Ansiedade da separação: veja como diagnosticar

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Ana Maria sofreu de ansiedade de separação Crédito: Divulgação

O veterinário e adestrador Henrique Perdigão, mais conhecido como Perdiga Vet, conta que 90% dos cãezinhos que atende sofrem com a ansiedade de separação e que, muitas vezes, seus tutores não fazem ideia de que existe esse distúrbio. A notícia boa é que possível reverter o quadro. “A síndrome da ansiedade de separação é quando o seu cão apresenta comportamentos de pânico e descontrole excessivos. Isso desencadeia porque o pet cria uma dependência afetiva por seus donos por conta do convívio intenso no dia-a-dia,” explica o adestrador.

Nem sempre o tutor associa os sintomas à ansiedade. O veterinário sentiu isso na pele com a própria cachorrinha Ana Maria, de 4 anos. “Demorei um tempo para entender os sintomas da minha cachorra. Quando passava do horário de chegar em casa, ela destruía tudo! Móveis, fazia xixi fora do lugar e até mastigava dinheiro. Lembro que um dia desci no prédio e demorei 20 minutos para subir em casa. Minha esposa falou que ela tinha ficado o tempo todo chorando na porta depois da minha saída. E foi nessa hora que caiu a ficha. Minha cadela sofre de ansiedade de separação”, conta.

Segundo Perdigão, quanto mais cedo o diagnóstico, mais fácil de corrigir esse problema e achar a solução. “A verdade mais dura que os donos de pet não aceitam ouvir que os próprios tutores são os responsáveis pelo comportamento de seus cachorros e é nisso que sempre bato na tecla. Por isso, tratar e adestrar seu cão com bons hábitos muda todo o cenário a longo prazo”, diz. Se você quer saber se seu cãozinho sofre dessa síndrome, o adestrador lista quatro sintomas para se observar na rotina.

“O primeiro sintoma é quando o dono sai de casa para trabalhar, estudar e o cão late de forma excessiva. Pergunte ao vizinho e ele vai saber te responder como o seu cão se comportou. Em alguns casos, pode até uivar. O segundo sintoma é quando o cão destrói a porta de entrada da casa. Pode ser uma porta, um portão, mas é sempre no local de entrada da casa. O terceiro sintoma é quando o pet só erra o local de fazer suas necessidades, quando fica sozinho em casa. O quarto sintoma é quando ele pratica a automutilação, como, arrancar os pelos das patinhas, se morder”, explica.

Muita gente não sabe, mas existem casos raros em que o cão entra em hipertermia, ou seja, a temperatura corporal fica superior aos 40ºC podendo levar até a óbito. “Todos esses sinais são nada mais nada menos, do que um pedido de socorro do seu pet por conta dessa síndrome. Então, se você é um grude com seu cãozinho, e você sente que ele sofre ao ficar algumas horas sozinho, é um sinal de alerta”, conta.

Segundo o adestrador, existem algumas raças nas quais o distúrbio pode ter mais propensão para se desenvolver. “Na maioria dos casos, os cães de pequeno porte como Spitz Alemão, Maltês, Yorkshire, Shih Tzu e cães adotados, pelo fato de serem animais de colo, ou animais que passaram pelo processo de adoção e o dono sempre se culpa por algo que já aconteceu como o sofrimento do cão.”

Pets de qualquer idade podem ter essa doença, é comum em filhotes que têm que se acostumar com um novo lar e uma nova rotina. Uma das dicas do adestrador para evitar essa síndrome é o tutor não exagerar na hora de se despedir do cão ao sair de casa. “Essa é uma forma do cão se sentir mais seguro quando não tem tanto ‘drama’ ao ter uma despedida. Ao retornar, converse e aja naturalmente, passe tranquilidade. Assim, o cão percebe que é normal o dono sair e voltar”, explica.

É preciso praticar um processo de desapego e enaltecer atitudes positivas quando o pet fica sozinho em algum ambiente da casa. “Ele tem que aprender também a brincar e a ser sua boa companhia quando estiver sozinho. Se você saiu do ambiente que ele estava e o seu cão não se levantou, não chame. Deixe ele na própria companhia”, conta.

Outra dica importante é o de não recompensar atitudes erradas. “O cachorro filhote está ali dando leves mordidas na sua mão e, ao mesmo tempo, você faz carinho nele. As mordidas parecem inofensivas pra você, mas para seu filho, seu sobrinho, doem. Não estimule o mau comportamento que pode passar despercebido. Quando você sair de casa e o cão começar a chorar, você não pode voltar porque se não toda vez ele vai chorar porque tem a certeza de que você vai voltar”, finaliza.