Categoria: gênero
Diorama é uma cena reconstituída com detalhes que a tornam muito realística em um cenário com personagens tridimensionais. Costuma ser usada em museus, especialmente os de história natural, para representar como viviam os ancestrais do homem e quais eram as aparências da fauna e da flora que os rodeavam. Muitas vezes, nessas reconstituições, usa-se animais empalhados que podem conferir um […]
Rosa Montero reedita livro sobre mulheres com 90 novos perfis de ilustres desconhecidas
Rosa Montero é viciada em biografias. Em casa, em Madri, ela guarda uma biblioteca com centenas de volumes desse gênero. Neles a escritora espanhola vislumbrou, pela primeira vez, lá pelo início dos anos 1990, a vontade de escrever um livro inteiro sobre mulheres históricas desconhecidas. “Como leitora assídua de biografias, descobri várias mulheres fascinantes que eram completas desconhecidas”, conta Rosa. “Eram absolutamente fascinantes e eu caí nelas por pura casualidade, com biografias que me levavam a outras biografias.” Na época, ela decidiu se aprofundar nas histórias dessas figuras, que renderam várias colunas para o jornal El País e o livro Nós, mulheres, publicado em 1995.
Frantz Fanon foi um dos maiores pensadores pós-coloniais da França. James Baldwin, um dos nomes mais importantes da literatura americana dos anos 1950 quando o assunto é racismo e colonização. Ralph Ellison, também americano, venceu o National Book Award de 1953 com um livro no qual o personagem se tornava invisível graças à sua cor negra. A britânica Bernardine Evaristo tem sido celebrada como a voz literária negra mais importante da cena inglesa contemporânea quando se trata de escrever sobre a diáspora africana. A pandemia continua seu curso, ficar isolado ainda é o único remédio contra o coronavírus e, apesar de amargo, pode ser atenuado com boas leituras. Então, na esteira de um 2020 marcado pelos protestos contra o racismo em todo o mundo, que tal começar 2021 prestigiando autores preocupados em compreender questões cruciais para a sociedade contemporânea? O Leio de tudo fez uma seleção de lançamentos recentes disponíveis em e-book ou no site das editoras, todos assinados por nomes fundamentais do pensamento negro mundial.
Em 2008, a poeta Angélica Freitas passou uma temporada na Holanda, Não tinha um tostão no bolso, mas tinha uma bicicleta velha e um cartão de biblioteca. O combo permitiu muita leitura e o tempo deu início à gestação de Canções de atormentar. Nos anos seguintes, Angélica foi morar na Argentina e em Pelotas. Só voltou para São Paulo em 2017. “Escrevi muito nessa época, inclusive o poema que dá título ao Um útero eu escrevi quando estava em Delft. O que acontece é que eu abro o caderno e deixo as coisas acontecerem, normalmente, e às vezes elas acontecem. E quando elas acontecem é muito claro pra mim. Esses poemas são os que quero mostrar”, conta.
Jia Tolentino: internet, feminismo e monetização do eu sob a perspectiva de uma millennial
Jia Tolentino ficou famosa na adolescência, quando participou do reality show Girls vs Boys, edição Porto Rico. Não tinha ainda 17 anos, mas, naquela época, por volta de 2005, já conhecia bem a internet. Nascida no Canadá, filha de imigrantes das Filipinas e criada no Texas, Jia foi uma dessas adolescentes que mergulharam com tudo na internet no momento em que as redes sociais começavam a redesenhar a maneira como as pessoas, especialmente os jovens, se relacionavam. Era o início do século 20, ela passou por todas as plataformas, teve blogs muito cedo, se expôs sempre com bastante ênfase, mas também se entregou com vontade à reflexão sobre o que tudo isso significava e como essa exposição estava transformando as relações e o mundo do consumo.
José Luís Peixoto nunca teve a Tailândia como um destino dos sonhos. Foi por uma coincidência que acabou pisando no país pela primeira vez e, por escolha, pela segunda. “Sempre sonhei com a Ásia, não especificamente com a Tailândia”, conta. No entanto, em 2012, durante uma viagem a Macau, o escritor se viu diante da oportunidade de conhecer a Tailândia. Deveria por lá desembarcar para escrever para uma revista de turismo e colocou como primeiro desafio retirar da própria mente a capa de exotismo que o visitante europeu geralmente projeta no país. Deu tão certo que ele voltou uma segunda vez e, dessas viagens, trouxe o livro O caminho imperfeito, recém-publicado pela Dublinenses. “A Tailândia foi-se instalando, foi ganhando lugar. De algum modo, essa evolução está muito ligada ao modo como a Ásia foi ganhando um espaço na minha vida. Ao ponto de, nos últimos anos, ter passado, pelo menos três meses da cada ano na Ásia”, revela o autor.
O zumbi tem seu lugar no folclore brasileiro. Por aqui, ele é o corpo-seco, o unhudo, o menino respondão e malvado que, de tão ruim, não foi aceito nem no céu, nem no inferno. Ficou por aí, entre as árvores e as folhagens, zanzando meio morto, meio vivo, mais morto do que vivo. A metáfora era perfeita para a ideia do editor Marcelo Ferroni, que há anos queria fazer um livro de zumbi à brasileira. Convencido de que esse tipo de literatura tem qualidade e conteúdo, encontrou abrigo na editora Luara França, que abraçou a ideia de convidar outros autores e transformar quatro textos escritos individualmente em um romance. O resultado está em Corpos secos, lançado pela Alfaguara no finalzinho de março e que traz incrível eco contemporâneo com pandemias e mundo paralisado, apesar de ter sido pensado e escrito entre 2018 e 2019.
Quer aproveitar o embalo do dia 8 de março e ler algo relacionado ao tema? A história do Dia Internacional da Mulher começa lá no fim do século 19, com a luta pelos direitos civis, pela igualdade, pelo voto e por uma série de reivindicações que, até hoje, ainda estão em processo de conquista. Então, para dar crédito ao movimento, conhecer um pouco da escrita produzida por mulheres que pensaram esses temas, seja na ficção, seja no campo da reflexão, sempre acrescenta. E o mercado editorial brasileiro é bem servido do tema, então vai aqui uma lista de quatro livros para você mergulhar em discussões como o feminismo negro, as mulheres e a ditadura brasileira, o abuso e a espera pelo pedido de desculpas.
Controle nasceu de uma encomenda para uma coletânea que envolvesse música e bandas específicas. A coletânea não saiu, mas Nanda, ou Maria Fernanda, tomou forma e o primeiro romance de Natalia Borges Polesso, felizmente, ganhou vida. Controle vem embalado por New Order e Joy Division em um texto cheio de referências afetivas para quem foi adolescente nos anos 1980 ou 1990.
Consciência e inteligência artificial travam embate no novo romance de Ian McEwan
É no passado que Ian McEwan imagina o futuro do mundo. Essa pequena gracinha toma proporções proféticas em Máquinas como eu, o novo romance do autor britânico. McEwan não se interessa por ficção científica nem por fantasia, mas não há como encarar esse livro sem imaginar um mundo distópico no qual a inteligência artificial e a consciência humana travam um embate digno de Blade runner.