Autor: talitadesouza
Al Gore cita tragédia no RS e convoca mobilização contra mudanças climáticas
Por Denise Rothenburg — Em palestra para convidados do Banco Itaú no Hotel Lotte, em Nova York, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore reforçou os alertas que tem feito em todos os encontros de que participa: “Se não agirmos, podemos chegar a um bilhão de refugiados climáticos cruzando fronteiras”.
Gore é visto pelos conservadores norte-americanos como um “alarmista”, porém, para os brasileiros que acompanham de perto a tragédia no Rio Grande do Sul, ele está coberto de razão. O caso gaúcho foi, inclusive, citado pelo ex-vice-presidente em sua fala para a nata do empresariado e investidores convidados pelo Itaú, num evento restrito e no qual tudo o que foi dito não deveria vir a público.
Em tempo: em 2006, Gore fez o documentário A verdade inconveniente, alertando sobre a necessidade de o mundo prestar atenção às mudanças climáticas.
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Vire à direita
Nos bastidores dos eventos em Nova York, ecoava um recado ao governo federal: ou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue para o centro ou terá dificuldades no futuro. Três em cada três políticos presentes têm essa avaliação.
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Na Rainbow Room…
No alto do Rockefeller Plaza, o evento do Banco Master/ Esfera exibiu um vídeo sobre a situação do Rio Grande do Sul, pedindo à nata do empresariado e às autoridades presentes — muitos banqueiros — que enviassem doações ao Rio Grande do Sul. O locutor completava: “O Banco Master já fez sua parte”.
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Diferenças
Quem participou do evento em Nova York marcava as diferenças entre o governo atual e a pandemia no quesito recursos financeiros. Negacionismos à parte, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro vinha de uma reforma da Previdência e tinha feito um ajuste fiscal. O governo Lula vem de um período de lançamentos de obras e novos investimentos, que os mais conservadores chamam simplesmente
de “gastos”.
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Vai ter COP/ De Nova York, onde foi participar do Lide Brazil Investment Forum, o governador do Pará, Hélder Barbalho (foto), avisa que a COP30 já está consolidada em Belém e toda a infraestrutura ficará pronta a tempo de realizar o evento, em 2025. Ou seja, não tem essa de realizar a COP30 em Porto Alegre, como sugeriu o líder do Cidadania, deputado Alex Manente (SP).
Al Gore chamou/ O ambientalista e ex-vice-presidente dos Estados Unidos convidou o governador do Pará para um encontro, em Nova York, em 30 de maio, junto com Michael Bloomberg, ex-prefeito da cidade. Ele ficará 12 horas apenas para essa reunião.
Aliás…/ A COP30 é, também, a “Paris mais 10”, pois o presidente da França, Emmanuel Macron, fez questão de ir para o Pará, na visita que fez ao Brasil, em março. Belém entrou no circuito internacional.
Lide no Correio/ O site do Correio Braziliense transmitirá, hoje, o Lide Brazil Investment Forum. É um momento de reflexão e debates sobre o país.
Tragédia no RS ajudou governo Lula a manter o controle de emendas parlamentares
Por Denise Rothenburg — A tragédia no Rio Grande Sul ajudou o governo Lula a manter o controle sobre a velocidade de liberação das emendas parlamentes, adiando a análise do veto ao cronograma para pagamento das propostas de deputados e senadores. O baixo clero, porém, vai ficar de olho. Afinal, sem o cronograma, o Poder Executivo poderá dizer o que será liberado agora — ou seja, antes da eleição — e que projetos ficam para depois. Na avaliação de muitos deputados, está mantido o toma lá dá cá.
Em tempo: por mais que haja insatisfação dos congressistas com o Planalto, o governo conseguiu tudo o que queria do Parlamento neste quase um ano e meio de mandato. E, de quebra, ainda chegou a um acordo sobre a desoneração da folha de pagamento.
Quem é do ramo da política diz que o governo precisa melhorar a articulação. Mas, no Poder Executivo, a visão é de que o copo está meio cheio e quase tudo funcionando a contento. Enquanto estiver ganhando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não mexerá no time.
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Alcolumbre sai da toca
Pré-candidato à Presidência do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) tornou sua campanha mais ostensiva esta semana, a ponto de liderar a condução de acordos para aprovação da volta do DPVAT. Muitos senadores avaliam que se ele não tivesse entrado em campo, a proposta não teria passado e o governo teria R$ 15 bilhões a menos no caixa. Afinal, foram 41 votos, o mínimo necessário a favor do texto.
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A tragédia só aumenta
A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) está em negociação com o governo federal e o do Rio Grande do Sul para reduzir a burocracia da liberação do seguro agrícola para os produtores gaúchos. É que mesmo onde a água já baixou, há locais em que os fiscais não conseguem chegar para atestar as perdas e liberar os recursos aos produtores.
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O dia do teste
Com a saída de presos para o Dia das Mães, neste domingo, a oposição ficará de olho. Se aumentar o contingente daqueles que não voltarem para cumprir a pena, vai enfraquecer o discurso do governo pela manutenção do veto. Os defensores do fim das “saidinhas”, que formam maioria no Congresso, prometem desde já um revezamento na tribuna cobrando a derrubada do veto.
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Padilha no Senado
O fato de o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ir ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), agradecer o adiamento dos vetos polêmicos, foi visto entre os senadores como um gesto importante para reforçar a posição dele como articulador político. Até aqui, o Senado é a Casa que mais sustenta Padilha.
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Quem foi ao Ceará…/ Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) deixou o Plenário da Câmara, no início da tarde, a fim de garantir o embarque para Fortaleza. Saiu confiante de que o cronograma de liberação das emendas individuais estava no rol de vetos quer seriam derrubados naquela sessão do Congresso.
…ficou ao Deus dará/ Enquanto ele voava, um novo acordo foi feito e esse veto ficou para 28 de maio. Seus amigos disseram que os governistas só esperaram Danilo sair do Plenário para formalizar o acordo. Agora, dizem que da sessão de quinta-feira restou a máxima: “Ninguém sai”.
“Menor aprendiz”/ É assim que os oposicionistas têm se referido ao líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP, foto). É que ele mesmo diz estar aprendendo muito com o senador Eduardo Gomes (PL-TO), que foi líder de Jair Bolsonaro. Mal ou bem, deu certo a estratégia de, em Plenário, pedir o adiamento de alguns vetos aos 45 do segundo tempo.
Vingou todos/ O ex-senador Chiquinho Escórcio recebeu dezenas de telefonemas de leitores da coluna, por causa da “excomunhão” ao ex-candidato a presidente da República Padre Kelmon, no corredor do Senado. Até o ex-presidente José Sarney e o ex-ministro José Dirceu telefonaram: “Chiquinho, você se superou nas tiradas inteligentes”, disse Sarney. Para quem não leu, ontem, Chiquinho chamou Padre Kelmon e soltou: “Eu te excomungo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Emergência climática precisa entrar definitivamente nas resoluções do poder público
Por Carlos Alexandre de Souza — Se é verdade que não é o momento de se buscar culpados pela maior tragédia ambiental ocorrida no Rio Grande do Sul, não parece haver dúvida de que a emergência climática precisa entrar definitivamente nas resoluções do poder público. A magnitude das catástrofes que vêm ocorrendo pelo país mostra de forma dolorosa e contundente: Executivo, Legislativo e Judiciário têm de se unir não apenas no enfrentamento das tragédias, mas também na busca de soluções preventivas a novos fenômenos climáticos extremos. Orçamento de guerra e emendas parlamentares são medidas emergenciais e necessárias.
Mas o Brasil, que sediará uma importante reunião de cúpula sobre meio ambiente em Belém, tem o dever de implementar políticas públicas que tragam respostas mais estruturadas a essa realidade incontornável. Já passou da hora de se formalizar um Orçamento climático, com investimentos em ciência, planejamento urbano e outras ações sustentáveis.
Da parte do Judiciário, é preciso avançar em questões como a pauta verde. Crimes ambientais precisam ser severamente punidos, assim como a negligência ante ameaças iminentes. Essas iniciativas têm de ser implementada nos três níveis da Federação, com urgência. Do contrário, o país estará condenado a sempre agir de forma reativa, em meio ao desespero e à dor.
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Pacheco até 2026
O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG/foto/E), anunciou que pretende deixar a política em 2026. Uma das vozes mais moderadas da República, o senador disse que a polarização afasta homens públicos de bom senso, que não sejam guiados por extremismos. Pacheco fez as declarações na noite de segunda-feira, em São Paulo, em jantar oferecido pelo ex-governador do estado e empresário João Doria.
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A missão de líderes
Pacheco elogiou o anfitrião, lembrando da atuação do ex-tucano no enfrentamento da pandemia. “Os líderes são testados nos momentos de crise. Doria não será esquecido porque foi o responsável pela chegada da vacina ao país e fez o enfrentamento necessário para salvar vidas”, disse Pacheco. O senador Davi Alcolumbre, um dos mais cotados para substituir Pacheco na presidência do Senado, também estava presente.
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Pedido negado
O presidente do Conselho de Ética, Leur Lomanto (União Brasil-BA), negou o pedido da defesa do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apontado como um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco, e manteve a deputada Jack Rocha (PT-ES) como relatora da ação contra o parlmamentar fluminense nesse colegiado. Os advogados de Brazão entraram com pedido para que a petista fosse considerada suspeita de relatar o processo por ter se manifestado em redes sociais a favor da manutenção da prisão do deputado, o que significaria sua perda de isenção.
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Apta para relatoria
Ao justificar seu parecer a favor da continuidade da petista como relatora, Lomanto argumentou que a deputada preenche todas as indicações previstas no Código de Ética para a função — não é do mesmo partido do autor da ação, o PSol, não é do estado de origem de Brazão, que é do Rio de Janeiro, e nem também da legenda do acusado, hoje sem partido.
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Prerrogativa
E sobre a manifestação da petista nas redes, o presidente do conselho afirmou também que Jack Rocha sequer tinha conhecimento de que poderia vir a relatar o caso. E que a imunidade parlamentar lhe assegura o direito de opinião.
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Alta evasão
O índice de evasão no ensino superior no Brasil chega a 57,2% nas redes pública e privada, segundo levantamento realizado pelo instituto Semesp, que representa mantenedoras de ensino superior no país. O maior índice de evasão é na rede privada, que concentra 88% das instituições no Brasil. A questão financeira é o fator de maior peso na decisão dos alunos de desistir do curso. Para o setor, iniciativas como o programa Pé-de-Meia são fundamentais para a permanência de jovens na formação universitária.
Com Evandro Éboli e Júlia Giusti
A multa é o mínimo: Lula não escapará da Justiça por pedir voto a Boulos
Por Denise Rothenburg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escapará de uma multa por propaganda antecipada, por causa do pedido de voto em favor de Guilherme Boulos (para prefeito de São Paulo pelo PSol), no ato das centrais sindicais de 1º de maio. Advogados eleitorais consideram que o risco é a fala de Lula se transformar num pesadelo para o candidato do PSol.
Vem por aí um pedido de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) e, neste caso, entre os desdobramentos possíveis, está até a inelegibilidade de Boulos, por se tratar de evento sindical patrocinado por empresa. No telão, antes da entrada de Lula no palco, houve um vídeo da Petrobras e, depois, ficou o logo “BR Petrobras”.
Em tempo: No PSB, o pedido de votos pró-Boulos no evento foi visto como algo deselegante para com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que chegou a usar um boné da CUT no evento. Alckmin estava no palco e tem uma pré-candidata em São Paulo, a deputada Tábata Amaral. Os socialistas consideram que Lula poderia ter feito um elogio a Boulos, mas não transformar o ato do Dia do Trabalho num comício pedindo votos. O presidente falava de improviso, se empolgou, extrapolou. Por mais que publicamente muitos tentem minimizar o problema, a preocupação é geral no ninho petista.
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É assim que se faz/ O presidente Lula fez questão de ligar para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (foto), adversário político do PT, se solidarizando com o povo gaúcho diante da tragédia provocada pelas chuvas. Hoje, ele deve ir ao estado acompanhar de perto as ações do governo federal para ajudar o estado.
O coro das centrais/ Se tem algo que uniu o governo e as centrais sindicais foram as críticas às taxas de juros. E o vilão da história, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Só indoor/ Os petistas mais antigos reparam que, desde que voltou ao governo, Lula não desfila em ambientes totalmente abertos, como fazia nos mandatos anteriores. Agora, é sempre em áreas controladas.
Esperando Lula/ O público presente ao estádio do Corinthians para o ato de 1º de maio, foi informado que Lula chegaria por volta de 12h40. O “Quesito Melodia”, com Celsinho Mody, foi quem fez a festa enquanto a espera rompia várias horas. Os ministros e o deputado estadual Eduardo Suplicy, ex-senador, caíram no samba.
Congresso quer “amarrar” recursos para não deixá-los livres para o governo
Por Denise Rothenburg — Está com os dias contados o argumento do governo vitorioso no Supremo Tribunal Federal sobre a desoneração da folha não ter previsibilidade de recursos. É que a onda, agora, no Parlamento, é vincular todas as dotações daqui para frente. Só o DPVAT, o seguro obrigatório de veículos a ser votado esta semana no Senado, garantiria R$ 15 bilhões. A ideia dos parlamentares é não deixar os recursos soltos para o Poder Executivo, e, sim, vincular tudo o que for possível ao que for acordado entre os líderes.
Em tempo: Se a moda pega, todo o esforço feito no passado para desvinculação de receitas da União irá pelo ralo num piscar de olhos, ou melhor, num apertar de botão nos plenários da Câmara e do Senado.
Parlamentares na cobrança
Deputados reclamam que nem as verbas da saúde de 2023 foram totalmente liberadas. Faltam, por exemplo, R$ 60 milhões em emendas que ainda não foram pagas. Ou o governo paga essas e outras até a semana que vem, ou o 9 de maio no plenário será de derrota para o
Poder Executivo.
O que gera incerteza
Ao mesmo tempo em que parlamentares e governo brigam pelo direito de dizer o que fazer com o dinheiro público, lá fora os investidores cobram corte de gastos e atenção às questões fiscais, algo que Lula tem criticado de forma veemente. Só tem um probleminha: se os investidores fugirem por causa do crescimento da dívida pública, vai ficar difícil o governo promover o sonhado desenvolvimento econômico e social.
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Ninguém se mexe
Até a eleição de outubro, os partidos de centro no governo vão se manter mais comedidos nas críticas ao Poder Executivo. Mas, se a inflação subir — dificultando o poder de compra da população nos supermercados —, as rusgas vão começar logo nos palanques.
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Agora, vai
O fato de o ex-chefe da Policia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa pedir para depor no caso Marielle, que o levou à prisão, é visto por políticos fluminenses como sinal de que ele deve contar tudo o que sabe. São seis anos sem se chegar a um desfecho sobre os mandantes do assassinato da vereadora e de seu motorista.
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Um partido “desconfiado”/ O PT vai para as eleições municipais com o “mando de campo” no país, mas com seus aliados divididos. Em nenhuma capital estarão todos juntos. Vai ter disputa no país inteiro. O que mais preocupa é São Paulo.
Veja bem/ Se Tábata Amaral (foto) subir a ponto de ameaçar o favoritismo de Guilherme Boulos, o PSB ganha musculatura. E se o MDB do prefeito-candidato Ricardo Nunes derrotar ambos, será impossível o PT agregar todos em 2026.
Assunto do momento/ A revolução da inteligência artificial estará em debate, hoje, no Correio Braziliense, a partir das 14h30, com técnicos que estudam o futuro de vários setores com o uso de IA e o desafio da regulamentação.
Juliano Costa Couto/ E lá se foi um líder que pregava o diálogo e a harmonia entre os Poderes. Fica aqui a solidariedade à família do advogado, que não resistiu a um câncer no intestino. A humanidade avança em tantos campos, mas, até hoje, não chegou à cura dessa doença. Que venham logo a cura
e a vacina.
Crise entre governo e Congresso parece não ter solução e nem fim próximo; entenda
Por Denise Rothenburg — Os líderes dos partidos aliados do Palácio do Planalto fizeram as contas e concluíram que não há meios de resolver o impasse entre o Executivo e o Legislativo. Isso porque o governo tenta, a todo custo, ter controle absoluto sobre o Orçamento e suas emendas, e o Congresso, que toma conta do dinheiro desde 2015, não pretende devolver esse poder ao presidente. A portaria que trata do tema tenta, entre outras ações, colocar as emendas no “cercadinho” do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — e é objeto de reclamação em diversos partidos.
Hoje, a liberação das emendas está dividida. Parte é encaminhada diretamente aos ministérios pela assessoria do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em comum acordo com os líderes. O outro pedaço, o dos partidos de esquerda, é encaminhado via Secretaria de Relações Institucionais, comandada por Alexandre Padilha — que tenta tomar conta de tudo desde o início do governo.
Os parlamentares não querem voltar aos velhos tempos dos governos Lula 1 e 2, quando tudo ficava a cargo do Planalto. E o governo, por sua vez, não pretende se render a esse modelo, adotado no final do governo de Dilma Rousseff, para tirar poder do Executivo. Ninguém rompeu relações até aqui por causa do impasse, mas ninguém cedeu.
Em tempo: tem gente estudando decreto legislativo para sustar, em parte, a portaria interministerial publicada no último dia 12, que estabelece as regras para liberação das emendas, dando mais poderes a Padilha e que tenta direcionar as verbas ao PAC. Essa queda de braço não acaba tão cedo.
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PT ganha uma…
Na calmaria da quinta-feira, na Câmara dos Deputados, a relatoria do projeto de desoneração da folha de salários saiu das mãos da deputada Any Ortiz (Cidadania-RS) e foi entregue à deputada Jack Rocha (PT-ES), titular da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços. Any é suplente.
…mas não garante vitória
Jack terá a missão de defender a posição do Planalto e não fugir um milímetro do texto. Só tem um probleminha: o PT não tem maioria para fazer valer sua vontade nessa proposta. Any não gostou de ter sido informada por terceiros.
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A prioridade de Valdemar
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, monta os palanques do partido Brasil afora de olho em dois objetivos para 2026: conquistar a Presidência da República e obter maioria no Senado.
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A união faz a força/ ACM Neto tem dito a amigos que pretende se lançar candidato ao governo em 2026, nem que seja apenas para ajudar algum candidato a presidente da República que seja viável para derrotar o PT. Porém, não o fará se o candidato for algum radical bolsonarista.
Rui sobrecarregado/ Com as dificuldades de relacionamento entre Alexandre Padilha e Arthur Lira, esses nove meses até a eleição do novo comandante no Parlamento serão de trabalho dobrado para o ministro da Casa Civil, Rui Costa (foto). Além da gestão do governo, tem que apagar incêndios.
Tem ajuda/ Quem o tem ajudado nesse trabalho de acalmar a base é o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta. Outro que tem muito trabalho e que passou a acumular mais essa tarefa política.
Aniversário de Brasília/ A festa da cidade, no domingo, não terá toda a atenção dos políticos. Vão observar a capacidade de mobilização do ex-presidente Jair Bolsonaro, em ato convocado para o Rio de Janeiro.
Dia deles/ Feliz Dia dos Povos Indígenas. Respeito e saúde a todas as nações.
Governo não consegue conter Congresso e rombo nas contas aumentam
Por Denise Rothenburg — Enquanto a equipe do Ministério da Fazenda calcula as medidas para ampliar a arrecadação em R$ 60 bilhões, para fechar as contas do ano que vem, a briga entre o governo e o Congresso aumenta o buraco. Nas últimas 48 horas, o Senado impôs uma derrota ao Poder Executivo nesta seara, ao aprovar, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o quinquênio para servidores do Judiciário e do Ministério Público fora do teto salarial do serviço público — e ainda estendeu a outros segmentos. A Câmara, por sua vez, prorrogou os benefícios fiscais a produtores de farelo e óleo de milho.
Os dois movimentos indicam que o governo vai mal na Câmara e no Senado, e não tem conseguido segurar iniciativas que vão, aos poucos, aumentando o rombo nas contas. Em tempo: não dá para culpar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por essas aprovações. Afinal, quem tem que ter os votos para segurar projetos que criam despesas é o governo, e não o comandante da Casa.
O olhar de Lira
A amigos, o presidente da Câmara tem dito o seguinte: “O Senado joga duas bolas nas costas do governo e, depois, eu é que sou ruim”. Referia-se às duas emendas constitucionais, a que proíbe porte de drogas em qualquer quantidade e a que fixa o quinquênio fora do teto para o Judiciário, Ministério Público e outros.
“Enquanto eles brigam, a gente ganha”
A frase do presidente da Frente Parlamentar do Agro, Pedro Lupion, a esta coluna, é um sinal claro de que o setor é um dos que vai aproveitar a crise entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para emplacar as propostas que tem.
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Radiografia
Os deputados ligados ao agro fizeram as contas e descobriram que integrantes da direção do Movimento dos Sem Terra estão encrustados no governo. São mais de 10 espalhados pelas regionais do Incra, sem contar os que estão no Ministério do Desenvolvimento Agrário.
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Por falar em vitória…
O placar da votação que colocou em regime de urgência a proposta que criminaliza invasão de terras foi uma resposta direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois que ele disse que o MST tem que continuar com as movimentações.
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Cada um por si/ Diante da crise do Planalto com o Congresso, os ministros estão se virando como podem. O da Defesa, José Múcio Monteiro, aproveitou a audiência na Câmara para pedir aumento do orçamento das Forças Armadas, que está previsto numa proposta de emenda constitucional.
Sobe e desce I/ Quem fecha esta semana política em alta para a Presidência da Câmara é o líder do PSD, Antonio Brito (BA, foto). Ele começou lá atrás e, discretamente, angaria votos nas duas pontas da polarização.
Sobe e desce II/ A preços de hoje, a disputa está entre ele e o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), que teve presença maciça de ministros do governo em seu aniversário, na semana passada.
Melhor de três/ O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), hoje citado na Casa como o candidato de Lira, está com dificuldades. Mas, como esta eleição é apenas em fevereiro de 2025, e ainda tem pela frente a eleição municipal, não lhe falta tempo para se recuperar.
Após silêncio de Lula sobre reclamações, Arthur Lira acena à oposição
Por Denise Rothenburg — Diante da “cara de paisagem” do presidente Lula para as reclamações do presidente da Câmara, Arthur Lira, e aliados, o comando da Casa tirou o pé do freio para os projetos da oposição. Entraram em cena a proposta que criminaliza invasão de terras e vem por ai uma temporada de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). E tudo num clima de beligerância em plenário, tal e qual se verifica nas comissões da Câmara.
Nos bastidores do plenário, o que se ouve é que os vetos ao Orçamento e à saidinha de presos serão derrubados. E, se nada for feito em termos de buscar um acordo entre Lira e o governo, a janela para votar pautas importantes para a economia ainda este ano, como a regulamentação da reforma tributária, estará perdida. O cenário do momento é de guerra, com desvantagem para o Planalto. Ontem, o governo não venceu nada. E a tendência é continuar assim.
O recado está dado
Ao deixar a sessão da Câmara com a rédea solta nessa terça-feira, Arthur Lira quis mostrar ao governo o que pode acontecer, caso ele não exerça o seu comando para levar um equilíbrio ao Centrão. Por enquanto, quer o governo goste ou não, Lira tem a força. A calma só voltou ao plenário quando ele retomou à presidência da sessão.
E o agro aproveita
Nessa briga entre Arthur Lira e o governo, a Frente Parlamentar do Agronegócio ganha espaço. E quem pagará a conta é o caixa da União. Além da urgência para o projeto que criminaliza invasões de terra, o agro busca isenção tributária para farelo e óleo de milho.
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Por falar em reforma…
O deputado Aguinaldo Ribeiro, que relatou a reforma tributária na Câmara, tem reunião esta semana com os secretários do Ministério da Fazenda para começar a desenhar os cenários de análise da tributária. À primeira vista, ninguém acredita que a proposta será avaliada sem ser contaminada pela atual crise entre governo e o Parlamento.
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O jantar de Mendes
Em jantar na casa do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, autoridades dos dois Poderes concordaram na necessidade de se criar mecanismos que fortaleçam o sistema democrático. Antes disso, porém, é preciso pacificar o Congresso, algo que ainda está longe.
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Elmarzinho paz e amor/ No fundo do plenário, cercado de amigos, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), respondia assim quando alguém lhe perguntava sobre a guerra entre governo e Câmara: “Eu não estou brigando com ninguém”.
Depois dos chutes… / O deputado Glauber Braga (PSol-RJ) vai responder no Conselho de Ética pela briga com um militante do MBL, movimento que catapultou o deputado Kim Kataguiri à política. Glauber expulsou um militante das dependências da Casa, numa atitude que não condiz com o decoro parlamentar.
Que túmulo?/ O líder do governo, Jose Guimarães, estava tão irritado com a urgência ao projeto que criminaliza invasão de terra que se saiu com essa: “Ulysses Guimarães deve estar se revirando no túmulo, diante dessa quebra de confiança na Casa”. O corpo de Doutor Ulysses jamais foi encontrado. Ele morreu no acidente de helicóptero em 12 de outubro de 1992, no mar de Angra dos Reis.
Uma luz no governo/ Se teve alguém que se saiu bem nessa semana no Parlamento foi o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Com um estilo oposto ao do antecessor, ele até convidou os bolsonaristas para reuniões no Palácio da Justiça. Passou no teste político na Comissão de Segurança Pública, presidida por Alberto Fraga (PL-DF).
Lula aposta em programas sociais para “regar” os eleitores petistas
Por Denise Rothenburg — Antes de conquistar mais votos ao centro, o governo trabalha para segurar os eleitores que elegeram o PT cinco vezes para dirigir o país. Por isso, todo o foco tem sido dado a programas sociais como o “Terra da Gente”, lançado esta semana no Planalto, com direito a formação de uma mesa de trabalho com integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST), que promoveram invasões em 11 estados só neste mês de abril. As ações do governo vêm no sentido de evitar o que ocorreu no passado, quando um grupo deixou o PT para formar o PSol.
Em tempo: por mais que o PSol, hoje, seja um partido aliado, a ponto de receber o apoio para disputar a prefeitura de São Paulo, é outra legenda que disputa espaço na esquerda com os petistas. E não dá para deixar os movimentos sociais apartados do governo, prontos para serem acolhidos por outras siglas.
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A LDO e o mercado
A revisão dos parâmetros de 2025 apresentados no ano passado para a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 tira credibilidade do governo no mercado financeiro. Técnicos instalados na Avenida Faria Lima, em São Paulo, estão desconfiados de que o deficit zero prometido para o ano que vem será difícil de cumprir, tal e qual será este ano.
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A hora de Moro
As apostas de advogados e juristas são as de que o senador Sergio Moro, tal e qual Gabriela Hardt, será punido nesta terça-feira no Conselho Nacional de Justiça.
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A hora dos candidatos
Os deputados do PL dispostos a concorrer a mandatos de prefeito este ano prometem comparecer em peso à audiência pública da Comissão de Segurança Pública com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Será o momento de emparedar o ministro nesse campo e ter tudo registrado para exibir nas redes sociais ao longo da campanha.
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E os vetos, hein?
Se quiser preservar os vetos às saidinhas e ao Orçamento deste ano, o governo só tem uma saída esta semana: adiar a votação. Em relação às saidinhas, o governo tem o apoio do Fórum de Segurança Pública. Mas, até agora, ninguém entrou em campo para ajudar o Planalto.
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Quem planta, colhe/ Depois de plantar jabuticaba no Alvorada, Lula recebeu, agora, dois pés de guaraná. Ao saber que demora de quatro a cinco anos para dar frutos, não titubeou. “Agora, vou ter que ficar mais tempo para colher esse guaraná”, brincou.
Muita calma nessa hora/ Embora o presidente tenha dito que ninguém deseja pedir que pare de lutar pela reforma agrária, a solenidade dessa segunda-feira foi justamente para evitar as invasões.
Por falar em solenidade…/ O presidente não gostou nada da visita ao Ceará há alguns dias. É que o prefeito de Iguatu é do PSD, e ele e o PT estão em guerra por causa das eleições. A ordem, agora, é passar a visitar locais onde a disputa não esteja tão acirrada entre os aliados do governo. Vai ser difícil.
… vai dar confusão/ Os petistas não querem ver o presidente promovendo prefeitos que vão concorrer diretamente com o Partido dos Trabalhadores. Em especial, nos pequenos municípios.
Outros conflitos/ Lula até aqui seguiu o conselho dos amigos: ficou fora do conflito entre Irã e Israel. Esta semana, o foco da agenda internacional do presidente será a tensão entre Equador e México e, de quebra, a eleição na Venezuela, temas a serem tratados na reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
Julgamento de Moro mudará parâmetros das pré-campanhas de partidos; entenda
Por Luana Patriolino — Além de decidir o futuro político do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), o caso que começará a ser julgado amanhã pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) pode mudar os parâmetros das pré-campanhas de todos os partidos. Se forem aceitos os argumentos do PT e do PL contra o ex-juiz da Operação Lava-Jato, o precedente poderá ser usado para impor um limite que, hoje, não existe sobre o número de cargos a que o postulante pode almejar antes de oficializar a inscrição para disputar um deles.
Na alça de mira
Moro é acusado de abuso de poder econômico nas eleições de 2022 por ter usado recursos do Podemos, quando era pré-candidato à Presidência da República, para alavancar a candidatura ao Senado. Se derrotado, poderá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em caso de nova condenação, a chapa é cassada e uma eleição suplementar será convocada no Paraná. Nos bastidores, a informação é que ele será condenado pela Justiça.
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A gente quer OAB
A Advocacia-Geral da União (AGU) e entidades representativas de advogados concursados em órgãos e empresas públicas manifestaram apoio à inscrição obrigatória na OAB para que exerçam suas funções. Trata-se de uma reação ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que defendeu tornar facultativa a inscrição dos advogados públicos. Também defendem a obrigatoriedade as associações dos Advogados Públicos Federais (Anafe), dos Procuradores dos Estados
(Anape) e dos Procuradores Municipais (ANPM).
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Todos iguais
Para Beto Simonetti, presidente nacional da OAB, advogados públicos e privados precisam se manter juntos, dentro da Ordem, para que todos sejam protegidos pelas mesmas prerrogativas e submetidos às responsabilidades comuns. “A advocacia pública desempenha papel crucial na garantia dos interesses do Estado e da sociedade. É fundamental que esses profissionais estejam protegidos pelas prerrogativas da profissão e sujeitos às mesmas cobranças feitas aos demais”, frisou.
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Teatrinho, investigação…
A Justiça de São Paulo tornou réu o deputado federal Delegado da Cunha (PP-SP) por abuso de autoridade e constrangimento ilegal em uma ação policial, quando atuava na Polícia Civil. A denúncia trata de uma operação, em uma comunidade da Zona Leste da capital paulista. O parlamentar participou de uma ação contra um sequestro, mas após a liberação do refém e a prisão do autor do crime, ele obrigou os dois a retornarem ao cativeiro para que fosse filmada uma cena em que aparece como o herói do resgate.
…e agressão à mulher
Da Cunha também responde a um processo por agressão à ex-mulher, a nutricionista Betina Grusiecki. Ela o acusou de ameaça, além de bater com sua cabeça contra a parede e apertar seu pescoço. Eles tiveram uma união estável de três anos.
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Luiza é pop
A empresária Luiza Trajano foi a sensação na Câmara dos Deputados, ao participar do seminário “Elas querem igualdade nos espaços de poder”, em 20 de março (foto). Em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil, a presidente do Magazine Luiza lotou o Plenário 2 da Casa e atendeu a uma legião de fãs que pediam fotos e vídeos. Luiza compôs a mesa ao lado de autoridades e nomes de peso do mundo corporativo, como a vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, e a empresária Janete Vaz (Grupo Sabin). Também participaram representantes da sociedade civil e a embaixadora Irene Vida Gala, presidente da Associação das Mulheres Diplomatas do Brasil.
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De volta à Big Apple
Ao menos 12 governadores, de todas as regiões, estarão em Nova York, em 14 de maio, para discutir novas oportunidades de investimentos e a consolidação nas relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos. A participação está confirmada no Lide Brazil Investment Forum, no Harvard Club, com mais de 100 autoridades, empresários e investidores. O evento contará, também, com a exposição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do senador e presidente Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.