

História de Brasília

A Rádio Educadora de Brasília bem que podia dar a hora certa. Seria uma ajuda aos ouvintes, que não são poucos. (Publicada em 10.04.1962)

Só o cérebro controla a inflação

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Posse do Lula, em 1º de janeiro de 2003. Foto: Senado Federal.

 

          Quem não aprende a seguir o caminho correto, a partir da observação e dos efeitos negativos dos próprios erros, está condenado a seguir errando e sentindo, na pele, os efeitos de suas escolhas.

          Infelizmente, o Brasil se enquadra nesse caso. Décadas após décadas, com idas e vindas de governos diversos, nosso país segue cometendo os mesmos erros do passado na área econômica. Com isso, continua amargando as consequências de suas opções, com as sucessivas crises geradas por escolhas mal feitas e por planos econômicos mal desenhados.

         O único plano econômico digno desse nome, posto em prática em nosso país, foi o Plano Real, elaborado pela então equipe econômica durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). Antes desse plano, feito sob medida e em três fases distintas e bem elaboradas, o Brasil só conhecia os chamados choques na economia, com ações feitas de maneira abrupta e em cima do laço, visando domar, à força, a altíssima e persistente inflação.

         Passadas três décadas desse Plano, a avaliação mais próxima da realidade que pode ser feita é que, de lá para cá, o país desandou. Hoje, o que parece é que voltamos aos anos anteriores daquele plano redentor, sem crescimento econômico, com inflação em alta e com as contas públicas em estado terminal.

         O que é preciso ressaltar, como causa primária desse descaminho que nos conduziu onde agora estamos, é que foram as escolhas políticas que empurraram para esse novo beco sem saída. Como bem lembrou um dos principais idealizadores do Plano Real, o economista Edmar Bacha, a fase posterior ao plano e que daria suporte longevo àquelas medidas não foI concluída. A razão é que, terminado o governo FHC, seu sucessor tratou de pôr um freio em todo o plano, virando completamente a mesa e empreendendo o que Bacha chama de “desreformas”.

          Foram quinze anos seguidos de “desreformas”, culminando com as chamadas pedaladas fiscais, que visavam maquiar e esconder os rombos nas contas públicas. Deu no que deu. Assim, temos que a ação política tendenciosa cuidou de arruinar economicamente o país. O mote para a destruição da economia foi a guerra declarada à economia liberal, erroneamente cunhada de neoliberalismo. Tudo o que soava como livre comércio foi posto abaixo, por puro voluntarismo. Todo e qualquer país que logrou se libertar da fase de subdesenvolvimento tratou de fazê-lo em etapas e de modo contínuo e persistente, visando cumprir planos pré-elaborados em detalhes, pois havia sempre presente a perfeita noção de que a saída para o desenvolvimento pleno requer um longo período de planejamento e manutenção.

         Nós, ao contrário do restante do planeta, queremos reinventar a roda, mudando, a cada novo mandato, o que foi feito no governo anterior. Obviamente que esse faz e desfaz sem fim não leva a lugar algum e ainda vai empurrar o país ladeira abaixo. O pior é quando não assume sequer ter um plano econômico e, ainda assim, passa a desprezar elementos básicos como receita e despesa.

         O que, talvez, as novas gerações não saibam é que, para tirar o Brasil do buraco, antes do Plano Real, foi preciso a formação de uma verdadeira junta médica, no caso, aqui, formada pelos mais brilhantes economistas do país, todos convencidos da necessidade de salvar o país do iminente naufrágio econômico.

         Nesse caso, tratavam-se de de economistas com notório saber nessa ciência. Todos eles sabiam que os oito anos de mandato de FHC seriam pouco tempo para que o Plano Real adquirisse vida própria, tornando o crescimento econômico do país um fenômeno natural e de vida longa. Infelizmente, por razões ainda pouco esclarecidas, o sucessor de FHC não foi José Serra, que seria o nome ideal para dar prosseguimento ao Plano Real. Ao invés disso, veio um governo do contra tudo e todos. Novamente, a política, naquilo que tem de mais distante da realidade, cuidou de desmanchar o plano e, com ele, o futuro do pais.

 

A frase que foi pronunciada:

Por que é que uma discussão pública sobre política económica mostra tantas vezes a ignorância abismal dos participantes?

Robert Solow, Prêmio Nobel

Robert Solow. Foto: ubs.com

 

Quem não?

Qualquer internauta está sujeito a crimes cibernéticos. Mesmo com aparência de segurança do site, centenas de comentários favoráveis, endereço, marcas, tudo pode ser falso. Só a forma de receber o pagamento é garantida. A Polícia Civil do DF já realizou várias investigações com final bem sucedido contra esses esquemas fraudulentos.

Imagem: fastcompanybrasil

 

História de Brasília

Custa crer que o almirante Lucio Meira esteja trabalhando contra Brasília, mas seja como fôr, êle saberá o que está acontecendo, e tomará providências. (Publicada em 10.04.1962)

Quando a carne alimenta os sonhos

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Charge do Zappa

          Helena Blavatsky (1831-1891), fundadora da Sociedade Teosófica, costumava dizer, com muita propriedade, que “não existe religião mais elevada do que a verdade”. Ela queria dizer que a busca pela verdade transcende todo e qualquer dogma, inclusive aqueles que não possuem relação direta com questões de fé, como é o caso da política.

         Numa paráfrase livre, poderíamos também afirmar que não existe ideologia política alguma ou mesmo partido político que seja mais importante do que a verdade, posta à disposição do cidadão. Mas, aqui, incorre-se também em um perigo conhecido: as massas, aqui simbolizadas pelos eleitores, deixam-se guiar mais facilmente por fantasias. A realidade as assusta. Não por outra, são os demagogos aqueles que mais conseguem hipnotizar as massas. Quanto mais as promessas políticas de campanha são embaladas em papel lustroso, mais e mais o público se deixa envolver. Afinal, as massas enxergam, nesse tipo de fala, aquela que os levará ao mundo da fantasia, onde tudo será pleno de felicidade.

         Daí por diante, amargam o frio metálico da realidade, tão logo as eleições acabem e a vida volte ao que sempre foi: uma rotina interminável e enfadonha. A verdade na política funciona assim como um anátema, com seu pregador expurgado para fora de todas as opções de escolha. Quem quiser se candidatar e ter algum êxito nesse meio deve, primeiro, afastar de si quaisquer resquícios de verdade. Sangue, suor e lágrimas é tudo o que ninguém quer ver como promessa.

         Para aqueles que formam filas diante dos containers para abocanhar um osso, a promessa é de que, logo logo, estarão se baqueteando com uma suculenta carne, acompanhada de uma cervejinha bem gelada e uma gordurinha passada na farinha. Ciente da preferência dos subnutridos pelos ossos descartados, a realidade, faz com que a maior indústria de carne do país resolva embalar, à vácuo, os ossos, que seriam descartados, e coloca-los no mercado a preços inalcançáveis. Mas, ainda assim, fica na memória a imagem da peça ardendo na brasa e isso é tudo o que vale, afinal, alimenta ao menos os sonhos.

         A verdade, nesses tempos bizarros é produto fora da prateleira. Em política então, chega a ser uma maldição. Freud (1856-1939), que conhecia bem os meandros obscuros de um caráter mal formado perdidos na mente humana, dizia, sobre as massas, o seguinte: “A massa é extraordinariamente influenciável e crédula, é acrítica, o improvável não existe para ela. Pensa em imagens que evocam umas às outras associativamente, como no indivíduo em estado de livre devaneio, e que não têm sua coincidência com a realidade medida por uma instância razoável. Os sentimentos da massa são sempre muito simples e muito exaltados. Ela não conhece dúvida nem incerteza. Ela vai prontamente a extremos; a suspeita exteriorizada se transforma de imediato em certeza indiscutível, um germe de antipatia se torna um ódio selvagem. Quem quiser influir sobre ela, não necessita medir logicamente os argumentos; deve pintar com imagens mais fortes, exagerar e sempre repetir a mesma fala. Como a massa não tem dúvidas quanto ao que é verdadeiro ou falso, e tem consciência da sua enorme força, ela é, ao mesmo tempo, intolerante e crente na autoridade. Ela respeita a força, e deixa-se influenciar apenas moderadamente pela bondade, que para ela é uma espécie de fraqueza. O que exige de seus heróis é fortaleza, até mesmo violência. Quer ser dominada e oprimida, quer temer os seus senhores. No fundo, inteiramente conservadora, tem profunda aversão a todos os progressos e inovações, e ilimitada reverência pela tradição.”

         A questão aqui é como fazer com que cada eleitor possa olhar para as próprias profundezas e aprenda, desse modo, a se conhecer, libertando-se da escuridão em que se encontra e, com isso, aprenda a se ver liberto daqueles que, no mundo exterior, aprisionam-no. Primeiro, aprendendo que a felicidade que ele parece enxergar em promessas de campanha não está fora de si, mas dentro, sendo, portanto, um problema individual e até intransferível.

         Ainda como característica comum às massas, temos a questão da intolerância. As massas são sempre extremadas. Daí que, para o político formado em espertezas e em maquinações, fica fácil promover a polarização e instigar os extremos com a propagação de conceitos antípodas como o amor contra o ódio e coisa do gênero.

         Fernando Henrique Cardoso, que escreveu um livro com o título: “A arte da Política”, dizia que “a política não é a arte do possível, É a arte de tornar o possível necessário”. O problema é quando a arte da política se transforma num faz de conta mambembe e o país num grande circo de ilusões.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Pode ser que nos guie uma ilusão; a consciência, porém, é que não nos guia.”

Fernando Pessoa

Foto: poesiaspoemaseversos.com.br

 

História de Brasília

Para que se diga mais, a Siderurgica Nacional não está agindo com maior correção no que diz respeito ao Distrito Federal. A Hidroelétrica do Paranoá não será inaugurada também, porque a entrega de chapas foi feita com muito atraso. (Publicada em 10.04.1962)

A nova realpolitik imposta pela direita

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Arte: Caio Gomez

 

         Com a quase certa eleição do conservador Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, e, agora, com o avanço esmagador da direita nas eleições para o Parlamento Europeu, tudo isso sem contar com a vitória do também direitista Javier Milei, na Argentina, o governo brasileiro terá obrigatoriamente que reorientar suas ações, caso queira manter uma relação política mais saudável com o restante do continente, com os Estados Unidos e com a Europa.

         As mudanças no matiz ideológico em muitos países já levam os analistas políticos a admitirem que o mundo vive uma onda global rumo à direita, sendo que esse verdadeiro maremoto está apenas em sua fase inicial. Isso significa que essas mudanças trarão, entre outras coisas, um novo modelo de relação entre os países.

         Talvez, a mais significativa alteração aconteça nas relações econômicas, com o retorno do pragmatismo do Laissez-Faire ou do Liberalismo, com todas as suas vertentes. De imediato, a renovação do Parlamento Europeu poderá, em médio prazo, provocar impactos significativos nos mercados internacionais, embora que, nesse momento, as relações com a América Latina e o Brasil não serão afetadas ainda. Mais uma coisa é certa: os resultados da eleição na Europa afetarão, sem dúvida alguma, o modo como o Mercado Comum Europeu interage com o continente latino-americano. Em síntese, o que se espera é que essa nova configuração política do Parlamento Europeu, juntamente com as eleições americanas vindouras, traga bons frutos para nosso país.

          A saída para o atual governo, caso não queira se isolar ainda mais do mundo democrático, é a busca guarida junto ao velho Centrão, deixando de lado os arroubos ideológicos. O que se descortina no mundo Ocidental nesses tempos é o retorno triunfal da velha e conhecida realpolitik, ou seja a diplomacia política alicerçada em considerações de cunho prático, ou seja no verdadeiro interesse nacional. A verdade é que no plano internacional a mudança que vem ocorrendo a cada eleição para o Parlamento Europeu, trará mudanças sobretudo nas relações do velho continente com a emergente China. É nesse polo que estarão, talvez, as mais importantes mudanças de rumo. Com a economia chinesa montada sobre os trilhos da ideologia do Partido Comunista Chinês, com suas já sabidas pretensões de abocanhar o mundo através da chamada Rota da Seda, as relações da Europa com o Oriente devem ser repensadas. Para os que estão hoje confortavelmente instalados no poder, todo e qualquer movimento feito pela direita é logo taxado de extremista. Assim é que a chegada dessa força política ao Parlamento Europeu foi logo atribuída à extrema direita.

          O que está em jogo, com essa reviravolta que, diga-se de passagem, vem da vontade popular livre e soberana é o começo do fim das esquerdas no poder em boa parte do mundo civilizado. O que resta agora dessa ideologia no controle de alguns países se resume a governos nitidamente ditatoriais, opressores e sem rumos claros para a concretização de metas simples como o Índice de Desenvolvimento Humano. Todos os países controlados hoje por forças de esquerda mantêm suas populações na pobreza, pois servem-se dessa condição para perpetuarem-se no poder. Uma coisa é o que a realidade imposta pela vontade popular quer de fato. Outra coisa é o que se apressam em analisar aqueles que já estão com saudades dessas mudanças e com medo do que ela trará.

         Com a possível eleição de Trump e guinada à direita do braço legislativo do principal bloco econômico do planeta, os embates entre China e Ocidente podem ser ainda mais acirrados, o que, de forma indireta pode favorecer também ao agronegócio brasileiro, também principal protagonista dos superávits do país. O que se sabe até agora é que os superávits surpreendentes nas finanças da Argentina, algo até pouco tempo inconcebível, é obra da direita no poder e isso é motivo de ciumeira por parte do atual governo de nosso país, principalmente quando se sabe que a economia do Brasil está rumando para o abismo fiscal com uma dívida interna podendo facilmente ultrapassar a casa dos R$ 7 trilhões de reais.

         Com a guinada da direita em muitos países, vai ficando cada vez mais difícil ao governo brasileiro seguir com a manobra de isolar a direita em nosso país. As previsões, caso as eleições transcorram na paz e na ética, são que o próximo Legislativo nacional seja majoritariamente conservador. Em nosso caso, é preciso observar ainda que a construção de pontes entre o Executivo e o Legislativo vai ficando cada vem mais difícil, obrigando o Palácio do Planalto a ter que recorrer ao Judiciário onde parece contar com uma insólita maioria a seu favor.

A frase que foi pronunciada:

“A escuridão é covarde. Acenda uma pequena luz e ela fugirá apavorada.”

Provérbio Judaico

Imperdível

Amanhã, sexta-feira, às 19h30, a Academia de Letras e Música do Brasil realizará, no auditório do Departamento de Música da UnB, o recital semestral com entrada aberta e franqueada ao público. Dib Francis, membro da academia e agitador cultural irá tocar piano com a mestra dos tempos de UnB, Elza Gushiken. Norma Parrot, ao violoncelo, completa o trio. Outra presença importante é a de Alexandre Romariz. Um engenheiro que toca piano para se divertir. Do trio, Debussy interpretará a obra acompanhado por Ariadne e Marcelo Salles.

Cartaz publicado no perfil oficial da Almub no Instagram

 

História de Brasília

Custa crer que o almirante Lucio Meira esteja trabalhando contra Brasília, mas se fôr mesmo o caso será o contrário. Êle saberá o que está acontecendo, e tomará providências. (Publicada em 10.04.1962)

Salvem os sãos

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Foto: Uniplash

 

Para uma questão que afeta diretamente e de forma cruel a população brasileira, a Proposta de Emenda à Constituição que trata da descriminalização do porte de maconha, deveria ser submetida, prioritariamente, à sociedade, primeiro, por meio de um plebiscito, convocado pelo Congresso, para, posteriormente, depois de aprovado o texto final, ser ratificado em referendo pelo povo.

Somente por meio dessas duas consultas à população é que a lei deveria ser publicada. Mas, ainda não é tudo. Há, de fato, ainda, um longo caminho a ser trilhado até que essa questão fique pacificada entre os brasileiros. De todo o modo, mesmo percorrido todo esse longo processo, pelo o que já está especificado no relatório do deputado Ricardo Salles (PL-SP), pode-se antever, à priori, que não serão sanções, por mais duras que possam ser criadas, que irão amenizar o consumo de drogas em nosso país.

De saída, esse é um tema que lida com um dos mais antigos e difíceis problemas da humanidade, que é o vício. Seja pelo uso de que substância for. Desde a pré-história da humanidade, há registros de uso de substâncias do tipo embriagantes e alucinógenas. Também já está mais do que provado que punições como prisão e outras não possuem o condão de resolver o problema de forma eficaz. Primeiro, é preciso que se aceite que os custos de qualquer política antidrogas não devem recair sobre os cidadãos que não estão envolvidos com esse problema e que já possuem inúmeros encargos.

Uma das soluções, propostas por quem entende do problema e sabe do tamanho desse desafio, parece ser, logo de saída, cercar o tema por todos os lados, de forma a proteger aqueles que não se incluem nesses maus hábitos e que formam hoje a maioria da população.

Em outras palavras isso significaria confinar o problema, juntamente com aqueles que insistem em permanecer nesse ciclo perverso, livrando o restante da sociedade desse mal. Uma das muitas maneiras seria pelo estabelecimento de exames médicos, do tipo antidoping periódicos, para todo o funcionalismo público, sem exceções ou privilégios. Com isso, os usuários seriam afastados e impedidos de prestar serviços ao Estado. Nenhuma punição é mais severa do que a perda de parte da cidadania. Impedidos de votar, de lecionar, de dirigir e de prestar uma série de serviços à sociedade, os reprovados nos exames antidoping se veriam presos e impossibilitados de exercerem uma gama de trabalho, tudo isso estando livre de processos.

A classificação dos viciados em cidadão de segunda classe, impossibilitados por lei de exercerem serviços relevantes, traria resultados mais severos e eficazes do que as sanções tradicionais da justiça e que custam tempo e recursos ao pagador de impostos.

Há uma infinidade de restrições e todas elas baseadas no exame antidoping, que obrigariam os consumidores viciados a repensar seus hábitos. Nesse rol, incluiria a impossibilidade de matrícula em escola pública, abertura de conta bancária, passaporte, nada consta e toda a papelada exigida hoje pela kafkiana burocracia brasileira. O cerco fechado do Estado aos usuários e afins aprisionaria o problema, livrando a parte sã da sociedade das consequências desse mal. Qualquer outra sanção, que não aquela que resgata de fato a cidadania como conquista, é em vão.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O caráter não pode ser desenvolvido com facilidade e tranquilidade. Somente através da experiência de provações e sofrimento a alma pode ser fortalecida, a ambição inspirada e o sucesso alcançado.”

Helen Keller

A norte-americana Helen Keller (Foto: Divulgação)

 

História de Brasília

Devia estar pronto a 21 de abril, um dos grandes monumentos da cidade. A Tôrre de Televisão. Mas a Siderúrgica Nacional atrasou a entrega, não mandou até hoje ninguém assinar o contrato. E basta que se diga que a NOVACAP já pagou a maior parte do serviço que não foi entregue. (Publicada em 10.04.1962)  

Visão econômica

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(Foto: Ricardo Stuckert)

 

Depois de a Câmara dos Deputados ter aprovado, no último dia 25, o Projeto de Lei prevendo a taxação dos fundos de alta renda, tanto no Brasil como em Offshore, a discussão sobre a cobrança de impostos dos super ricos, como deseja o atual governo, ganhou corpo ou materialidade. Isso, no entanto, não isenta essa proposta de toda uma áurea de projeto recheado de intenções do tipo puramente ideológico, mais voltado para a satisfação de desejos das bancadas mais radicais da esquerda. Toda e qualquer situação de pobreza tem, em sua raiz, a existência de uma classe de ricos, sendo a pobreza um produto inverso e perverso da riqueza. Nada mais falso e, ao mesmo tempo, fantasioso.

Embora seja um tópico relevante para desmistificar, de vez, propostas dessa natureza, o fato é que intenções como essa têm sido discutidas em muitas partes do mundo. Países que, simplesmente, optaram por implementá-la, como é caso da França e outros, logo se deram conta de que estavam literalmente dando um tiro no próprio pé. Tão logo essa medida foi estabelecida na prática, os milionários franceses, assim como outros, trataram logo de transferir suas riquezas e rendimentos para outros cantos do mundo, salvando seus patrimônios da sanha ideológica e insana de governos com esse pensamento. O resultado foi a retirada em massa de grandes capitais do país, tornando a economia e as finanças locais ainda mais frágeis e sujeitas às crises. Até o primeiro dia de abril ,os investidores estrangeiros já haviam retirado mais de R$ 22 bilhões da nossa Bolsa de Valores, afirmou Vitor Miziara.

Tão logo os efeitos negativos foram sentidos, a ideia de taxação dos super ricos foi abandonada para sempre, como ideia tola. Países em que o fenômeno da pobreza é acentuado, 99,9% das vezes, decorrem de políticas de Estado mal elaboradas, corrupção sistêmica ou concentração de renda em torno da cúpula do governo e seus apaniguados. Os super ricos entram nessa história como uma espécie de bode expiatório.

No mês passado, o ministro das Finanças da Alemanha, ou seja, do país mais rico da Europa, Christian Lindner, simplesmente rejeitou a proposta feita pelo Brasil de taxar os super ricos. Segundo ele, seu país possui um conjunto de tributação e regras fiscais que se adaptam, muito bem, à Alemanha e respondem as necessidades da população. Como os países sérios têm rejeitado essa medida e outras semelhantes, a estratégia do Brasil, que nesse momento preside o G20, é levar a tributação dos super ricos para uma discussão global, incluindo, nessa ideia, a taxação também de grandes empresas. Querer introduzir, nos complexos e exatos mecanismos da economia, ideias do tipo ideológicas, sem base empírica ou minimamente coerente, nunca funcionou na prática e não há possibilidades de que venha a funcionar algum dia. Pior ainda é a utilização de fóruns internacionais para apresentar propostas econômicas sem lastro na razão e que não resistiriam ao menor e mais primário dos questionamentos matemáticos.

A inclusão do Papa nesta questão, como feito agora pelo ministro da Fazenda do Brasil, não passa, para os observadores mais atentos, de uma pantomima própria daqueles que não possuem propostas assentadas no bom senso ou sequer um projeto para tirar a economia do Brasil do buraco, cavado pelo atual governo. Nem Jesus nessa causa!

De fato, não escondem que essa proposta tem como objetivo reduzir o déficit nas finanças públicas. O caminho sensato para a redução do déficit seria o corte nas despesas e maior rigidez nos gastos. Possibilidade impossível para quem ainda não conseguiu descer do palanque. Há um déficit gigante de sensatez que o leva a atrelar a economia aos princípios puramente ideológicos. Para um país que já possui uma das maiores cargas tributárias do planeta, que obriga os brasileiros a trabalharem até maio apenas para acertar as contas com o fisco e que tem afugentado todo e qualquer investimento internacional, tributar os ganhos dos super ricos, sobretudo aqueles em que bastam um clicar de botão para ser deslocado para outro país, é tão promissor como promessas em anos eleitorais.

Ninguém, em sã consciência, deixará seu dinheiro parado num país cujas regras fiscais variam como as nuvens no céu. Ainda mais sabendo que tem tubarão de olho grande nele. Faria mais sentido tributar todas e quaisquer fortunas cuja origem é nebulosa e cercada de um laranjal a perder de vista. Mais sentido aos olhos dos contribuintes que bancam a festa seria tributar aqueles que, da noite para dia, viram suas fortunas aumentarem graças à generosidade da viúva e graças, sobretudo, à leniência da justiça e à miopia dos tribunais de contas.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“No Brasil tem muita cachaça e pouca oração.”

Papa Francisco

Foto: Paul Haring/CNS.

 

História de Brasília

No Eixo Rodoviário, em frente ao Hospital Distrital, depois de tanto trabalho, as barraquinhas ambulantes estão localizando sobre a grama, o que não é justo.

A democracia, o Legislativo, o Judiciário, o Executivo e o povo.

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Imagem: Arte migalhas

 

Com relação à regulação das redes sociais, assunto que não sai de pauta, é preciso notar: uma coisa é o que a população esclarecida deseja, outra, e totalmente diferente, é o que querem o governo, as altas cortes e grande parte da bancada de esquerda, além, é claro, daqueles que se dizem incomodados ou com mentiras sinceras ou verdades incômodas.

Deixasse ao alvitre da livre e soberana vontade popular, essa questão já teria sido declarada natimorta ainda dentro do ovo. A propósito, a menção aos ovíparos vem bem a calhar nesse caso, já que o que se quer gerar nesse verdadeiro ovo da serpente, não é outra coisa que não um novíssimo insidioso e peçonhento réptil, capaz de inocular o veneno da censura, acabando de vez com a liberdade de expressão, contrariando o que manda a Constituição.

Nessa querela que não interessa ao cidadão, é sabido que algumas autoridades têm defendido, a todo o instante, a regulação das redes sociais. Aqui nesse ponto, o eufemismo regulação pode ser entendido claramente como censura. Dizer outra coisa é escamotear a verdade. Nesse ponto de celeuma, também vai se realizando a profecia que dizia que, com a popularização das redes socias, associada à Internet, essa tecnologia traria consigo o “perigo” da informação em massa e em tempo real.

Para os governos, principalmente para os negacionistas, em que a verdade e os fatos geram contratempos, expondo os bastidores do poder e tudo o que se passa por detrás das cortinas, isso é inadmissível. A solução para esse impasse está na confecção de um novo modelo de verdade, nomeado aqui como “pós-verdade”. Até parece que a opinião pública irá reagir ou aceitar essa regulação como sendo algo que irá trazer de volta o que importa para todos, que, no caso, é a paz, a fraternidade e a crença de que será para o bem de todos.

Nesse ponto, a verdade cai para segundo plano, desaparecendo em seguida e dando lugar ao mundo da fantasia. Querer a verdade inofensiva aos mandatários é a receita certa para o totalitarismo. O mesmo vale para esses discursos que pregam a responsabilização das empresas que oferecem conteúdos ao público. Foi-se o tempo em que governos cuidavam do que importava, que,no caso, era a educação, a segurança, a saúde, bem como do saneamento básico e do fornecimento de energia.

A livre circulação de informação traz as ações que são realizadas; boas e ruins. Há ainda, nesse banzé, os advogados e representantes das bigtechs como Google e Meta, que também respondem por aplicativos muito usados como YouTube, Instagram, Z, Facebook e WhatsApp, que contestam esse tipo de iniciativa, sob o argumento de que a regulação não garantirá uma Internet mais segura no Brasil. Para eles, um ambiente digital mais saudável e honesto pode ser alcançado apenas com o aprimoramento dos princípios da autorregulação que já existe e está sendo melhorado a cada dia.

Um caso específico aqui é o do Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, e que poderia servir para dar um fim à essa discussão sem propósito. Obviamente que, com relação a esse Marco, existe toda uma má vontade em aceita-lo como ponto final dessa questão. Avaliam, na Praça dos Três Poderes, a passo de tartaruga, se trechos dessa lei estão de acordo com a Constituição, especialmente o Artigo 19, que trata da remoção de conteúdo mediante ordem judicial.

Além disso, projetos de lei que, há anos, tramitam no Congresso, visando regular as redes sociais e, pretensamente, “proteger a democracia no ambiente digital” não saem do lugar, por questões óbvias. É preciso deixar claro aqui que toda essa discussão passou a ganhar mais fôlego justamente depois dos acontecimentos de 8 de janeiro último, data em que o governo, juntamente com as altas cortes, passaram a considerar aquela estranhíssima manifestação como um possível golpe de Estado.

Para aqueles que pregam a regulação das redes como inevitável e fundamental, é preciso, antes que haja a realização de um amplo e cristalino plebiscito, precedido de consultas públicas aprofundadas para que a população diga o que quer: se a liberdade constitucional ou um novo modelo proposto por gente que nem ousa sair às ruas.

Retirar da população o direito de criticar o governo e quaisquer dos Poderes da República e seus membros é um retrocesso, que jamais poderia ser imaginado nem mesmo durante os vinte anos de vigência do governo militar. Regular redes significa amordaçar o povo, impedindo-o de se manifestar livremente. Para esse fim encontraram aqui o bode expiatório na forma das bigtechs. Exemplos vindos de países vizinhos como Venezuela, Cuba, Nicarágua e outros, ensinam que este é o caminho que leva ao abismo.

                                             

A frase que foi pronunciada:  

“Um psicopata pode dizer o que você está pensando, mas o que ele não faz é sentir o que você sente. São pessoas sem consciência.”

Robert D. Lebre

 

Sadismo

É possível, com equipamento ultrassônico, mostrar o desenvolvimento fetal em vídeos tridimensionais com imagem tão nítida que até a expressão facial do bebê é capturada. Qualquer providência legislativa ou judiciária sobre interrupção da gravidez deveria obrigatoriamente ser acompanhada por vídeo com a imagem do feto ou mesmo embrião, na mesma idade gestacional proposta, para ilustrar exatamente o que acontece no útero se a decisão judiciária ou legislativa for aprovada. Isso no caso dos humanos, porque a tortura para os animais irracionais já está proibida.

 

História de Brasília

A ponte aérea não está funcionando direito. As informações sobre aviões são as mais diversas. O passageiro não sabe ao certo em que equipamento voará, e a questão de horário não está sendo seguida a contento, porque vários vôos são cancelados. (Publicada em 10.04.1962)

Levados pelo vento

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Charge do Cazo

 

          É sabido que as grandes empresas nacionais e também aquelas sediadas no país são obrigadas, pelas circunstâncias burocráticas relativas, ao pagamento de uma série de impostos, taxas, contribuições e outros infinitos encargos, a criarem um departamento exclusivo apenas para lidar com essas obrigações.

         Outras têm ainda que recorrer a empresas especializadas em contabilidade e pagamentos de obrigações (trabalhistas e outras), apenas para ficarem em dia com o fisco e outras instituições do Estado. É todo um complexo labirinto burocrático de obrigações que vão se somando à medida em que novas regras vão sendo postas. Com isso, fica claro que empreender no Brasil também não é para amadores.

         O intricado corredor polonês de regras acaba levando muitos para a informalidade ou, simplesmente, optam por driblar essas regras, sonegando, subfaturando e montando outras estratégias para livrar-se de tantas cobranças. Não é por outro motivo que muitas empresas nacionais e estrangeiras simplesmente escolhem não abrir negócios em nosso país. Há excesso de governo, de leis e de encargos e pouquíssima liberdade de empreendimento. Tudo parece ter sido montado para atravancar a iniciativa privada, ao mesmo tempo em que facilita, ao Estado, empreender em áreas que não lhe dizem respeito ou, ao menos, não são de sua competência.

          Com uma estrutura dessa natureza, restritiva e opressora e abertamente contra o livre empreendedorismo, não estranha que a produção nacional de bens e de geração de empregos do país apareça sempre na rabeira do mundo desenvolvido. Também a questão da justiça tributária, que acabaria com o escandaloso processo de concentração de renda, nunca é posta em prática, pois a parte economicamente poderosa e encastelada no poder não deseja tal medida.

          Os chamados “campeões nacionais” e todos aqueles que encontraram, na proximidade como o governo, um meio para escapar da sanha do Estado não possuem preocupação com coisas como tributos ou impostos. Tudo isso parece ser resolvido com generosas doações ao governo e ao seu partido.

         Mesmo aqueles grandes empresários metidos até as orelhas em questões de corrupção, que obrigaram a mudar até os nomes de suas empresas, aparecem hoje em reuniões com o governo, decidindo os rumos do país, como se nada tivesse ocorrido num passado recente. Passada a fase da Lava Jato e com todo o desmonte de outras operações nas altas cortes, os grandes empresários e protagonistas de casos de corrupção preparam-se agora para reaver, com uma mão, o que tiveram que entregar nos acordos de leniência. Tudo corrigido. Outros simplesmente escaparam, como por milagre, das justas multas impostas pela justiça, isso é, quando havia leis no combate à corrupção.

         Diante do exposto, torna-se até surreal, entre nós, falar-se em justiça tributária. De fato, não há justiça tributária neste país, nem nunca houve. A recente reforma tributária, aprovada pelo Congresso, ainda passa longe dessa questão. Essa e outras questões pertinentes à carga tributária ganham ainda mais entraves e empecilhos quando se observa que o atual governo, por razões que não interessam agora, busca, desesperadamente, meios de arrecadar cada vez mais, apenas para cobrir os rombos nas contas públicas provocados por sua esquizofrenia política em gastar, deslocada de projetos bem elaborados.

         Gasta-se apenas por motivação política e isso não tem como dar certo. A multiplicidade de tributação no consumo, embutida nos preços de absolutamente todos os produtos adquiridos, torna o brasileiro comum, não um consumidor típico, desses que existem em todas as partes do mundo, mas um pagador de impostos ou consumidor perpétuo de impostos. Transformassem os impostos atuais em calorias, todos os brasileiros seriam obesos mórbidos. Viver no Brasil é pagar impostos que depois somem no ar, levados pelo vento.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nada no mundo é certo, exceto a morte e o pagamento de impostos”.

Benjamin Franklin.

Benjamin Franklin. Imagem: Joseph Siffrein Duplessis, en.wikipedia.org

 

História de Brasília

Estão falando que o barraco da escola do “Gavião” será transformado na sede do “Cruzeiro”. Para melhor dizer a verdade, seria conveniente que fosse destruído  para não ficar nem a lembrança da escola que martirizou os alunos na Cidade do Século. (Publicada em 08.04.1962)

Passado que não passa

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Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

         Crises existem justamente para testar a capacidade humana de superá-las. Sempre foi assim. Caso contrário, a própria espécie já estaria extinta. O importante é não subestimar nenhuma delas, aprendendo e retendo as lições que elas trazem. Essa receita vale tanto para as crises pessoais como para as crises de ordem política, social e econômica que atingem o Estado, o governo e a nação.

         O que não se recomenda, de maneira alguma, é criar uma crise na tentativa de resolver outra. É o que está acontecendo agora com o deslocamento do ministro da Secretaria de Comunicação do governo para ser uma espécie de braço avançado do Planalto para resolver a crise climática que vitimou o Rio Grande do Sul. O que dizem é que esse ministro foi derrubado para o alto, no caso para o Sul, bem longe do palácio. Com isso, foi criada uma crise dentro de outra crise maior, que longe de resolver o sério problema experimentado pelos gaúchos, provocou uma espécie de intervenção branca naquele estado, atingiu a dignidade do governo local e, de resto, o governo federal mostrou a inaptidão do atual presidente em resolver uma crise que se mostra muito acima de sua capacidade de resolução.

         A questão aqui é demasiadamente delicada e complexa para ser solucionada apenas com a movimentação das peças no tabuleiro do poder. O governo sabe muito bem que a crise econômica que já vem se desenhando no país em razão da aplicação de seu modelo de gestão estatista poderá ser elevada a alturas jamais vistas, em decorrência das inundações ocorridas no Rio Grande do Sul.

         De certo modo, o governo sabe também que poderá, como é de seu próprio feitio, creditar a outrem, no caso às enchentes, o mal desempenho de sua gestão. Nesse caso, as inundações viriam para salvar a gestão petista na economia. De todo o modo, esse é mais um problema que vai se desenhando no horizonte, sem perspectivas de soluções.

         Por outro lado, o governo pode muito bem atribuir, ao ministro da Secom, deslocado para o Sul, quaisquer possíveis fracassos não no projeto de recuperação daquele estado. Para o governador do Rio Grande do Sul, entregar o governo nas mãos do ministro Pimenta equivale a um reconhecimento de que as enchentes deixaram o estado sulista acéfalo, além de precipitar, no abismo, sua carreira política.

         A situação que já é séria demais por suas dimensões catastróficas tende a piorar e ganhar contornos de uma crise política. O Rio Grande do Sul, por sua trajetória histórica e política mais recente, não está inclinadoà esquerda. Pelo contrário, desde os escândalos do mensalão e do petrolão, que a comunidade gaúcha desfez seus laços que mantinha com a esquerda. Na verdade, a exceção é Paulo Paim, o único petista do país que prega o diálogo e a conciliação pensando na população brasileira.

 

 

A frase que foi pronunciada:

⁠”O livro Resistência e Afirmação tem o objetivo de explodir bolhas sociais que impedem muitos brasileiros de verem o óbvio.”

Paulo Paim

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Boa pedida

Quem quiser relaxar, todo primeiro sábado do mês, a Roda de Choro é na Escola Brasileira de Choro, na área externa do Clube do Choro. Nos outros sábados, para se deleitar com a boa música, no estacionamento 10, a partir das 11h no Parque da Cidade, o grupo está reunido tocando Chorinho ao ar livre.

 

Calma

Pacientes com catarata horrorizados com a banalização da cirurgia. Vale a pena ir devagar, consultar mais de um médico e pesquisar riscos.

Foto: Oftalmoclínica

 

Sem elogios

Via crucis para quem quer tratar com as operadoras sobre telefonia fixa. Nem para se livrar da linha e nem para segurá-la. O pior é ser obrigado a pagar as contas que continuam chegando mesmo sem o número. Sem ter a quem recorrer, os consumidores sofrem com a falta de assistência.

Imagem: mobilit.com

 

História de Brasília

Governador Brizola, com a decisão da Comissão de Justiça da Câmara, está sem afeto o convite que o sr. Baeta Neves lhe fez para se candidatar por Brasília. (Publicada em 08.04.1962)

As atitudes falam mais alto do que os discursos

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Ex-juiz Sérgio Moro. Foto: ISAAC AMORIM/MJ

 

Caso o senador Sergio Moro venha a ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como deseja o governo e todos os partidos da situação, ficará difícil explicar, ao restante do país e mesmo ao mundo, que acompanha essa verdadeira caça aos operadores da lei no caso da Lava-Jato, que a decisão se deve a motivos pueris, como abuso do poder econômico.

Não que isso importe ao próprio governo e à sua base de sustentação ou tampouco ao TSE e àqueles ministros que poderão selar o destino político do senador paranaense. Impossível mesmo será explicar ou dar um motivo razoável à opinião pública que ao menos possa fazer sentido, que não aquele ligado a uma vendeta pessoal orquestrada pelo atual chefe do Executivo e que foi externada pelo próprio em recente entrevista.

Esconder os fatos como se isso fosse possível, a essa altura dos acontecimentos, pode ser também um exercício inútil, já que a história lida diretamente com acontecimentos, cuja estrutura se funda em verdades. Aqui, nesse caso emblemático, entra a tal da teoria da pós-verdade, principalmente para aquela parcela da população manipulada pela propaganda insistente do atual mandatário de que os julgamentos ocorridos na Operação Lava-Jato tiveram como objetivo a destruição da imagem das esquerdas no comando do país.

Essa pós-verdade, obviamente, encontra sua sustentação e razão prática em boa parte da mídia favorecida pelos recursos disponibilizados pelo governo. Há ainda tempo para que o TSE não repita as mesmas pantomimas jurídicas verificadas no julgamento sumário e veloz do ex-deputado Deltan Dallagnol, outro herói da população e daqueles que, um dia, acreditaram que este país acabaria com a corrupção que, há séculos, o vem dilapidando em benefício de uma casta de políticos e empresários intocáveis.

O consolo para esse e outros acontecimentos que agora vêm atropelando a lógica e mesmo os mais comezinhos conceitos de ética pública, se é que isso ainda é possível, é saber que esses que agora festejam vitórias momentâneas e sem lastro na verdade, um dia, serão citados nos rodapés dos livros de história como traidores do povo e responsáveis pela manutenção do país na rabeira do mundo civilizado.

Mais que um ex-juiz e, agora, senador, quem de fato estará sendo julgada e passível de uma possível cassação encomendada e precificada será a grande parcela da população brasileira, a mesma que vem demonstrando sua desconfiança e desapreço pelos caminhos tomados atualmente pela Justiça deste país. De modo sucinto, quem na verdade estará sentado no banco de réus será a própria Justiça e seus atuais operadores, sobretudo aqueles que substituíram as letras impressas na Constituição pelas garatujas da hermenêutica e gramática político-ideológica de ocasião. Como dizia o filósofo de Mondubim: “Vã é a vitória dos que pelejam contra a verdade”.

 

A frase que foi pronunciada:

“Não estamos falando de bandidos assumidos, transgressores vulgares. Estamos falando de gente que se considerava de bem e que, no entanto, fraudava, corrompia, achacava e lavava dinheiro como se fosse natural. E como achavam que a corrupção era a maneira natural de governar e fazer negócios não sentiam culpa, não tinham auto crítica.”

Ministro Barroso sobre  a Lava Jato

Foto: Nelson Jr./STF/Divulgação

 

Ari Cunha

Este espaço comemora, nesta semana, 64 anos de existência. É a coluna jornalística mais longeva do mundo. Veja, a seguir, a primeira publicação assinada por Ari Cunha no Correio Braziliense.

Arquivo pessoal

 

Pela população

Passageiros em todos os ônibus do DF sofrem com a ação dos gatunos. São centenas de celulares furtados por dia, dentro dos coletivos. No Piauí, uma operação da Polícia Civil, articulada com a inteligência da instituição, localizou pontos de recepção dos aparelhos furtados. Foi ao local e recuperou centenas de aparelhos celulares. Em uma solenidade, entregou cada celular aos que buscaram a delegacia para registrar a ocorrência do furto.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

 

Brasil

Esquerda, centro ou direita, não interessa. Os bravos funcionários da Rádio MEC mantêm o nível musical da emissora mostrando ao Brasil o que se tem de música elaborada, estudada e trabalhada. Sucesso o concerto sob a regência do maestro Neil Thomson com a Filarmônica de Goiás em estreia nacional. Uma das obras apresentadas, Sinfonia nº 2, é do compositor português Joly Braga Santos; a outra, do compositor brasileiro João Guilherme Ripper: Sinfonia de Abril, peça comemorativa aos 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal.

Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Seria um absurdo premiar os relapsos, os negligentes. E o que seria feito com os que pagaram em dia suas dívidas? Devolução? Outra injustiça. Devia aparecer um deputado amigo de Brasília, que queira valorizar a previdência social, e apresente um projeto cobrando juros sôbre os alugués atrasados. (Publicada em 8/4/1962)