Categoria: livro
Nascida em Boston, uma das cidades mais literárias dos Estados Unidos, terra de Edgar Allan Poe, Ralph Aldo Emerson e Sylvia Plath, Otessa Moshfegh ganhou da crítica literária a etiqueta de voz de uma geração, mas acha a classificação estranha. “Passei a maior parte da minha vida jovem intrigada pelo comportamento humano, enquanto meus colegas e amigos pareciam não se incomodar. Eu não os entendia, e eles não me entendiam. Então, como eu poderia acabar sendo uma voz para qualquer um além de mim mesma é algo milagroso”, pondera, embora reconheça que toda uma geração se identifique facilmente com seus personagens por conta da carga de tédio e alienação que carregam.
Saia da frente do meu sol De Felipe Charbel. Autêntica Contemporânea, 136 páginas. R$ 38,90 Um tio aparentemente sem passado e sem história é o ponto de partida desse romance baseado em uma história real. Foi depois que o autor encontrou uma pasta com documentos e fotos que reconstituíam um passado sobre o qual ele nada sabia que teve a […]
Um episódio real e chocante despertou no português Miguel Sousa Tavares a urgência de escrever o romance Último olhar. Durante a pandemia, o autor leu em um jornal a história de um ônibus apedrejado na Espanha ao transportar idosos infectados com o novo coronavírus. “Tropecei nessa história de um ônibus dos velhos, no sul da Espanha, que estavam sendo mudados para uma espécie de sanatório e foram apedrejados. Como se fazia na idade média. Hoje essa história é tão impressionante que, de repente, me pus a pensar quem seriam os velhos que iam no carro, aquela gente que parecia normal. E comecei a congeminar toda uma história grande à volta do assunto”, conta. “É um livro escrito por causa e durante a pandemia, quando eu estava isolado numa casa de campo fazendo uma espécie de diário sobre o que acontecia em Portugal e no mundo, coisas que achava que devia guardar para memória futura e que mais tarde podíamos não lembrar.”
Desaparecimento de crianças é tema de romance de autora indiana
Jai tem 9 anos e mora em uma favela de uma metrópole indiana. Certo dia, os coleguinhas de escola e de brincadeiras de rua começam a desaparecer. A turma do menino então se junta e incorpora todo o espírito dos detetives tantas vezes vistos em filmes na televisão para traçar estratégias de busca dos companheiros. As crianças são mais sérias […]
Não há uma geração sequer que siga sossegada, sem genocídios, perseguições, guerras e fome na família do jornalista Alex Halberstadt. E também há pouco espaço para a clareza e a transparência, já que, muitas vezes, sobreviver depende de não falar a verdade. Essa combinação faz de Jovens heróis da União Soviética — Uma história de reencontro e um ajuste de contas uma leitura difícil de ser abandonada.
O igarapé educa para atenção, nome é uma palavra habitada, nossa língua é nosso comportamento e o tempo é uma mentira que impede de viver. Quando Valter Hugo Mãe toma a dianteira da língua portuguesa, o leitor pode sentar e se maravilhar com algumas das mais belas frases da literatura contemporânea. Como um Manoel de Barros português, ou um José Saramago brasileiro, Hugo Mãe, que nasceu em Angola, cresceu em Portugal e tem um afeto declarado pelo Brasil, consegue transformar a leitura em uma emoção só. Coloque nisso uma história brasileira, violenta como foi a colonização, trágica como foi a matança dos índios e a escravização dos africanos, e fica difícil não querer derramar uma lágrima aqui e outra ali.
Ensaios de Carola Saavedra refletem sobre o lugar da literatura
Cada um dos temas de O mundo desdobrável – Ensaios para depois do fim poderia render um romance. E em cada um desses temas surge a pergunta “mas o que é literatura?”. O novo livro de Carola Saavedra pode ser descrito como uma reunião de ensaios sobre coisas do cotidiano. Plantas, família, origens, ancestralidade, pandemia, isolamento. Há um pouco de tudo nessas 210 páginas traçadas, como diz a autora, do ponto de vista de uma escritora, e não de uma pesquisadora.
Novo livro de Bernardo Carvalho imagina o mundo pós-pandemia
O último gozo do mundo começou a tomar forma como uma novela curta feita sob encomenda. O escritor Bernardo Carvalho estava em casa, isolado por causa da pandemia, e topou a encomenda de um produtor de cinema para escrever uma história que se passasse logo após a quarentena. O combinado era o produtor pagar uma quantia mensal em troca do trabalho do autor. O contrato não seguiu adiante, mas o livro, sim. O romance que chega às livrarias pela Companhia das Letras é descrito como uma distopia, mas é tão próximo da realidade atual que pode ser lido como uma visão catastrófica para o que nos espera após a pandemia, caso ela acabe.
Rosa Montero reedita livro sobre mulheres com 90 novos perfis de ilustres desconhecidas
Rosa Montero é viciada em biografias. Em casa, em Madri, ela guarda uma biblioteca com centenas de volumes desse gênero. Neles a escritora espanhola vislumbrou, pela primeira vez, lá pelo início dos anos 1990, a vontade de escrever um livro inteiro sobre mulheres históricas desconhecidas. “Como leitora assídua de biografias, descobri várias mulheres fascinantes que eram completas desconhecidas”, conta Rosa. “Eram absolutamente fascinantes e eu caí nelas por pura casualidade, com biografias que me levavam a outras biografias.” Na época, ela decidiu se aprofundar nas histórias dessas figuras, que renderam várias colunas para o jornal El País e o livro Nós, mulheres, publicado em 1995.
A certa altura de Solução de dois estados, a cineasta alemã que produz um documentário sobre a violência brasileira se dá conta de que sua entrevistada não consegue separar o lugar do ódio e da vingança e o espaço íntimo no qual nada disso existe, mesmo quando se perde alguém em ações violentas. No novo romance de Michel Laub, essas duas noções estão em constante embate e servem de arena para os sentimentos conflituosos que povoam as mentes de Raquel e Alexandre.