CBIFOT060620141500 Gallardo (C) é recebido por D'Onofrio e Francescoli no River. Foto: Enrique Marcarian/Reuters (6.6.2014) Gallardo (C) é recebido por D'Onofrio e Francescoli no River em 2014. Foto: Enrique Marcarian/Reuters

Para ter Marcelo Gallardo, cúpula do Flamengo precisa atingir maturidade da diretoria do River

Publicado em Esporte

Querer Marcelo Gallardo é fácil. Difícil é dar garantia de estabilidade ao trabalho do vitorioso técnico em um Flamengo bipolar. O técnico de 45 anos ostenta 13 títulos em sete anos à frente do clube argentino. Ganhou muito, mas também perdeu. Rodolfo Landim e seus pares estão dispostos a bancá-lo mesmo nas derrotas ou agiriam com o profissional como fizeram nas demissões de Domenec Torrent, Rogério Ceni e até mesmo Renato Gaúcho? Para ser ter uma ideia, o clube carioca teve 15 técnicos diferentes em sete anos de Era Marcelo Gallardo no River Plate. Isso sem contar os interinos. A lista está na sequência deste post.

Os três times mais ricos do Brasil abalaram o prestígio de Marcelo Gallardo no River Plate, mas não o derrubaram. O treinador perdeu a final da Libertadores de 2019 nos três minutos finais para o Flamengo. Foi eliminado na semifinal de 2020 pelo Palmeiras. Deu adeus nas quartas neste ano contra o Atlético-MG. Nada disso abalou a confiança do presidente Rodolfo D’Onofrio e do diretor esportivo Enzo Francescoli na continuidade do belíssimo projeto iniciado em 6 de junho de 2014. Lá se vão 2.734 dias de trabalho. Ele trocaria essa merecida zona de conforto pela insanidade de uma diretoria que usa como termômetro as redes sociais?

Marcelo Gallardo empilhou títulos na função de técnico do River Plate. Mas também perdeu. Foi vice do Mundial de Clubes da Fifa em 2015 ao perder a final para o Barcelona. Passou vergonha nas semifinais do Mundial de Clubes da Fifa em 2018 ao ser eliminado nas semifinais pelo Al Ain dos Emirados Árabes Unidos nas semifinais e disputou terceiro lugar com o Kashima Antlers. A diretoria do Flamengo está disposta a comprar essa briga nos momentos de fracasso?

  • 369 jogos tem Marcelo Gallardo no River Plate
  • 196 vitórias
  • 101 empates
  • 72 derrotas
  • 13 títulos
  • 62% de aproveitamento

A fatia ansiosa da torcida e a ala desinformada da diretoria rubro-negra podem até focar somente nas conquistas de Marcelo Gallardo, mas reforço, nem só de títulos é marcada a passagem do baita treinador pelo River Plate. Mesmo assim, a diretoria comprou a briga.  

O vice de futebol Marcos Braz e o diretor executivo de futebol Bruno Spindel costumam ser fiéis escudeiros dos treinadores. Blindaram Domenec Torrent e Rogério Ceni enquanto foi possível, sobretudo nas eliminações de Ceni da Libertadores e da Copa do Brasil. Rejeitaram o pedido de demissão de Renato Gaúcho depois da queda contra o Athletico-PR na semifinal do mata-mata nacional deste ano. Mas por trás dos dois dirigentes existe a turma que adora tocar fogo no parquinho e se esconde da torcida. Os cartolas sonsos. 

  • A Era Marcelo Gallardo no River Plate começou em 6 de junho de 2014. De lá para cá, o Flamengo teve 15 técnicos diferentes: Ney Franco, Vanderlei Luxemburgo, Cristóvão Borges, Oswaldo de Oliveira, Muricy Ramalho,   Zé Ricardo, Reinaldo Rueda, Paulo César Carpegiani, Mauricio Barbieri, Dorival Júnior, Abel Braga, Jorge Jesus, Domenec Torrent, Rogério Ceni e Renato Gaúcho.

A diretoria favorita à reeleição teve cinco técnicos em três anos de mandato. Começou com Abel Braga, trocou para Jorge Jesus, substituiu o português por Domenec Torrent, trocou por Rogério Ceni e encerrou o primeiro mandato com Renato Gaúcho. O interino Maurício Souza assumiu a batuta para a conclusão do Brasileirão.

Os cinco técnicos da gestão de Rodolfo Landim tiveram, em média, sete meses de trabalho. Esse dado por si só é suficiente para assustar Marcelo Gallardo. Obrigá-lo a pensar 10 vezes antes de abrir negociação com o clube carioca. Renato Gaúcho era tão estável no Grêmio quanto Gallardo. Perdeu três títulos em quatro meses e foi despedido. No Rio de Janeiro, ele dificilmente encontrará dirigentes com a maturidade de Rodolfo D’Onofrio e Enzo Francescoli.  A menos que a nova diretoria mude de postura no triênio 2022-2025.

 

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