Velhas fórmulas para crises atuais

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Muitos séculos tiveram que passar até que a humanidade se certificasse que somente uma ínfima minoria, formada por indivíduos  dotados de efetiva sabedoria para construir pontes e consensos deveria ocupar os mais altos cargos públicos e assim dar prosseguimento a períodos de paz ,  harmonia e prosperidade a um povo.

Eleições por si só não possuem o condão de trazer a tona os melhores e mais capacitados indivíduos para o comando de um Estado. O que os Estados mais necessitam são de reais estadistas, imbuídos dos mais verdadeiros sentimentos de pacificação. Eis aí um artigo que está em falta nos dias de hoje. Por mais que se busque não tem sido fácil encontrar estadistas à altura dos delicados desafios de nosso tempo.

O mundo Ocidental, Brasil incluído, vem sofrendo com a pouco ou quase nenhuma oferta de homens públicos devotados à causa humana. Sim à causa humana. Quando se nota que nem mesmo os animais, ditos irracionais, escolhem os menos dotados de destreza e força para manter unidos e salvos dos perigos aqueles que são da mesma espécie, por que então haveria, os homens de desprezar esse ensinamento vindo da natureza? Muito mais urgência e responsabilidade sãos devida à espécie humana.

Os filósofos da Grécia clássica, no século V, acreditavam e pregavam a necessidade de governos exercidos por homens sábios. Para pensadores daquele período como Platão, o Estado deveria ser governado por filósofos refinados e treinados, eleitos por sua compreensão clara da realidade e também por sua incorruptibilidade, sabedoria e virtudes. Indivíduos, que por seu preparo, se achariam imunes aos privilégios e aos bens materiais. Milênios nos afastam dessas ideias, que em seus conceitos gerais parecem tão lógicos e ao mesmo tão simples.

A virtude dos verdadeiros governantes, dotados de sabedoria residia justamente nesse atributo de afastamento da riqueza e do luxo, tidos por esses homens como um lixo tóxico, capaz de desvirtuar os caminhos para a correta condução dos povos. Nessa questão, interessa saber ainda em que ponto, ao longo dessa imensa jornada, nos desviamos desses caminhos virtuosos, forjando lideranças, que não hesitam em conduzir seu próprio povo para guerras sangrentas, ou que se valem dos cidadãos para alcançar a tão cobiçada vida de sibaritas. Não chega a ser grande surpresa verificar que as crises por que passam os países do Ocidente, Brasil incluído, possuem suas origens nesse desprezo pelo receituário clássico.

Por outro lado, não surpreende também que os países que melhor se posicionam nos quesitos referentes ao Índice de Desenvolvimento Humano, possuem governos que, de alguma forma, buscaram lideranças para seus povos no receituário antigo, sobretudo aqueles que ensinam que pessoas de má índole, não resultam em profissionais de grande capacidade humana.

Sabem ou aprenderam esses povos que somente entre os verdadeiros humanos, é possível encontrar governantes preocupados com coisas simples, mas fundamentais como a humanização da nação.  Infelizmente critérios básicos, necessários à um bom governante como virtude e amor por seu povo, parecem já fora do modelo político e anacrônicos, diante de outros apelos mais modernos como esperteza ou capacidade de iludir ou mesmo transformar mentiras descaradas em verdades a serem aceitas, apenas pelo método da repetição constante de falsas narrativas.

 

A frase que foi pronunciada:

“É impossível construir a própria felicidade sobre a infelicidade dos outros.”

Daisaku Ikeda

 

Prioridades

Caso estranho o fim das carroças puxadas a jegues e cavalos. Para o pessoal da reciclagem pagar R$6 pelo litro da gasolina no lugar de arranjar um bocado de capim, é inviável. Cavalos salvos, desempregados perdidos.

 

Prevenir

Entre a QI e QL de 2 a  no Lago Norte uma árvore caiu com a força dos ventos e destruiu a cerca de um morador ao longo da pista. Uma parte pendurada no alto, por onde passam os carros, é um perigo constante. Com nova ventania quem garante que essa peça pesada não caia em carros ou transeuntes?

 

Sem sentido

Instigante o primeiro semáforo antes da L2 Norte para quem segue na Avenida das Nações. Algum engenheiro tentando melhorar o fluxo dos carros inseriu mais um sinal à direita que deveria abrir para acesso à L2 Norte quando fosse possível virar sem perigo. Acontece que as 4 luzes vermelhas acendem sempre ao mesmo tempo inutilizando a proposta de permitir a direita livre.

 

Com saída

De repente, os pedintes nas ruas do DF são muitos, de todos os tipos e por todos os lados. Como é raro alguém andar com dinheiro, a solução já foi dada. Todos têm um pix para indicar.

 

História de Brasília

Desejamos ressaltar, daqui,  a boa acolhida que teve a sugestão desta coluna para que a polícia defenda a cidade contra os barracos. Desta forma, renovamos ao coronel Cairoli o desejo de que as Viaturas da polícia tenham ordem para demover os que desejam invadir terreno alheio com barracos. (Publicada em 24.03.1962)

Amor pela cidade

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Um dos pré-requisitos para a escolha de um candidato a governador de Brasília, e de resto de todas as capitais do país, deveria ser seu amor pela cidade. Mas como essa é uma condição, que no mundo da política, nunca é levada em consideração, a melhor forma de escolha do pretendente acaba sendo feita pelo poder de pressão dos partidos.      Com isso, a ligação do futuro administrador com a cidade é finalizada de acordo com o modelo de traçado pelos caciques políticos, que convenhamos, passa longe daquilo que sonhava a população.

Sem uma ligação afetiva a cidade, que também é organismo dotado de vida própria, a administração logo passa a apresentar falhas, mostrando o desleixo, a tolerância excessiva com o desvirtuamento urbano, entre outras mazelas, que pouco a pouco vão tornando a cidade um lugar menos acolhedor, para dizer o mínimo. Para esses administradores da vida urbana, a palavra preservação, que no caso de uma cidade como Brasília é sinônimo da nova capital, passa ser um empecilho ao governo e às suas metas de gestão.

Para aqueles que entendem minimamente da complexidade urbana, chegará um dia em que, pelo crescimento desordenado e acelerado que a cidade tomou nesses últimos vinte anos, o Plano Piloto, como o conhecemos, deverá ser apartado do restante da Grande Brasília, sob pena de sucumbir as várias alterações que são impostas ao traçado original.

Ou se impõe a preservação do Plano Piloto, em todas as suas escalas, ou será o fim de uma cidade planejada, joia mundial da arquitetura moderna. Para se ter uma breve visão de como a cidade está em caminhando para ser desfigurada, basta percorrer as W3, Sul e Norte, ainda a principal via de comércio da capital, observando como a permissividade, no trato da coisa pública, vem destruindo o traçado original de Brasília.

Nas áreas reservadas aos pontos de ônibus, e que deveriam servir apenas a esse propósito, erguem-se cada dia mais, barracos de lata, que vendem de tudo. Na W3 Norte existe inclusive construções de alvenaria, fincadas lado a lado com as paradas.

Por todo o canto da cidade esses barracos de lata vão sendo construídos, também nas entre quadras, com jardins, alvenarias ou latas estrangulando o passeio público. Trata-se de uma situação anômala, que vai se espalhando e que tem como razão a geração de emprego para populações de baixa renda.

O que ocorre de fato é que a visão política sobre administração de cidade tem que levar em conta o planejamento urbano. Fazer das áreas públicas uma moeda de troca para atendimento de pleitos particulares, mesmo de cunho social é aviltar a cidade e sobretudo seus cidadãos, que pagam os mais impostos do país. O que tem feito a administração do Plano Piloto que não tem impedido a proliferação dessas construções de lata, verdadeiros aleijões arquitetônicos.

É sabido que desde a maioridade política da capital as influências político partidárias tem exercido pressão na escolha de muitos gestores. Esse fato, tem por seus resultados vistos, ajudado a desfigurar a cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade. Para os políticos fatos como esse interessam menos do que o atendimento de pleitos de seus eleitores. O que não entendem ou percebem, é que a cidade é dos brasilienses e de todos os brasileiros e não pertence à classe política, formada na sua maioria quem não demonstra respeito nem amor por uma espaço que é de todos, inclusive da Humanidade, conforme decidiu a UNESCO.

 

A frase que foi pronunciada:

“A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.”

Stanislaw Ponte Preta

 

Jornalistas

Aconteceu no passado e ainda acontece quando um repórter liga para a autoridade e diz: Muito prazer em ouvir o senhor. E a autoridade responde: Também tenho prazer em lhe ouvir, mas nenhum prazer em lhe falar.

 

Eleição

As eleições dos Conselheiros Tutelares pelo país movimentaram a população na escolha de alguém de referência da comunidade com o papel de zelar pelos direitos das crianças e adolescentes, como rege o  Estatuto da Criança e do Adolescente. Trata-se de um papel importantíssimo.

 

 

História de Brasília

Desejamos ressaltar, daqui, a boa acolhida que teve a sugestão desta coluna para que a polícia defenda a cidade contra improvisações. Desta forma, renovamos ao coronel Cairoli o desejo de que as Viaturas da polícia tenham ordem para demover os que desejam invadir terreno alheio com barracos. (Publicada em 24.03.1962)

 

  Homens idealistas

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         Um dos propósitos que levou o jornalista e fundador do Correio Braziliense, Ari Cunha a criar da coluna Visto, Lido e Ouvido, justamente no dia da inauguração de Brasília, em 21 abril de 1960, era e ainda é, o de voz e vez aos moradores da cidade.  Repercutir e dar visibilidade aos anseios dos pioneiros, que para cá vieram participar da construção da nova capital, se revelou, naquele período em que as comunicações eram ainda precárias, de suma importância para o estabelecimento de uma sociedade, que estava sendo construída juntamente com a capital do Brasil.

         Era por meio desse jornal e principalmente dessa coluna que os primeiros moradores se inteiravam das notícias e viam, muitas vezes, suas reivindicações estampadas no periódico e colocadas publicamente.  Com isso as autoridades tomavam ciência das necessidades mais urgentes dos habitantes, sendo que muitos problemas que surgiam naquela época, eram resolvidos graças a divulgação feita por aquele jornalista.

         Não surpreende que naquele tempo, depois do prefeito, a figura mais importante e com maior capacidade de resolver os problemas da cidade e de seus moradores era justamente o jornalista Ari Cunha. Não por outra razão, seu escritório vivia abarrotado de populares e mesmo políticos, que de uma maneira informal, mas precisa, buscavam soluções para uma cidade que nascia e para uma população, ainda carente dos mínimos serviços básicos de atendimento.

         Não era uma tarefa fácil, por isso mesmo esse trabalho era, muitas vezes estendido noite adentro. Não foram poucas as vezes em que esse jornalista se prontificou a levar as reivindicações dos candangos diretamente para o conhecimento das autoridades.

         As cobranças eram constantes e o jornal e a coluna não davam trégua aos políticos e outras personalidades.  Naqueles anos sessenta, os responsáveis pela gestão da cidade que surgia, ainda guardavam certo temor e zelo profissional pelo que faziam e por isso queriam ver resolvidos todos os problemas que apareciam. O serviço de utilidade pública prestado por esse jornal e particularmente por essa coluna foi de grande valia naqueles tempos de pioneirismo.

          Com o tempo veio a lição de que nada adiantaria defender os brasilienses, sem antes defender a cidade e principalmente sua correta evolução dentro dos parâmetros traçados por seus idealizadores. Com relação tanto ao presidente Juscelino Kubistchek, como a Israel Pinheiro ou mesmo Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, o trânsito do jornalista e suas longas conversas e discussões com esses personagens básicos na construção de Brasília, deram a Ari Cunha a certeza de que a defesa da capital e de seus princípios maiores, era uma missão que se fazia urgente e necessária, à medida em que a cidade foi crescendo.

         Nessa fase, a coluna adquiriu uma linha editorial de defesa intransigente de Brasília, custasse o que custasse. A cidade, a partir da Constituição de 1988 e da maioridade política, transformou-se rapidamente numa grande metrópole. A rapidez do crescimento, trouxe consigo a falta de planejamento. O açodamento dos políticos locais que surgiam e de seus interesses financeiros cuidaram de desvirtuar os caminhos de Brasília.

         Nessa fase. a coluna passou a ser atacada por gente que não se conformava em caminhar na estrada reta da ética. Os tempos eram outros. A fase idealista, daqueles que sonharam com a nova capital para abrigar o homem novo, deu lugar ao que se vê hoje, Quase todos os dias, se ouvem notícias de áreas que são invadidas ou perdidas para grileiros e outros profissionais do crime.

         O crescimento desordenado da cidade, açulado por uma casta de políticos locais sem compromisso com a capital, aumenta a pressão pela ocupação das áreas verdes e todo e qualquer espaço que eles considerem vazios e desocupados. As ações do governo, juntamente com os movimentos originados na própria Câmara Distrital, oscilam ora entre negligência, ora em incentivos abertos à essas ocupações. As discussões sobre novos ordenamentos urbanos da capital, com presença, em sua maioria de pessoas alheias ao conceito de Brasília, só resultam na modificação na carta original de deu sentido a cidade, criando-se novos assentamentos, a maioria sem projetos de impacto ambiental e de infraestrutura, tudo feito para atrair e agradas eleitores.

A frase que foi pronunciada:

“É inútil conhecer a lei sem conhecer as pessoas para as quais ela foi estabelecida.”

Justiniano I

Eleito

Escritores do país estão de olho na eleição de Gustavo Dourado para o PEN Clube do Brasil, instituição presidida pelo escritor, jornalista e pesquisador Ricardo Cravo Albin. A promessa é lutar pela liberdade de expressão.

História de Brasília

Quando rompeu a barragem do Ipê, a unica via de acesso, que era o asfalto, foi levado de roldão. Em menos de 24 horas, a Novacap construiu nova entrada, pelo lado do Gama, e já está pronta. Há muito não se via o verdadeiro ritmo de Brasília. (Publicada em 24.03.1962)

Nossa idosa Brasília

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Nossa idosa Brasília

         Desde os anos sessenta, já se sabia que a desordem conduz, obrigatoriamente à desordem. Ou seja, há mais de sessenta anos esse é um tema conhecido dos estudiosos e de todos aqueles que observam as interações sociais, sobretudo numa cidade populosa, onde a aglomeração de pessoas tem reflexos diretos na qualidade de vida de todos indistintamente. Não duvide, as atitudes de seu vizinho ou de bairros limítrofes ao seu, possuem repercussões visíveis e invisíveis na sua rua, capaz de alterar, significativamente a qualidade de vida em sua comunidade. Tudo está intrinsecamente conectado, numa rede viva e dependente.

         O experimento conhecido como “Teoria das Janelas Quebradas”, desenvolvido pelos pesquisadores da Escola de Chicago nos Estados Unidos, James Q. Wilson e George Kelling, demonstrou, naquela época, que um carro abandonado num bairro de classe rica ou pobre, tem maiores possibilidades de ser vandalizado ou mesmo furtado, caso uma de suas janelas estejam quebradas.

         O mesmo ocorre em edifícios, onde as janelas ou partes dele estejam danificadas por um tempo e não passem por pronta manutenção. Logo, logo esse prédio começa a ser depredado, invadido, passando, em pouco tempo, a se constituir em local de moradia de desocupados e de outras pessoas usuárias de drogas.

         A partir desse ponto toda uma série de crimes passam a ocorrer, afetando não só a população que por ali circula, mas outros pontos da cidade. Exemplo desse fenômeno pôde ser confirmado no antigo Torre Palace Hotel, que há quase dez anos gerou uma série de acontecimentos negativos e perigosos, não só para o setor hoteleiro Norte mas para toda a área adjacente.

          A situação chegou à um crescendo tal que foi necessária uma verdadeira estratégia de guerra para esvaziar o local, com a utilização de helicópteros e de um conjunto de forças de segurança, jamais visto para desocupar o imóvel. Isso depois de muita reclamação, muitos crimes e muito prejuízo, para o turismo e para a imagem de capital moderna.

          O mesmo ocorre hoje na conhecida Cracolândia, fincada bem no centro de São Paulo, gerando problemas que nenhum governo foi capaz de sanar. Aqui em Brasília o exemplo é o Setor Comercial Sul, que também possui a sua Cracolândia, sendo formada, bem debaixo dos olhos das autoridades e já representa um enorme prejuízo para toda essa antiga e ainda valorizada área da cidade.

         Também as W3 Norte e Sul, depois da consolidação do modelo dos shoppings fechados, foram perdendo sua importância ao logo dos anos, com muitas loja sendo fechadas e abandonadas pelos seus antigo donos. A deterioração paulatina dos edifícios nessa localidade, também confirma a Teoria das Janelas Quebradas, demonstrando que a falta de zelo e principalmente de fiscalização pelos órgãos encarregados desse serviço, serviram para aumentar além da decadência física do local, um atrativo a mais para moradores de rua, viciados e criminosos de todo o tipo que trafegam nessas áreas de dia e de noite.

         Nesse particular a W3 Norte, tem sofrido, sobremaneira, nas últimas décadas, tanto os efeitos da pouquíssima fiscalização pelos órgãos de segurança e vigilância, como dos serviços de engenharia, que simplesmente deixaram de olhar para a parte essa importante parte da cidade.

         Seguindo a Teoria das Janelas Quebradas, os proprietários de imóveis comerciais, tanto na asa norte como na asa sul passaram a agir e a construir seus puxadinhos à margem do que mandam os códigos de postura e de padrões urbanos, quer expandindo para as áreas públicas seus estabelecimentos, quer erguendo horripilantes terraços sobre as antigas edificações, não obedecendo questões de gabarito ou mesmo de sobrecargas.

          Agiriam corretamente as autoridades se, antes que o pior aconteça, mandassem demolir esses andares extras e todas essas obras ilegais, para o bem da população e para o futuro da cidade. Apenas seguindo o que orienta o código de postura urbana, já seria possível frear a decadência dessas vias de comércio. O que ninguém pode permitir, em nenhuma hipótese, é que sejam os próprios donos dessas edificações, juntamente com a omissão da fiscalização os responsáveis diretos por esses crimes contra a cidade e o futuro dos brasilienses.

A frase que foi pronunciada:

“O argumento da vidraça quebrada é o argumento mais valioso da política moderna.”

Emmeline Pankhurst

Fumacê

Secretaria da Saúde do DF e Vigilância Sanitária devem se articular nas próximas semanas para a volta do fumacê. Depois da inesperada chuva de agosto os mosquitos estão em reprodução maciça. Melhor prevenir do que amargar novos casos de dengue.

Infelizmente

Péssimo exemplo a CEB dá quando deixa postes com as luzes acesas durante o dia. O desperdício do dinheiro do contribuinte é um escárnio para quem paga os impostos em dia.

História de Brasília

O Departamento de Turismo proibiu as visitas ao Teatro durante a decoração para o baile de carnaval. Passado, o baile, a Rabelo cobriu a data com tinta, e continua a proibição. (Publicada em 24.03.1962)

Fábulas do tempo

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VISTO, LIDO E OUVIDO – Fábulas do tempo

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Não é necessário ser economista para se chegar à conclusão de que o sistema capitalista, principalmente aquele praticado pelo Estado, ganharia uma nova versão, mais light ao entrar no Brasil, amalgamando-se ao jeitinho nacional, que adquiriu doses de patrimonialismo e de outros aspectos do chamado homem cordial.

Obviamente, isso tem se refletido na condução das empresas públicas. Num sistema desses, aos políticos vencedores nas eleições, são repartidas espécies de ações que os tornam donos de parte dessas empresas. A formação de blocos dentro do Congresso acelerou esse processo e aumentou sua ingerência nos destinos das estatais. Nem mesmo as Agências Reguladoras escaparam desse destino, sendo, logo após sua criação, aparelhadas por prepostos políticos, mais interessados em obter vantagens do que fiscalizar e regular o funcionamento dessas companhias.

O público, nessa altura dos acontecimentos, sabe muito bem que as agências reguladoras funcionam na contra mão dos interesses da população. Entendidos sabem que fossem reunidas apenas no Código de Defesa do Consumidor todas as leis e funções desses órgãos reguladores, o sistema de proteção ao cidadão seria muito mais eficaz e imediato.

Outra questão é que nossa iniciativa privada nem sempre é muito confiável, além de ter um forte poder do lobby sobre políticos e sobre o próprio governo. Essa é quase uma premissa para o fim das punições a empresários e políticos por crimes contra o erário. Com isso, perpetuam-se as ações de controle e gestão temerárias dessas instituições do Estado, empurrando para um distante futuro, verdadeiras ações de compliance dessas empresas.

Para alguns especialistas em privatizações, o caminho do meio seria o ideal, com a pulverização do controle dessas empresas públicas para os brasileiros, abrindo o capital das estatais o máximo possível, entregando seu controle e fiscalização ao público interno. O importante é retirar os recursos do BNDES dessas transações, salvando o que resta da poupança nacional.

A existência de uma empresa estatal, com monopólio sobre uma determinada riqueza, não é, em si, um passaporte para a bonança do país. Segundo a lenda da maldição do ouro negro, muitos países que utilizam-se desse recurso natural, tem sofrido mil e uma atribulações. O caso da Venezuela, com uma das maiores reservas do mundo em petróleo, é um bom exemplo.

Das muitas e preciosas lições que ficarão para sempre como um norte a seguir, uma, em particular, serve como uma luva tanto para os defensores como para os opositores das privatizações: o uso político das empresas do Estado e o corporativismo exacerbado estão por detrás tanto da sequência de crimes como dos prejuízos bilionários gerados para os contribuintes.

A conta dessa incúria, praticada por todos os governos desde o fim do regime militar, tem sido subtraída da poupança pública, ficando o passivo com os pagadores de impostos e os ativos com essas empresas, cumprindo-se assim a sina que reza que uma estatal, por sua cobertura majestosa, jamais entra em processo de falência.

Dessa forma, os efeitos nefastos da gestão delituosa nas empresas do Estado e que precisam de socorro público urgente, são repassados à população por meio do sucateamento dos sistemas de saúde, educação, segurança e de infraestrutura. De nada adiantaram os seguidos alertas, feitos por brasileiros conscientes de que o estatismo, na forma como foi concebido, acabaria arruinando o povo e elevando políticos e empresários astutos aos píncaros da riqueza.

Colocados numa balança, em que seriam aferidas as vantagens e desvantagens do modelo estatal, duas conclusões opostas indicariam que esse projeto foi vantajoso no início, com o processo industrialização do país. Passado esse período e, principalmente, com o retorno da chamada normalidade política nos anos oitenta, esse plano foi totalmente abduzido pela classe política, que fez dele uma espécie de tesouro particular, tanto para a instalação de correligionários cúmplices em postos chaves e altamente lucrativos nessas empresas quanto para barganhar vantagens, agindo como verdadeiros donos ocultos dessas companhias.

O que para Getúlio Vargas e, posteriormente, para os militares seria um modo de tornar o Brasil um país industrializado e independente dos países desenvolvidos, tornou-se um ativo de outra ordem, tratado com todo o cuidado dentro das mais puras práticas patrimonialistas.

Por trás do afã protecionista, diversas vezes manifestado, estava em curso um estratagema criminoso para carrear o máximo de vantagens. Há, inclusive, nas redes sociais, uma fala do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Roberto Barroso apresentando a cifra de R$ 88 bilhões de prejuízos provocados por ações contra o cofre da Petrobras. Nem mesmo as fábulas árabes, chinesas ou africanas ousaram ir tão distante em termos de ironia e sarcasmo.

 

A frase que foi pronunciada

“Quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama.”

Provérbio africano

 

História de Brasília

E, falando em DFL, vamos fazer justiça ao dr. Laranja. Ontem, nós dissemos que não havia sido autorizada a aquisição de marcadores, mas o dr. Laranja mandou comprar cinco mil, e depois de instalados, outros cinco mil serão adquiridos. (Publicada em 23/3/1962)

A voz da democracia

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VISTO, LIDO E OUVIDO – A voz da democracia

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Muito fácil reconhecer, neste estranho país, que a cada governo entrante, corresponde uma ou mais crises específicas que, em última análise, acaba por definir e dar forma e caráter a ele. Essa é a trilha que escolhemos para seguir a jornada desde 1500. Talvez exista, nestas atribuladas governanças do homem branco, algum Oremú ou urucubaca lançada pelos primeiros habitantes dessa terra, traído e ameaçado, contra os invasores europeus. Parece que somente pelo viés das superstições é que se pode encontrar uma explicação inteligível para o fato desta sequência ininterrupta de governos e suas respectivas crises, sejam elas institucionais, políticas, econômicas, sociais ou de saúde; pública ou pessoal.

Há aqueles cidadãos que acreditam também numa revanche espiritual, vinda do além, da família imperial, usurpada do poder por um golpe de Estado, dado por meia dúzia de oficiais traidores, que na calada das três horas da madrugada de 15 de novembro de 1889, prendeu toda a família no Paço, mandando-a para o Velho Continente.  Primeiro, a bordo do cruzador Parnaíba até a Ilha Grande, onde todos embarcaram, durante uma tempestade, no paquete avariado Alagoas rumo ao exílio forçado na Europa.

Com o advento da República, o que menos podemos afirmar é que o Brasil encontrou, finalmente, um período de estabilidade política. De lá para cá, o que se viu foi uma sucessão de trapalhadas e uma sequência insana de pequenos golpes intramuros que, ao fim ao cabo, definiu o que somos hoje.

Bom lembrar que, ao longo dessa jornada histórica trôpega, a participação dos militares nas empreitadas palacianas doidivanas serviria para garantir a baixa qualidade de nossa governança desde então.

A substituição brusca de um imperador culto e apaziguador por militares semialfabetizados e com ímpetos absolutistas de um monarca deu no que deu. Com uma movimentação institucional dessa natureza, nada podia dar certo. Sem mencionar o período após 1964, que, verdadeiramente, ajudaria o Brasil a se afastar da área de influência ideológica da União Soviética e, depois, tomaria outros rumos e descaminhos, o que acabaria alijando toda uma geração de brasileiros ilustres e providenciais, com expurgos e outras medidas desproporcionais. O que se viu, após o retorno da democracia, em 1985, fala por si.

Crises seguidas, projetos e programas políticos desastrados e uma espécie de institucionalização da corrupção em toda a máquina do Estado. A falta de cultura e de escolarização do povo e das autoridades, aliada à existência de um sem número de estatais e outras sinecuras sem razão de ser, além de fatores, como a cegueira providencial da Justiça em relação aos poderosos, conduziu-nos ao ponto nebuloso em que nos encontramos hoje.

Inútil falar em crescer com responsabilidade quando, como disse Heloísa Helena, há um balcão de negócios por trás de projetos. Impossível falar em mais obras para o futuro quando a propina é abafada com tapete de borracha. Infrutífero pregar a redução da desigualdade social quando, nas escolas, é permitido dar aulas no quadro da ideologia. Inapropriado falar em união dos brasileiros quando, repetidas vezes, troca-se a roupa e o corpo da verdadeira democracia. Não há participação popular em decisão alguma. Os desmandos provocam medo, que dizem não existir entre os homens e mulheres de bem do Brasil. Totalmente infrutífero conclamar a população para crescer com responsabilidade, com o aviltante esbanjamento do dinheiro suado do contribuinte.

Passados tantos séculos de estripulias e desavenças, o que vemos a partir de nossa janela, confirma que nada aprendemos ao longo desse tempo todo. Mergulhados no que talvez seja sua maior crise existencial pelo menos na área da ética. O silêncio carregou em si o maior protesto já registrado nesse país. Sem infiltrados, sem ataques, sem prejuízo ao patrimônio material. Uma forma inteligente de gritar calando. Assim não há como prender. Assim não há como condenar. Impossível perseguir. Em cada crise parece não haver gente preparada para enfrenta-la com a voz. Só com o silêncio.

Sorriem indo para a Índia, distribuindo adeus, enquanto a parte sul do país agoniza. Mais uma vez um evento esvaziado depois de dezenas de horas de viagem. São os encastelados nas mais importantes funções do Estado, tentando, às cegas, reduzir os danos de uma popularidade zero. Mesmo com tantos favores, tantos “amigos e amigas”. Está na hora de acender uma vela para D. Pedro II, pedindo misericórdia, e para Nossa Senhora Aparecida, proteção.

 

A frase que foi pronunciada

“O povo que não conhece sua história e seu passado não terá a chance de construir um futuro melhor”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil

 

História de Brasília

No Departamento de Força e Luz, há um relógio elétrico, que dispara, automaticamente, às 11h30, avisando o almoço dos funcionários. Com as interrupções de energia, o relógio para e volta a funcionar, e, outro dia, os funcionários trabalharam uma hora a mais sem saber. (Publicada em 23/3/1962)

De cabeça para baixo

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VISTO, LIDO E OUVIDO – De cabeça para baixo

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Tomando o mundo pelo o que ele é, em sua forma geométrica, podemos dizer que vivemos todos sobre uma imensa e frágil esfera aparentemente solta no espaço. Nosso planeta, visto em imagens recentes captadas pela sonda espacial pousada em Marte, mostra quão pequeno somos e quanto de incerteza nos reserva o universo imenso. Pelo pouco que sabemos do espaço que nos circunda, estamos à mercê de toparmos, a qualquer instante, com alguma rocha imensa, vinda dos confins da galáxia e que pode, num átimo, vaporizar nosso planeta e com ele toda a nossa história, todos os nossos sonhos, ambições e projetos. O amanhã de todos nós é, portanto, no maquinário do cosmos, mais do que uma incerteza, uma verdadeira aposta no escuro.

Então como pode ser possível, diante de tanta fragilidade e dúvidas, ainda buscarmos, com todo o afinco, tornar esse mundo um lugar de aflição diária? Desfrutamos do mesmo destino incerto e ainda assim não somos capazes de elegermos essa condição para, ao menos, nos conduzirmos no dia a dia com paz e um pouco de concordância. Infelizmente, no Brasil, não tem sido diferente.

Nessas últimas duas décadas, em obediência cega à sanha maldosa que repetia “nós contra eles”, adentramos todos por um túnel longo e escuro, único em toda a nossa história. Aprendemos a odiar o conterrâneo com os dois punhos cerrados. Não agrada dizer, mas a verdade dos fatos impõe: a nação foi partida em duas e, por ironia, pela ação de um único sujeito. Não satisfeito com seu trabalho de cizânia, ainda cuidou de dilapidar igualmente as duas bandas, surrupiando-a de seus bens e de sua própria autoestima.

Deixamos de lado nossa fragilidade frente ao universo e mesmo nossa condição de subdesenvolvidos e de brasileiros e nos pusemos em uma luta fratricida, que todos sabemos, nos levará bem distante de qualquer lugar, de qualquer paraíso. Nesse campo de batalha inútil vale tudo, a começar pela destruição da família patriarcal, sua religião, seus costumes.

Mais adiante a ordem é para destruir também todo e qualquer traço ou de pátria, de bandeira e até de suas cores. Importamos para fim bélico, diretamente dos Estados Unidos, a cultura Woke, que prega, entre outras discórdias o racismo estrutural e a morte ou separação entre macho e fêmea. O aborto que hoje pode ser visto pelas máquinas potentes mostrando a reação do feto não toca o coração de quem tem o poder de decisão. Passamos a copiar a linguagem neutra, que de neutra nada tem. Trouxemos de fora, para nossa guerra particular, as teorias de gênero e outras excentricidades que visam obliterar o Brasil como conhecemos, deixando em seu lugar, algo como um deserto inóspito e varrido pelos ventos da destruição.

O combate à verdade e a inversão de valores, que supúnhamos absoluto e imutável tem sido sem tréguas. O certo de ontem é o errado de hoje e vice versa. Bandidos são os agentes da lei. Os bandidos são apenas vítimas do sistema que urge eliminar. Condenações do passado são revistas e decretadas como erro histórico, mesmo diante de infinitas evidências. Bom é ser mal nesses tempos virados de cabeça para baixo.

 

Pilha de nervos

É preciso uma vigilância maior na Estrutural. Detran e PM para a segurança e orientação nos horários de pico. O trânsito em Brasília vai se transformando aos poucos numa sucessiva explosão de nervos. É urgente que o governo local tome as medidas necessárias para manter a educação no trânsito.

 

Verba não falta

Não é possível que a capital do país continue com essa precariedade de transporte público. Seguindo o exemplo das capitais mundiais, é preciso que o GDF estude novas estações de metrô e linhas para a parte norte da cidade.

 

Aviação

Enquanto a Anac realiza debate com o setor aéreo sobre qualidade dos dados de transporte aéreo o Sindicato Nacional dos Aeronautas entregou ao Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias a pauta de reivindicações para a renovação da Convenção Coletiva de da aviação regular para 2023/24.

 

História de Brasília

No Departamento de Força e Luz há um relógio elétrico, que dispara, automaticamente, às 11h30 horas, avisando o almôço dos funcionários. Com as interrupções de energia, o relógio pára e volta a funcionar, e outro dia os funcionários trabalharam uma hora a mais sem saber. (Publicada em 23/3/1962)

O Estado como ateu político

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VISTO, LIDO E OUVIDO – O Estado como ateu político

Criada por Ari Cunha desde 1960

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com Circe Cunha e Mamfil

 

Grande parcela dos brasileiros ainda sonha com a possibilidade, um tanto longínqua,  de o Estado retomar suas funções conforme o desenhado pela Constituição de 1988. Não se trata de um desejo banal ou sem fundamentos. O que a parcela mais esclarecida da população gostaria de ver acontecer é a máquina pública gerando serviços, produtos e ganhos para o cidadão, sem a ferrugem e o parasitismo das ideologias políticas que transformam todas essas ações em dividendos para os agentes políticos.

A questão é saber a quem serve a máquina pública. Não são poucos também os cidadãos que clamam para que o Supremo Tribunal Federal e as altas cortes voltem a se ater e a circunscrever seus pareceres, com absoluta exclusividade e foco, a temas técnicos e jurídicos, conforme orienta a Constituição. Nesse caso específico, o que a sociedade reclama, e, nesse ponto, com toda a razão concernente à sabedoria popular, é que os Poderes, e nesse caso o Supremo, volte a se debruçar sobre questões de ordem constitucional, como corte criada para esse propósito.

A população sabe e sente na pele que as decisões políticas, com viés ideológicos, sempre acabam emperrando o desempenho do Estado e encarecendo suas ações. Mesmo para o cidadão comum, aquele que não se informa rotineiramente, os embates e as discussões de cunho político, deveriam ficar restritos ao parlamento, que é o fórum adequado para essas questões. Quando os três Poderes passam a se arvorar em agente político e partidário, desempenhando suas funções sempre com base em matizes políticos e ideológicos, o que se obtém como resultado são crises institucionais, com cada ente defendendo a cor de sua bandeira e com a cidadania posta de lado.

Tomado em sua concepção primária, o Estado deveria ser composto por servidores da população, pagos por ela, para gerar serviços e administrar o país. Infelizmente não é o que se tem hoje. De alto a baixo, no organograma do Estado, o que se presencia é o aparelhamento da máquina, com base em viés políticos e ideológicos. Com raras exceções.

A questão nesse ponto é saber em que parte do mundo esse modelo deu certo e rendeu bons frutos para o cidadão. Um caso típico e que tem produzido frutos envenenados é a atual partidarização política das altas cortes. Com os Poderes da República envoltos cada um com suas bandeiras políticas ao cidadão cabe apenas torcer para ser visto e atendido. Outra questão em foco e  notada pela sociedade é a apatia e mesmo o fraco desempenho do Poder Legislativo. Nessa instância, não há, absolutamente,  ânimo para fazer o que manda a Lei Maior.

Lembremos aqui que foi a  exacerbada judicialização da política, levado a termo, primeiramente  por parlamentares da esquerda e seguido dos demais, que nos levou a esse beco de crise institucional, que muitos já se referem como uma ditadura do Judiciário.  Criou-se uma espécie de Frankenstein na República, agora aqueles que foram responsáveis por esse rebento, que tratem de encontrar uma saída para essas experiências de laboratório.

Nesse conhecido jogo de empurra empurra, ninguém vem a público assumir as responsabilidades devidas. Alguns chegam a torcer para que essas distorções entre os Poderes prossigam, pois parece beneficiar um espectro ideológico. Com esses desencontros quem acaba colhendo esses frutos transgênicos é a sociedade, outrora a origem que emanava todo o poder.

Depois do aborto de outras questões delicadas, que por sua complexidade e alcance deveriam ser submetidas à uma discussão clara e transparente ouvindo todos os lados da sociedade agora é a vez da descriminalização das drogas, assunto também que caberia a realização de de discussões mais profundas e claras. Pelo andar das votações nessa egrégia corte, a tendência dos ministros é para a liberar o porte entre 60g e 100g para usuários de maconha. O bom senso, recomenda que essa discussão ganhe as ruas, envolvendo todos os brasileiros, mostrando, afinal que vantagens, se as há, e que prejuízos essa medida traria para a sociedade.

Já fica adiantado aqui que, para os pais de família, com crianças, jovens e adolescentes em casa, essa é uma discussão que possui um veredito firme e consolidado no sentido de proibição total ao acesso, porte e consumo das drogas.

Na visão de profissionais e estudiosos seria muito mais proveitoso que o Supremo se debruçasse sobre o uso de entorpecentes dentro do serviço público, obrigando todos os servidores federais, estaduais e municipais a se submeterem a exames periódicos para a detecção de substâncias ilegais. Não se pode tolerar que servidores do Estado façam uso de drogas e ainda assim permaneçam exercendo funções pagas pela sociedade. Nesse quadro estão, além de médicos, professores, policiais, militares e muitos outros. Essa, sim, seria uma questão importante a ser tratada e que evitaria muitos casos danosos para a sociedade.

Há  aqueles que gostariam de ver as universidades livres do flagelo das drogas. Nesse caso, em se tratando de instituição pública, bancada inclusive por muita gente que jamais  teve a oportunidade de estudar, não seria nada de mais impedir que estudantes que desejam ingressar nessas faculdades, fossem submetidos também a exames para provar que não são consumidores de drogas. É preciso haver contrapartida à sociedade que pagou seus estudos.

Não é preciso ser nenhum especialista na matéria para saber que a descriminalização do porte irá favorecer, sobremaneira, os traficantes e aqueles vendem o produto no varejo nas ruas e em grandes quantidades no atacado. É o caso de dizer aqui que o desejo do Supremo em liberar o porte de drogas, seja em que quantidade for, vai contra o que deseja a enorme maioria dos brasileiros. Fica a questão: a quem serve essa alta corte?

 

A frase que foi pronunciada

“Se droga fosse coisa boa, não teria esse nome.”

João Pedro Albuquerque de Menezes, 9 anos

 

História de Brasília

Se o Helder Martins vier novamente a Brasília, dirá que o Iate Clube não existe mais. É que êle mostrou uma foto do barraco, dizendo que o Iate era aquilo, e, agora, o barraco foi demolido. (Publicada em 23/3/1962)

Sete de Setembro

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VISTO, LIDO E OUVIDO – Sete de Setembro

 

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com Circe Cunha e Mamfil   

 

Passados 201 anos, desde que naquela longínqua tarde de sábado, de 1822, por volta das 16h, era  proclamada, em público, sem qualquer formalidade oficial, a separação do Brasil de sua antiga metrópole, Portugal. Recordamos aquele acontecimento, como quem aprecia a pintura de Pedro Américo, Independência ou Morte exposta hoje no Museu do Ipiranga. Trata-se de uma obra medindo 4,15m de altura, por 7,60m de largura. Nela se agitam os personagens centrais da pintura, mostrando o encontro da comitiva de um D. Pedro I, de espada em punho erguida no ar, em frente de um regimento da guarda real, decretando a separação do Brasil do reino de Portugal.

Observa-se que nos arredores desse famoso quadro, atuando como figurantes passivos, podem ser vistos alguns pequenos  agricultores, que assistem aquela encenação totalmente alheios ao que se passava naquele instante. Foi sempre assim.  Também na Proclamação de outro fato importante, nesse caso ocorrido poucas décadas depois, em 1889, era instalada, por um golpe, a República. Também naquela ocasião o povo assistiu ao desfile de militares em seus cavalos, totalmente absortos do que se passava.

Retornando a 1822, a Independência do Brasil inaugurou ali, nas proximidades do Riacho Ipiranga, onde se situa o bairro do mesmo nome, na Zona Sul de São Paulo, o que hoje conhecemos como Estado brasileiro independente e dono, até certo ponto, de seu destino. É uma data importante. Todos os países possuem sua data de libertação e sua carta de alforria. Ao analisarmos aqueles acontecimentos perdido nas brumas do passado, uma questão fica em suspenso: que importância tem esse fato para nós, que estamos distante no tempo desse acontecimento, se tomarmos como ponto de partida o desdém que expressamos por nossas raízes e nossa  própria história.

A razão talvez esteja no fato de que os grandes acontecimentos de nossa história, capazes de mudar os rumos do país, sempre foram realizados sem a participação efetiva da população. Nossas transformações mais significativas, foram feitas, ontem como hoje, dentro de gabinetes, longe das vistas e da opinião pública. Tendo o povo como detalhe, não surpreende que fatos como esses, só possuem a dimensão que exibem e só são lembrados , graças as aulas de História do Brasil, ministradas nas escolas, desde os primeiros anos.

Por seus efeitos deletérios a Independência do Brasil, poderia servir como leit motif para todos os anos, nessa data, verificarmos, com sincera reflexão, em que estágio de autêntica independência estamos imersos. Bem sabemos que com a saída de algum dominador, logo outro toma o lugar e assim vamos passando de mão em mão. Logo depois da dominação da metrópole portuguesa, caímos em mão dos ingleses, que graças a Revolução Industrial que empreenderam, substituindo a mão de obra humana pela força das máquinas, passaram não só a controlar economicamente o Brasil como Portugal também, alheio naquela época aos avanços propiciados pelas máquinas à vapor.

Também nesse caso, o populacho pouco foi informado dessa substituição, mesmo que passasse a consumir os produtos made in England. Sempre foi assim. Afastados desses acontecimentos históricos é preciso perguntar: em que ponto de nossa independência nos encontramos atualmente? Apresentados como sujeito de nossos destinos na Constituição de 1988, donde, imaginariamente “todo o poder emana”, em que ponto de liberdade ou independência nos encontramos hoje nessa data de Nosso Senhor, 7 de setembro de 2023?

 

A frase que foi pronunciada

“Terra à vista? Isso foi há muito tempo. Agora nossa terra é vendida a prazo.”

Eduardo Dusek

 

Só elogios

Na 307 Sul, Bloco A, uma belíssima exposição do grupo Bordelando. Mais uma vez, o grupo unido mostra a produção para a comunidade brasiliense. Da arte à solidariedadem além da amizade mantida ao longo do tempo.

 

História de Brasília

O Diário Oficial de ontem publica uma nota do Dasp sobre um concurso para o IAPI, realizado em Brasília, cujas provas serão identificadas em 3 de abril, no prédio do Ministério da Fazenda, no Rio. Os candidatos teerão que se transportar para a Guanabara, se quiserem ver suas provas. (Publicada em 23/3/1962)

Reforma sob a lupa dos economistas

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VISTO, LIDO E OUVIDO – Reforma sob a lupa dos economistas

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com Circe Cunha e Mamfil

 

Economistas, que entendem melhor do que ninguém a intrincada matemática dos tributos e que vêm estudando com afinco o texto do arcabouço fiscal, aprovado pela Câmara, começam a expressar profundo pessimismo com essa reforma, sobretudo no futuro, quando ela estiver plenamente implantada. Para esses técnicos, o modelo tributário brasileiro, que hoje se apresenta como um verdadeiro manicômio, poderá piorar ainda mais, com as novas propostas apresentadas pelos economistas do governo e que estão em discussão agora no Senado.

Para o ex-secretário da Fazenda de São Paulo, Felipe Salto, esse é , sem dúvida, o pior texto de reforma apresentado em toda a história do país. Para ele, a proposta do governo contém metas fora da realidade e que, por isso, dificilmente serão plenamente atingidas. No entender de Salto e de outros estudiosos em tributação, qualquer proposta séria deve, para ter um mínimo de coerência com a realidade nos números, obedecer a pelo menos um mínimo de pontos exequíveis. A começar pela própria tributação que tem que migrar para o destino; tem que ter não cumulatividade; tem que acabar com a guerra fiscal; tem que reduzir a multiplicidade de alíquotas, principalmente aquelas que existem hoje no ICMS, além de proibir a edição de novos incentivos fiscais, fazendo uma espécie de saída organizada do atual volume de incentivos dados pelo governo e que hoje já ultrapassam mais de R$ 210 bilhões só no ICMS.

Salto coloca que esses cinco pontos não serão atingidos, nem a longo prazo, o que, em síntese, aponta para o fracasso do atual modelo de reforma tributária proposto pela equipe econômica do atual governo. Para piorar uma situação, que em si é deveras complicada, a convivência do atual modelo com a proposta do governo até, pelo menos 2032 não acabará com a guerra fiscal nem tão pouco diminuirá os incentivos dados pela União, o que, em resumo, poderá trazer ainda maiores problemas a questão da tributação no Brasil.

Obviamente que em meio a essas desordens que se anunciam, que efetivamente acabará pagando os prejuízos de uma reforma feita de modo improvisado e para atender a ânsia de gastos pelo governo, será, e mais um vez, o pobre do contribuinte, que terá que aguentar sobre si, uma carga tributária que facilmente irá ultrapassar os 33%, ferindo também a autonomia dos poderes.

Nesse ponto o economista lembra que o Pacto Federativo é uma cláusula pétrea da Constituição. E o Conselho Federativo, embutido na no proposta, por emenda à Constituição, fere o Pacto Federativo, por se tratar de uma instituição que vai normatizar, regulamentar, arrecadar, partilhar os recursos e devolver crédito para a conta do contribuinte, ou seja essa será uma instância, dentro do Pacto, que estará acima dos governadores e dos estados.

Para esse e outros economistas, não tão simpáticos às teses do atual governo, o sistema tributário deve, antes de tudo ser prático e objetivo. Com relação ao IVA, alguns economistas lembram que esse imposto vem apresentando sérios problemas na União europeia, como evasão tributária, entre outros entraves fiscais.

 

» A frase que foi pronunciada

“Pouco mais é necessário para levar um Estado ao mais alto grau de opulência, a partir da mais baixa barbárie, a não ser paz, impostos fáceis e uma administração tolerável da justiça: todo o resto é provocado pelo curso natural das coisas.”

Adam Smith

 

Setembro

Talentosa e versátil, da dança ao teatro, passando pelo canto, Isabela Bianor vai se apresentar no Zepelim, 713 Norte, dia 8, às 21h. Acompanhada pela banda composta por André Zinelli, Carlos Beleza e Rafael Maranhão.

 

Missiva

Em novembro de 1975, em Paris, uma carta raríssima manuscrita e assinada por Johnny Friedlaender, um dos mais importantes artistas do século 20, foi endereçada à aluna Leda Watson, tecendo elogios e a destacando como a mais dotada de espírito criativo e inventivo dos alunos da galeria.

 

Arte

Friedlaender decerto não conhecia o lado humano e solidário de Leda Watson. Ela abriu sua residência no Lago Sul para todos os artistas de Brasília que quisessem expor suas gravuras. Foi um sucesso total. Como disse o artista plástico Luiz Costa, “Leda é a dama da gravura do Brasil”.

 

» História de Brasília

Os blocos do IAPC em frente ao Eixo estão prontos há mais de um mês, e não podem ser entregues ao GTB porque a comissão de engenheiros do Instituto ainda não quis vir receber a obra. (Publicada em 23/3/1962)