Orçamento participativo, por quem?

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Experiência de Orçamento Participativo em Belo Horizonte. Foto: fpabramo.org

 

Uma coisa é certa: o orçamento participativo (OP), que contava com sugestões das populações locais para a confecção do orçamento dos estados e municípios, parece ter perdido o fôlego, e, hoje, praticamente, não se vê nenhum movimento significativo em defesa dessa boa ideia. Ninguém melhor do que a população local para saber o que de mais importante e urgente essas regiões necessitam. O orçamento participativo é um dos melhores mecanismos de democratização das políticas orçamentárias e de gestão pública. Talvez, por isso, e pela simplicidade de todo o processo, o OP é visto como um poderoso instrumento de decisão posto diretamente nas mãos dos cidadãos. Aliás, a cidadania só é exercida em toda a sua plenitude quando os indivíduos decidem como usar os recursos oriundos dos impostos. A ideia surgiu primeiramente no Rio Grande do Sul, em 1980, e de lá pulou para muitas partes do Brasil.

Outro aspecto importantíssimo é de que o orçamento participativo induz à transparência no uso dos recursos públicos, pois é aprovado e acompanhado de perto pelos moradores. É aí que a coisa desanda por pressões escusas. A questão é que somente uma pequena parcela de governadores, prefeitos e vereadores bem-intencionados estimula e empreende esse tipo de confecção orçamentária. A maioria dos políticos nacionais não dá muita atenção a esse modelo, por achar que ele retira parte fundamental das funções dos agentes públicos. Nada mais enganoso do que essa ideia.

Para boa parte de nossas autoridades, o poder de manipular e direcionar, ao seu bel prazer, os recursos públicos lhes confere prestígio e força perante à população, ajudando também nos períodos de eleições. Esse, infelizmente, tem sido o comportamento de boa parte dos eleitos, talvez herdado do tempo dos coronéis e dos caudilhos, quando os recursos públicos se confundiam com a coisa privada.

Toda essa situação vexaminosa traz ainda mais danos quando se verifica que todo esse recurso, que poderia muito bem ser usado em benefício direto para a população, é desviado para o próprio bolso do gestor ou de laranjas. Nenhuma política pública imposta de cima para baixo tem o poder e a eficácia como o orçamento participativo. Deixar que os cidadãos pagadores de impostos sejam coautores das políticas públicas produz muito ciúme e deixa à vista a importância relativa dos políticos quando o assunto é a vida como ela é nos rincões deste imenso país.

A transparência no uso e na prestação de contas dos recursos públicos é outro fator que leva, país afora, ao boicote do orçamento participativo. Um aspecto favorável ao OP é que ele estimula também uma alocação de recursos mais aberto e equitativo. Isso tem relação direta com o desenvolvimento harmônico não só daquela determinada comunidade, mas da população em geral. Não é por outra razão que a Constituição de 1988 trata desse assunto em seu artigo 29, ao estabelecer regras e princípios para o bom funcionamento dos municípios, abrindo à participação das associações na elaboração dessa peça fundamental de planejamento. O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) dispõe em seu artigo 4º que a gestão orçamentária dos recursos públicos deve envolver, para o bem da transparência, a participação da governança local e cidadã na elaboração do OP.

Toda essa questão é elevada ao grau máximo de um problema quando se verifica que as interferências de um Poder sobre o outro tem produzido ainda mais dificuldades para a realização dos OP. Um caso aqui é quanto às emendas parlamentares, antes simplesmente alcunhadas de emendas secretas. Com isso, os labirintos que vão desde os cofres públicos até a ponta final, que é onde estão os cidadãos, passaram a ter que percorrer outros intrincados caminhos. Essa situação piorou ainda mais quando da aprovação das emendas parlamentares impositivas.

Hoje, mais de R$ 50 bilhões estão nas mãos da elite política com assento no Congresso, e esse valor deverá crescer ainda mais nos próximos anos. De posse dessa dinheirama, os políticos passam a atender prioritariamente suas bases eleitorais, ou seja, somente aquelas regiões onde foram majoritariamente bem votados. Resultado disso é que municípios que deram poucos votos para um determinado político serão excluídos na distribuição dos recursos via emendas.

Um ponto a pesar contra o orçamento participativo é que muitas dessas emendas sequer são devidamente auditadas, o que tem aumentado os escândalos de desvios de recursos públicos. Também a corrupção endêmica é o principal empecilho à adequada e justa distribuição da riqueza nacional. E, para coroar toda essa sanha na aplicação correta dos recursos públicos, vemos que os maus gestores ou os que desviam esses recursos não são punidos ou sequer alcançados pela Justiça.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Se comandarmos nossa riqueza, seremos ricos e livres. Se nossa riqueza nos comandar, seremos pobres de fato.”
Edmund Burke

Edmund Burke. Imagem: arqnet.pt

 

História de Brasília
Enquanto isto, o prefeito nomeava uma comissão de inquérito, e comunicava, em Brasília, ao seu chefe de Gabinete, dr. Paulo Nogueira. O chefe de Gabinete então, mandou ao sr. Laranja Filho, a relação dos nomes que integravam a comissão. (Publicada em 17/4/1962)

A família e o Estado

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Foto: vaticannews.va

 

Há razões suficientes para crermos que, no cerne de alguns discursos políticos, sobretudo aqueles que abordam, pela ótica marxista, o tema da família e suas relações com o Estado, existe, de modo subjacente, uma retórica que visa convencer os ouvintes menos atentos de que esses clãs são naturais. Dessa forma, podem justificar plenamente sua razão de existir quando se mostram capazes de atender às necessidades do Estado, cumprindo assim seu papel político. Do contrário, são catalogados como instituição burguesa, o que serve apenas aos interesses das classes dominantes, perpetuando a opressão e a exploração da classe trabalhadora. Vista por esse ângulo, obtusamente materialista, a família precisa ser, então, abolida. Não somente ela, mas também a propriedade privada e o casamento, acusado de ser uma forma de controle social e de opressão das mulheres. Em resumo, a pretendida emancipação da classe trabalhadora só se tornará possível com a destruição total da família burguesa.

Para Marx, a família era apenas uma construção social e histórica, ligada diretamente ao modo de produção capitalista, à propriedade privada e ao controle dos meios de produção. Nesse sentido, a família, ao garantir o modo de produção capitalista, passa a se constituir num agente que se opõe frontalmente às teses marxistas. Ou melhor ainda: enquanto for possível manter a tradição histórica nas relações familiares, haverá a certeza de que o marxismo não irá se impor como doutrina política.

O que se tem aqui mostra, claramente, que a família é também uma forma de trincheira para impedir o avanço das tropas marxistas. Existe nesse debate, estratégias e táticas inconfessáveis, que visam, primeiramente, retirar dos indivíduos todos e quaisquer traços da figura paterna e sua importância na introdução da lei e da ordem simbólica na vida da criança. A abolição da família é, antes de tudo, nas pregações políticas niilistas, a destituição da figura paterna e sua substituição por algo vago e irreal do tipo “pai da pátria”.

Há um entendimento entre psicólogos e psicanalistas de que a função paterna é fundamental para a formação ou estruturação do sujeito. Para justificar o desmonte da família, como sendo “algo atrasado, que deve ser combatido” para o avanço das ideias progressistas, vale tudo, inclusive alcunhar a família de “burguesa” e perpetuadora da luta de classes. Nada mais irreal.

Nesse sentido, para eliminar a família, é preciso antes desestruturá-la psicologicamente, de preferência tirando desse grupo a figura paterna. Essa ausência, em sentido amplo, induz a problemas na constituição psíquica, contribuindo para a ausência de identificação e outras dificuldades que, na vida adulta, são ainda mais ampliadas, dando margem para a dominação do cidadão e sua submissão a algo etéreo, como o Estado. A criação para o mundo é função do pai. A mãe educa para a vida, o que é outra coisa fundamental. Em ambos os papéis, a figura do Estado é nula.

Fôssemos fazer um levantamento em todos os consultórios de psicologia, ou de psicanálise, sobre que assuntos são tratados na maioria dessas consultas, veríamos que o pai está sempre no centro dessas conversas, quer pelo excesso, quer pelo vazio da ausência. As primeiras e mais fundamentais leis são passadas no seio da família — geralmente pelo pai —, que, para isso, estabelece também as primeiras obrigações, sendo a mais fundamental o respeito às leis e normas da casa.

Num mundo em que a cultura Woke e o feminismo tentam, por todos os meios, superar a família, livrando-a de um dos seus alicerces, é preciso ficar atento e na defensiva permanentemente. O pai, mostrado aqui como indutor do patriarcalismo, é, antes de tudo, um indutor a restabelecer a ordem contra o caos, colocando cada coisa em seu lugar. Bem ou mal, o patriarcalismo tem podido livrar a família das garras do Estado. Para os chamados progressistas, é preciso retirar o pai da equação família. Matá-lo, simbolicamente, se preciso for. Sem liderança natural, a família está à mercê de outras forças, entregue às vontades de outros líderes externos, que, em relação a esse agrupamento, não mantêm qualquer sentimento ou laços afetivos nem sequer cordialidade. O que o Estado, ideologicamente politizado, quer da família é apenas sua força de trabalho, não importando seu destino final.

Diferentemente do Estado, o pai deseja a perpetuação e união do grupo, pois mantém com ele laços de sentimentos e tem, nessa relação, a razão da própria existência. Esse embate destrutivo entre o Estado politicamente ideologizado e a família, contém também o germe que, no futuro não muito distante, provocará o declínio e o fim do Estado. Sem a família, o Estado se torna uma instituição fantasma e sem alma.

 

A frase que foi pronunciada:
“O direito de expressão é o princípio e o fim de toda a arte.”
Johann Wolfgang von Goethe

Johann Wolfgang von Goethe Johann Wolfgang von Goethe, gravura de James Posselwhite, século XIX.

 

História de Brasília
Queria ainda, o dr. Laranja Filho que fossem apuradas também, as condições de funcionamento interno em que ele recebera a Companhia. (Publicada em 17/4/1962)

Famosos silentes

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Incêndio nas margens da rodovia Raposo Tavares, no interior de São Paulo. Foto: poder360.com

 

        Diante da situação atual, em que basta abrir a janela para se certificar que o Brasil arde com mais de 20 mil focos de incêndio, é preciso alertar: “É o meio ambiente, estúpidos”. O fogo é sempre um assunto desagradável e não combina com popularidade e eleições. Candidatos omissos são, por isso, condenados nas urnas. Os satélites mostram um país coberto por nuvens pálidas e agourentas das fumaças. Entre o que se ouve oficialmente das autoridades, quando afirmam que o combate aos focos de incêndio tem sido exitoso, que tudo está sob controle, e o que olhos e pulmões constatam vai uma distância imensa — quase uma notícia fantasiosa. Os olhos não enganam. O nariz, também não. Há cheiro de fumaça no ar. E onde há fumaça há fogo.

        Onde há uma ausência ou inação governamental para proteger o patrimônio verde da nação, em seu lugar, há névoa de fumo e fuligem a anunciarem o que parece ser um país consumido pelas chamas. Visto a olho nu, o Brasil vai sendo devorado pelas beiradas. Com mais esse problema pela frente a se somar a tantos outros, nesses tempos nebulosos, estamos, literalmente, imersos na estória infantil em que o rei, por suas veleidades, acaba saindo nu pelas ruas do país. Por detrás da fumaça, o que se vê é o protagonista da peça teatral seguindo para os autógrafos, alheio à situação real.

        A questão é saber: iremos arder todos com as queimadas no Brasil? Não há como estocar ou esconder o vento fumacento varrendo-o para debaixo dos novos e caríssimos tapetes reais. Por onde andam os hollywoodianos indignados para clamar pela natureza brasileira? Ninguém viu. Talvez, mais efetivo seria cobrar de volta o cachê e destiná-lo para os pequenos municípios que não veem, há tempos, a cor azul do céu e do sol dourado.

        O país vai sendo encoberto por um véu que parece anunciar o fim dos tempos. De fato, estamos vivendo debaixo de tempos nebulosos. Esse é também o nevoeiro que ajuda apagar da memória o que vivemos. Também faz-nos esquecer e perdoar, mesmo contra a vontade de muitos. Talvez estejamos ardendo de desgosto e desalento. Queimam-nos a alma a realidade interna e a nossa responsabilidade perante o mundo. Os brasileiros estão pondo fogo no próprio país. É o que dizem. O mundo enxerga-nos sempre como um coletivo. Somos nós, brasileiros, e não o Estado, que achou por bem deixar que o país pegasse fogo. O mundo nos culpa de piromaníacos.

        O aquecimento global passa a ser uma mixaria quando notamos que, depois de cinco séculos, ainda estamos à mercê da monocultura da cana, cultivada em enormes latifúndios ou com as usinas de álcool e açúcar. Da mineração inclemente que esburaca o país, deixando para trás desertos inabitáveis, também não nos livramos ainda. São Paulo, outrora próspero e promissor e com clima ameno, produtor de uma diversidade de alimentos, hoje é um canavial gigante a enriquecer poucos e a empobrecer a terra e os homens comuns. Voltamos no tempo. São Paulo voltou ao ciclo canavieiro da época colonial. Talvez, por isso, pague um alto preço. Lavouras de fumaça são o que parecem produzir. Em meio ao braseiro, não é possível distinguir claramente entre culpados ou omissos. Todos carregam uma parcela de culpa, um fósforo na mão ou um litro de gasolina.

        Somos protagonistas de uma tragédia continental que é só nossa. O futuro promete absolvição plena aos verdadeiros culpados, livrando-os de todas as penas. Atentamos, há séculos, e sem remorsos contra o meio ambiente do país. Praticamente, não há local algum neste país em que não possamos verificar paisagens destruídas pelas mãos humanas. A cada dia, milhares de novos focos de incêndio são registrados. Entre 1º e 31 de julho deste ano, foram observados quase 12 mil novos focos de queimadas. Trata-se de uma sequência de ocorrências jamais registrada na nossa história.

        Os dados oficiais tentam minorar essa situação, mas os satélites internacionais mostram toda a realidade. Além de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e a Amazônia estão em chamas. São dezenas de milhares de focos. Nem  mesmo o Cerrado tem escapado dessa tragédia. No primeiro semestre deste ano, houve quase 10 mil queimadas registradas. A região de Matopiba (acrônimo dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia ) vive situação idêntica. A expansão agrícola desenfreada, somada aos efeitos da seca e ao aumento da temperatura global, parece ter transformado nosso país num gigantesco e único foco de queimadas. Bem-vindos ao inferno!

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Os incêndios que se alastram pelo país são questões de direitos humanos, saúde pública e economia.. (…) Estão sendo provocados, conforme avaliação que nos chega até o momento.”
Senador Paulo Paim

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Interessa?
Agressiva a campanha de bandidos que usam voz, script e até número parecido com o SAC dos bancos. Não é possível que idosos sejam constantemente abordados por esses larápios. Faz pensar que os dados do INSS estão sendo vazados. Bancos e operadoras de celular até hoje não conseguiram investir em segurança para evitar esse tipo de golpe.

Charge do Thyagão

 

História de Brasília

O dr. Laranja, segundo nos disse, comunicou-se ontem de manhã com o prefeito, que está no Rio, e disse de sua intenção de nomear uma comissão para apurar essas irregularidades, não somente na sua administração, como, igualmente nas anteriores. (Publicada em 18.04.1962)

Hordas infernizam as madrugadas da Asa Norte

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Imagens que circulam nas redes sociais vêm despertando indignação geral, pois mostram hordas de moradores de rua perambulando nas madrugadas pela Asa Norte, cometendo todo o tipo de vandalismo e crimes. As imagens foram captadas por diversos moradores locais e em ângulos diferentes. Escondidos detrás de cortinas e persianas, apavorados com o que documentavam, os brasilienses residentes em muitas áreas desse bairro assistem a tudo, com um misto de terror e desamparo.

São dezenas desses catadores de papéis e outros mendigos que se juntam e saem pelas ruas revirando lixeiras, quebrando e danificando placas e postes de iluminação, invadindo casas e roubando o que encontram do lado de fora nas varandas. Tudo é pilhado, desde vasos de plantas, containers, carros e tudo o mais que encontram pela frente.

Essas arruaças perigosas são sempre impulsionadas por um grande consumo de drogas e bebidas, tornando esses bandos ainda mais perigosos. O que espanta é que, nesses casos e por repetidas vezes, os moradores acionam a polícia, que raramente é vista para conter esses desocupados. Não é de hoje que se sabe que boa parte do dinheiro arrecadado com a coleta de papéis e outros produtos, assim como o que é amealhado com esmolas, é gasto na compra de drogas e bebidas.

Muitos desses moradores de rua também conseguem alguns trocados com a venda de drogas, principalmente o crack. A situação, como mostram as imagens, saiu de controle. Ao que os cidadãos assistem agora, na forma de um imenso problema social, é a formação embrionária das cracolândias, que migraram de outras partes da cidade para a Asa Norte e parte da Asa Sul.

Quando a madrugada chega, muitos moradores sabem que o pesadelo recomeçará. Ninguém, nesse momento, se atreve a sair de casa. Naquelas quadras situadas acima do Eixão, a situação é fora de controle. O prejuízo para moradores e comerciantes é sempre grande e constante. As ruas de nossa cidade, outrora tranquilas como cidades do interior, de uns anos para cá, se transformaram em verdadeiros cenários de guerra. As polícias militar e civil parecem que não estão dando conta do recado, tamanha é a quantidade de chamadas pedindo socorro.

Nessas regiões, o que impera é o medo dos cidadãos que pagam impostos para serem usados em educação, saúde e segurança. Mas não é o que veem. Não bastasse as áreas verdes terem se transformado em locais de acampamento, agora toda a cidade vai se rendendo a um fenômeno que mistura problema social severo com criminalidade incontrolável e crescente.

O governo, ao qual a cidade e a segurança de seus habitantes são confiadas, precisa, o mais urgente possível, vir a público e apresentar um plano de segurança efetivo que ponha fim a essas ondas de banditismo. Ou se faz algo agora, ou a situação ganhará escala para um processo de guerrilha urbana, onde o “salve-se quem puder” será voz corrente.

 

A frase que foi pronunciada:
“Nós, o povo, não compreendemos nossos representantes.”
Entrelinhas do preâmbulo da Constituição brasileira

Charge: humorpolitico.com.br

 

Aparências
Tocado pela situação do lavador de carros que trabalhava mesmo tendo deficiência, o morador da 213 Norte resolveu atender ao pedido. Comprou uma boa cadeira de rodas para o rapaz. Passados alguns meses, percebeu que o homem não lavava mais carros por ali. Perguntou ao porteiro que respondeu com um sorriso nos lábios: “Ele vendeu a cadeira que o senhor deu e sumiu daqui”. Meses depois, o destino colocou os dois cara a cara. O doador da cadeira, revoltado com o golpe, falou sem titubear: “Mas você usou a única perna que tem para passar em mim!”

 

Conquista
Um aumento de mais de 50% nas candidaturas de pessoas negras para prefeituras e câmaras municipais. A Justiça Eleitoral afirma que é apenas a segunda vez na história que isso acontece.

Foto: tse.jus

 

Consume dor
O deputado Jorge Viana, da Câmara Legislativa do DF, está no grupo que vai sair pela cidade para defender os absurdos praticados contra os consumidores. Um deles é desembolsar R$ 15,00 por uma garrafinha de água mineral, valor cobrado no aeroporto de Brasília. A solução vai ser instalar bebedouros, tanto no saguão de embarque quanto no desembarque.

Píer Sul do Aeroporto Internacional de Brasília. Foto:

 

História de Brasília
O assunto veio à baila, mesmo quando o deputado Ademar Costa Carvalho resolveu contar tudo ao prefeito Sette Câmara, e inúmeras acusações foram feitas à administração Laranja Filho. (Publicada em 18/4/1962)

A nova realpolitik imposta pela direita

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Arte: Caio Gomez

 

         Com a quase certa eleição do conservador Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, e, agora, com o avanço esmagador da direita nas eleições para o Parlamento Europeu, tudo isso sem contar com a vitória do também direitista Javier Milei, na Argentina, o governo brasileiro terá obrigatoriamente que reorientar suas ações, caso queira manter uma relação política mais saudável com o restante do continente, com os Estados Unidos e com a Europa.

         As mudanças no matiz ideológico em muitos países já levam os analistas políticos a admitirem que o mundo vive uma onda global rumo à direita, sendo que esse verdadeiro maremoto está apenas em sua fase inicial. Isso significa que essas mudanças trarão, entre outras coisas, um novo modelo de relação entre os países.

         Talvez, a mais significativa alteração aconteça nas relações econômicas, com o retorno do pragmatismo do Laissez-Faire ou do Liberalismo, com todas as suas vertentes. De imediato, a renovação do Parlamento Europeu poderá, em médio prazo, provocar impactos significativos nos mercados internacionais, embora que, nesse momento, as relações com a América Latina e o Brasil não serão afetadas ainda. Mais uma coisa é certa: os resultados da eleição na Europa afetarão, sem dúvida alguma, o modo como o Mercado Comum Europeu interage com o continente latino-americano. Em síntese, o que se espera é que essa nova configuração política do Parlamento Europeu, juntamente com as eleições americanas vindouras, traga bons frutos para nosso país.

          A saída para o atual governo, caso não queira se isolar ainda mais do mundo democrático, é a busca guarida junto ao velho Centrão, deixando de lado os arroubos ideológicos. O que se descortina no mundo Ocidental nesses tempos é o retorno triunfal da velha e conhecida realpolitik, ou seja a diplomacia política alicerçada em considerações de cunho prático, ou seja no verdadeiro interesse nacional. A verdade é que no plano internacional a mudança que vem ocorrendo a cada eleição para o Parlamento Europeu, trará mudanças sobretudo nas relações do velho continente com a emergente China. É nesse polo que estarão, talvez, as mais importantes mudanças de rumo. Com a economia chinesa montada sobre os trilhos da ideologia do Partido Comunista Chinês, com suas já sabidas pretensões de abocanhar o mundo através da chamada Rota da Seda, as relações da Europa com o Oriente devem ser repensadas. Para os que estão hoje confortavelmente instalados no poder, todo e qualquer movimento feito pela direita é logo taxado de extremista. Assim é que a chegada dessa força política ao Parlamento Europeu foi logo atribuída à extrema direita.

          O que está em jogo, com essa reviravolta que, diga-se de passagem, vem da vontade popular livre e soberana é o começo do fim das esquerdas no poder em boa parte do mundo civilizado. O que resta agora dessa ideologia no controle de alguns países se resume a governos nitidamente ditatoriais, opressores e sem rumos claros para a concretização de metas simples como o Índice de Desenvolvimento Humano. Todos os países controlados hoje por forças de esquerda mantêm suas populações na pobreza, pois servem-se dessa condição para perpetuarem-se no poder. Uma coisa é o que a realidade imposta pela vontade popular quer de fato. Outra coisa é o que se apressam em analisar aqueles que já estão com saudades dessas mudanças e com medo do que ela trará.

         Com a possível eleição de Trump e guinada à direita do braço legislativo do principal bloco econômico do planeta, os embates entre China e Ocidente podem ser ainda mais acirrados, o que, de forma indireta pode favorecer também ao agronegócio brasileiro, também principal protagonista dos superávits do país. O que se sabe até agora é que os superávits surpreendentes nas finanças da Argentina, algo até pouco tempo inconcebível, é obra da direita no poder e isso é motivo de ciumeira por parte do atual governo de nosso país, principalmente quando se sabe que a economia do Brasil está rumando para o abismo fiscal com uma dívida interna podendo facilmente ultrapassar a casa dos R$ 7 trilhões de reais.

         Com a guinada da direita em muitos países, vai ficando cada vez mais difícil ao governo brasileiro seguir com a manobra de isolar a direita em nosso país. As previsões, caso as eleições transcorram na paz e na ética, são que o próximo Legislativo nacional seja majoritariamente conservador. Em nosso caso, é preciso observar ainda que a construção de pontes entre o Executivo e o Legislativo vai ficando cada vem mais difícil, obrigando o Palácio do Planalto a ter que recorrer ao Judiciário onde parece contar com uma insólita maioria a seu favor.

A frase que foi pronunciada:

“A escuridão é covarde. Acenda uma pequena luz e ela fugirá apavorada.”

Provérbio Judaico

Imperdível

Amanhã, sexta-feira, às 19h30, a Academia de Letras e Música do Brasil realizará, no auditório do Departamento de Música da UnB, o recital semestral com entrada aberta e franqueada ao público. Dib Francis, membro da academia e agitador cultural irá tocar piano com a mestra dos tempos de UnB, Elza Gushiken. Norma Parrot, ao violoncelo, completa o trio. Outra presença importante é a de Alexandre Romariz. Um engenheiro que toca piano para se divertir. Do trio, Debussy interpretará a obra acompanhado por Ariadne e Marcelo Salles.

Cartaz publicado no perfil oficial da Almub no Instagram

 

História de Brasília

Custa crer que o almirante Lucio Meira esteja trabalhando contra Brasília, mas se fôr mesmo o caso será o contrário. Êle saberá o que está acontecendo, e tomará providências. (Publicada em 10.04.1962)

A mãe de todos os crimes

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

          Somente pelo fato de ser a capital de uma das dez maiores economias do mundo, Brasília bem que poderia ser considerada uma cidade segura e praticamente livre de crimes de toda a natureza. Mas a realidade insiste em mostrar sua cara feia, trazendo consigo uma multiplicidade de fatos violentos que contradizem as expectativas e mesmo o que declaram as autoridades mais otimistas.

         Para início de conversa, Brasília contabiliza quase 1.500 mortes violentas a cada ano. Desse número, aproximadamente 500 são classificadas como homicídios. Com isso, a capital ostenta hoje 16 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, o que é uma taxa alta e preocupante. Infelizmente dados numéricos foram feitos para os arquivos da burocracia e para serem esquecidos em seguida. É nesse verdadeiro moedor de carne humana que pessoas com nome e sobrenome viram estatísticas e vão engrossar os dossiês sobre violência deixados esquecidos no chamado arquivo morto.

          Em reportagem feita pela jornalista Helena Dornelas, com base em dados da plataforma Numbeo.com, e veiculada por esse jornal em 27/05 com o título “Brasília é a 69ª cidade mais perigosa do mundo”, mostrou que a capital de todos os brasileiros, caso nada seja feito de imediato e com firmeza, vai seguindo por uma trilha que pode inviabilizar a cidade como centro administrativo do país.

         A questão é simples: para uma cidade que não consegue dar conta da segurança de seus moradores, incluindo aí as diversas autoridades que aqui vivem, fica difícil também garantir segurança para as instituições nacionais e internacionais que aqui estão sediadas. O crime não conhece barreiras ou status.

         Essa situação ganha ainda um caráter mais delicado quando se verifica que, a poucos quilômetros do centro da capital, existe um presídio federal de segurança máxima, construído contra todos os pareceres das autoridades locais, que temem por essa proximidade.

          Também já foi mencionado, aqui neste espaço, em diversas oportunidades, que o crescimento exponencial dos índices de violência em Brasília, nesses últimos anos, tem como origem o desordenado inchaço populacional da cidade, trazido no bojo da chamada maioridade política da capital e que passou a contar com a afoiteza e aldrabices de políticos e empresários locais, que literalmente lotearam a cidade em troca de votos. Essa é, de fato, uma história que não pode ser esquecida, sob pena de virmos a repetir esse descalabro, que agora mostra suas consequências danosas para todos igualmente. No quesito violência, obviamente que a questão da corrupção não poderia ficar de fora.

          É isso, justamente, que mostra a reportagem citada ao apontar que a maior preocupação hoje, tanto dos brasilienses como dos turistas, é com a corrupção. Nesse item, respeitadas as exceções, a corrupção, que muito bem poderia ser definida como a “mãe de todos os crimes”, pode ser, na sua quase integralidade, atribuída ao comportamento criminoso de muitas autoridades, sobretudo de uma parcela de políticos que insistem em fazer da vida pública um meio para o enriquecimento pessoal.

         Uma coisa é certa: de todas as fórmulas complexas para resolver o problema da violência, suas origens e consequências, nenhuma outra resulta ser mais eficaz do que pôr fim à corrupção que, há séculos, grassa livremente em nosso país. O interessante aqui é saber o que é mais difícil de ser combatido, a violência ou a corrupção.

A frase que foi pronunciada:

“O dever da juventude é desafiar a corrupção.”

Kurt Cobain

Foto: Jeff Kravitz/Filmmagic

Saldo positivo

No Brasil, o quadro mudou. No resto no mundo, 37 milhões de crianças, de 13 a 15 anos, consomem tabaco. O mais impressionante nos índices é que, em muitos países, a taxa de uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes excede a de adultos. Vale registrar a coragem do ex-senador José Serra, que enfrentou todos os lobbies.

Foto: Beto Barata/PR

 

História de Brasília

O grande derrotado de hoje é o sr. Carlos Lacerda. Quando chegou dos Estados Unidos, procurou empanar a visita do Presidente João Goulart, com a intervenção na TCB. A visita foi das mais proveitosas do mundo, e o governador da Guanabara passou, moralmente, à companhia do seu outrora aliado Jânio Quadros. (Publicada em 08.04.1962)

Passado que não passa

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Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

         Crises existem justamente para testar a capacidade humana de superá-las. Sempre foi assim. Caso contrário, a própria espécie já estaria extinta. O importante é não subestimar nenhuma delas, aprendendo e retendo as lições que elas trazem. Essa receita vale tanto para as crises pessoais como para as crises de ordem política, social e econômica que atingem o Estado, o governo e a nação.

         O que não se recomenda, de maneira alguma, é criar uma crise na tentativa de resolver outra. É o que está acontecendo agora com o deslocamento do ministro da Secretaria de Comunicação do governo para ser uma espécie de braço avançado do Planalto para resolver a crise climática que vitimou o Rio Grande do Sul. O que dizem é que esse ministro foi derrubado para o alto, no caso para o Sul, bem longe do palácio. Com isso, foi criada uma crise dentro de outra crise maior, que longe de resolver o sério problema experimentado pelos gaúchos, provocou uma espécie de intervenção branca naquele estado, atingiu a dignidade do governo local e, de resto, o governo federal mostrou a inaptidão do atual presidente em resolver uma crise que se mostra muito acima de sua capacidade de resolução.

         A questão aqui é demasiadamente delicada e complexa para ser solucionada apenas com a movimentação das peças no tabuleiro do poder. O governo sabe muito bem que a crise econômica que já vem se desenhando no país em razão da aplicação de seu modelo de gestão estatista poderá ser elevada a alturas jamais vistas, em decorrência das inundações ocorridas no Rio Grande do Sul.

         De certo modo, o governo sabe também que poderá, como é de seu próprio feitio, creditar a outrem, no caso às enchentes, o mal desempenho de sua gestão. Nesse caso, as inundações viriam para salvar a gestão petista na economia. De todo o modo, esse é mais um problema que vai se desenhando no horizonte, sem perspectivas de soluções.

         Por outro lado, o governo pode muito bem atribuir, ao ministro da Secom, deslocado para o Sul, quaisquer possíveis fracassos não no projeto de recuperação daquele estado. Para o governador do Rio Grande do Sul, entregar o governo nas mãos do ministro Pimenta equivale a um reconhecimento de que as enchentes deixaram o estado sulista acéfalo, além de precipitar, no abismo, sua carreira política.

         A situação que já é séria demais por suas dimensões catastróficas tende a piorar e ganhar contornos de uma crise política. O Rio Grande do Sul, por sua trajetória histórica e política mais recente, não está inclinadoà esquerda. Pelo contrário, desde os escândalos do mensalão e do petrolão, que a comunidade gaúcha desfez seus laços que mantinha com a esquerda. Na verdade, a exceção é Paulo Paim, o único petista do país que prega o diálogo e a conciliação pensando na população brasileira.

 

 

A frase que foi pronunciada:

⁠”O livro Resistência e Afirmação tem o objetivo de explodir bolhas sociais que impedem muitos brasileiros de verem o óbvio.”

Paulo Paim

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Boa pedida

Quem quiser relaxar, todo primeiro sábado do mês, a Roda de Choro é na Escola Brasileira de Choro, na área externa do Clube do Choro. Nos outros sábados, para se deleitar com a boa música, no estacionamento 10, a partir das 11h no Parque da Cidade, o grupo está reunido tocando Chorinho ao ar livre.

 

Calma

Pacientes com catarata horrorizados com a banalização da cirurgia. Vale a pena ir devagar, consultar mais de um médico e pesquisar riscos.

Foto: Oftalmoclínica

 

Sem elogios

Via crucis para quem quer tratar com as operadoras sobre telefonia fixa. Nem para se livrar da linha e nem para segurá-la. O pior é ser obrigado a pagar as contas que continuam chegando mesmo sem o número. Sem ter a quem recorrer, os consumidores sofrem com a falta de assistência.

Imagem: mobilit.com

 

História de Brasília

Governador Brizola, com a decisão da Comissão de Justiça da Câmara, está sem afeto o convite que o sr. Baeta Neves lhe fez para se candidatar por Brasília. (Publicada em 08.04.1962)

Planeta água

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Alagamentos em Porto Alegre após cheia do lago Guaíba. Foto: Ricardo Reinbrecht

 

Catástrofes ambientais ocorridas em todo o planeta em decorrência do previsto efeito estufa, vão deixando patente que o mundo, e sobretudo a espécie humana, protagonista desse processo, terão, doravante que começar a exercitar um novo modelo de exploração da terra, caso desejem ainda permanecer existindo. Essa é uma, entre milhares de outras constatações que podem ser incluídas no rol dos fatos incontestes. Ou é isso ou aquilo que vamos assistindo, com cada vez mais frequência.

Nesse planeta água, a terra entra em fusão sob nossos pés. O que os cientistas ligados às questões do meio ambiente têm afirmado, é que entramos num ponto de não retorno. O start ou o ponto de inflexão de todo esse novo momento que estamos assistindo foi dado em data incerta. O que parece certo é que esse século XXI, cuja inauguração se deu com a sinistra derrubada das Torres Gêmeas em Nova Iorque, será marcado por desafios que a humanidade jamais experimentou anteriormente, salvo aqueles mencionados na Bíblia, que relatam os acontecimentos durante o período do dilúvio.

Talvez o que menos importa nesse instante seja a busca por culpados por toda essa reviravolta que vai ocorrendo em nosso planeta. O que importa e de forma urgente é revisar alguns modelos de exploração dos recursos naturais do planeta e de nossa conduta coletiva que nos trouxeram até aqui.

Para um planeta que caminha para abrigar oito bilhões de habitantes, livrar com urgência dos sistemas de produção de alimentos e da exploração de outras riquezas, não será tarefa fácil. Talvez esse seja também um esforço que não caberá apenas aos governos, mas sim, a toda a coletividade humana.

Por todo o mundo, vai ficando cada vez mais claro que a força coletiva ou sociedade civil, tem sido muito mais eficaz na resolução de calamidades climáticas de grandes proporções do que aquelas mostradas pelo Estado. O caso do furacão Michel que assolou a Flórida em 2018, deixou antever ao mundo que a cooperação descentralizada da sociedade civil foi um fator, por excelência, para minorar as consequências advindas daquela tormenta que deixou mais de 80 mortos, com prejuízos de dezenas de bilhões de dólares.

O mesmo fator é agora reafirmado no caso das enchentes que destruíram boa parte do território gaúcho. Tolice o governo querer competir midiaticamente com as ações voluntárias, demonstradas pela sociedade civil local. As imagens e, mesmo o imaginário coletivo, provam a força dessas comunidades. Impressionante no caso do Rio Grande do Sul, é que essas populações que se desdobraram para salvar vidas, jamais, em tempo algum, tiveram quaisquer treinamentos prévios, agindo apenas com base na força da solidariedade e do destino comum.

Na realidade esse parece ser o mote atual que deve nos mover daqui para frente: destino comum. Seguramente, por habitarmos esse planeta ferido de morte por nossas ações temos que ter em mente que temos, ricos e pobres, um destino comum. A resposta do Estado, e sobretudo a resposta de um governo envolto com uma séria crise econômica, centralizada e burocrática não é páreo para o ultimato veloz do clima.

As críticas ajudam no aperfeiçoamento das ações, pois apontam falhas e, muitas vezes, mostram soluções adequadas. Antigamente se dizia que é quando a maré baixa que podemos constatar quem é que estava nu. No nosso caso particular, podemos confirmar que não era população flagelada. É certo também que não iremos minorar a dor dos nossos irmãos do Sul, com palavras ou outras condolências cerimoniais e formais. Mas ainda assim é por meio da palavra denunciada que iremos alertar que somente hoje em nosso país temos uma população de mais de meio milhão considerados fugitivos do clima.

Em todo o mundo, esse contingente alcança mais de um bilhão de pessoas. Para se ter uma ideia dessa situação fora da roda é preciso lembrar que em pouco mais de um ano o nosso país teve mais de 12 eventos climáticos extremos e, até hoje, não nos preparamos para as adversidades climáticas.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A crise climática não é uma questão política; é um desafio moral e espiritual para toda a humanidade. É também a nossa maior oportunidade de elevar a consciência global a um nível mais elevado.”
Al Gore

Al Gore. Ex-vice-presidente dos EUA. Al Gore discursando na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) de 2021 em Glasgow, Escócia.
Foto: ©Ian Forsyth/Getty Images

 

Solidariedade
Várias instituições públicas unidas para prestar socorro ao Rio Grande do Sul. No Senado, Ilana Trombka, diretora da Casa, lançou a campanha de doação de cinco mil cobertores organizada pela Liga do Bem. Voluntários ajudam a separação das doações recebidas.

 

História de Brasília

O argumento de que Brasília é uma cidade em formação prevaleceu, e não teremos, assim, “forças terríveis” pressionando a administração. (Publicada em 08.04.1962)

Dilúvio

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Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

 

Não será surpresa se, num futuro muito próximo, os governos no Brasil e de todo o mundo resolverem a criação de uma nova pasta ministerial, elevando, para o primeiro escalão da administração pública, o ministério da Defesa Pública e de Prevenção aos Efeitos do Aquecimento Global. O que a calamidade sem precedentes que ocorre agora no estado do Rio Grande do Sul pode nos ensinar e alertar é que é chegado, também ao nosso país, o tempo das imprevisibilidades e das turbulências atmosféricas.

O planeta parece ter acordado de seu sono secular e agora já não existe lugar seguro para quem quer que seja. Pior do que tudo é que, mais uma vez, ficou provado que não estamos nem um pouco preparados para catástrofes repentinas. A resposta oficial, em todos os níveis, ao que ainda vem ocorrendo naquele estado, serviu para aumentar a sensação de pânico coletivo, assegurando a todos que as instituições de defesa do Estado Brasileiro não estão à altura, em treinamento, pessoal e equipamentos, para enfrentar esses novos tempos que chegaram.

Fomos, de novo, apanhados de surpresa. Muitos apostaram na possibilidade de a frente fria seguir seu caminho natural, indo em direção ao Norte do país. O bolsão de ar quente, que cobria todo o centro do país e ali estava estacionado, impediu que as nuvens espetacularmente carregadas de água seguissem seu caminho. Com isso, o Rio Grande do Sul, uma das mais importantes locomotivas da economia nacional, conheceu, pela primeira vez, o significado da expressão bíblica diluvio.

De fato, o céu despencou sobre boa parte daquele estado, fazendo um número ainda não conhecido de vítimas fatais, enterrando, na lama vermelha, milhares de lares e outros estabelecimentos urbanos e rurais. O cenário, para quem viu de perto esse apocalipse, supera o de muitas cidades alvos de bombas e de guerra sangrenta. Não fosse a atuação, sempre heroica e historicamente destemida dos gaúchos, a situação poderia ser ainda mais desesperadora.

Mesmo com esse açoite vindo do alto, a população deu provas seguidas de que aquela gente não se rende assim tão facilmente. A tenacidade e o entusiasmo dos gaúchos mostraram, ao resto do país e ao mundo, que, em momentos de grande aflição como esse, o que vale é a solidariedade e a união fraterna de todos. As correntes humanas de civis, que se formaram por ar, por terra e sobre as águas mostraram que, ao contrário dos esforços oficiais, titubeantes e cheios de retórica política de significados nebulosos, o povo soube tomar para si as rédeas da situação.

Por todo canto, correntes humanas se formaram para acudir aqueles irmãos. Voluntários. Inclusive, os que perderam tudo. Obviamente que, nessa luta desigual entre o homem e a natureza, a colaboração profissional de bombeiros, defesa civil, médicos e outros patriotas foi inestimável.

Passados esses instantes de pesadelo, depois de enterradas cada uma das vítimas dessa tragédia nacional, chegará o momento em que será preciso tomar todas as medidas necessárias para seguir a rota das doações e dos bilhões de reais prometidos na hora da dor. Sem essa preocupação, toda essa dinheirama irá, novamente, ser soterrada pela lama do descaso e da corrupção.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nas tragédias conhecemos todas as pessoas como elas realmente são.”

Gilberta Brenner

 

Prata da Casa

Aclamado pelo Conselho Universitário como professor emérito, o fagotista e lutier Hary Schweizer, que deu aula no departamento de Música da UnB, desde 1977. O documento registra que é “justo o reconhecimento ao professor que sempre conduziu as suas atividades com responsabilidade e engajamento exemplar.”

 

Insano

A empresa que valida o atestado médico de colaboradores da Plansul não aceita que alguém da família leve o atestado. Apenas o funcionário pode apresentar pessoalmente no Conic. O resultado é tosse, vômito, espirro e desmaio na sala de espera. Todos os doentes juntos.

Foto: plansul.com

 

Revolução

Simples assim. Você recebe um balde para depositar todo lixo orgânico da cozinha. Paga uma taxa e recebe terra forte para plantar o que quiser. Trata-se do projeto Compostar. Veja no link: Coleta e compostagem de resíduos orgânicos.

Imagem publicada no perfil oficial da Compostar no Instagram

 

Expectativa

Faltam três comissões para a decisão do projeto que regulamenta a desaposentação no INSS.

Imagem disponível na internet

 

Bem de todos

Viviane de Almeida, chefe do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente do HBDF, trabalhou com diversas equipes da Instituição a importância da Comunicação entre os setores e o reflexo desse diálogo na vida do paciente. A iniciativa é fundamental e poderia ser aplicada em todos os órgãos do GDF.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-20.6.2017

 

História de Brasília

A situação do IAPC em Brasília é dramática, pelo abandono votado ao Distrito Federal pelo presidente do Conselho Administrativo. E justamente por causa do sr. Pery Rodrigues, os funcionários não terão apartamentos novos. (Publicado em 07.04.1962)

Ao povo brasileiro

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Foto: cnbb.org

Em mensagem dirigida ao povo brasileiro, por ocasião da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre 10 e 19 de abril último, os bispos católicos, citando Mateus 23,8, que ressalta: “Vós sois todos irmãos e irmãs”, lembraram, logo de saída, que as experiências adquiridas pelo nosso passado recente, nos ensinam a buscar, no diálogo, as soluções para o Brasil atual.

Para os bispos reunidos na assembleia, foi graças às articulações, entre agentes lúcidos e cidadãos, que superamos e deixamos para trás aqueles problemas. Segundo apontam nessa mensagem, cabe às instituições do país, no caso, aos três Poderes da República, resolverem os problemas que se apresentam hoje à nossa democracia. Por isso mesmo, conclamaram essas instituições e a sociedade civil a seguirem o que preconiza a Constituição de 1988. Nesse sentido, lembraram os bispos, que as questões relativas à independência e à harmonia entre os Poderes não são apenas opções de momento, mas, sim, deveres permanentes e irrenunciáveis, que, aliás, estão expressos na Carta de 1988. De acordo com esses prelados, lembrando o papa, “a paz, por ação da força mansa e santa dos que creem, deve ser buscada como forma de se opor ao ódio da guerra”.

Durante essa assembleia, foram mencionados os gastos militares, que, no ano passado, cresceram e foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, assim como a fome no mundo, que aumentou no mesmo ritmo. Em nosso país, segundo os bispos, verifica-se também um crescimento sem precedente do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do vandalismo, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis.

Na avaliação desses religiosos, a realidade dos migrantes, do povo em situação de rua e da população encarcerada continua sendo um desafio, assim como a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência, que continuam a violentar nossa nação. Diante de uma situação calamitosa como essa apontada pelos bispos, a saída seria construir a paz, sobretudo aquela paz que nasce da justiça, segundo está escrito em Isaías 32,17. “Entendemos que o Brasil necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para os jovens Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir, solidariamente, em prol de um país economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável”, diz a mensagem.

Com relação aos novos desafios trazidos pelos problemas climáticos, os bispos assinalam a necessidade de uma transição rápida para as energias limpas. Também com relação à Amazônia, os bispos destacam que os povos que ali vivem não podem mais ser sacrificados por um modelo de exploração que não permite o bem viver. Também lembraram de outros biomas, como o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pampa e o Pantanal, que estão sofrendo pressões de todo o tipo, tornando a cada vez mais difícil a reversão dessa destruição. Para os bispos, “toda a casa comum sofre com a destruição”.

Na mensagem ao povo brasileiro, os bispos, reunidos na CNBB, destacaram a realização, em 2025, da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará. Na oportunidade, serão discutidas possíveis soluções para o aquecimento global, bem como alternativas sustentáveis para a vida no planeta. No encontro, segundo eles, deverá existir um sério compromisso dos governos com a obra da criação. Em relação aos povos indígenas, os bispos ressaltaram que é preciso melhorar as políticas públicas com ação concreta na defesa dos povos originários, bem como a proteção de suas terras, especialmente no território Yanomami.

Durante a realização da 61ª assembleia, os bispos lembraram que passados 64 anos do início da
ditadura militar, a nossa democracia ainda necessita de cuidados. Para tanto, destacaram que as próximas eleições municipais deste ano serão uma oportunidade para fortalecermos a nossa democracia,
por meio do voto consciente. “A consciência cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois há exigências éticas para a realização do bem comum”, diz a mensagem.

Com esse intuito os bispos conclamam à união de todos, sendo que ninguém deve abdicar da participação na política. Em relação aos meios de comunicação, questão muito discutida hoje em dia em nosso país, os bispos assinalam que é preciso o combate à desinformação, principalmente aquela que usa a linguagem religiosa para justificar interesses políticos e econômicos escusos. Lembrando mais uma vez o papa Francisco, os bispos destacaram que a inteligência artificial corre o risco de ser rica em técnica e pobre em humanidade. Para tanto, disseram: a liberdade de expressão não pode estar a serviço da divisão social, pois o ódio, o fundamentalismo e o populismo enfraquecem a democracia.

 

História de Brasília

Agora, voltamos ao mesmo assunto. Subindo ou descendo a superquadra, esteja sempre com seu carro em segunda. Se você tem chapa branca, avise ao seu motorista para fazer assim. Pode ser que ele não saiba, ou não se lembra, e sua advertência é uma necessidade. (Publicada em 6/4/1962)