Aquecimento para o Emmy: Shameless se despede da TV ainda lembrado pela academia

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Shameless fecha um histórico de altos e baixos e sai de cena com uma nobre indicação

Pouco popular no Brasil, Shameless se despede da TV com a 11ª temporada apresentada no primeiro semestre de 2021 nos Estados Unidos. Ao longo de 10 anos no ar, a produção original do canal a cabo Showtime foi marcada por consideráveis altos e baixos e se despede das telinhas com uma nobre indicação do (agora sim) protagonista, William H. Macy na categoria de melhor ator em série de comédia.

Altos e baixos

Desde a conturbada (e midiatizada) decisão de desenvolver a produção na HBO ou no Showtime, Paul Abbott e John Wells (os criadores e showrunners da série) tinham nas mãos uma produção que ficaria na história pelos altos e baixos — e pela “sem vergonhice”. Baseada em uma versão britânica (de mesmo título), a Shameless US chegou ao mundo no comecinho de 2011 prometendo uma visão ousada (e relativamente pouco explorada) do cotidiano de uma família urbana, pobre e mergulhada em vícios e tragédias nas terras do Tio Sam.

Sob a sombra de Frank (William H. Macy), o pai absolutamente sem escrúpulos e criminoso, seis filhos formam os Gallaghers — Fiona (Emmy Rossum); Lip (Jeremy White); Ian (Cameron Monaghan); Debbie (Emma Kenney), Carl (Ethan Cutkosky) e Liam (Christian Isaiah). A família, acima de tudo, sobrevive.

Desde o ano de estreia, Shameless apostou na dramédia (gênero ainda pouco popular na época) e ganhou espaço nas grandes premiações. Joan Cusack foi o destaque. No papel de Sheila, uma dona de casa amorosa, ninfomaníaca e que tinha medo de sair da própria residência, ela brilhou sendo indicada como melhor atriz coadjuvante em série de comédia de 2011 até 2015, quando  ganhou a estatueta e saiu da produção.

Sem vergonhice

Shameless tinha a intenção de chocar: muita nudez, cenas de sexo e absurdos de todo o tipo (a título de exemplo, nunca vou me esquecer de quando Liam, um bebê, quase morre com overdose de cocaína na quarta temporada, ou quando Sheila faz uma campanha pelo “direito” de as pessoas com sindrome de Down serem chamadas de “retardadas” no terceiro ano da série).

Mesmo sem indicações no Emmy, a também Emmy (Rossum) foi outro grande destaque de Shameless. Na época uma garota, no papel da irmã mais velha Fiona, a atriz deu um show de tamanha importância, que ao longo da segunda, terceira e quarta temporadas divide (para não dizer “toma”) o protagonismo com Macy. Fora das telas, entretanto, as coisas pareciam mais difíceis para a atriz, que levou a público, durante um longo tempo, a negativa do Showtime em querer equiparar seu salário com o de Macy ainda em 2016. O canal até concordou em equiparar os salários dos dois, contudo, Emmy decidiu abandonar a produção na nona temporada.

Em uma produção com tantos anos, vários personagens entraram e saíram de Shameless e ajudaram a moldar os Gallagher, como Mickey (Noel Fisher) — cujo relacionamento com Ian foi o carro-chefe das temporadas finais — e, claro, Veronica (Shanola Hampton) e Kevin (Steve Howey), que sempre ajudaram a história em momentos mais críticos. As perdas passaram a dar um tom mais procedural para Shameless, com histórias independentes entre os personagens e entre os episódios, o que resultou em uma simbiose novelesca mais de nicho (ou mais de fãs fiéis que se recusaram a largar a trama).

Por fim, a conclusão de Shameless ocorreu em paralelo por um escândalo. No fim de 2019, a esposa de William H. Macy, a também atriz Felicity Huffman, foi presa por envolvimento no esquema de compras de resultados de vestibulares praticado por grandes celebridades para inserir os filhos em universidades de elite. Apesar de Macy não ter sido indiciado pelas autoridades no esquema, o rosto de Shameless desde então também estampava as notícias policiais.

A vitória de Macy na categoria de melhor ator em série de comédia no Emmy deste ano definitivamente seria um presente para os fãs que apostaram nos 11 anos de Shameless. Contudo, como a própria série ensinou por mais de uma década: a realidade é dura, e o histórico policial da família do ator e principalmente a competição com Jason Sudeikis (por Ted Lasso), deve tornar esse “presente” em algo pouco provável.

No Brasil, Shameless ainda não está disponível no streaming.

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Ronayre Nunes

Aprendeu a gostar de séries com Early Edition - #Kyle4Ever - e E.R, hoje gosta de basicamente tudo. Forte entusiasta de um mundo onde fãs de How I Met Your Mother e Friends vivam em paz e harmonia (mesmo gostando mais de Friends).

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