Hora de descer do pódio

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Não é de hoje que brasileiros de todas as idades e gêneros em viagem para o exterior enfrentam os rigores kafquianos das autoridades de imigração, principalmente quando o destino é para os Estados Unidos, o Canadá e a Europa. Vistos pela ótica burocrática dos departamentos que cuidam da entrada de estrangeiros, todos os cidadãos da América Latina, assim como aqueles vindos das nações do chamado Terceiro Mundo, são imediatamente identificados como imigrantes potenciais que estariam dispostos a tudo para entrar e permanecer indefinidamente em seus territórios.

Separar, nessas grandes levas de pessoas, aquelas que realmente anseiam permanecer naqueles países, mesmo sob a condição de imigrantes ilegais, daquelas que apenas querem viajar e conhecer novas terras e novas culturas, não é tarefa das mais simples. Por via das dúvidas, as autoridades americanas e europeias, diante dos constantes atentados terroristas e da grande movimentação atual de refugiados, passaram a tratar como suspeitos todo e qualquer viajante, principalmente os oriundos do Hemisfério Sul.

Diante dos novos desafios de segurança mundial que se impõe, o simples ato de viajar a turismo para fora do país passou a requerer muita disposição e coragem para enfrentar a peneira fina feita pela imigração externa. Ainda assim, e talvez por esses motivos, têm havido repetidos e lamentáveis excessos. Em um mundo em permanente estado de alerta, os viajantes com bons propósitos e com a documentação em ordem acabam sendo duramente penalizados e, não raro, ficam traumatizados com a experiência vivida lá fora. Esse é justamente o caso atual da estudante brasileira de 16 anos, barrada pela imigração no aeroporto de Detroit, nos Estados Unidos, e que há 15 dias se encontra presa e incomunicável num presídio para imigrantes na cidade de Chicago.

As autoridades americanas não dão mais detalhes por motivo de segurança. O Itamaraty, sempre a reboque das notícias e distantes das agruras sofridas pelos brasileiros no estrangeiro, se limitou a reconhecer que desconhece os motivos da detenção da jovem pelos americanos. Os pais da brasileira vivem momentos de aflição e asseguram que jamais vão pôr os pés novamente naquele país. A aflição deles é também de muitos brasileiros maltratados como seres inferiores nos guichês de imigração desses aeroportos. O que mais surpreende é que esse tratamento primitivo parte justamente dos países desenvolvidos que se vangloriam e apregoam as delícias de seu alto estágio civilizatório. Para um país, como os EUA, que já alcançou a lua, falta ainda muito chão a percorrer até reconhecer a arrogância e enxergar as consequências que ela traz para o mundo.

A frase que não foi pronunciada

“Até Ravel era usado em tortura. O que é constantemente repetido enlouquece qualquer um!”

Alguém irritado saindo do plenário do Senado

Querido por todos

Comentário geral sobre o senador Paulo Paim. A melhor defesa até agora a favor da dona Dilma Rousseff. No entanto, o PT nunca confiou um cargo importante para ele, que na sua grandeza parece não se importar com isso.

Problema

Continua o problema entre a Volkswagen e o Grupo Prevent. A produção no Brasil está parada por falta de peças.

Ação

Se a situação estava grave, agora vai piorar. Convênio entre GDF e UnB rompido causa greve dos estudantes de medicina. Eles querem continuar os atendimentos nos hospitais da região leste: Paranoá, São Sebastião e Itapuã.

Distrital

Câmara Legislativa recebe representações contra distritais citados na CPI da saúde. Agora cabe ao Ministério Público e Polícia Civil a firmeza que a população anseia. Enquanto os eleitores não aprendem a votar o papel do Ministério Público e Polícia Civil dobra de responsabilidade.

História de Brasília

Está de pé, o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 13/9/1961)

A paz dos cemitérios políticos

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Não se iludam. A indústria da invasão de terras públicas que tantos transtornos vem trazendo para o ordenamento urbano do DF é filha primogênita da emancipação política introduzida na capital. Os outros descendentes diretos desse arranjo maledetto são os escândalos de corrupção contínuos, a divisão da cidade em currais eleitorais, a sangria do dinheiro público para sustentar um esqueleto burocrático artificial e inoperante, além dos conflitos violentos e generalizados opondo pessoas de diferentes legendas, inclusive com a ocorrência de crimes e ameaças contra a vida.

Para uma cidade, planejada com esmero visionário, a introdução das mesmas mazelas administrativas que sempre assolaram o restante do país significou um recuo no tempo, não pelo processo político representativo em si, necessário, mas, sobretudo, pela qualidade pessoal dos agentes envolvidos.

Democracia com qualidade só é possível com representantes de qualidade. Usada como moeda de troca, no toma lá dá cá da aritmética malandra, as terras e os espaços públicos da capital foram sendo loteados entre as legendas, enquanto se buscava, por meio da feitura de leis marotas, aplainar os caminhos para a regularização veloz desses espaços.

A partir de 1990, num espaço de poucos anos, a cidade começou a experimentar um inchaço populacional, com gente de todos os cantos se transferindo para capital, por conta das notícias de que por aqui bastava assegurar o voto em determinado candidato para garantir um lote nos inúmeros condomínios que se formaram da noite para o dia. Como consequência, os brasilienses passaram a conviver com o aumento assustador da violência urbana, colapso no fornecimento de água e luz, hospitais agonizando e escolas públicas superlotadas. Paralisações e greves políticas frequentes, além da costumeira malversação dos recursos públicos e da corrupção disseminada na máquina administrativa.

Enquanto uma reforma política séria e profunda não for posta em prática, continuaremos tendo que optar entre a paz dos cemitérios, própria das ditaduras, e o alvoroço vivo da representatividade, embora feito por gente que não enxerga além do próprio umbigo.

A frase que foi pronunciada

“Se para tirar a carteira de motorista fiquei tão nervosa, imagine o que sente a Dilma Rousseff hoje, quando vão lhe tirar o governo!”

Ju Borges, de Brasília

Voto de volta

Impressionado com a arrogância do PT, o senador José Medeiros discursou sobre a falta de humildade do partido. Até agora ninguém do partido foi capaz de fazer o mea-culpa batendo a mão no peito para pedir perdão aos eleitores que acreditaram nas propostas de mudança para um país melhor, disse o senador. Como bem falou Alexandre Garcia, só o recall dos votos resolveria essa questão.

Mais escândalo

Na bola da vez está o BNDES. Os R$ 400 milhões que foram para o grupo São Fernando, do empresário José Carlos Bumlai, são apenas parte do que vem pela frente, num comboio de investigações. Além das irregularidades, o tráfico de influência nos empréstimos pesa contra o banco nacional.

Na capital

Deputado federal Alex Manente é um ferrenho defensor da acessibilidade por todo o país, principalmente para incrementar o turismo aos que usam cadeira de rodas ou tenham mobilidade reduzida. Só um passeio no comércio das entrequadras e W3 mostrará como estamos longe desse sonho.

Que moral

Quem for pego roubando será punido severamente. Essa é a regra número um do Comando Vermelho. Cartazes explicativos foram espalhados por uma favela do Rio. “Se matar inocente vai pagar com a própria vida.” Pelo comentário dos moradores, a ação deu bons resultados.

Nova hora

Flexibilizada por medida provisória, a Hora do Brasil pode ser transmitida entre as 19h e as 22h. A questão ainda não é definitiva.

História de Brasília

E o relator da matéria foi, precisamente, o sr. Cândido Mota Filho, a quem cabia manter uma medida moralizadora do governo que não foi tanto, não dando aos Jóqueis Clubes a força que eles demonstraram ter. Infelizmente tal não aconteceu. (Publicado em 13/9/1961)

Você paga e eles se divertem!

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

Circe Cunha com MAMFIL

Ou a população de Brasília se une para promover uma reforma verdadeira e profunda no funcionamento da Câmara Legislativa e em todo o quadro político-eleitoral da capital, ou continuará a assistir, de camarote, à sucessão contínua de escândalos de corrupção, com sérios prejuízos não só para a cidade como um todo, mas também para cada um dos moradores, principalmente para os pagadores de impostos que são obrigados para bancar essa farra sem fim.

Fosse feita uma pesquisa de opinião pública com os brasilienses mais esclarecidos e que se interessam pela vida da cidade, possivelmente essa Câmara Legislativa seria banida para sempre do horizonte candango — o que essa coluna sempre defendeu. O afastamento inédito de toda a cúpula do Legislativo local joga os brasilienses de volta aos lastimáveis episódios deflagrados com a Operação Caixa de Pandora de 2009, em que o então governador, José Roberto Arruda, foi parar atrás das grades.

Temos, assim, por nossa falta de comprometimento, três recordes nacionais vergonhosos: o primeiro senador cassado, o primeiro governador preso e a primeira Mesa Diretora de um Legislativo afastada por decisão da Justiça. Tudo isso num curto espaço de tempo. Vigilância eterna é o preço que o eleitorado da capital tem que pagar para desfrutar dos benefícios da democracia. A história da implantação de uma câmara de representantes e de eleições gerais em plena capital federal mostra o poder de pressão dos lobbies sobre a feitura das leis, inclusive até sobre a Constituição.

Contrariando pareceres de doutos juristas, a emancipação política da capital foi feita para atender nichos específicos de pessoas que anteviram nesse processo chances de ganhos econômicos extraordinários. Por diversas vezes, neste mesmo espaço, a população foi alertada para os riscos de se repetirem na capital os mesmos vícios políticos encontrados em outras partes do Brasil. O que os brasilienses começam a perceber agora é que o divórcio entre a classe política e a população é um fenômeno nacional, e Brasília não foge à regra.

Não cabe ao jornalismo fazer as vezes de juiz, condenando ou absolvendo quem quer que seja. Mas estamos cientes de que cabe única e exclusivamente ao povo decidir sobre o que quer que o presente faça pelo futuro e que modelo de democracia deseja para si e para os seus. Pelo que se tem visto até aqui, a sabedoria popular ainda não encontrou solução para o impasse flagrante.

Como é possível que representantes eleitos pela sociedade continuem a trabalhar contra essa mesma sociedade, contrariando seus anseios, escarnecendo não só da Justiça, mas dos próprios eleitores? Quo usque tandem abutere, Camara patientia nostra?

A frase que não foi pronunciada

“Eu estou cheio de ver morcego pousando de segurança de banco de sangue!”

Certo eleitor candango

São Paulo

Magnus é o nome do cachorro que surpreendeu a criançada da AACD. Cientificamente provada, a presença do cão traz alegria suficiente para anestesiar a dor da hospitalização. Felipe Consentini é o veterinário de Magnus. A docilidade e a sociabilidade do animal foram fundamentais na seleção.

Esclarecimento

Sobre a eleição da UnB, a professora dra. Márcia Abrahão esclarece à coluna que a candidatura ao lado do professor Enrique Huelva é exclusivamente acadêmica, “expressa em nosso programa e em nossas exitosas carreiras, que o convido a conhecer. Como gestores de uma das principais universidades do país, caso sejamos eleitos para dirigir a UnB pelos próximos 4 anos, não vamos nos omitir em contribuir com questões importantes para a academia e para o país”.

Lição de vida

Corre pela internet bela imagem com o seguinte dizer: Saem os campeões das Olimpíadas, entram os heróis das Paralimpíadas. Na SporTV, vale acompanhar a série Eu me movo, um documentário que começa às 18h30 sobre a trajetória de vida e a rotina de treinamento de 10 atletas paralímpicos, reconhecidos internacionalmente. Verônica Hipólito, Dirceu Pinto, Fernando Fernandes e tantos outros.

Entrada franca

Por falar em cães, no Minas Hall, de amanhã até domingo, acontecerá o Dog Weekend. Trata-se de uma superfeira com todas as novidades do setor de produtos e serviços para cães, exposição de raças e habilidades.

Preservação

Bate forte o coração ao ver caminhões cercando a mina d’agua, onde será ampliado o acesso norte, entre a Ponte do Bragueto e a L4. Se for preservada, poderia ter uma placa com o nome do ministro Armando Leite Rollemberg.

História de Brasília

Toda ausência é atrevida. Foi só o sr. Jânio Quadros sair do governo, e o Supremo julgou logo o mandado de segurança fazendo voltar as corridas de cavalo nos dias de trabalho normal. (Publicado em 13/9/1961)

Vertente criminosa da política

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Vertente criminosa da política

Ninguém poderia imaginar que o século 21, recém-inaugurado, traria consigo tanta turbulência, contrariando aqueles que acreditam que a evolução da espécie humana é uma questão de tempo. Ao que se assiste agora, por todo o mundo, é ao recrudescimento da violência e da barbárie em seus aspectos mais primitivos.

Enquanto os países desenvolvidos se veem envoltos com a questão dramática do terrorismo e com a chegada inesperada de grandes levas de imigrantes famintos; no Brasil, ainda nos vemos presos a problemas do século passado, causados não só pelo subdesenvolvimento persistente, mas, sobretudo, pela sobrevida de um estilo político herdado dos tempos dos currais eleitorais e dos coronéis.

Com a proximidade das eleições municipais, metrópoles distantes e distintas, como Rio de Janeiro e Fortaleza, são obrigadas a recorrer à proteção da Força Nacional de Segurança para que os pleitos ocorram de forma pacífica. Atualmente, sem a presença efetiva dessa Força Armada, simplesmente não há garantias de que as eleições sejam tranquilas. Em Fortaleza, a questão da segurança vem pautando praticamente todos os discursos de campanha de todos os partidos indistintamente.

Em Natal, a questão da violência urbana também está presente nos palanques. Não bastasse a ocorrência dessas sérias questões, crescem as suspeitas de que o crime organizado, por ordem de suas lideranças, muitas de dentro de presídios de segurança máxima, tem se articulado para lançar e bancar candidatos comprometidos com o mundo do crime.

Para os brasileiros, estão postos agora todos os ingredientes para um retorno aos tempos do gangsterismo que assolou a cidade americana de Chicago nos anos 1920. A corrupção sistêmica na política, a volta dos cassinos, o financiamento de candidaturas pelo crime organizado, são alguns dos elementos presentes que ameaçam não apenas nossa democracia, mas tornam ainda mais cinzento o futuro de milhões de brasileiros. É esse ovo da serpente que é posto agora diante de nós e que, por nossa omissão, pode vir à luz.

A frase que foi pronunciada

“O dinheiro não modifica o homem, apenas o desmascara.”

Henry Ford

Alvo

Destaque para os brasileiros nas Olimpíadas foi o almirante Paulo Zuccaro, diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa. Sem campanhas ou estardalhaços sobre o desenvolvimento de atletas militares, a população brasileira desconhecia o feito das Forças Armadas em relação ao esporte. O almirante Zuccaro disse, em entrevista, que países desenvolvidos têm esporte desenvolvido.

Simples assim

Pensem no que aconteceria se as multas do Detran fossem transformadas em horas de pena alternativa. Os motoristas seriam obrigados a prestar serviços em escolas públicas ou hospitais. Não haveria mais a sanha arrecadatória, e o resultado da aplicação das multas seria visível e serviria ao bem comum.

Ouro da casa

Que satisfação ver que Diego Badra enfim entrega-se à culinária. Chef de mão cheia, educado e sensível, ele reflete as qualidades que tem nos pratos que faz. Amanhã, na Oficina Gourmet do Taguatinga Shopping, Diego desvendará os segredos do alfajor, pavlova e torta de limão. Contem no relógio o curto tempo que esse rapaz levará para ser referência na cidade.

Renascer

www.amputadosvencedores.com.br é o site de Flávio Lúcio Peralta. Depois de ser eletrocutado por uma descarga de 13.800 volts, ele precisou se adaptar à vida sem as mãos. Agradecemos a oportunidade de ler um depoimento tão marcante. Funcionários que trabalham em constante perigo ganhariam muito com esse depoimento.

Erramos

Estância Quintas da Alvorada, que enfrenta a Agefiz, nada tem a ver com Quintas da Alvorada, condomínio próximo.

História de Brasília

A posse do ministro da Viação foi a esperança de modificações nos Correios e Telégrafos. Agora, com engenheiro jovem, inteligente, o ministério poderá produzir muito mais. Um voto de esperança e confiança para o cel. Virgílio Távora. Vença a burocracia, coronel, senão ela lhe sufocará. (Publicado em 13/9/1961)

Fim do cerrado. Rios, milho, soja e feijão por areia

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Fim do cerrado. Rios, milho, soja e feijão por areia

Com a transferência da capital para o interior do Brasil, a Região Centro-Oeste, secularmente esquecida, passou a experimentar um protagonismo até então inusitado. A proximidade com Brasília favoreceu e estimulou o desenvolvimento da região. Novas rodovias foram abertas, estradas de ferro foram inauguradas, fábricas instalaram-se no interior. Com o desenvolvimento gerado pelas novas condições geopolíticas do país, veio o progresso e, atrás dele, também o avanço inevitável da poeira.

Ao pretender se transformar no celeiro do Brasil e do mundo, o Centro-Oeste em pouco tempo mudou. O cerrado, anteriormente abundante em toda região, foi sendo substituído pela agricultura semeada em grandes latifúndios mecanizados. Com o advento das espécies transgênicas, as monoculturas do milho e da soja foram expandidas até os limites das cidades. As novas e extensas culturas tomaram conta da vegetação nativa do cerrado, posta abaixo indiscriminadamente, mesmo às margens dos rios.

O cerrado é um bioma que ocupa um quarto do território brasileiro. Embora não possua rios caudalosos, é nessa região que estão concentradas as nascentes de oito das maiores bacias hidrográficas do Brasil. No cerrado, estão os principais aquíferos do país: Bambuí, Urucuia e Uarani. Biólogos e outros pesquisadores são unânimes em reconhecer que a retirada da vegetação natural aliada a um desmatamento criminoso e sem precedentes, estão comprometendo irremediavelmente a manutenção dos níveis de água de grande parte do país.

Se a preservação da natureza é difícil e custosa, além de enfrentar o poderoso lobby dos grandes produtores, imaginem como será, então, para todos, um processo de desertificação perene de grande parte do Brasil. Em algumas regiões, já é possível verificar o desaparecimento de várias nascentes. Sem dúvidas, os prejuízos advindos de uma atividade e de um manejo da terra sem as cautelas necessárias serão infinitamente maiores do que os ganhos que uma minoria de latifundiários terão a curto prazo.

Os alertas sobre a importância de preservar a vegetação nativa do cerrado vêm ocorrendo há algum tempo sem a merecida atenção por parte das autoridades. Segundo alguns cientistas, o processo é irreversível. Para as gerações futuras, se nada for feito, os rios, o milho, a soja e o feijão serão caso encerrado.

A frase que foi pronunciada

“A beleza é uma carta de recomendação a curto prazo.”

Ninon de Lenclos, filósofa e cortesã francesa e considerada símbolo da força e da independência feminina.

Itinerante

Ativo em Brasília na solução de lides, o TJDFT está sempre presente. Nesta semana cinco regiões administrativas vão receber o Juizado Itinerante, uma forma muito bem-vinda pelos cidadãos devido à facilidade do acesso à Justiça.

Conciliação

Por falar em lide, o juiz Flávio Rostirola suspendeu a derrubada das casas no condomínio Quintas da Alvorada, mas a questão não está decidida. Ele enaltece a conciliação no caso e o amplo direito de defesa dos moradores.

Alternativa

Jaques Grinberg, coach de vendas, palestrante, consultor e sócio em quatro empresas, atesta que onde há crise econômica, tem crédito cada vez mais exigente. Existe também busca dos consumidores por bens que sejam adquiridos sem o pagamento de juros. Esse é o ambiente favorável para a aquisição de bens por consórcio.

Plástica prática

A Escola Parque é uma instituição educacional que desde as raízes da cidade era o ambiente para o desenvolvimento de artes, música e teatro, três ferramentas valiosas para a paz social, para o desenvolvimento cognitivo e afetivo. A artista plástica Regina Pessoa, em um resgate histórico, estará presente na Escola Parque para um bate-papo com a criançada. A aula prática de artes plásticas termina no Museu da República, na exposição que ficará aberta ao público até o dia 28.

História de Brasília

Em Brasília, tem sido a cabeça do Iate Clube, e o próprio clube é um atestado de boa administração. (Publicado em 13/9/1961)

1,5 milhão de bêbados contra a corrupção

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Quando a língua se move mais rápido do que o cérebro, o que se tem é o atropelo da razão. É o que parece ter ocorrido com o ministro do Supremo Gilmar Mendes ao declarar, no plenário daquela Corte, que a Lei da Ficha Limpa foi feita por bêbados. Ao emitir tamanho disparate, do alto de sua torre de marfim, Mendes não só demonstrou seu desdém acerca do pioneirismo e alcance dessa lei, considerada por muitos juristas de renome como um marco revolucionário para a moralização do processo político brasileiro, como deixou escapar um certo desprezo por iniciativas oriundas e de cunho popular.

Da mesma forma, como o juiz interpretou a lei de iniciativa popular, a população interpreta o ministro como que, de forma alguma, esteja a favor de políticos malandros. Mas qual é o problema da lei? As fases recursais? O princípio da inocência? Mas a mesma Carta Magna, que prevê as obrigações do Estado para com o povo, não contempla efetivamente essa obrigação cumprida. Então, para fazer tudo certo, quem já foi julgado e condenado não pode representar eleitores e quem assumir cargo público terá que cumprir a Constituição.

A presunção de inocência pode favorecer larápios que não passaram por todo o processo de recursos exageradamente dados pela Justiça brasileira. Uma sentença condenatória dada por juiz de 1º ou 2º grau pode ser perfeitamente transformada em instâncias maiores da Justiça. E a Constituição cumprida dará aos cidadãos e contribuintes o que lhes é de direito.

Resta saber a quem serve uma Constituição que tem várias interpretações. Aliás, o último entendimento agora, dado pelo douto magistrado, encontrou nas, filigranas da lei, uma brecha larga por onde se evadirão milhares de prefeitos e outros administradores públicos ladinos com contas e contabilidades a acertar com a Justiça.

Por um lado, a decisão estabelecerá uma ampla anistia aos políticos apanhados com a mão na botija. Por outro, o novo entendimento entregou para as câmaras municipais o poder de dar o veredito final. Dessa forma, aqueles prefeitos que malversaram os recursos da população e que tiverem maioria política nas assembleias, estarão automaticamente inocentados de qualquer irregularidade e seguirão elegíveis ad eternum.

A interpretação poderá ainda fazer com que um prefeito recém-empossados consigam, através das Câmaras, que seus antecessores e inimigos políticos venham a ter suas contas rejeitadas. Em suma, foi firmado o verdadeiro samba do ariano doido em que os mais espertos seguirão inatingíveis pela lei. Mesmo naqueles casos em que as assembleias não venham a se reunir para deliberar sobre as contas, os maus prefeitos podem seguir livres para voltar a delinquir. Somente neste ano de eleições, 4.849 políticos que tentarão concorrer poderão ter seus registros de candidatura impugnados de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

Ao empurrar os tribunais de contas para escanteio, restringindo sua atuação a um mero assessoramento, a nova interpretação escancarou as portas dos cofres municipais à sanha dos espertalhões de sempre, beneficiando minoria desonesta e deixando à própria sorte o eleitor.

Tudo o que a população quer é conhecer os antecedentes de quem vai representá-la. Alguém que tivesse responsabilidade e medo da Justiça ao administrar o suado salário da classe média. Alguém que esteja em dia com a Justiça Eleitoral, que esteja há mais de um ano no mesmo partido, que não se esconda, como um ladrão covarde, atrás do abominável foro privilegiado para se livrar de crimes. Alguém que não seja apenas um alfabetizado funcional, que tenha educação, inclusive, para valorizá-la efetivamente em nome da República. Alguém que seja severamente punido ao se despedir do governo, se ao final do mandato não apresentar os resultados reais lidos no discurso de posse.

A frase que foi pronunciada

“Nós mesmos somos o nosso pior inimigo. Nada pode destruir a humanidade, mas a própria humanidade.”

Pierre Teilhard de Chardin

Mei

Amil para tratamento dentário tem cobrado religiosamente todas as parcelas relativas ao Plano Dental, mas localizar um dentista credenciado é uma tarefa hercúlea. A reclamação é de um leitor jovem que paga as mensalidades com o dinheirinho suado de um trabalho como microempreendedor individual.

Release

O painel do sonegômetro que denuncia os valores astronômicos da sonegação fiscal no Brasil está exposto em Porto Alegre (RS), no Largo Glênio Peres, próximo ao Mercado Público. A iniciativa é do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). O painel revela que o deficit de R$ 170 bilhões, previsto pelo governo interino de Michel Temer para 2016 seria equacionado com folga se os bilhões de impostos sonegados no país desde o início do ano fossem recuperados.

Educação

Liberados pelo Ministério da Educação mais de R$ 277 milhões às instituições federais de ensino. Do total de recursos, as universidades federais receberam R$ 185 milhões, valor que inclui repasses para hospitais universitários. Já a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica recebeu R$ 90 milhões. Outros R$ 2 milhões foram encaminhados ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), ao Instituto Benjamin Constant (IBC) e à Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Atualmente, tão importante quanto o aviso de liberação de rubricas, é a divulgação do Portal da Transparência;

História de Brasília

Assumiu a subchefia da Casa Civil o sr. Silvio Pedroza. Quase menino, foi governador do Rio Grande do Norte, fazendo um dos mais revolucionários governos daquela época. Alterou, para melhor, o sistema de ensino, distribuiu escolas por todos os municípios, modificou os métodos administrativos, e jogou seu Estado muitos anos na frente. (Publicado em 13/9/1961)l

Quem votou neles foi você

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Grampos revelam a face oculta de autoridades brasileiras. Fossem gravadas e disponibilizadas para o público em geral as chamadas conversas ao pé do ouvido dos políticos desse país, a maioria de nossos representantes estaria no rumo certo para a cassação do mandato e para a condenação pela Justiça. O que as variadas gravações secretas dos políticos têm, reiteradamente, demonstrado ao longo do tempo é que, de fato, não conhecemos nem um pouco os nossos representantes nem suas ideias.

No caso das recentes gravações de conversas divulgadas entre a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão e a vice, Liliane Roriz, o que chama a atenção, logo de saída, é que os brasilienses de bem, que sempre se posicionaram contrários a emancipação política da capital, têm razões de sobra para essa luta.

O aparato burocrático de representação política, facilitado pela Constituição de 1988, e arrancado a fórceps da lei para a capital do país, vem, ao longo dos anos e a cada novo escândalo demonstrando não só a inutilidade e a ineficácia desse modelo, como os sérios prejuízos para o para o contribuinte, obrigado a bancar esse circo inútil e de péssima qualidade produtiva.

A cada novo episódio mal explicado, fica a certeza de que o atual modelo é danoso para a cidade e para a maioria da população. Visto por sua face crua, revelada pelos seguidos casos de grampos, fica constatado que grande parte dos deputados distritais não representa ninguém, além de si e de seus interesses inconfessáveis. A sanha pela obtenção de vantagens de toda ordem, mesmo flagrantemente ilícitas, aparece nas mais diversas legendas, variando apenas no quantitativo de acordo com o poder momentâneo de cada uma.

Também as constantes desavenças entre o Legislativo e o Executivo local, tão prejudiciais à população, obedecem e são movidas por motivos pouco republicanos, orientadas pelas disputas de poder pessoal. Nos diálogos, sempre captados à sorrelfa, ficam demonstrados, além do baixo nível e da mediocridade moral dos eleitos, que a formação de currais eleitorais aos moldes do século passado ainda são uma realidade presente e nefasta entre nós.

A frase que não foi pronunciada

“Ué, caixa 2 ainda existe? Pensei que a
versão 2016 tivesse sofrido um upgrade para Caixa 5”

Ministro recém-chegado no Brasil,
depois de 15 anos fora, horrorizado com as notícias.

Reclamação
» É certo que a Polícia Federal tem sido exemplar nas operações contra a corrupção, mas uma pena que para tirar passaporte não seja mais possível fazê-lo no Na Hora da Rodoviária do Plano Piloto, agora só Riacho Mall, no Riacho Fundo. E-mails protestando sobre a mudança podem ser feitas ao sr. Ney Ferreira de Souza, Ouvidor da PF. (ouvidoria@dpf.gov.br )

Falta sensibilidade
» Por falar em reclamar, o governo federal tem seu espaço no Reclame Aqui, o melhor portal para esse fim. Em 12 meses, foram 139 postagens. Pena que nenhum dos problemas foi resolvido.

Proibido cortar
» Luiz Carlos Pato é um dos lavadores de carro que trabalha perto do Senado. Ele plantou várias árvores do estacionamento do Prodasen. Cada uma que cortam lhe dói o coração. No toco da última vítima da serra elétrica está escrito: “Sinto muito”. Alguém registrou o sentimento de tristeza com a violência, no resto de seiva que chorava uma morte sem sentido.

Inteligência para o futuro
» Bancada pela Noruega, a Libéria recebeu investimentos para o combate à epidemia de ebola. Em contrapartida, seria proibido fazer qualquer desmatamento. Depois da proposta à nação africana, agora é lei na Noruega. Para cortar uma árvore, é preciso pedir autorização para o governo.

Parceria
» Aragarças, Baliza, Bom Jardim de Goiás e Piranhas são regiões de Goiás que terão as escolas e entidades beneficiadas por agricultores familiars que vão fornecer hortifrúti. Trata-se de uma parceria entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por meio da Superintendência Regional de Goiás, com o contrato com a Cooperativa Mista de Agricultores e Agricultoras Familiares de Cooperjardim.

Educação
» A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, iniciativa da Fundação Itaú Social e do Ministério da Educação, em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), é uma proposta que procura aperfeiçoar e atualizar sempre as técnicas de ensinar, em que o professor permanence em constante aprendizagem. Um bom planejamento em busca de resultados é estratégia que permite ao professor ensinar melhor, e ao aluno, aprender mais. A 5ª edição está em pleno processo de produçao literária.

Higiene

» Falta em nossas lanchonetes, confeitarias e padarias a tal pia para lavar panos de chão no térreo, para que estes não sejam lavados na mesma cuba das louças. Aliás, usar a vassoura faz economizar água, e evita a manipulação excessiva de funcionários com os panos de chão.

História de Brasília
A reclamação vem do pessoal da Imprensa Nacional. Até hoje não instalaram bebedouros no local de trabalho, e a cantina cobra preços absurdos, mesmo como está: instalada precariamente, sem higiene, sem conforto, e sem pagar luz, aluguel ou impostos. (Publicado em 13/9/1961)

Um fantasma na ópera

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Cartas, sobretudo aquelas escritas de próprio punho, possuem um poder revelador tão fascinante que, analisando o desenho ou um traço de uma simples letra, é possível acessar os mais recônditos labirintos da alma do autor. Mais do que revelar o interior de quem escreve, uma carta, quando manuscrita, se converte num documento fidedigno, pois cada linha riscada na folha branca é como uma própria assinatura, lavrada e garantida.

Nesse sentido, a carta de dona Dilma aos senadores e à nação, finalmente tornada pública na terça-feira, como missiva, soa totalmente falsa. Nela, nem as pessoas que desfrutam do convívio íntimo da presidente reconheceriam nos escritos quem foi o autor de fato. Para muitos, o texto é inteiramente de autoria de seu advogado de defesa, José Eduardo Cardoso, sendo que a presidente, nesse caso se limitou a ler o que estava à sua frente.

Fosse esse um documento manuscrito, apresentando o desenho personalizado de sua letra, mesmo com erros de português e gramática, a carta exalaria aquele ar de autenticidade. Mais uma vez a presidente abandona o caminho reto da verdade para se embrenhar pela via larga da falácia, levando ao destinatário para uma espécie de areia movediça, onde os fatos e as versões afundam no mesmo terreno. Mais uma vez dona Dilma desperdiça a oportunidade de usar a sinceridade. Essa é a derradeira chance.

Durante os longos anos em que ocupou os mais destacados cargos públicos, em nenhum momento dona Dilma se permitiu mostrar quem realmente é. Cargos públicos são para pessoas que se apresentam cristalinas, sem medo de mostrar o que são, o que pensan e ao que vieram. Entre as coisas públicas, numa república de fato, o que se deveria encontrar, além da total transparência das pessoas ungidas pelos cargos, o respeito irrestrito às leis.

De toda forma, a carta ficará com o registro lido pela alegada autora para a posteridade e, no futuro, será lida e esmiuçada por historiadores que, à semelhança de arqueólogos e paleontólogos, buscarão entender quem foi realmente o personagem por trás da carta, quais foram suas razões e angústias. Pelo que se tem até agora, não dá para saber ao certo. Restará aos cidadãos buscar, por conta própria, o fantasma escritor por trás das linhas.

Discurso que foi pronunciado:

“Ao longo da campanha, anunciei medidas que vão ser muito importantes para que a sociedade brasileira enfrente a corrupção e acabe com a impunidade.”

Discurso de dona Dilma

Criatividade no ar

Jorge Antunes leva para a UnB, na terça-feira, a ópera de rua Olympia ou Sujadevez, de sua autoria. A apresentação está marcada para as 12h30, no Restaurante Universitário, na área voltada para o Minhocão. Coro, solos e orquestra.

Imbróglio

Recebemos da Mesa Diretora da CLDF o seguinte esclarecimento: “A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal esclarece que aprovou Projeto de Emenda Aditiva, proposto pela própria deputada Liliane Roriz, que destina recursos para a Saúde. E que os áudios divulgados, hoje, pela imprensa estão evidentemente editados e as conversas estão fora de contexto. A Mesa ainda esclarece que os deputados cumpriram com seu dever de legislar, que rejeita qualquer acusação de prática de ato ilícito e que confia nas investigações para a apuração da verdade. Ademais, a deputada Liliane Roriz está sendo investigada pela Mesa Diretora da Câmara, podendo sofrer a perda do mandato em três processos pela prática de atos ilícitos e quebra de decoro parlamentar”, encerra a nota.

Desapego & necessidade

Cena comum para os frequentadores de restaurantes em Brasília são pessoas necessitadas que pedem dinheiro, vendem flores etc. O Santé 13, na 413 Norte, resolveu a situação com a campanha: “Quem tem PÕE. Quem não tem PEGA”. Com o apoio da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh), a proposta funciona da seguinte forma: o restaurante é um ponto de troca, que recebe as doações de roupas e agasalhos em bom estado e distribui às pessoas em situação de vulnerabilidade. E o montante arrecadado ao longo de toda a semana também será distribuído, às sextas-feiras, em uma das instituições indicadas pela Secretaria. A campanha não tem data para acabar, os organizadores pretendem que a ideia estimule o desapego na população de Brasília. É só fazer sua parte.

História de Brasília

Agora, seja dada a solução que bem convier, desde que a nomeação do prefeito é de exclusiva responsabilidade do presidente da República. Mas o que o sr. João Goulart fizer de bom ou de mau para a capital todos nós saberemos conhecer. (Publicado em 13/9/1961)

Estatais interessam apenas aos políticos

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br
Circe Cunha com MAMFIL

Se não tivesse vindo a óbito ainda na infância, a estatal Brasil 2016, criada no governo Lula para preparar a cidade do Rio de Janeiro para a realização das Olimpíadas a exemplo de outras, como a Hemobrás, ou estaria na mira da Justiça, envolvida em casos de corrupção, ou teria gerado um sobrepreço gigantesco para a realização dos jogos. A criação e a manutenção de estatais interessam sobretudo aos políticos, principalmente àqueles que apregoam a tese de que o Estado deve ser o maior indutor do desenvolvimento.

Atreladas aos infindáveis recursos do Tesouro Nacional, as estatais não operam com a lógica cartesiana do mercado. Termos como competitividade, excelência técnica ou produtividade, ou são desconhecidos nesse meio, ou simplesmente desconsiderados como conceitos inúteis. Blindadas por legislação própria e com o dinheiro farto, sugado dos contribuintes, as estatais tinham, nos governos militares, uma certa razão lógica que se prendia aos conceitos de nacionalismo e fortalecimento do Estado, próprios do pensamento castrense.

Com a chegada ao poder dos partidos autoproclamados de esquerda, a existência e a multiplicação das estatais ganharam, além contornos ideológicos típicos desse matiz político, uma razão bem prática: hospedar simpatizantes e apoiadores em cargos estratégicos, de forma a obter vantagens e carrear para os cofres desses partidos o máximo possível de recursos sob o disfarce de doações.

Pesquisa feita pelo Instituto Teotônio Vilela mostra que as 41 empresas estatais criadas entre 2003 e 2015 deixaram, por baixo, um passivo de mais de R$ 8 bilhões. De acordo com a ONG Contas Abertas, as mais de 100 estatais, somadas as empresas de economia mista, movimentam, anualmente, algo em torno de R$ 1,4 trilhão.

É nessa fabulosa montanha de dinheiro que residem os interesses dos partidos e não em ideias vagas de desenvolvimento nacional ou soberania. Para assegurar o controle e a expansão desse nicho de riquezas, é comum que as esquerdas apregoem constantemente o alarme de que os imperialistas do Norte estão de olho nesses recursos.

Curioso observar que esses partidos recorrem as mesmas táticas de convencimento de algumas igrejas pentecostais quando ameaçam com a danação eterna aqueles crédulos que não pagaram o dízimo cobrado.

A Petrobras é o caso mais emblemático e didático capaz de explicar o enorme interesse que esses partidos têm pelo comando dessas empresas. A lista de empresas estatais que dão prejuízos bilionários e estão sob investigação por crimes é extensa e não tem sido fácil simplesmente eliminá-las. Pelo menos enquanto existir contribuintes ou fiéis crédulos de que essa é a única fórmula ou salvação para de erguer um país próspero ou ir para o céu, livrando o Brasil da sanha dos imperialistas, ou seja, do capeta.

A frase que foi pronunciada

“A filosofia progride não ao se tornar mais rigorosa, mas ao se tornar mais imaginativa.”

Richard Rorty, autor de Filosofia e o espelho da natureza

Responsabilidade civil

Nem o Estatuto da Criança nem o Estatuto da Pessoa com Deficiência nem a determinação do TCU nem ação judicial e nem mesmo a Constituição são suficientes para resguardar as pessoas que usam medicamento de alto custo. Uma saga para cumprir todas as formalidades e um desrespeito ao não receber o remédio. GDF precisa honrar o compromisso com essa parte sofrida da população.

Obrigação constitucional

Para dar dignidade e vida com qualidade a um paciente com fibrose cística são suficientes

$ 11 mil por mês. Para o governo que arrecada sem parar, é muito pouco. Para uma família assalariada, é impossível. Dinheiro não falta aos cofres públicos. O problema é a falta de gestão pública. Saem as emendas para a Saúde nas quais os recursos são usados para o pagamento de vigilantes. É preciso organizar e dar transparência às verbas destinadas ao Fundo Constitucional para Educação, Saúde, Transporte e Segurança. Simples assim. Quanto entrou e quanto saiu e em que foi usado.

Nova dinâmica

Quem passa pelo problema dá a solução. Fernando Gomide sugere que o governo acompanhe pelo CPF a identificação dos pacientes que recebem o medicamento de alto custo. Automaticamente. Qual é a quantidade necessária e a data para buscar. Isso é o mínimo que se espera de um governo que está sempre atento em como arrecadar mais. Só quantidade de dinheiro é insuficiente. Urge a qualidade no uso da verba.

Celebração

Leonel Peleja de Souza Oliveira e Terezinha Célia Kineipp Oliveira transbordaram de felicidade na formatura do filho Mateus, novo advogado da cidade.

História de Brasília

Em Brasília a coisa se inverte. Os “patrões” são os donos dos sindicatos, acostumado à ociosidade proveitosa, tanto assim, que compareceram à manifestação sem ser convidados, e apareceram de última hora, para se infiltrar entre os trabalhadores, e conseguirem uma audiência com o presidente da República. (Publicado em 13/9/1961)

Apatia popular enfraquece a força do direito do consumidor

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

Circe Cunha com MAMFIL

Apatia popular enfraquece a força do direito do consumidor

Por alguma razão, que apenas o estudo do comportamento poderá explicar, o cidadão brasileiro pouco demonstra conhecer o poder que tem como força de mudança. Apesar da revolta com os maus-tratos no campo consumerista, há pouca luta ou manifestação para dar fim aos abusos. O próprio Estado não tem cumprido as regras impondo às reguladoras a obrigação de honrar a missão estipulada.

Para que servem as agências reguladoras? Na prática, elas funcionam como cúmplices, quando deveriam fiscalizar as normas disciplinadoras para o setor regulado, na maioria das oportunidades, apenas atestam. Sem esperança, o consumidor não acredita na solução de problemas dados por agências reguladoras. São inúmeras as oportunidades em que o consumidor abre mão da dignidade e da liberdade, preceitos que são garantidos pela Constituição.

Um quilo de tomate por R$ 8, um quilo de feijão mais caro do que 5 quilos de arroz, carne, peixe, gasolina e por aí vai. A tevê a cabo define o que você assistirá. Os contratos com operadoras de celular obrigam fidelização para ter vantagens (que não existem). O próprio GDF cobra de proprietários de salas comerciais pela água que não é consumida, como estabelecido em uma lei distrital, que vai contra todas as regras do Direito do Consumidor. Definitivamente, não há igualdade de forças. Há severas restrições ao se tratar do exercício da dignidade e da liberdade na relação jurídica de consumo.

Ao olharmos pelo retrovisor, o modelo de Justiça comutativa fracassa no processo histórico e econômico. Daí o esforço para equilibrar as desproporções: Defensoria Pública, juizados especiais, delegacias do direito do consumidor, Ministério Público. Ainda é tímida a força popular no exercício da cidadania, fortalecendo a liberdade e a dignidade com a criação de associações de consumidores criadas com o mesmo fundamento dos sindicatos. Para defender os interesses de quem propulsa a mola mestra da economia, as ferramentas estão aí.

A frase que foi pronunciada

“Sim, o consumidor é rei. Mas há muitos reis que são cegos.”

Ishikawa, engenheiro de controle de qualidade

Efetivos

Mais segurança na Universidade de Brasília com o policiamento ostensivo. Os policiais militares estão sempre presente afastando estupradores e evitando o furto de carros. Era o certo a fazer.

Litro de luz

Por falar em UnB, os postes de energia solar com garrafas PET instalados no Sol Nascente são um sucesso. Até hoje, a CEB não chegou por lá. O lado bom é que a ausência do Estado está conscientizando a comunidade a replicar a tecnologia.

Higiene

Faz tempo que a imprensa não registra ação da vigilância sanitária em restaurantes, mercados e lanchonetes da cidade. Agora, os food trucks também precisam ser fiscalizados.

Procon

Até 30 de setembro, o Procon está recebendo inadimplentes para renegociação das dívidas com bancos ou instituições financeiras.

Novidade

As medidas para desburocratizar rotinas, por meio de mudanças no direito tributário, Código Tributário Nacional e processo administrativo fiscal, ainda não chegaram à população.

Antes e depois

“Eventual decisão da Câmara dos Deputados pela admissibilidade do processamento do impeachment — de caráter essencialmente político, como sublinhado pelo acórdão do STF — em nada condiciona ou vincula o exame do recebimento ou não da denúncia popular pelo Senado Federal, visto que essa etapa já se insere no conceito de ‘processamento’ referido na Constituição, de competência privativa do Senado”. Como diz o mote da Band, em 20 minutos, tudo pode mudar. E mudou.

História de Brasília

Ali está expresso o pensamento de Brasília. Um técnico para a prefeitura. A ausência de política, na escolha do novo prefeito, para que as obras não parem, não tenham soluções políticas, resoluções de conchavos, apadrinhamentos, protecionismo ou compadrio. (Publicado em 13/9/1961)