Dominância fiscal

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge: Ricardo Manhães

 

         Ninguém precisa ser graduado em economia para perceber e sentir, no bolso, que a inflação voltou com força, principalmente neste último trimestre. Para tanto, basta fazer uma visita ao supermercado ou a um shopping para se certificar de que os preços em geral estão com forte tendência de alta.

         A inflação prevista para este final de ano gira em torno de 5%. Para o ano que vem, os números iniciais fixam uma inflação no mesmo patamar. As causas, segundo os economistas, estão na disparidade entre as receitas e os gastos. A previsão para fechar o ano de 2023 é que o país feche o ano com um déficit de R$ 203 bilhões.

          Também as estatais, defendidas a todo custo pelo atual governo, deverão fechar este ano com um rombo superior a R$ 6 bilhões. Em qualquer direção que o cidadão possa observar a economia, os números que surgem são sempre negativos. As donas de casa sabem muito bem que os preços dos alimentos estão subindo por causa das más ações do atual governo na economia. Sabem também que se não fosse o agronegócio, tão demonizado pelo chefe do Executivo, os preços estariam muito mais altos e haveria escassez de produtos nas prateleiras.

         Não há o que comemorar nessa área. Com relação às contas macroeconômicas, é preciso lembrar que a dívida bruta, relativa ao Produto Interno Bruto (PIB) subiu para 74,7%, em outubro deste ano, atingindo R$ 7,9 trilhões. E é aí que mora o perigo. Ao contrário do que afirma o governo, a atual gestão não herdou um país com economia no vermelho. O governo passado deixou um superávit de R$ 26,3 bilhões. Ou seja, saiu e deixou dinheiro em caixa.

         Atualmente as receitas nominais, juntamente com as receitas reais, estão indo ladeira abaixo. Tanto o mercado financeiro, ligado na atual situação da economia do país, como o Banco Central já projetam um endividamento de 89% a 90% em 2032.

         De acordo com analistas, a chamada PEC da Transição, imposta pelo governo assim que assumiu o mandato, poderá fazer com que a dívida pública alcance 90% do PIB, ainda no mandato do atual governo. Caso essas projeções se confirmem o país adentrará para um novo e perigoso momento. A partir de um ponto tão alto como esse, as políticas monetárias, que nada mais são do que as ações adotadas pelo governo na economia, passam a não surtir mais quaisquer efeitos práticos. Mesmo a existência de uma equipe econômica no governo passa a não ser mais necessária.

         A partir desse ponto, o que prevalece, mesmo sem efeitos, são decisões paliativas e o país passa a se ver numa espécie de encruzilhada ou labirinto sem saída. Para controlar tal situação, de nada adianta aumentar os juros para controlar a inflação, porque a dívida explode. Do mesmo modo, de nada serve diminuir os juros para diminuir a dívida, porque a inflação irá também explodir.

         Nesse estágio, que os economistas classificam como Dominância Fiscal, até mesmo a existência de um governo fica sem sentido, porque não há mais o que ser administrado e controlado. O desequilíbrio das contas públicas não é segredo para ninguém. Contudo, o que pouca gente sabe, é que o descontrole dos gastos, como observado desde janeiro deste ano, aumentam as chances de o Brasil perder o controle da situação, arruinando a economia interna a tal ponto que a confiança internacional deixa de existir. A saída do atual presidente do Banco Central e sua substituição por alguém mais afinado com o modelo desse governo, é outro fator que pode acelerar a chegada da Dominância Fiscal. A perda do equilíbrio fiscal é uma possibilidade cada vez maior graças à falta de prudência do governo com a economia.

         Num cenário como esse, em que o beco sem saída se aproxima, o melhor é providenciar logo uma proteção das economias de cada um. De preferência longe do alcance do governo. Isso é, para quem pode fazê-lo.

 

A frase que foi pronunciada:

“O sindicalismo não é socialismo. É o capitalismo do proletariado.”

George Bernard Shaw

George Bernard Shaw. Foto: wikipedia.org

 

Pobreza

Uma senhora simples, à vontade ao microfone, confessou ao candidato Lula a falta que faz um jumento ou um cavalo para o transporte no interior. Trocar os animais por moto ou carro seria viável se o combustível fosse mais barato que o capim. O resultado é que quem conseguiu comprar um carrinho agora tem só a carcaça no quintal. Sem gasolina virou sucata. O jeito é suar e carregar peso enquanto os animaizinhos curtem uma sombra à beira do rio.

 

Novidade

Escola do Clube do Choro abre inscrições para diversas modalidades de performances. Instrumentos, canto popular, teoria musical, percepção musical. Vale conferir no portal escoladechoro.com.br/cursos-e-matrículas.

 

Mais quantidade

Por falar em música, a Escola de Música de Brasília deu uma enxugada no currículo dos alunos que vão levar menos tempo para se formar. Na reunião sobre o assunto, não adiantou o protesto de professores. O veredito foi dado de instâncias maiores. Uma pena para a qualidade dos profissionais que de lá saírem.

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

 

História de Brasília

O melhor advogado de Taguatinga está às voltas com a polícia, que recebeu uma informação, segundo a qual o sr. José Braz Gomes não pertence à Ordem dos Advogados. (Publicada em 27.03.1962)

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