Aos novos Chicos Mendes que chegam

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Ricardo Salles MMA

 

Quem assistiu à audiência pública na qual o delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, respondeu a perguntas formuladas por integrantes das Comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, por videoconferência, ficou com a nítida impressão de que parlamentares que o inqueriram — mais do que buscarem informações que esclareçam o caso envolvendo o ministro Ricardo Salles e os madeireiros e grileiros ilegais — estavam naquela sessão para ameaçar veladamente o profissional, caso ele prossiga na intenção de denunciar esses graves crimes.

O tom comum, entre os deputados que tentaram desqualificar as sérias denúncias, pareceu a muitos, por seu uníssono conteúdo, um recado e uma admoestação, vindos de cima, para que Saraiva parasse com essas denúncias antes que fosse tarde demais. Para um policial que se viu repentinamente tolhido em cumprir seu dever, trabalhando numa região que é muito mais do que um continente desejado por hordas de malfeitores e oportunistas de todo tipo, e ainda mais combatendo gente sabidamente poderosa, com relações estreitas com o poder em Brasília, nada mais restou a não ser tornar públicas e notórias suas investigações, antes que um mal maior qualquer possa acontecer.

Aqueles parlamentares que não o ameaçavam diretamente, tentavam, ao menos, impedir o depoimento, receosos de que novas denúncias viessem à tona. Os aliados do presidente Jair Bolsonaro, querendo mostrar serviço ao Palácio do Planalto, como uma verdadeira tropa, definitivamente não estavam naquela Comissão para esclarecer o ocorrido que determinou o rápido afastamento do delegado do Amazonas. A intenção primeira, e devidamente ensaiada por suas excelências, era a de transmitir medo e incertezas ao profissional, tumultuando uma sessão que, num governo que prezasse a ética, seria de grande valia para toda a nação e, quiçá, colaboraria para tornar difícil o trabalho das quadrilhas que agem naquela região, desmatando e grilando terras públicas por décadas a fio.

Em vez de se preocuparem em limpar a imagem do país perante o mundo, num momento em que a humanidade busca uma saída de emergência para a destruição do meio ambiente no planeta, esses maus políticos preferiram, mais uma vez, proteger a figura o chefe do Executivo, mesmo que isso concorra para o aumento da derrubada de nossas florestas, com as consequências que, todos sabemos, virão em forma de extinção de nossa espécie.

Para deputados sem noção, aliados de madeireiros ilegais, quem, na verdade, está em “maus lençóis” não é o delegado que busca cumprir seu dever, como servidor público, e sim políticos dessa estirpe, que colocam suas prioridades acima do bem comum.

Para essa tropa de choque que tentou intimidar o delegado devido ao “inquérito feito de forma totalmente apaixonada”, a resposta veio curta: “Quero defender é o meio ambiente. Por isso, não tenho receio de perder o emprego ou a vida. Estou pensando no Brasil”. Aos novos e poucos Chicos Mendes que chegam e são, por isso, perseguidos e humilhados, nosso mais amplo apoio e solidariedade.

 

 

A frase que foi pronunciada

“Os seringueiros, os índios, os ribeirinhos há mais de 100 anos ocupam a floresta. Nunca a ameaçaram. Quem a ameaça são os projetos agropecuários, os grandes madeireiros e as hidrelétricas com suas inundações criminosas”
Chico Mendes

Foto: Denise Zmekhol/Exame

 

Merecido
Solenidade na embaixada da Itália condecorou o padre José Rinaldi, do Ceal, pelo trabalho com crianças com deficiência e que vivem em estado de vulnerabilidade social. Cavaleiro da Ordem da Estrela da Itália foi o título entregue ao padre pelo embaixador Francesco Azzarello.

Padre José. As fotos foram publicadas na página oficial do Santuário São Francisco de Assis no Instagram.

 

Pela paz
Quem é que vai querer brigar com um batalhão de advogados e com pais de alunos do colégio Everest, um dos mais caros da cidade? Bom. O ministro Peluzzo está do lado dos moradores, furiosos com as obras construídas em velocidade máxima em área habitacional sem estudo de fluxo de tráfego convincente. E mais! O Ministério Público mandou parar as obras. A única dúvida que paira é: Se os moradores da região não querem o colégio ali, se o colégio tem dinheiro, por que não escolhe uma área destinada à construção de escolas? Tão simples!

Foto: 61brasilia.com

 

Absurdo
Se o aplicativo do transporte urbano de Brasília funcionasse, haveria menos sofrimento para os passageiros. Aos sábados, domingos e feriados, a espera por um ônibus costuma passar dos 40 minutos.

Moradores se aglomeram em parada de ônibus em Ceilândia, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

 

Está errado
Estabelecimentos comerciais são obrigados a emitir nota fiscal. Ninguém ou quase ninguém entende a razão de não haver uma máquina registradora nos postos de gasolina emitindo nota fiscal, como todos os estabelecimentos. O que existe são frentistas treinados para demorar a emitir o documento até o cliente desistir de esperar pelo recibo.

Ilustração: cr.inf

 

História de Brasília
Embora parcialmente, estão funcionando os postes de iluminação do aeroporto. É a área tecnicamente mais bem iluminada do país. Falta, entretanto, que o Ministério da Aeronáutica faça uso dos seus geradores, e a carga atualmente jogada naquele trecho, seja utilizada nas residências das QL. (Publicada em 01.02.1962)

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