Atenção primária é a saída

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Territorializar o atendimento à saúde da família, dando uma atenção primária in loco aos casos de menor complexidade e com isso desafogar as emergências dos hospitais públicos. Esse é o novo modelo de saúde que o GDF deverá implantar nos próximos dias para conter a crise avassaladora que a anos vem acometendo o setor de saúde pública na capital.

O secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca, especialista em medicina da família, pretende trazer para Brasília um modelo parecido que vem funcionando a alguns anos e com certo sucesso na cidade do Rio de Janeiro. A ideia do novo titular da pasta é driblar a falta crônica de recursos e partir para um modelo de atendimento alternativo de assistência à saúde, fazendo dos atuais centros de saúde uma porta de entrada da população que busca atendimento médico. A falta de médicos e de recursos, somada ao aumento exponencial na demanda por saúde, tem lotado emergências e hospitais, prejudicando a todos indistintamente.

Governos passados tentaram a implantação da fórmula de saúde da família, antecipando o atendimento, filtrando casos e orientando as pessoas sobre procedimentos básicos de saúde e higiene. Motivos de ordem política e a má vontade de sindicatos fizeram desandar o projeto e ele foi simplesmente abandonado, depois de desperdiçarem grandes somas de recursos públicos. Por essa razão, o novo modelo trazido agora desperta reservas, não pela qualidade do projeto em si, que parece sensato e adequado, mas pelas dúvidas quanto ao seu prosseguimento nos próximos governos, já que nessa área o tempo de maturação de qualquer modelo é que vai confirmar se ele é ou não bom para a população.

Em longa entrevista concedida aos jornalistas Ana Maria Campos, Cristine Gentil e Otávio Augusto, trazida pelo Correio, o secretário Humberto Fonseca ressaltou que o melhor investimento que se pode fazer na área de saúde é justamente junto às famílias, porque é nelas que se gasta menos e com melhores resultados. Em sua avaliação a pequena cobertura de saúde preventiva dada in loco às famílias está na raiz do problema que aflige a capital. “Temos apenas 30,7% de cobertura de atendimento as famílias e mesmo assim com baixa qualidade e resolutividade”, afirma o médico, para quem a maioria dos problemas pode ser resolvida pela atenção primária.

É importante que o novo titular da pasta, para aumentar as chances de sucesso de seu projeto, faça também uma ponte de entendimento com a área educacional, programando junto aos professores um amplo processo de educação para a saúde, em sintonia como o novo modelo de saúde que se quer implantar. Lembrando aqui que nenhum modelo de saúde que se preze pode passar ao largo das escolas.

O repente que foi travado: Neco versus Chica Barrosa

“Eu agora estou ciente,/que negro não é cristão:/Pois a alma desta gente/saiu debaixo do chão,/e lá na Mansão Celeste,/não entra quem é ladrão!”. Cheia do mais puro humanismo, Barrosa rebateu com humildade: “Mas, seu Neco, a diferença/entre nós só é na cô,/eu também fui batizada,/sou cristão como o senhô!/ de lançar mão no alei,/nunca ninguém me acusô!/de ir o preto para o céu,/seja o branco sabedô;/e, lá na Mansão Celeste,/ se quiser Nosso Senhô:/vai o branco pra cozinha,/e o preto para o andor!” Adiante, Neco Martins destila mais veneno: “De onde veio esta negra/com fama de cantador?/Querendo ser respeitada/como se fosse um senhor/pois negro na minha terra,/só come é chiquerador!” Chica Barrosa emenda: “Mas seu Neco, me permita/dizer o que foi notado:/que num beco sem saída/quando deixo encorrentado:/vem o branco contra mim/façanhudo e tão irado,/tome, agora, um bom conselho,/numa tão boa hora, dado./Não é preciso mostrar-se:/carrancudo e agastado,/branco que canta com preto,/não pode ser respeitado!” A cantoria prossegue esquentando cada vez mais. Incendiada de inspiração, Chica Barrosa dá outra resposta genial ao oponente: “Branco só canta comigo/com talento no gogó/com lelê, com catuaba,/com gancho, forquilha e nó,/e depois de haver mamado/na nêga dum peito só!”

Uma pauta preciosa para documentários enviada pelo amigo Nonato de Freitas.

Francisca Maria da Conceição, a Chica Barrosa, conhecida como a “rainha negra do repente”, foi a maior “cantadeira” (cantadora) do Nordeste de todos os tempos. Natural de Pombal – PB, nasceu em 1867 e morreu assassinada a facadas, na mesma cidade, em 1916. Alta, robusta, simpática, bebia e jogava como qualquer boêmio. Uma mulher revolucionária para seu tempo. Poucos homens a venceram no repente. Travou uma peleja histórica com Neco Martins, rico fazendeiro e excelente repentista. A cantoria se deu em 1910, na Fazenda Siupé, de propriedade de Neco, a duas léguas de São Gonçalo do Amarante (CE), sua terra natal. A cantoria durou a noite inteira. Ninguém sabe ao certo quem foi o vencedor da memorável peleja.

Maioridade penal

Quem quiser participar de um grupo de discussão para o registro das opiniões sobre maioridade penal, os juízes Sérgio Ribeiro, presidente do Fórum Nacional da Justiça Juvenil, e Daniel Konder de Almeida criaram um grupo no aplicativo WhatsApp para centralizar as opiniões que se transformarão em propostas legislativas. Basta enviar a solicitação, com número do telefone e nome para danielkonder@tjrj.jus.br.

De ouvido

Antes de dormir, Ruth Passarinho separa, com a filha Isadora, os brinquedos duros que podem machucar e deixa só alguns bichinhos de pelúcia na cama. Durante a triagem Isadora entrega um dos brinquedos. Toma mamãe. Esse aqui é maduro!

História de Brasília
A primeira versão é a de que o presidente vinha recebendo forte pressão das Forças Armadas, contrariadas que estavam, com a sua política internacional adotada. Dizem, então, que ele foi deposto. (Publicado em 16/9/1961)

Reforma política veio a reboque da ação policial

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Operações comandadas pela Polícia Federal a mando do Ministério Público promovem lentamente, em todo o país, um processo de limpeza do Estado, necessário e adiado por séculos. Essas providências preliminares e de arrumação compulsória dos bastidores da política representam, no entanto, uma primeira fase no urgente reordenamento da República, de forma a torná-la aquilo que ela propõe: a igualdade de todos perante as leis.

Por longos anos, cristalizou-se no Brasil a ideia de que os caminhos da política representavam um atalho mais curto e seguro para o enriquecimento pessoal, não apenas dos políticos, mas de todos que se associavam a essa jornada marota. A aliança estabelecida entre os grandes empresários e as principais lideranças políticas do país sempre rendeu para ambos a perpetuação deles no controle da máquina pública. Era o Estado posto a serviço exclusivo dos fidalgos.

O tempo cuidava das sucessões hereditárias na política e nas empresas. Iam os pais e vinham os filhos no controle das empresas e nos negócios do Estado. O apoderamento do Estado pelos eleitos e pelos eleitos dos eleitos veio, assim, como uma espécie de desdobramento natural da antiga política do café com leite da Velha República. Nessa aritmética em que o empresário financia a chegada do político ao controle da máquina do Estado e, em paga, tem os cofres públicos arreganhados às empresas benfeitoras, o resultado da soma era zero para o cidadão, do qual era retirada até mesmo a cidadania.

Com a quebra desse círculo perverso, talvez, a maior mudança de rumos já experimentada pelo país seja as novas luzes no horizonte. Nem mesmo a reforma política seria capaz de romper esse duradouro cordão umbilical. Ainda assim, uma vez eliminado esse verdadeiro custo Brasil, pela ação saneadora da polícia, resta uma segunda etapa, representada pela reforma política, propriamente dita, para que o conluio secular entre endinheirados e eleitos não volte a acontecer, lembrando que a responsabilidade maior recai em quem vota.

Retirada a possibilidade do poder da grana de determinar quem comandará as manivelas da máquina pública, e , ao mesmo tempo, eliminando-se institutos como a prerrogativa de foro, ficam abertas as portas que permitirão, em breve, a tão sonhada entrada do país no seleto clube dos países desenvolvidos.

A frase que não foi pronunciada

“Tchau, querida, sim, querida… Pelo menos no serviço público federal a palavra ‘querida’ mudou de sentido em 2016. Cuidado com esse tratamento!”

Natal

Bom sinal

» Algumas cartinhas ao Papai Noel dos Correios chamaram a atenção. Uma criança pediu um casaco de frio para a avó, e outra queria ganhar lápis e borracha para poder estudar. A campanha começa oficialmente em novembro. Simpático o release informando a imprensa sobre o assunto. Ao contrário do que pede a regra das notícias, nenhum nome de responsável por essa campanha é explícito.

No ParkShopping

» Trocam-se 10cm de cabelos por 5 sessões de depilação a laser. É mais ou menos assim a promoção das irmãs Érika Rosa e Kirla Amado. Essa foi a maneira encontrada para colaborar com o Outubro Rosa. Até o dia 31, os interessados deverão procurar Alexandre Viana, que é quem cortará as madeixas, e a Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Crianças

» Bia, filha de Verônica Carriço pergunta para o pai. “Pai, né que quem morre na rua vira quebra-mola?” Ana Luiza, filha de Adriana Sá, ficava incomodada com a barba do pai. Quando finalmente ele avisou que iria fazer a barba, a pequena retrucou. “Ah pai, não faz não. Tira!”

Conciliadores

» Estão de parabéns os bons brasileiros que dedicam, graciosamente, conhecimento e tempo para prestar um serviço inestimável à Justiça: os conciliadores. São os voluntários mais poderosos do país. Com o curso de capacitação feito, são eles os responsáveis por desafogar os tribunais.

História de Brasília

Como, entretanto, ninguém sabe o que realmente aconteceu, o que determinou o gesto extremo do presidente da República, aqui estão algumas conjecturas feitas pelo povo, de modo geral.(Publicado em 16/9/1961)

População & GDF versus grevistas?

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Colocado em meio ao fogo cruzado entre o Executivo, Legislativo e sindicatos, os brasilienses assistem aturdidos à queda de braço entre as instituições enquanto penam por atendimento digno em portas de hospitais, polícia, Detran, escolas e outras repartições públicas. Contrariadas com a decisão do governo em não pagar os reajustes salariais, aprovados ainda na gestão passada, diversas categorias do funcionalismo local vêm prometendo acirrar o movimento de greves e até já deram um prazo para o GDF responder às reivindicações: 26 de outubro. Em resposta o governo baixou, em edição extra do Diário Oficial do DF, o Decreto nº 37.692, que, entre outras medidas, endurece com os servidores grevistas. Assim que foi publicado, o decreto foi prontamente submetido à Câmara Legislativa que, por 17 votos favoráveis e nenhum contrário, derrubou a norma para o aplauso dos presentes nas galerias.

Em meio à crise sem precedentes, com os cofres vazios e uma dívida astronômica, o GDF está literalmente de mãos atadas. Mesmo as negociações pretendidas com cada categoria individualmente ficaram prejudicadas ante a perspectiva da falta crônica de recursos. Cientes dessa fragilidade momentânea do GDF, os sindicatos armaram a estratégia de organizar o Movimento Unificado de Defesa do Serviço Público para somar forças e pressionar o Executivo. Olhando de longe, tudo parece dentro da normalidade de um Estado democrático de direito.

O governo defende o orçamento curto, os sindicatos pressionam e a CL faz o habitual jogo político, que consiste em atender a quem mais pressiona. Só que, nessas disputas, o principal elemento que deveria ser observado, que é o contribuinte, foi deixado de lado. Fosse submetido à apreciação da população, que rala muito para pagar os altos impostos e tributos na capital, o Decreto nº 37.692, que nada mais faz do que obedecer ao que diz a Lei Geral de Greves, acordada inclusive pelo próprio Supremo Tribunal Federal, (STF), seria amplamente aprovado.

É bom que se diga ainda que todos aqueles distritais que estão sob investigação da Justiça e que votaram contra o decreto, já perderam, perante a opinião pública, qualquer possibilidade de representá-los. É bom ainda que o governador seja firme em sua posição, exerça sua autoridade, num momento tão delicado, e não se deixe intimidar por parlamentares oportunistas e boquirrotos, grevistas irresponsáveis, sindicatos pelegos e toda uma esquerda fajuta que a população já demonstrou, nas últimas eleições, que quer ver bem longe.

A frase que foi pronunciada

“No exercício do poder, sou um cidadão multinacional. Multi-ideológico.”

Luiz Inácio Lula da Silva

Poda

» Caiu por terra a criação de uma seção de ciências agrárias composta por cientistas que faria os pareceres sobre a viabilidade, ou não, do manejo de transgênicos e agrotóxicos com análises desde a legalidade até a segurança alimentar. Quem trata do assunto tem jogo de cintura na política, mas sem envolvimento com pesquisa acadêmica ou trabalho científico.

Galhos

» Talvez seja o momento de o presidente Temer e equipe fazerem uma auditoria séria no Ministério da Ciência e Tecnologia vendo mais de perto como eram encaminhados ou aprovados os trabalhos e projetos.

Quebrados

» Interessante é o trabalho de ativistas de ONGs norte-americanas. São organizadas para o combate ferrenho aos cientistas mundiais militantes contra a Monsanto, ou contra transgênicos.

Estratégia

» Outra abordagem curiosa sobre a Monsanto é a relação próxima de parlamentares. Ministério da Ciência e da Agricultura faziam parte da estratégia lobista. Basta ver os casos de assédio moral na Embrapa, denunciados em audiência pública no Senado, sob o comando do senador Paim.

Sol

» Tem muita gente aguardando o Ministério Público agir. Acredita em mais um capítulo da novela Brasil em tempos de Lava-Jato. A Odebrecht perderia de longe em termos de valores aplicados.

Algodão

» O caso do algodão transgênico foi relatado pela Embrapa. Ao entregar ao presidente Lula, o diretor da empresa brasileira foi demitido.

Mudança

» Davi e Golias não é uma história para os tempos modernos. A comunicação por mídias sociais ultrapassa o poderio econômico. Davi que seria o mais fraco, unido a milhões de outros Davis, é capaz de imprimir novos conceitos sócios políticos para o futuro.

História de Brasília

A renúncia do sr. Jânio Quadros ainda é segredo, é mistério, para todo o país, que já devia saber o que de fato aconteceu na amanhã do dia 25 de agosto. (Publicado em 16/9/1961)

A improbidade administrativa e as nossas consequências

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De todos os efeitos negativos provocados pelo Estado — a negligência na proteção da população, a imprudência em verificar o gasto de verba pública e a imperícia em gerenciar o país — a corrupção é uma das maiores roedoras de um futuro próspero e saudável para o país. Pelos reflexos e a desorganização que provoca na máquina púbica, os problemas desaguam no bolso de quem paga imposto, ou seja, toda a população. Os resultados das ilicitudes aqui tratadas tocam cada um de nós de uma maneira ou de outra.

Como uma lâmina fina e fria do canivete que o ladrão encosta na sua garganta, você faz o que não quer fazer, paga o que não deve, reclama e pronto. A corrupção encarece os serviços prestados, piora a qualidade do funcionamento de toda cadeia produtiva. O emprego com um bom salário, o reconhecimento pelo esforço no dia a dia, a viagem que teria todo o direito de fazer pelo país, a corrupção engole tudo isso.

Quando há improbidade administrativa, com desvios de verba ou malversação do dinheiro público, é em você, é no seu pescoço que aquele friozinho encosta. Você, seus filhos, netos, pais, toda a sociedade é prejudicada. Dito de outra forma, a corrupção e os serviços prestados pelo Estado para a população que mais necessita vão aos poucos entrando em um círculo vicioso. Por que faltam médicos nos hospitais públicos, transporte coletivo decente, educação competente e segurança mínima à população? Direito individual? Coletivo? Difuso? Direito arrancado. Dinheiro não falta. Falta gestão, falta quem reclame por uma gerência melhor. Leis não faltam. Falta quem as interprete de forma a respeitar quem paga os impostos.

Quando sobra corrupção e falta dinheiro, o que acontece? Os impostos aumentam e a população empobrece. É ao cidadão comum, colocado na ponta final do sistema, que caberá arcar com esse desarranjo na economia, causado, em grande parte, por esse câncer chamado corrupção, cível ou criminal. Essas células loucas que se reproduzem em meio a um ambiente sem punição exemplar. Bilhões desviados são trocados por alguns anos de cadeia. Onde está o dinheiro? Poucos sabem. Mas a Súmula 284 do STF é clara: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”. Ou seja, quando resolver arregaçar as mangas e colocar esse país em ordem, tenha certeza que cada nexo causal esteja enquadrado na forma. É preciso primar na eficiência da fundamentação e deixar clara a controvérsia. Cristalinamente clara.

A frase que não foi pronunciada

“Ajude a CEB e a Caesb economizando no consumo e ganhe uma conta com valor mais alto!”

A frase não foi pronunciada, foi executada

Com o tempo

» O desnível entre professores e alunos em termos de tecnologia tem sido cada vez maior. Poucos são os mestres afeitos a mídias sociais e ao uso criativo de tecnologia durante as aulas. Marcus Garcia, professor e especialista em inteligência motivacional, tem feito importantes palestras sobre o uso da tecnologia a serviço da aprendizagem. É só contatar o Instituto Superior de Administração e Economia do Paraná para workshops.

De olho

» Na saída do Lago Norte, a área destinada a um parque já está com as cercas no chão. Seria bom que a comunidade se organizasse para saber o que está acontecendo, antes que seja tarde.

OIT

» Ver na capital do Brasil, um caminhão com dois homens pendurados atrás, respirando puro ar de lixo às 3h30 da manhã, vai contra todos os conceitos de dignidade humana.

Doçura

» Bárbara, delicada como todas as meninas da mesma idade, disse para Andrea Visconte: “Mamãe, você está com um cheirinho tão bom”. “Cheirinho de que, Bárbara?”, indagou a mãe. “De mamãe”, respondeu a menina.

História de Brasília

Muita coisa mais passou por todo este tempo. Hoje, uma lembrança vaga nos dá idéia da cidade que vimos, e às vezes, quando encontramos as avenidas iluminadas, as pistas sem desvios, nem lembramos das dificuldades de outrora. Parece que sempre Brasília foi assim… (Publicado em 15/9/1961)

Drogas: autoridades precisam adotar posição clara

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Um ano antes de decidir deixar a Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame já admitia, em conversas públicas, que o combate ao consumo e comércio das drogas era uma guerra perdida e irracional. Para quem esteve, por quase uma década, à frente de uma das secretarias mais sensíveis e conturbadas do país no enfrentamento ao crime organizado, a constatação, em tom de desabafo, ganha um sentido de grande gravidade.

A experiência acumulada no decorrer de uma longa carreira como policial, e que culminou com a implantação pioneira das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), faz de Beltrame uma autoridade mais do que balizada no assunto. As UPPs representaram nos primeiros anos um projeto revolucionário e que concentrava em si todos os elementos capazes de garantir o fim do insano derramamento de sangue na cidade do Rio de Janeiro.

A aceitação do modelo partia principalmente dos moradores das comunidades atingidas pelo dia a dia violento, acuadas pelos constantes tiroteios, realizados, na maioria das vezes, por indivíduos sob o efeito de muita cocaína e com o emprego de armamentos de grosso calibre, mais apropriados para a guerra. Durante o seu período de maior exposição, o modelo chamou a atenção de todo o Brasil e de países envoltos com o mesmo problema da violência no tráfico de drogas.

Mesmo contando com todo o prestígio e resultados comprovados, as UPPs foram recebendo cada vez menos apoio logístico e financeiro por parte das autoridades, principalmente pelos altos custos do modelo e pela constatação de que, de fato, o governo estava num processo de enxugar gelo. Uma passada pelas cracolândias de nossas grandes cidades dão a imagem real da falência do modelo. As apreensões feitas por parte da polícia são irrisórias se comparadas ao volume total em circulação. As prisões de traficantes se sucedem e, no entanto, novos soldados são postos no lugar. Não falta quem queira vender pela simples razão de existir sempre quem quer comprar. É um mercado que não para, mesmo em países onde há penas de prisão perpétua ou com condenação à morte. O vício é uma enfermidade, e não um crime, reconhece agora José Beltrame, para quem nessa guerra não existem vitoriosos.

O secretário, que agora deixa o cargo, confessa que uma possível descriminalização, agora em exame pelo Supremo Tribunal Federal, poderá trazer um alívio para as polícias e para o Poder Judiciário, que poderão dedicar-se aos crimes de impacto. “Em Portugal, o assunto drogas não está inserido na polícia, mas no Ministério da Saúde. Com a ajuda de juízes, procuradores, psicólogos, médicos e integrantes da sociedade civil. A polícia pega o usuário e ele é convidado a participar de encontros. São 90 clínicas em Portugal, completas com toda a assistência, voluntários e visitas. E uma comissão fiscaliza isso. Todos se juntaram para combater essa doença, porque o vício é uma enfermidade, e não um crime”, avalia o secretário.

Por outro lado, há experiências feitas em outros países e que demonstraram a falácia da descriminalização. Um caso típico é do governo da Holanda, que vem constatar, depois de anos de liberalização, de que foi um erro legalizar a maconha e a prostituição. Naquele país, as autoridades descobriram que, nos redutos onde havia a liberdade de consumir e comprar drogas e de livre exercício da prostituição, ocorreu um efeito de falência profunda dos bairros em si e das localidades no entorno imediato, com sérios prejuízos para a economia da cidade. De todo o modo tem havido por parte das autoridades do país uma coragem de enfrentar o problema sem preconceitos e de forma calculada.

A frase que não foi pronunciada

“A caneta pode ser mais fatal que uma espada.”

Provérbio inglês

Honra ao mérito

» General Floriano Peixoto Vieira Neto, responsável pela missão de Paz no Haiti, acaba de ser convidado como professor emérito visitante do Kings College.

2016

» O país aguarda o resultado da Avaliação Nacional Seriada. Trata-se da prova que os alunos de medicina terão que fazer a cada dois anos enquanto estiverem estudando. A primeira prova será dia 9 de novembro na própria universidade onde estão matriculados.

História de Brasília

Do Mário, de d. Emma, do Papá, do restaurante Roma, ao tempo em que era uma ferradura. Era dia de “comer fora”, ver gente, conversar, rir e voltar triste para casa, com saudade de S. Paulo. (Publicado em 15/09/1961)

Êxodo sem aporte

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Mais do que uma herança deixada pela irresponsabilidade dos governos de Lula e Dilma, a vinda de imigrantes, em condições precárias e desumanas do Haiti e, agora, da Venezuela, revela o verdadeiro lado oculto da política externa brasileira, em um tempo em que o Itamaraty foi usado como instrumento para a instalação do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, mas, sobretudo, para garantir a ascensão internacional do ex-presidente, abrindo-lhes as portas para o comando da Secretaria-Geral daquele organismo multilateral.

Os fatores que permitiram a vinda apressada e em grandes levas desses e de outros imigrantes obedeceram a lógica racional e estratégica que pouco tem haver com questões humanitárias, propriamente ditas Seguiram, isto sim, a lógica fria de momento, arquitetada para, entre outros motivos, difundir no continente e alhures a ideologia do bolivarianismo .

Feito sem planejamento e, por vezes, por meio dos chamados coyotes (traficantes de pessoas), o Brasil assistiu, nos últimos 10 anos, ao crescimento inédito no número de refugiados. Segundo a Polícia Federal, em pouco menos de uma década, houve um aumento de 160% de imigrantes. Somente no ano passado, mais de 120 mil estrangeiros entraram no país.

Se num primeiro momento foram essas as verdadeiras intenções do governo brasileiro, a crise econômica mundial, a falência política da Venezuela, terremotos, terrorismo e outras catástrofes aceleraram ainda mais a vinda de imigrantes e de refugiados de todas as partes do planeta, com consequências sérias, não somente para eles, mas para a população local.

A questão dos venezuelanos em Roraima é encarada como crise humanitária. O que parece estar ocorrendo naquele país, antigo aliado do governo petista, é um êxodo sem precedentes da população, provocado pela insanidade de um governo despótico e inoperante.

O Acre e Roraima vivem hoje estado de emergência, com milhares de imigrantes alojados em condições subumanas, com a aceleração nos preços dos alimentos, aumento da violência, da prostituição e sobrecarga nos serviços públicos de atendimento. Fossem seguidos, desde o primeiro momento, parâmetros puramente humanitários para o acolhimento dos imigrantes, a situação poderia ter sido precedida do devido planejamento e não ocorreriam situações críticas para estrangeiros e brasileiros. O Brasil tem espaço suficiente para abrigar todos aqueles que vierem por bem em busca de uma vida digna e para somar esforços em prol de um mundo mais justo, mas o planejamento é fundamental.

A frase que foi pronunciada

“Quando os homens testemunham de si mesmos, uma coisa é o que são, e outra coisa é o que dizem.”

Padre Vieira

Mais um!

Carlos Penna Brescianini chama a atenção para o abandono das estações prontas — como Estrada Parque, em Águas Claras — e das quase prontas — como 104Sul, 106 Sul, 110 Sul e Onoyama (Taguatinga). Cada governo que passa retira o dinheiro do metrô e usa para fazer viadutos e vias para BRTs.

Leitura

José Vitor Canabrava estava aprendendo a ler. Nenhuma placa da rua lhe escapava. Durante as férias com a tia, em Florianópolis, ele percebeu alguma coisa diferente e perguntou para a tia Simone: “Tia, por que aqui todo mundo vende ou aluga apito?” Depois de uma sonora gargalhada, veio a explicação: “É apartamento, meu querido”.

Vergonha

A Monsanto se vendeu para a Bayer. O mundo está desvendando o mal dos tóxicos transgênicos. Enquanto isso, abelhas robôs são criadas para polinizar o que os transgênicos não permitem. E o mel? O robozinho é capaz de produzir?

Mistérios

Essa foi da Luana, filha da Márcia Margareth Rosa. Todo mundo à beira do riacho, Luana pergunta para amiga da mãe que estava grávida: “Por que sua barriga é tão grande?” Veio a resposta: “Porque tem um bebezinho dentro dela”. “E como você engoliu?”, perguntou assustada, a pequena.

História de Brasília

Bem que poderiam encomendar uma boa escultura de uma pomba, e se fazer um monumento a essas pequenas aves, que não foram da paz no governo que se foi. (Publicado em 30/8/1961)

Uma lei para cada um

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Um cidadão que acredita ser o arauto maior da população resolveu fazer seu protesto solitário pichando nas paredes recém-restauradas da Rodoviária do Plano Piloto as frases em letras garrafais: “Fora fulano. Volta beltrana. Abaixo os golpistas”. Mesmo sem ter um documento oficial que autorizasse seu protesto, o militante solitário resolveu, em nome de uma liberdade de expressão mal compreendida, sujar com suas garatujas e garranchos um espaço que é de todos e que, há pouco tempo, foi reformado com o dinheiro suado dos contribuintes. Agiu, como muitos têm feito, movido apenas por uma vontade interior e egoísta de externar uma verdade política que acredita universal e, portanto, digna de ser anunciada, em grandes letras, à sociedade.

Infelizmente, hoje, por toda a cidade, é comum encontrar os mais variados rabiscos de cunho político, numa verdadeira batalha midiática para ver quem ocupa a maior quantidade possível de espaços públicos com seus reclames ideológicos. Não bastassem as pragas das pichações generalizadas, que transformaram cada canto de nossas cidades em espaços poluídos visualmente e, por conseguinte, nocivos à saúde, temos agora de suportar a legião de propagandistas avulsos que acreditam estar agindo para o bem de todos.

Além de externar pelas paredes e muros suas frustrações cotidianas, o que os militantes da sujeira demonstram, de fato, é enorme indiferença em relação à cidade e aos moradores. Sabem eles muito bem que os brasilienses, em sua maioria, não aceitam e não toleram que sua cidade seja transformada num imenso campo de batalha, onde o vencedor é justamente aquele que mais sujou e violou seus espaços.

Vivemos tempos bizarros. A democracia que acreditamos estar construindo a cada dia ainda é uma miragem distante, pois não aprendemos a mais elementar das lições que é o respeito à coisa pública, ao bem de todos, ao direito das pessoas em viverem em espaços sadios, libertos das neuroses de minorias panfletárias. Na nossa indigência cidadã, talvez esteja o maior dos entraves à realização plena da democracia. Ignoramos nossas cidades como espaços comuns, extensão natural de nossas casas. Passamos ao largo do que é um bem de todos.

A pichação ao Monumento às Bandeiras, em São Paulo, no último dia 30, uma obra grandiosa de um dos nossos maiores escultores, Victor Brecheret, simboliza nosso primarismo coletivo e o desdém com a República. Nós nos tornamos tolerante demais com aqueles que pisoteiam nossos jardins e maculam nossas praças e o que ainda resta de arte ao ar livre. O silêncio e a resignação com o ilegal, imoral e antiético faz wmcom que as coisas sempre piorem.

Foi nas ruas (Ágora) que os gregos se inspiraram para formular as noções básicas de democracia. Um olhar atento ao redor de nossos espaços públicos dá uma ideia do nosso atraso milenar e do quanto ainda temos de evoluir para construir uma democracia autêntica.

A frase que foi pronunciada

“O pagamento do descontrole das contas públicas não deve, mais uma vez, recair sobre os ombros daqueles que, cotidianamente, dão o seu esforço na construção de um país justo, igualitário e democrático.”

Senador Paulo Paim

Nossa educação

» Com a folga de hoje, um professor resolveu pegar caneta e papel e fazer a seguinte conta. Se um professor trabalha 5 horas diárias, em 5 salas com 40 alunos cada, por 22 dias úteis ele terá 4.400 alunos por mês. Se cada aluno der os R$0,80 que sobram da pipoca ele terá faturado R$160 diários e com 22 dias úteis R$ 3.520,00. Se o piso salarial é R$ 1.187 para o professor que atende 4.400 alunos, por cada aluno ele receberá R$ 0,27 —menos do que o troco da pipoca.

Decibéis

» Festas em áreas sem autorização, música a toda altura. Agora, as motos entram para a lista de barulhos acima do permitido. Quem nos escreve é o leitor Oswaldo, que enaltece a educação do brasiliense ao respeitar a faixa do pedestre e não buzinar. Infelizmente já tentou que o Detran fiscalizasse as motos barulhentas, com conscientização e multas para os pilotos que extrapolem no arranjo do escapamento dos veículos. Fica a dica.

Curiosidade

» No portal da Câmara dos Deputados, há explicações sobre diversos temas. Aedes aegypti está no mesmo bloco de corrupção. Deve ser a parte dos vírus.

PEC do óbvio

» Assim o senador Cristovam Buarque renomeou a PEC 241. Não há discussão. É preciso estabelecer limites para os gastos públicos. A senadora Rose de Freitas também assumiu a posição em favor da Proposta de Emenda à Constituição.

História de Brasília

O pombal de d. Eloá está periclitante. Com a estrutura já pronta, está ameaçado de destruição, porque as autoridades, agora, resolveram achar que os pombinhos vão sujar demais a Praça dos Três Poderes. (Publicado em 30/8/1961)

Violência contra meninas

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com Circe Cunha e MAMFIL

Em 2010, a convite de uma amiga brasileira, Isabella M., nascida nos EUA, veio conhecer o Brasil. Começou seu périplo pela cidade de Salvador, na Bahia. Logo no primeiro dia, a bordo de um catamarã rumo à localidade de Morro de S.Paulo, o comportamento de um casal sentado no banco da frente da embarcação chamou a atenção de Isabella. Um senhor de meia-idade, cuja a pele muito branca havia sido impiedosamente castigada pelo sol tropical ,se fazia acompanhar por uma jovem negra que aparentava não ter mais do que 12 anos de idade.

Na viagem, com o barco lotado, a jovem seguia sentada no colo daquele ser exótico, trocando carícias, sob o olhar indiferente dos demais passageiros. Pelo que pôde ouvir do diálogo em entre eles, Isabella logo identificou o sujeito como sendo um conterrâneo seu, possivelmente a turismo por aquelas bandas. Só que um tipo muito específico de turismo, em que o visitante é brindado pela agência de viagens com mimos extras, como acompanhantes nativas, dispostas a realizarem todos os desejos que o dólar cobiçado pode comprar.

Evidentemente, ali estava à sua frente o exemplo típico do chamado turismo sexual, muito divulgado lá fora por agências especializadas nesse ramo lucrativo de negócios. De tudo que pôde observar naquelas cenas bizarras, o que mais a deixou perplexa e mesmo com certa indignação foi a indiferença dos demais passageiros, muitos deles também nativos, com o flagrante crime de pedofilia que corria diante dos olhos de todos. Decepcionada com aquela situação, Isabella conta que nem percebeu a paisagem ao redor, como o mar cristalino e os peixes voadores que acompanhavam a embarcação. Situações como a flagrada pela visitante americana ainda são comuns na maior parte do litoral do Nordeste.

A frase que foi pronunciada

“Bons professores possuem metodologia. Professores fascinantes possuem sensibilidade.”

Colégio Santo Inácio de Fortaleza, dando lição de vida

Autoestima

» Entre 24 e 29 deste mês, Outubro Rosa no Pátio Brasil. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do DF, profissionais da tatuagem participam do Mutirão Nacional de Reconstrução de Mama. Será possível que as mulheres que passaram por mastectomia tenham os mamilos e auréolas (por meio de tatuagem) perfeitos. São só 50 vagas. Mais informações na loja Outubro Rosa

Atenção administradores

» Até o próximo dia 25, será apresentado às crianças o 5º Festival de Teatro Para Infância de Brasília (Festibra). Serão 16 apresentações em oito teatros do DF (Plano Piloto, Ceilândia, Varjão, Itapoã, Cidade Estrutural, Santa Maria, Gama e Taguatinga). Os 10 dias de festival serão com entrada franca. Esse é o momento de divulgar a arte para toda a comunidade ter acesso a momentos inesquecíveis.

Abertura

» Duas apresentações abrirão o Festival, a primeira será no sábado (15/10), no Teatro da Praça (Taguatinga). Às 17h, o grupo Tumba La Catumba (DF) apresentará O sumiço da pandeirola. E, no domingo (16/10), às 17h, a Insensata Cia de Teatro (MG) apresentará Memórias de um quintal, no Espaço Galpãozinho (Gama)

Nossa história

» Formar uma geração que conhece a história da cidade é sinal de presença do Estado. Por isso, deveria ser obrigatória a visita dos alunos da rede de ensino à exposição Memórias femininas da construção de Brasília dentro do programa Residência Oficial Águas Claras de Portas Abertas proposto pela primeira-dama, Márcia Rollemberg. O documentário Poeira e baton, também trabalho de pesquisa de Tânia Fontenele, é apresentado durante a visitação. Informações: 3961-4800 ou 3961-4801

Crianças

» Essa foi da Lila, filha de Rosa Cavalcante. “Mamãe, nao é que axila significa sovaco em inglês?”. Beatriz Pimentel Montoya, que mora nos Estados Unidos ,conta que o Marcelo, com 4 anos, olhou a bancada de limões verdes e assustado falou: “Mami, olha que gigantes aquelas ervilhas!”.

Revoltante

» Era só o que faltava. As barragens não atingem um nível regular pela falta de chuva e as contas podem vir com 20% de acréscimo. O consumidor tem que pagar pela incompetência do governo? Assentamentos em áreas de preservação, assoreamentos, drenagem de nascentes e agora falta água, e quem paga a conta somos nós? Sem cabimento.

História de Brasília

Chuva, lama, atalho. Da Praça dos Três Poderes para o jornal, perto do Cruzeiro, a gente tinha que ir pela W3. Estava em obras a Plataforma. Ninguém passa. É o acampamento da Rabelo. (Publicado em 15/9/1961)

O perigo de ser governador

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DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Nestes tempos de crise e de muitos escândalos, ocupar o cargo de governador requer, além de uma força sobre-humana, uma disposição em aceitar ser o saco de pancadas da hora, com bordoadas vindas de todos os lados, principalmente dos milhares de servidores insatisfeitos com a depreciação dos salários, tragados pela inflação. Para um governo que, forçosamente, se transformou em simples gestor de uma folha salarial supervitaminada, o temor é que, ao fim da gestão, reste, além de uma biografia maculada por má administração, o perigo de inúmeros processos judiciais por descumprimento de preceitos da LRF, inclusive com a ameaça de inelegibilidade.

Com os sindicatos e parte da Câmara Legislativa em seu encalço, o dia a dia e a própria função de governador perderam muito do glamour, transformando o cargo em um posto de tormentas constantes e muitas armadilhas. Para compensar a situação de deficit constante, o GDF se vê obrigado a cortar investimentos, cancelar reajustes salariais, impedido de contratar novos serviços, aumentar impostos e tarifas, inclusive, aqueles que atingem em cheio os trabalhadores de baixa renda, como tarifas de metrô e de ônibus, sem falar nos aumentos de IPTU, água e luz. Com as contas do GDF no vermelho, resta ao governo de Rollemberg esperar que as medidas de ajustes do governo federal caminhem com normalidade, caso contrário…

A frase que não foi pronunciada

“Com menos regalias, mais obrigação de contrapartida e prestação de contas de verbas recebidas e a Polícia Federal na cola, quem vai querer se candidatar no Brasil”?

Pergunta até as próximas eleições

Em plena crise
» Terracap cria programa de renegociação. A proposta é a devolução de imóveis de 1.600 clientes inadimplentes. Até amanhã, a Agência de Desenvolvimento do DF acredita que haverá adesão à campanha.

Desapropriações
» Por falar em Terracap, seria interessante uma pesquisa sobre as terras desapropriadas para a construção da ponte no Lago Norte. Há uma ocupação suspeita no mapa. É insana a volta que se dá, por falta de uma ponte, para que os moradores da EPPN e adjacências cheguem ao centro da cidade.

Impressionante
» De 2 a 6 de novembro, acontecerá a terceira edição do Brasília Tatoo Festival, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Entre as atrações, as tatuagens em mamilos e auréolas. Impressionante. Só havia visto coisa parecida em filmes de tortura na história da Indonésia.

2017-2021
» Gestão e Transparência é a chapa de Petrus Elesbão que concorre para a diretoria do Sindilegis. Petrus é o atual presidente da Associação dos Servidores do Senado (Assefe). Pessoa agradável, sofisticada sem perder a simplicidade. Foi recentemente premiado pela excelência de gestão em uma disputa que envolveu 2 mil clubes em todo o país. As eleições estão marcadas para 8 de novembro.

Lembrete

» É bom lembrar que para concorrer a cargos de gestão do Sindilegis, o candidato precisa ser ficha limpa. Candidatos que não prestaram contas ao Conselho Fiscal ou à Assembleia Geral ou tiveram as contas rejeitadas no período em que foram gestores estão fora da corrida.

Exposição
» Juliana Nunes, estudante de psicologia da UnB, foi a cicerone na exposição Mãos que cuidam, na biblioteca da universidade. Um trabalho de suma importância que é desenvolvido em parceria com a Apae, em que jovens são preparados para conquistar a liberdade por meio de um trabalho importantíssimo: a conservação de livros e periódicos.

Responsáveis
» A exposição é uma iniciativa da Apae-DF, Biblioteca Central da UnB e Decanato de Extensão. Neide Aparecida Goes é a gestora do projeto, a curadoria da exposição é de Gabriela Souza Mieto, Marli Maciel e Mônica Kanegae. O diretor da BCE é Emir Suaidem. E a presidente da APAE-DF, Wilma Chaves Kraemer.

Solidariedade
» Vinte de dois de outubro, sábado, das 10h às 16h, é dia de Feira de Artesanato e Brechó na Casa do Pequeno Polegar, na QI 5, Chácara 96, atrás do Gilberto Salomão. É bom almoçar por lá. Um festival de massas será oferecido por R$ 30. A sobremesa é de graça. Boa agenda para a família.

História de Brasília
E a distribuição do O Jornal como vai? Se o Calmon chegar aqui e não encontrar o jornal no aeroporto, e no hotel, você acaba sendo demitido. Era a luta dia a dia. Todos os horários de aviões na cabeça. Real, às 9h30; Panair, às 10h. Se não vier num, virá no outro. (Publicado em 15/9/1961)

Folha de pagamento do GDF inviabiliza a capital

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DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Com uma folha de pagamento de aproximadamente R$ 10 bilhões, o GDF tem que se virar como pode para pôr em dia os salários de 136 mil servidores. Essa situação é agravada pela herança recebida de gestões passadas, que acertaram antecipadamente diversos reajustes salariais sem o devido lastro. Com o aumento da crise econômica que tem levado a maioria das unidades da Federação à falência, o futuro da atual administração Rollemberg é sombrio e incerto.

A situação econômica do DF tem feito com que o governo, desde o primeiro dia da posse, fique completamente absorvido com a questão da folha de pagamento inchada. Para piorar a situação, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que impõe limites legais aos gastos do governo, não tem sido devidamente obedecida, por causa do descontrole repetido nas contas públicas. A LRF manda que os governos só gastem até o limite de 45% da receita líquida corrente, o que no caso do GDF, excetua os chamados repasses constitucionais.

De acordo com dados do governo, entre setembro de 2015 e agosto deste ano, os gastos do GDF atingiram o percentual de 47,5% da receita, o que em valores significa quase R$ 500 milhões além do permitido. Com isso o governo local ficou proibido de contratar novos servidores e de dar reajustes salariais para o funcionalismo. Não seria surpresa se, na intimidade com a família e com os amigos de confiança, o próprio governador tenha confessado seu arrependimento em assumir o comando do Executivo local. Os dias no céu do Senado ficaram para trás.

A frase que foi pronunciada

“Horário de verão significa, para quem trabalha cedo, dormir sem sono e acordar dormindo.”

Na Internet

Disciplina

» João, afilhado do Ricardo Guirlanda, ao ser abordado novamente pela mãe para arrumar a bagunça deixada para trás resmungou: “Mãe é bom, mas duuuuuura!”

Passeio

» Adriana Sá viajava com as filhas quando o diálogo surgiu. Ana Luiza perguntou o que era aquele lugar estranho. A irmã mais velha, Juliana, que já sabia o que era um cemitério, respondeu sem titubear: “É onde os mortos vivem!”

Leveza

» Liz, a primogênita de Ruth Passarinho, reclamou do vento: “Ah não! Esse vento fez meu cabelo ficar assim todo feio”. A mãe logo respondeu: “Não está feio filha, continua com as tranças”. Liz explica: “Não, mamãe, agora ele está cheio de cabelinhos flutuando”.

Filólogo

» Leandro, nosso primo do Ceará, já estava aborrecido de ser chamado de gordinho. Sylvia Muniz, para mudar essa ideia, sugeriu ao filho que respondesse que era robusto. Ao abrir a porta do elevador a vizinha disse: “Pode passar, gordinho”. Ao retrucar, Leandro se esqueceu da palavra que a mãe havia ensinado, mas ela deu a dica: Você é Ro….. Ele se lembrou na hora. “Eu não sou gordinho, sou ropeito.”

Dividendos

» Depois de mostrar para o pai que estava craque nos primeiros conceitos de matemática, André Dusi resolve provocar a filha Laura, com pouco mais de 3 aninhos. Se você tem uma maçã e divide com sua amiga —- meia maçã para cada uma —, o que sobra? Laura responde de imediato: “O caroço e o cabinho”.

Constitucional

» Adriana exclama para a mãe depois que Guilherme quebrou um aparador na sala. “Mamãe, esse menino está depilando o patrimônio da família”.

Anatomia

» Com 5 anos, o Arthur, filho da Ruth Helena, soube que ela faria uma cirurgia no abdome, e a vovó Arlete explicou que o médico cortaria a barriga da mãe. O pequeno pensou alto: “E as pernas vão ficar junto com o pescoço?”.

História de Brasília

Éramos três: Antônio Honório, Jairo Valadares e eu. Para um pouco, chega! Vamos ao hotel tomar alguma coisa! A gente enlouquece nessa nostalgia. Vinham aos sábados as visitas. Era o único dia de passeio. A gente ia mostrar a cidade. Cuidado, não beba água sem limão. Dá dor de barriga. (Publicado em 15/9/1961)