Categoria: lançamento
Novo livro de Bernardo Carvalho imagina o mundo pós-pandemia
O último gozo do mundo começou a tomar forma como uma novela curta feita sob encomenda. O escritor Bernardo Carvalho estava em casa, isolado por causa da pandemia, e topou a encomenda de um produtor de cinema para escrever uma história que se passasse logo após a quarentena. O combinado era o produtor pagar uma quantia mensal em troca do trabalho do autor. O contrato não seguiu adiante, mas o livro, sim. O romance que chega às livrarias pela Companhia das Letras é descrito como uma distopia, mas é tão próximo da realidade atual que pode ser lido como uma visão catastrófica para o que nos espera após a pandemia, caso ela acabe.
Rosa Montero reedita livro sobre mulheres com 90 novos perfis de ilustres desconhecidas
Rosa Montero é viciada em biografias. Em casa, em Madri, ela guarda uma biblioteca com centenas de volumes desse gênero. Neles a escritora espanhola vislumbrou, pela primeira vez, lá pelo início dos anos 1990, a vontade de escrever um livro inteiro sobre mulheres históricas desconhecidas. “Como leitora assídua de biografias, descobri várias mulheres fascinantes que eram completas desconhecidas”, conta Rosa. “Eram absolutamente fascinantes e eu caí nelas por pura casualidade, com biografias que me levavam a outras biografias.” Na época, ela decidiu se aprofundar nas histórias dessas figuras, que renderam várias colunas para o jornal El País e o livro Nós, mulheres, publicado em 1995.
A certa altura de Solução de dois estados, a cineasta alemã que produz um documentário sobre a violência brasileira se dá conta de que sua entrevistada não consegue separar o lugar do ódio e da vingança e o espaço íntimo no qual nada disso existe, mesmo quando se perde alguém em ações violentas. No novo romance de Michel Laub, essas duas noções estão em constante embate e servem de arena para os sentimentos conflituosos que povoam as mentes de Raquel e Alexandre.
Frantz Fanon foi um dos maiores pensadores pós-coloniais da França. James Baldwin, um dos nomes mais importantes da literatura americana dos anos 1950 quando o assunto é racismo e colonização. Ralph Ellison, também americano, venceu o National Book Award de 1953 com um livro no qual o personagem se tornava invisível graças à sua cor negra. A britânica Bernardine Evaristo tem sido celebrada como a voz literária negra mais importante da cena inglesa contemporânea quando se trata de escrever sobre a diáspora africana. A pandemia continua seu curso, ficar isolado ainda é o único remédio contra o coronavírus e, apesar de amargo, pode ser atenuado com boas leituras. Então, na esteira de um 2020 marcado pelos protestos contra o racismo em todo o mundo, que tal começar 2021 prestigiando autores preocupados em compreender questões cruciais para a sociedade contemporânea? O Leio de tudo fez uma seleção de lançamentos recentes disponíveis em e-book ou no site das editoras, todos assinados por nomes fundamentais do pensamento negro mundial.
A morte de Marielle Franco, o lugar das milícias no Rio de Janeiro, o estupro como uma violência repetida a cada vez que a vítima precisa se explicar. Que tal mergulhar em leituras sobre o Brasil contemporâneo para começar 2021 com um pouco mais de informação de qualidade? O Leio de tudo separou quatro livros recém-lançados e escritos por jornalistas sobre fatos recentes da história do país.
Racismo, violência e relações familiares no terceiro romance de Jeferson Tenório
Jeferson Tenório sempre gostou de escrever, mas nunca havia pensado em entrar para a faculdade de letras até ser abordado pela polícia, aos 18 anos, quando saía do trabalho numa pizzaria de Porto Alegre. O episódio desencadeou um processo de consciência racial e literária cujo fruto é um respiro profundo para a literatura brasileira contemporânea. O avesso da pele, que acaba de ser lançado pela Companhia das Letras, deveria ser lido por brasileiros de todas as idades, cores e formações. Terceiro romance do autor, o livro fala de uma realidade conhecida por muitos brasileiros cuja cidadania é usurpada todos os dias e de várias formas, do desprezo do Estado pela educação ao descaso diante das estatísticas raciais.
Jia Tolentino: internet, feminismo e monetização do eu sob a perspectiva de uma millennial
Jia Tolentino ficou famosa na adolescência, quando participou do reality show Girls vs Boys, edição Porto Rico. Não tinha ainda 17 anos, mas, naquela época, por volta de 2005, já conhecia bem a internet. Nascida no Canadá, filha de imigrantes das Filipinas e criada no Texas, Jia foi uma dessas adolescentes que mergulharam com tudo na internet no momento em que as redes sociais começavam a redesenhar a maneira como as pessoas, especialmente os jovens, se relacionavam. Era o início do século 20, ela passou por todas as plataformas, teve blogs muito cedo, se expôs sempre com bastante ênfase, mas também se entregou com vontade à reflexão sobre o que tudo isso significava e como essa exposição estava transformando as relações e o mundo do consumo.
Antologia de Veríssimo é passeio por risos e textos inéditos
A obra de Luís Fernando Veríssimo é vasta e quase infinita. Revirar os arquivos do escritor gaúcho pode trazer revelações como textos inéditos ou publicados uma única vez, mas também pode render compilações de ilustrações, de frases e de outras modalidades que fazem os editores se animarem. Veríssimo sempre vende bem. E agora está de volta com uma compilação da Objetiva na qual o editor Marcelo Dunlop promete reunir o melhor da produção do gaúcho nos últimos 50 anos, incluindo “pepitas raras”.
José Luís Peixoto nunca teve a Tailândia como um destino dos sonhos. Foi por uma coincidência que acabou pisando no país pela primeira vez e, por escolha, pela segunda. “Sempre sonhei com a Ásia, não especificamente com a Tailândia”, conta. No entanto, em 2012, durante uma viagem a Macau, o escritor se viu diante da oportunidade de conhecer a Tailândia. Deveria por lá desembarcar para escrever para uma revista de turismo e colocou como primeiro desafio retirar da própria mente a capa de exotismo que o visitante europeu geralmente projeta no país. Deu tão certo que ele voltou uma segunda vez e, dessas viagens, trouxe o livro O caminho imperfeito, recém-publicado pela Dublinenses. “A Tailândia foi-se instalando, foi ganhando lugar. De algum modo, essa evolução está muito ligada ao modo como a Ásia foi ganhando um espaço na minha vida. Ao ponto de, nos últimos anos, ter passado, pelo menos três meses da cada ano na Ásia”, revela o autor.
O zumbi tem seu lugar no folclore brasileiro. Por aqui, ele é o corpo-seco, o unhudo, o menino respondão e malvado que, de tão ruim, não foi aceito nem no céu, nem no inferno. Ficou por aí, entre as árvores e as folhagens, zanzando meio morto, meio vivo, mais morto do que vivo. A metáfora era perfeita para a ideia do editor Marcelo Ferroni, que há anos queria fazer um livro de zumbi à brasileira. Convencido de que esse tipo de literatura tem qualidade e conteúdo, encontrou abrigo na editora Luara França, que abraçou a ideia de convidar outros autores e transformar quatro textos escritos individualmente em um romance. O resultado está em Corpos secos, lançado pela Alfaguara no finalzinho de março e que traz incrível eco contemporâneo com pandemias e mundo paralisado, apesar de ter sido pensado e escrito entre 2018 e 2019.