Categoria: coluna Brasília-DF
Troca de comando na Petrobras impacta negativamente ministro de Minas e Energia
Por Denise Rothenburg — A troca de comando na Petrobras não foi vista como um bom movimento político por aliados do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Jean Paul Prates, que deixa o cargo, já havia sido senador e tem trânsito e diálogo no Parlamento. A nova presidente, Magda Chambriard, é ligada à ex-presidente Dilma Rousseff e terá uma ponte direta com o Palácio do Planalto, sem se preocupar com o ministro.
Em tempo: nos governos Lula 1 e 2, e também na gestão de Dilma, todos os presidentes da Petrobras tinham trânsito direto com o Planalto. E, nesse sentido, os problemas de Silveira só tendem a aumentar. Quem se deu bem foi o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que agora coloca os dois pés na companhia.
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Haddad que se cuide
A demissão de Jean Paul Prates reflete na correlação de forças do PT. O presidente demissionário da Petrobras tinha apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A opção pelo nome de Magda Chambriard passou longe do Ministério da Fazenda.
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Por falar em força…
A escolha da nova presidente da Petrobras é vista ainda como mais um tijolinho a favor da esquerda dentro do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fica mais distante do tal equilíbrio das forças que o elegeram.
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Primeiro obstáculo
O líder do PSD na Câmara, deputado Antonio Brito (BA), terá dificuldades para emplacar sua candidatura à Presidência da Casa junto a outros partidos. Isso porque tem muita gente com receio de que Gilberto Kassab, cacique do PSD, aproveite para fazer crescer sua legenda cooptando parlamentares.
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Melhor de três
Com essas desconfianças sobre Brito, sobem na bolsa de apostas Elmar Nascimento (BA), do União Brasil, e Marcos Pereira (SP), do Republicanos, que elenca projetos do governo e da oposição entre as prioridades para o futuro.
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As críticas de Tereza/ De volta ao Brasil depois de participar do Lide Brazil Investment Forum, em Nova York, a líder do PP no Senado, Tereza Cristina (MS), comenta os últimos movimentos políticos do governo: “Assistimos incrédulos à indicação de dois ‘interventores’ do Palácio do Planalto, que politizam a administração de nossa maior estatal, a Petrobras, e a condução das ações federais no caos que vive o Rio Grande do Sul”, diz.
Causa e efeito/ Se a mudança na Petrobras provoca turbulência no mercado, a escolha do ministro Paulo Pimenta para comandar as ações no Sul representa, segundo Tereza, “o fim da neutralidade e a união partidária no Congresso no rápido socorro à crise gaúcha. Instala-se um clima de total desconfiança quando alguém do PT com pretensões eleitorais é enviado para um estado governado pelo PSDB”.
De volta à cena/ Flávia Lima (foto), ex-deputada federal e ex-ministra da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, subiu ao palco do evento do Banco Master/Esfera, no Rainbow Room, no Rockefeller Plaza, em Nova York. Ela entregou o cheque de R$ 5 milhões para a ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul, doado pelo Master. Flávia atualmente é head de sustentabilidade do banco e presidente do Instituto Terra Firme.
Por Denise Rothenburg — Os aplausos mais efusivos no Lide Brazil Investment Forum, em Nova York, foram para os palestrantes que defenderam o equilíbrio fiscal e uma Reforma Administrativa que inclua avaliação de desempenho. “O Estado foi capturado de tal forma pelo corporativismo que existe, hoje, para servir aos servidores, e não ao usuário”, cobrou o deputado Arthur Maia (União-BA), defendendo uma mudança que coloque o funcionalismo no mesmo patamar da iniciativa privada. O mesmo aplauso efusivo ocorreu quando o presidente da Febraban, Isaac Sidney, pregou políticas públicas que caibam dentro do Orçamento da União.
A posição de Maia indica que qualquer proposta Reforma Administrativa que venha no sentido oposto à cobrança de desempenho ou métricas que tragam uma espécie de isonomia de tratamento entre o público e privado, terá dificuldades no Parlamento. Quem conhece o traçado, recomenda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que permaneça dentro da regulamentação da Reforma Tributária e deixe a administrativa para um futuro mais distante.
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Função pública e não privada
A nova comandante da Petrobras, Magda Chambriard, é vista como uma pessoa da linha de Dilma Rousseff — não tem conversa. Nos tempos de Agência Nacional do Petróleo (ANP), era vista como alguém que defendia que a empresa estivesse a serviço do Brasil, e não dos seus acionistas.
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Hora de tratar das dívidas
O governador Claúdio Castro, do Rio de Janeiro, fez questão de lembrar que se não fossem os juros cobrados no pagamento das dívidas, talvez o Rio Grande do Sul tivesse recursos para investir e evitar tragédias. Porém, em seguida, esclareceu: “Não vamos jamais usar uma tragédia dessas para tratar de renegociação de dívidas. O Rio Grande do Sul, hoje, é um caso humanitário, precisa de ajuda e solidariedade”.
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O lema de Zema
Em todas as solenidades de que participa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, adota um discurso que soa como música ao empresariado: “Minas está crescendo bem acima da média nacional. Voltou a ter credibilidade e não complica a vida de quem investe”.
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Senhoras do agro/ Assim como a ex-senadora Kátia Abreu (foto), a senadora Tereza Cristina (PP-MS) já foi ministra da Agricultura e saiu do evento do Lide lançada para presidir a Confederação Nacional de Agricultura (CNA). “Nossos caminhos são muito parecidos: fomos deputadas, ministras, senadoras. Falta presidir a CNA e há tempos não temos uma mulher por lá”, disse a ex-senadora.
E de muito mais/ Kátia não citou, mas já foi candidata a vice-presidente da República do ex-deputado e ex-governador do Ceará Ciro Gomes. Tereza é lembrada como uma opção para uma chapa presidencial dos conservadores, em 2026.
Por falar em candidatura…/ O governador de Goiás Ronaldo Caiado saiu de Nova York aquecido para disputar uma indicação ao Planalto no futuro. Em seu discurso, lembrou logo que se tem negócios falindo em Goiás, são aqueles relacionados a carros blindados e segurança privada. Vai focar todo seu discurso em segurança pública.
Tragédia no RS ajudou governo Lula a manter o controle de emendas parlamentares
Por Denise Rothenburg — A tragédia no Rio Grande Sul ajudou o governo Lula a manter o controle sobre a velocidade de liberação das emendas parlamentes, adiando a análise do veto ao cronograma para pagamento das propostas de deputados e senadores. O baixo clero, porém, vai ficar de olho. Afinal, sem o cronograma, o Poder Executivo poderá dizer o que será liberado agora — ou seja, antes da eleição — e que projetos ficam para depois. Na avaliação de muitos deputados, está mantido o toma lá dá cá.
Em tempo: por mais que haja insatisfação dos congressistas com o Planalto, o governo conseguiu tudo o que queria do Parlamento neste quase um ano e meio de mandato. E, de quebra, ainda chegou a um acordo sobre a desoneração da folha de pagamento.
Quem é do ramo da política diz que o governo precisa melhorar a articulação. Mas, no Poder Executivo, a visão é de que o copo está meio cheio e quase tudo funcionando a contento. Enquanto estiver ganhando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não mexerá no time.
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Alcolumbre sai da toca
Pré-candidato à Presidência do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) tornou sua campanha mais ostensiva esta semana, a ponto de liderar a condução de acordos para aprovação da volta do DPVAT. Muitos senadores avaliam que se ele não tivesse entrado em campo, a proposta não teria passado e o governo teria R$ 15 bilhões a menos no caixa. Afinal, foram 41 votos, o mínimo necessário a favor do texto.
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A tragédia só aumenta
A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) está em negociação com o governo federal e o do Rio Grande do Sul para reduzir a burocracia da liberação do seguro agrícola para os produtores gaúchos. É que mesmo onde a água já baixou, há locais em que os fiscais não conseguem chegar para atestar as perdas e liberar os recursos aos produtores.
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O dia do teste
Com a saída de presos para o Dia das Mães, neste domingo, a oposição ficará de olho. Se aumentar o contingente daqueles que não voltarem para cumprir a pena, vai enfraquecer o discurso do governo pela manutenção do veto. Os defensores do fim das “saidinhas”, que formam maioria no Congresso, prometem desde já um revezamento na tribuna cobrando a derrubada do veto.
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Padilha no Senado
O fato de o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ir ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), agradecer o adiamento dos vetos polêmicos, foi visto entre os senadores como um gesto importante para reforçar a posição dele como articulador político. Até aqui, o Senado é a Casa que mais sustenta Padilha.
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Quem foi ao Ceará…/ Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) deixou o Plenário da Câmara, no início da tarde, a fim de garantir o embarque para Fortaleza. Saiu confiante de que o cronograma de liberação das emendas individuais estava no rol de vetos quer seriam derrubados naquela sessão do Congresso.
…ficou ao Deus dará/ Enquanto ele voava, um novo acordo foi feito e esse veto ficou para 28 de maio. Seus amigos disseram que os governistas só esperaram Danilo sair do Plenário para formalizar o acordo. Agora, dizem que da sessão de quinta-feira restou a máxima: “Ninguém sai”.
“Menor aprendiz”/ É assim que os oposicionistas têm se referido ao líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP, foto). É que ele mesmo diz estar aprendendo muito com o senador Eduardo Gomes (PL-TO), que foi líder de Jair Bolsonaro. Mal ou bem, deu certo a estratégia de, em Plenário, pedir o adiamento de alguns vetos aos 45 do segundo tempo.
Vingou todos/ O ex-senador Chiquinho Escórcio recebeu dezenas de telefonemas de leitores da coluna, por causa da “excomunhão” ao ex-candidato a presidente da República Padre Kelmon, no corredor do Senado. Até o ex-presidente José Sarney e o ex-ministro José Dirceu telefonaram: “Chiquinho, você se superou nas tiradas inteligentes”, disse Sarney. Para quem não leu, ontem, Chiquinho chamou Padre Kelmon e soltou: “Eu te excomungo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Coluna Brasília/DF, publicada em 9 de maio de 2024, por Denise Rothenburg
A Comissão Mista de Orçamento se dispôs a ajudar na aceleração de propostas para suplementação orçamentária por meio dos projetos de lei — os chamados PLNs —, com votação prevista para amanhã, na sessão do Congresso. Mas a oposição bateu o pé e, com o apoio dos partidos de centro, não permitiu que se fizesse nada por decreto, sem autorização do Parlamento.
Por falar em autorização… A proposta para deputados de outros estados mandarem emendas para o Rio Grande do Sul foi objeto de acordo na reunião da CMO. Só tem um probleminha: resta saber se as excelências vão deixar de atender os seus prefeitos para reforçar o volume de recursos para a tragédia que vive o Rio Grande do Sul. Em ano eleitoral, conforme o leitor da coluna já sabe, há resistências.
Aeroporto imprevisível
A previsão de reabertura do Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, em 30 dias, terá que ser refeita. Os especialistas dizem que quando a água baixar, serão, pelo menos, mais 30 dias de testes e medição do asfalto para ver se a pista suportará os pousos.
Emenda “filhote”
Esse é o nome que os deputados deram à divisão das emendas individuais para atender ao Rio Grande do Sul. A sugestão, apresentada na Comissão Mista de Orçamento, permitirá aos deputados dividirem uma emenda em várias. E, assim, distribuir os valores aos municípios gaúchos.
Cobre e fiscalize
No Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), as emendas de deputados e senadores estão elencadas no site e diz em que foram aplicadas. Há quem defenda que o mesmo sistema seja adotado, agora, num banco de dados de fácil acesso, sobre os recursos encaminhados ao Rio Grande do Sul.
Sem clima
Com a situação no Rio Grande do Sul cada dia mais triste, o quinquênio do Judiciário tende a ir para a gaveta. Não dá para aumentar os vencimentos dessa e de outras categorias enquanto os gaúchos precisam reconstruir todo o estado e tem milhares de desabrigados.
Chiquinho e o “padre”
O ex-senador Chiquinho Escórcio, do Maranhão, estava no corredor do Senado quando, de repente, passa Padre Kelmon — sim, aquele que foi candidato a presidente da República pelo PTB. Chiquinho não se conteve: “Padre, padre!” Kelmon olhou para ver quem o chamava. Chiquinho foi direto: “Eu te excomungo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!” Gargalhada geral na roda de maranhenses.
Cara de paisagem
Kelmon não disse nada. Desviou o olhar e seguiu seu caminho. Ele procura um partido para concorrer à prefeitura de São Paulo.
Mudança de planos
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avisou a amigos que não deve mais viajar aos Estados Unidos para a Brazilian Week, com vários eventos, tais como o Lide Brazil Investment Forum, de João Doria, outro do Financial Times, uma apresentação do Vale do Lítio (o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais) na Nasdaq e, ainda, o Fórum Esfera. Os eventos em Nova York são vistos como uma oportunidade de atrair investimentos para o Brasil e busca de parcerias, inclusive, para enfrentamento às mudanças climáticas.
E já que falamos nas mudanças climáticas…
Não estamos preparados para enfrentar tragédias climáticas do tamanho desta que ocorre no Sul do país. É preciso que o poder público estude, aprenda e planeje para evitar que essa tristeza se repita.
Emergência climática precisa entrar definitivamente nas resoluções do poder público
Por Carlos Alexandre de Souza — Se é verdade que não é o momento de se buscar culpados pela maior tragédia ambiental ocorrida no Rio Grande do Sul, não parece haver dúvida de que a emergência climática precisa entrar definitivamente nas resoluções do poder público. A magnitude das catástrofes que vêm ocorrendo pelo país mostra de forma dolorosa e contundente: Executivo, Legislativo e Judiciário têm de se unir não apenas no enfrentamento das tragédias, mas também na busca de soluções preventivas a novos fenômenos climáticos extremos. Orçamento de guerra e emendas parlamentares são medidas emergenciais e necessárias.
Mas o Brasil, que sediará uma importante reunião de cúpula sobre meio ambiente em Belém, tem o dever de implementar políticas públicas que tragam respostas mais estruturadas a essa realidade incontornável. Já passou da hora de se formalizar um Orçamento climático, com investimentos em ciência, planejamento urbano e outras ações sustentáveis.
Da parte do Judiciário, é preciso avançar em questões como a pauta verde. Crimes ambientais precisam ser severamente punidos, assim como a negligência ante ameaças iminentes. Essas iniciativas têm de ser implementada nos três níveis da Federação, com urgência. Do contrário, o país estará condenado a sempre agir de forma reativa, em meio ao desespero e à dor.
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Pacheco até 2026
O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG/foto/E), anunciou que pretende deixar a política em 2026. Uma das vozes mais moderadas da República, o senador disse que a polarização afasta homens públicos de bom senso, que não sejam guiados por extremismos. Pacheco fez as declarações na noite de segunda-feira, em São Paulo, em jantar oferecido pelo ex-governador do estado e empresário João Doria.
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A missão de líderes
Pacheco elogiou o anfitrião, lembrando da atuação do ex-tucano no enfrentamento da pandemia. “Os líderes são testados nos momentos de crise. Doria não será esquecido porque foi o responsável pela chegada da vacina ao país e fez o enfrentamento necessário para salvar vidas”, disse Pacheco. O senador Davi Alcolumbre, um dos mais cotados para substituir Pacheco na presidência do Senado, também estava presente.
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Pedido negado
O presidente do Conselho de Ética, Leur Lomanto (União Brasil-BA), negou o pedido da defesa do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apontado como um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco, e manteve a deputada Jack Rocha (PT-ES) como relatora da ação contra o parlmamentar fluminense nesse colegiado. Os advogados de Brazão entraram com pedido para que a petista fosse considerada suspeita de relatar o processo por ter se manifestado em redes sociais a favor da manutenção da prisão do deputado, o que significaria sua perda de isenção.
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Apta para relatoria
Ao justificar seu parecer a favor da continuidade da petista como relatora, Lomanto argumentou que a deputada preenche todas as indicações previstas no Código de Ética para a função — não é do mesmo partido do autor da ação, o PSol, não é do estado de origem de Brazão, que é do Rio de Janeiro, e nem também da legenda do acusado, hoje sem partido.
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Prerrogativa
E sobre a manifestação da petista nas redes, o presidente do conselho afirmou também que Jack Rocha sequer tinha conhecimento de que poderia vir a relatar o caso. E que a imunidade parlamentar lhe assegura o direito de opinião.
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Alta evasão
O índice de evasão no ensino superior no Brasil chega a 57,2% nas redes pública e privada, segundo levantamento realizado pelo instituto Semesp, que representa mantenedoras de ensino superior no país. O maior índice de evasão é na rede privada, que concentra 88% das instituições no Brasil. A questão financeira é o fator de maior peso na decisão dos alunos de desistir do curso. Para o setor, iniciativas como o programa Pé-de-Meia são fundamentais para a permanência de jovens na formação universitária.
Com Evandro Éboli e Júlia Giusti
Por Denise Rothenburg — A necessidade de agir rápido para tirar as pessoas dos locais alagados no Rio Grande do Sul terminou por separar muitas crianças de seus pais. No último domingo, a voluntária Sílvia Maia, mulher do ex-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), cadastrou 250 crianças nesta situação, na Universidade Luterana, em Canoas. “Fui criado e sempre morei no Sul. Nunca vi algo parecido”, lamentou o ex-deputado. Ele mora numa área mais alta, não teve a casa alagada e deu abrigo a parentes que foram obrigados a deixar seus lares.
Importante lembrar: o que ocorre no Rio Grande do Sul afetará todo o Brasil. A produção de milho, de arroz, de soja e de outros produtos que servem para a ração animal foi severamente atingida. Isso significa, segundo cálculos da bancada gaúcha no Congresso, que no curto prazo haverá menor oferta desses produtos — e isso acarretará em aumento de preços.
Vai ser assim
Até aqui, o decreto legislativo tirado da reunião dos Três Poderes, no Palácio do Planalto, menciona apenas o Rio Grande do Sul. Mas se as chuvas causarem mais estragos em outros estados, a ideia dos deputados é ampliar para outras localidades.
O grande teste da empatia
A ideia de direcionar as emendas dos deputados de outros estados para o Rio Grande do Sul, para mitigar os efeitos do desastre no estado, não vem sendo bem-recebida no Parlamento. É que muitos temem desgaste político em suas bases eleitorais.
Meio a meio
A ideia, por enquanto, é ver se a turma aceita enviar, pelo menos, uma parte das emendas para atender as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul. Num país de tantas carências, há quem veja dificuldades de os parlamentares abrirem mão de seu estado em favor de outro. No Congresso, reina o ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Briga por dinheiro
Vem por aí uma queda de braço em torno dos recursos de Itaipu. O governo já destinou R$ 1,3 bilhão ao Pará para preparar a COP30, em Belém. O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) sugeriu que esse dinheiro seja usado na reconstrução do Rio Grande do Sul.
Não é com ele
Diante da disputa, Lula ficou em reunião e não participou da solenidade que destinou recursos para Belém financiar a infraestrutura da COP30. Aliás, o presidente tem evitado entrar em polêmicas orçamentárias. Todas as vezes que o assunto surge, ele diz que isso é com os ministros.
Sessão mantida/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), manteve a sessão de análise dos vetos marcada para quinta-feira. Porém, a ideia é usar a reunião para aprovar as medidas de apoio ao Rio Grande do Sul.
O dia seguinte/ Passado esse atendimento emergencial às pessoas, será preciso um planejamento para a reconstrução. É por aí que os líderes partidários vão tentar convencer os seus pares a aplicar recursos. Afinal, são casas, hospitais, postos de saúde, escolas e retomada da economia.
Janja no tom/ A atitude da primeira-dama (foto) em adotar uma cadela resgatada da tragédia do Rio Grande do Sul foi vista como um gol até pelos adversários. Obviamente, os elogios ficaram apenas em conversas reservadas.
A multa é o mínimo: Lula não escapará da Justiça por pedir voto a Boulos
Por Denise Rothenburg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escapará de uma multa por propaganda antecipada, por causa do pedido de voto em favor de Guilherme Boulos (para prefeito de São Paulo pelo PSol), no ato das centrais sindicais de 1º de maio. Advogados eleitorais consideram que o risco é a fala de Lula se transformar num pesadelo para o candidato do PSol.
Vem por aí um pedido de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e, neste caso, entre os desdobramentos possíveis, está até a inelegibilidade de Boulos, por se tratar de evento sindical patrocinado por empresa. No telão, antes da entrada de Lula no palco, houve um vídeo da Petrobras e, depois, ficou o logo “BR Petrobras”.
Em tempo: No PSB, o pedido de votos pró-Boulos no evento foi visto como algo deselegante para com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que chegou a usar um boné da CUT no evento. Alckmin estava no palco e tem uma pré-candidata em São Paulo, a deputada Tábata Amaral. Os socialistas consideram que Lula poderia ter feito um elogio a Boulos, mas não transformar o ato do Dia do Trabalho num comício pedindo votos. O presidente falava de improviso, se empolgou, extrapolou. Por mais que publicamente muitos tentem minimizar o problema, a preocupação é geral no ninho petista.
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É assim que se faz/ O presidente Lula fez questão de ligar para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (foto), adversário político do PT, se solidarizando com o povo gaúcho diante da tragédia provocada pelas chuvas. Hoje, ele deve ir ao estado acompanhar de perto as ações do governo federal para ajudar o estado.
O coro das centrais/ Se tem algo que uniu o governo e as centrais sindicais foram as críticas às taxas de juros. E o vilão da história, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Só indoor/ Os petistas mais antigos reparam que, desde que voltou ao governo, Lula não desfila em ambientes totalmente abertos, como fazia nos mandatos anteriores. Agora, é sempre em áreas controladas.
Esperando Lula/ O público presente ao estádio do Corinthians para o ato de 1º de maio, foi informado que Lula chegaria por volta de 12h40. O “Quesito Melodia”, com Celsinho Mody, foi quem fez a festa enquanto a espera rompia várias horas. Os ministros e o deputado estadual Eduardo Suplicy, ex-senador, caíram no samba.
Congresso quer “amarrar” recursos para não deixá-los livres para o governo
Por Denise Rothenburg — Está com os dias contados o argumento do governo vitorioso no Supremo Tribunal Federal sobre a desoneração da folha não ter previsibilidade de recursos. É que a onda, agora, no Parlamento, é vincular todas as dotações daqui para frente. Só o DPVAT, o seguro obrigatório de veículos a ser votado esta semana no Senado, garantiria R$ 15 bilhões. A ideia dos parlamentares é não deixar os recursos soltos para o Poder Executivo, e, sim, vincular tudo o que for possível ao que for acordado entre os líderes.
Em tempo: Se a moda pega, todo o esforço feito no passado para desvinculação de receitas da União irá pelo ralo num piscar de olhos, ou melhor, num apertar de botão nos plenários da Câmara e do Senado.
Parlamentares na cobrança
Deputados reclamam que nem as verbas da saúde de 2023 foram totalmente liberadas. Faltam, por exemplo, R$ 60 milhões em emendas que ainda não foram pagas. Ou o governo paga essas e outras até a semana que vem, ou o 9 de maio no plenário será de derrota para o
Poder Executivo.
O que gera incerteza
Ao mesmo tempo em que parlamentares e governo brigam pelo direito de dizer o que fazer com o dinheiro público, lá fora os investidores cobram corte de gastos e atenção às questões fiscais, algo que Lula tem criticado de forma veemente. Só tem um probleminha: se os investidores fugirem por causa do crescimento da dívida pública, vai ficar difícil o governo promover o sonhado desenvolvimento econômico e social.
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Ninguém se mexe
Até a eleição de outubro, os partidos de centro no governo vão se manter mais comedidos nas críticas ao Poder Executivo. Mas, se a inflação subir — dificultando o poder de compra da população nos supermercados —, as rusgas vão começar logo nos palanques.
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Agora, vai
O fato de o ex-chefe da Policia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa pedir para depor no caso Marielle, que o levou à prisão, é visto por políticos fluminenses como sinal de que ele deve contar tudo o que sabe. São seis anos sem se chegar a um desfecho sobre os mandantes do assassinato da vereadora e de seu motorista.
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Um partido “desconfiado”/ O PT vai para as eleições municipais com o “mando de campo” no país, mas com seus aliados divididos. Em nenhuma capital estarão todos juntos. Vai ter disputa no país inteiro. O que mais preocupa é São Paulo.
Veja bem/ Se Tábata Amaral (foto) subir a ponto de ameaçar o favoritismo de Guilherme Boulos, o PSB ganha musculatura. E se o MDB do prefeito-candidato Ricardo Nunes derrotar ambos, será impossível o PT agregar todos em 2026.
Assunto do momento/ A revolução da inteligência artificial estará em debate, hoje, no Correio Braziliense, a partir das 14h30, com técnicos que estudam o futuro de vários setores com o uso de IA e o desafio da regulamentação.
Juliano Costa Couto/ E lá se foi um líder que pregava o diálogo e a harmonia entre os Poderes. Fica aqui a solidariedade à família do advogado, que não resistiu a um câncer no intestino. A humanidade avança em tantos campos, mas, até hoje, não chegou à cura dessa doença. Que venham logo a cura
e a vacina.
Relação entre governo e Congresso tem dois problemas insolúveis
Por Denise Rothenburg — Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha dito a jornalistas que a relação com o Congresso está dentro da normalidade, deputados e políticos experientes que torcem pelo sucesso do governo identificaram mais dois problemas sem solução. Um é a vontade de Arthur Lira (PP-AL) de eleger o sucessor; outro é o desejo do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e de parte do governo, de eleger um novo presidente da Câmara que seja mais alinhado ao Planalto e ao PT.
Lira, que recebeu apoio dos lulistas à reeleição em 2022 — Lula precisava garantir a PEC da Transição —, deseja manter-se influente. Já o governo sonha em ter uma base para chamar de sua, que possa prescindir do deputado que, atualmente, comanda a Câmara.
Essa briga, que se soma ao controle das emendas ao Orçamento, está esquentando em fogo brando. E ferverá depois das eleições municipais. O desfecho definirá a relação política na segunda metade do governo Lula. De tédio não morreremos.
Em tempo: hoje, o governo não tem uma base parlamentar forte e, dificilmente, a construirá se o PT continuar no controle dos melhores espaços. As fotos das reuniões de emergência, em que estão apenas petistas, tiram totalmente o ar de governo de coalizão prometido por Lula.
Dois pontos
Depois que Lira chamou Padilha de incompetente, Lula avisou a todos os aliados que não tem como trocar ministros palacianos, nem no curto nem no médio prazo. Leia-se como curto prazo até o fim do ano — e médio, até o carnaval de 2025, depois da eleição para a Presidência da Câmara. Ou seja: mais tempo para os integrantes do PT, partido que dificilmente venceria a eleição sozinho.
Tique-taque
O governo avisou que não tem como liberar todas as emendas até junho, como desejam os parlamentares. Mas prometeu que até 8 de maio terá uma solução que garanta a manutenção dos vetos. Tudo em nome da boa convivência para começar a discutir a reforma tributária.
Silveira na cobrança
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem dito que cobrará o “cumprimento à risca” do plano de investimentos da Petrobras. “Não vamos deixar de ser extremamente vigorosos nas cobranças, não só da Petrobras, mas, também, de outras instituições que possam contribuir com o desenvolvimento nacional, compatibilizando o interesse do investidor sempre.” A afirmação foi dada durante gravação do EsferaCast, videocast do think thank Esfera Brasil, que vai ao ar segunda-feira, no YouTube.
Tudo em paz
Em relação às divergências com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobretudo na questão dos dividendos aos acionistas, Silveira afirmou que foram supervalorizadas: “Mais barulho do que fatos”.
Quem avisa amigo é/ O fato de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recorrer ao Judiciário contra a desoneração da folha já havia sido avisado aos parlamentares em diversas oportunidades. A esperança do governo é de que isso não atrapalhe o jogo da reforma tributária no Parlamento.
Quem fala demais…/ Os aliados de Lula consideram que ele está falando muito neste governo sobre temas que seria melhor deixar
no ar. Por exemplo: dizer que não demitirá Padilha, nem que fosse apenas
por “teimosia”.
… abre a guarda/ Outro ponto foi o fato de o presidente dizer que não vai punir quem fizer greve. São coisas que, na avaliação de alguns, se faz, mas não se anuncia.
Sincronia/ Arthur Lira (foto) chegou à festa de aniversário do presidente José Sarney logo depois que Alexandre Padilha saiu.
Detalhes da Reforma Tributária serão o grande teste para governo
Por Denise Rothenburg — Nas conversas do governo, a Reforma Tributária surge como um grande legado desta gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desta legislatura, dando discurso também aos parlamentares. É a pauta que une governo e Congresso. Os detalhes é que serão o grande teste.
O Executivo apresenta suas propostas, com o olhar de quem arrecada, com negociação com estados e municípios. Os mais diversos setores da economia, via associações de classe e confederações, fecharam projetos com a visão de quem pagará esses impostos. Se o governo conseguirá impor sua vontade é o que estará em jogo daqui para frente. É o primeiro grande ensaio entre Palácio do Planalto e Congresso, com as frentes parlamentares mais robustas.
O Legislativo, pela primeira vez, não ficou esperando a chegada das propostas do governo. Ao longo dos últimos três meses, as frentes parlamentares apresentaram 16 projetos. Ouviram mais de 238 pessoas, entre advogados, técnicos e especialistas acadêmicos. Desde os tempos da constituinte, não se tem uma discussão tão aprofundada e com tanta participação.
A turma que viveu aqueles tempos no Congresso, e ainda está por lá, foi, inclusive, chamada a ajudar. Afinal, quando se sabe que algo vai mexer no bolso, todo cuidado é pouco.
Um no cravo, outro na ferradura
A proposta de dois relatores para a Reforma Tributária dá ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a possibilidade de escolher um deles que seja mais próximo ao governo — no caso, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). O outro será mais ligado à oposição, que ainda precisa ser escolhido.
O medo…
Desde que o presidente barrou projetos de lei aprovados por ampla maioria na Câmara, inclusive o Orçamento, o governo trabalha para evitar a análise dos vetos. Foi a senha para que alguns senadores começassem a espalhar que o governo teme o Plenário.
… e a esperança
O governo conseguiu com que líderes da Câmara aceitassem adiar a sessão do Congresso. É lá, na seara de Arthur Lira, que os articuladores de Lula têm algum alento.
Saiu dindim (e precisa mais)
Esta semana, o governo começou a liberar os R$ 11 bilhões em emendas que estavam acordados, lá atrás, para pagamento até abril, mas não pagou nem sequer a metade. O governo, agora, tem até 8 de maio para saldar tudo e tentar manter alguns vetos ao Orçamento.
MDB domina/ O deputado Eunício Oliveira (MDB-CE, foto) assumiu, esta semana, a presidência da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara, em substituição a Acácio Favacho (MDB-AC). A CDU trabalhará de forma a acelerar os projetos do Ministério das Cidades, hoje a cargo do emedebista Jáder Filho.
A aposta deles/ Presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) avisa que o MDB terá um pacote de políticas públicas para apresentar nas eleições municipais. O partido é o segundo maior em número de prefeitos, depois da janela partidária de março.
Rabo de foguete/ Foram quatro desistências sobre a relatoria do caso Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que está preso, suspeito de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Agora, a lista tem três deputados do PT. Brazão diz que provará sua inocência, porém, politicamente, o caso é complicado. Há uma tendência pela cassação na Casa.
Feriadão/ Como o Dia do Trabalho cai numa quarta-feira, o governo tem pela frente 16 dias para tentar reverter a tendência de derrubada dos vetos ao Orçamento. É que o Congresso só volta a ter sessão deliberativa na semana pós-feriado.