Reajuste do Judiciário nas mãos do eleito

Publicado em coluna Brasília-DF

Reajuste do Judiciário nas mãos do eleito

Todos os candidatos a presidente, sem exceção, prometem pedir revisão da proposta de Orçamento que o governo do presidente Michel Temer enviará ao Congresso em 20 dias. Nessa revisão, estará uma tentativa de acordo com o Poder Judiciário para baixar os 16% de reajuste salarial incluído na proposta que o Supremo Tribunal Federal mandará ao Congresso.

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Em tempo: presidente eleito, com a expectativa de poder em alta, costuma ter sucesso quando chama qualquer setor para diálogo. Lula fez isso com a classe empresarial e com os servidores públicos. Collor, com confisco da poupança e tudo, obteve uma trégua. Com o eleito e o Judiciário, não será diferente.

Lula e Collor

Em conversas reservadas, petistas consideram que não está tão ruim o fato de o candidato não poder participar dos debates. Há quem considere que, em 1989, Fernando Collor não participou dos debates de primeiro turno, chegou à final e ganhou a eleição. Lula e o vice, Fernando Haddad, ainda têm uma vantagem: não podem ser cobrados ou atacados pela ausência.

Pela raiz

O debate da Band, tradicionalmente, serve para dar ao mundo da política um cenário de quem são os candidatos mais promissores. Desta vez, fez crescer a certeza de que, embora Geraldo Alckmin não vá tão bem nas pesquisas quanto muitos esperavam, os adversários acreditam que ele pode chegar à final. A ordem entre os concorrentes é desgastá-lo agora, antes da temporada de propaganda eleitoral, quando o tucano vai prevalecer na telinha.

Limão & limonada

Na seleta plateia de empresários em São Paulo, Geraldo Alckmin explicou a aliança com o Centrão de um jeito que todos os presentes conhecem. “Criticam-me porque fiz aliança com partidos de centro, que todos queriam. Mas, para governar, é preciso ter apoio. É melhor fazer antes, porque é em torno de projeto de governo, do que depois ficar fazendo qualquer tipo de acordo”, disse. “Ainda me deu oportunidade de escolher uma pessoa maravilhosa, a senadora Ana Amélia.” A plateia se desdobrou em aplausos.

Alvaro e Rosso

A turma de Alvaro Dias (Podemos), que está com dificuldades de fortalecer os palanques estaduais, saiu do debate da Band comentando que Rogério Rosso (PSD) é uma das apostas para dar mais visibilidade ao candidato. Falta, porém, combinar com o restante do PSD, que fechou coligação com o tucano Geraldo Alckmin.

A hora deles I/ Fora dos debates, Fernando Haddad, do PT, e João Amoêdo, do Novo, terão a oportunidade de expor suas ideias a uma plateia do mundo real. Eles foram convidados pela União Nacional de Entidades de Comércio e Serviços (Unecs) a participar do diálogo com os presidenciáveis nesta terça-feira, em Brasília.

A hora deles II/ Haddad já confirmou presença, assim como Geraldo Alckmin, do PSDB; Marina Silva, da Rede; Alvaro Dias, do Podemos; e Henrique Meirelles, do MDB. Amoêdo, ainda não. Nem Jair Bolsonaro, do PSL. A Unecs congrega várias associações de comércio, atacadistas, bares, restaurantes, lojistas e por aí vai.

No popular/ Terminado o debate da Band, ficou a certeza de que o candidato do Patriota, Cabo Daciolo, vai animar o desfile dos presidenciáveis no quesito “caricatura” em nome de Jesus. Guilherme Boulos, do PSol, não fica atrás. Saiu dali com o título de melhor frase feita, depois de sacar os “cinquenta tons de Temer”, referindo-se aos adversários cujos partidos apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Por falar em Daciolo…/ Há quem explique a participação dele no debate: é passar a ideia de que Jair Bolsonaro é um sujeito equilibrado e sereno. Faz sentido.

Cirão da massa/ Na plateia do debate, o deputado Beto Mansur (foto), do MDB, retrucou ao ouvir Ciro Gomes dizer que vai tirar todo mundo do SPC. “Vou votar no Ciro para pagar minhas dívidas! Pode escrever!”

Efeito cascata e janela para a Previdência

Publicado em coluna Brasília-DF

Na surdina, deputados e senadores comemoraram o reajuste de 16% aprovado por 6 a 4 pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). É que, com essa decisão, há um grupo que se sentirá mais à vontade para tratar do tema, depois que a eleição passar, propondo inclusive o mesmo percentual.

Há quem diga que, se os deputados seguirem o plano de buscar o mesmo reajuste, o presidente eleito, seja quem for, terá condições de apelar para as dificuldades orçamentárias e, antes mesmo de tomar posse, pedir que eles arrumem receita para não ampliar o deficit de
R$ 139 bilhões que espera o próximo governo. E, nesse sentido, leitor, saiba de antemão que quem vai pagar essa conta são os meus, os seus e os nossos.

É a bancada, estúpido!
A insistência de Lula para fazer do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad candidato está diretamente relacionada à necessidade de o partido eleger de 10 a 14 deputados federais no estado, celeiro dos votos no país. A ideia é que com um candidato paulista à Presidência da República e ao governo estadual fica mais fácil.

Na ponta do lápis
O PT calcula que, se sair com pelo menos 10 deputados de São Paulo e eleger dois em cada um dos demais estados, terá condição de fazer a maior bancada e, com isso, tentar comandar a Câmara no ano que vem.

Tudo pelo partido
André Fufuca, do PP do Maranhão, que pediu vistas no processo do STF que pediu a cassação de Paulo Maluf (PP-SP), só deve entregar o caso para avaliação da Mesa Diretora depois da eleição. Espera, assim, ajudar o partido a não ficar em evidência pelos malfeitos de Maluf. O PP sonha em fazer uma grande bancada para mandar na Câmara, e em qualquer um que vencer a eleição. Investirá todo o fundo partidário nesse projeto. Maluf, se fosse cassado agora, seria um incômodo.

E eles conseguiram
O Senado ainda trabalhou ontem, mas, na Câmara, só quem conseguiu emplacar alguma coisa foi a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Foi instalada a comissão especial da MP 843. A medida trata do programa Rota 2030, sobre as regras e incentivos para o setor automotivo.
A votação da MP, porém, é outra história. Vence em 16 de novembro, ou seja, haverá pouco tempo para análise depois da eleição.

Ligações/ À boca pequena, comentava-se ontem que o voto de Cristiane Alkmin pelo arquivamento do processo contra a Rodrimar no Cade está diretamente relacionado ao fato de a conselheira ter trabalhado para o grupo Libra, que também é favorável à taxação da entrega de contêineres aos terminais retroalfandegados.

Ligações II/ Para quem não se lembra, o grupo Libra é aquele de Gonçalo Torrealba, que chegou a ter a prisão decretada pelo ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, na Operação Skala, a mesma que teve como alvo amigos do presidente Michel Temer.

Ligações III/ Torrealba foi muito ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, e não eram poucas as fotos do casal Cunha com Carina e Gonçalo Torrealba pelo mundo afora nos tempos de bonança, inclusive em Barbados, um paraíso natural e fiscal.

CB.Poder/ O deputado Paulo Teixeira (foto), do PT-SP, disse ao programa CB.Poder que a TV Globo foi culpada da sentença a Lula. Na avaliação dele, assim que “baixar a poeira”, a condenação em segunda instância será revista pelos tribunais superiores. O programa está disponível no Facebook do Correio Braziliense.

Cade condena Rodrimar e fixa multa de R$ 972 mil

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O presidente do Cade, Alexandre Barreto, votou com o relator no processo contra a Rodrimar, formando maioria no conselho contra a cobrança da taxa conhecida como THC2 (Terminal Handling Charge). A Rodrimar cobrava as taxas para entregar a carga a empresas que são contratadas para guardar as cargas em seus armazéns, os chamados terminais retroalfandegados. O voto de Barreto considerou a THC2 uma prática anti-concorrencial, o que já havia sido decidido também pelo Tribunal de Contas da União. A Rodrimar será multada em R$ 972 mil e proibida de cobrar a taxa. O processo tramita no Cade desde 2006, quando uma das empresas que armazena cargas em Santos, a Marimex, ingressou contra a Rodrimar por causa da cobrança da THC2. O julgamento começou em 2016. A Marimex acusou a Rodrimar de prática lesiva à concorrência e que a cobrança desestimularia a contratação de armazéns. A decisão deve gerar jurisprudência no conselho para outros casos semelhantes.

A votação chamou a atenção essa semana, depois que a conselheira Cristiane Alkmin, que estava com um pedido de vistas desde 2016, abriu dissidência e votou pelo arquivamento da denúncia contra a Rodrimar. Ela já foi funcionária do grupo Libra, o que gerou inclusive um certo constrangimento em reuniões anteriores do Cade sobre o tema. Libra também defendia a cobrança da taxa. O conselheiro João Paulo Resende acompanhou o voto de Cristiane, mas Barreto seguiu o relator dando maioria. Agora, com a decisão, haverá uma corrida aos tribunais, onde a Rodrimar e outras empresas do setor já disputavam a cobrança da THC2. A decisão do Cade, porém, levará o peso da Justiça para aquelas que, como a Marimex, reclamaram da taxa. O próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já havia se posicionado contra a regulamentação da cobrança pela Antaq e, ainda, aplicado multa aos diretores da agência.

Bom lembrar: O julgamento do Cade nada tem a ver com o decreto dos portos, aquele que até hoje dá dores de cabeça ao governo.

O teatro da estrela

Publicado em coluna Brasília-DF

Nas últimas reuniões, os petistas respiraram aliviados quando souberam que Fernando Haddad não poderá representar Lula no debate da TV Bandeirantes, amanhã, que abre a temporada oficial de confronto direto entre os candidatos a presidente da República. Também não vão fazer força para que ele seja incluído. Haddad chegaria para o evento numa condição diferente dos demais e, de quebra, ainda seria obrigado a ficar na defensiva, com todos os titulares das chapas presentes dizendo que Lula está preso, condenado por recebimento de propina, e coisa e tal. Nesse sentido, comentam deputados do partido, o melhor mesmo é ficar longe, insistir na presença de Lula, que eles sabem ser impossível, e, assim, manter o discurso de perseguição ao candidato, dando ao ex-presidente o papel de vítima e não de condenado, o que ficaria claro se ele pudesse participar do debate.

Alerta máximo no PSDB
Os tucanos pra lá de preocupados. Consideram que especulações sobre possíveis delações que ainda não foram fechadas e que poderiam citar Geraldo Alckmin como receptor de caixa dois estão saindo sob encomenda para mexer na Bolsa de Valores. Ontem, por exemplo, a Bolsa caiu depois de publicações em sites de notícias de que Alckmin seria citado numa delação. O PSDB vai estudar como se precaver do que considera “ataques especulativos” contra seu candidato para que alguém ganhe dinheiro no mercado financeiro.

Se correr, o bicho pega…
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enfrentará hoje o pior dilema deste esforço concentrado. Decidir o que fazer com relação à deliberação do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de perda de mandato de Paulo Maluf: se a Mesa Diretora concluir pela cassação, sem passar pelo plenário da Casa, Rodrigo perderá votos dos seus pares para a reeleição.

… se ficar, o bicho come
A outra solução, levar para o plenário, também não é a ideal para o presidente da Casa. É que, se não houver quórum para decidir e Maluf não for cassado, soará como uma manobra para preservar o parlamentar.

Enquanto isso, no Planalto…
Por ali, a sensação entre os próprios assessores palacianos é a de que o governo realmente acabou. Até as visitas de deputados e senadores ao presidente Michel Temer reduziram.

Em Minas, primeiro turno
Deputados que apoiavam a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) começam a rumar para a candidatura de Antonio Anastasia (PSDB). É que, por lá, a polarização PT versus PSDB está consolidada, sem espaço para uma terceira via. Lacerda (PSB) depende ainda da Justiça e foi vetado pela direção nacional do partido. Rodrigo Pacheco (DEM) será candidato ao Senado na chapa de Anastasia (PSDB). Jô Moraes (PCdoB) será a vice de Pimentel. Assim, a eleição de governador será definida em 7 de outubro.

Deixa quieto/ Deputados do PT comentaram à boca pequena no plenário da Câmara que Lula, fora do debate da Band, está preservado de perguntas, tais como: “O sr. está vindo de onde mesmo? Ah, da cadeia”.

Filhotes da Lava-Jato/ Numa mesma coligação no Rio de Janeiro, estarão, pelo menos, quatro parentes de presidiários: Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral; Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha; Leonardo Picciani, filho de Jorge Picciani; Franciane Motta, mulher do deputado estadual
Paulo Melo.
Molón é Ciro/ Alessandro Molón (PSB-RJ, foto) fará campanha para Ciro Gomes. “É o único candidato do campo progressista que, se estiver no segundo turno, pode vencer a eleição”, acredita.

Homenagens a Ari Cunha/ Em sua primeira fala após o recesso, o senador Reguffe enalteceu o trabalho do jornalista Ari Cunha, falecido na madrugada do dia 31. “Gentil, cordato, educado, e que sempre dava espaço a novas ideias. Ari Cunha honrou o jornalismo do DF”, disse, mandando ainda um abraço a Circe Cunha, que fazia parceria com o pai na coluna Visto, Lido e Ouvido.

O “suplente” presidencial

Publicado em coluna Brasília-DF

Com Lula preso, Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB) combinaram de percorrer o país juntos em campanha, como se a chapa fosse formada pelos dois. Assim, diante de uma campanha curta e com a perspectiva de a Justiça logo ali na frente impugnar a candidatura do ex-presidente, já estará consolidada a parceria. Conforme a coluna divulgou há mais de um mês, os petistas já contam com uma derrota no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ainda acreditam na possibilidade de o ex-presidente conseguir a candidatura por liminar do Supremo Tribunal Federal, a depender de quem for o relator.
No caso de Lula conseguir uma liminar, Haddad renunciará a vice e Manuela assumirá. Na hipótese de Lula ser impugnado, Haddad passa à cabeça de chapa e Manuela, à vaga de vice. Na prática, Haddad está na chapa para substituir Lula e a vice é Manuela. Como o PT não queria abrir mão da cabeça de chapa de modo algum, Lula inventou a suplência da candidatura presidencial.

O medo do PT e do PCdoB
Nas reuniões mais fechadas do último fim de semana, os petistas avaliaram que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ganhou terreno demais nesses últimos dias, embora as pesquisas divulgadas e registradas ainda não tenham detectado. Com muito jeito, aliados de Alckmin uniram forças em estados importantes, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Por isso, a hora é de se preparar para enfrentar o tucano e não mais o ex-capitão Jair Bolsonaro, do PSL.

A volta de Delcídio
Ex-líder do governo Dilma acusado de tramar a fuga de Nestor Cerveró do país e inocentado, depois, pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-senador Delcídio do Amaral será candidato ao Senado pelo PTC de Mato Grosso do Sul.

Sem estresse
Delcídio não terá problemas com seus colegas de partido. O senador Fernando Collor votou a favor da revogação da prisão em novembro de 2015. E o candidato a presidente da República apoiado pelo PTC, Álvaro Dias, não compareceu à sessão.

O pulo de Adalclever
O MDB tem lá seus motivos para insistir na chapa de Márcio Lacerda ao governo de Minas Gerais. É que não existe hoje uma vaga ao Senado à sua disposição, nem no PT, tampouco no PSDB. Além disso, se der errado, terão o ex-prefeito fazendo campanha para Adalclever Lopes na cabeça de chapa. Se brincar, ainda terão a foto de Márcio na urna eletrônica.

Mal-estar na Câmara/ Candidato a presidente da República pelo Patriotas, o deputado Cabo Daciolo (foto) vai ter que se explicar à Mesa Diretora da Câmara. No discurso de lançamento da candidatura, o pastor mandou ver contra o Congresso: “Tem exceções? Poucas. Aquilo ali é uma quadrilha. Não votam pauta nenhuma para o povo, só medida provisória e para banqueiros, maiores vilões e bandidos da Nação”.

Foi ele!/ Muitos, ontem, atribuíam a José Dirceu as dificuldades de fechar a chapa. É que o ex-ministro não queria o ex-prefeito Fernando Haddad no topo da cena política com o nome do PT.

Numerologia/ Os candidatos do PSL ao Senado estão meio constrangidos por causa dos três números da candidatura. Ninguém quer ser o 171, popularmente conhecido como o número dos estelionatários.

Mulheres na campanha/ Depois do impeachment de Dilma, muitos diziam que as mulheres não teriam mais chances numa eleição presidencial. Porém, há duas candidatas, Marina Silva (Rede) e Vera Lúcia (PSTU). E cinco vices: Ana Amélia Lemos, de Geraldo Alckmin (PSDB); Kátia Abreu, de Ciro Gomes (PDT); Sônia Guajajara, de Guilherme Boulos (PSol); Suelene Balduíno, de Cabo Daciolo (Patriotas).
A quinta é Manuela D’Ávila,
que será incluída na chapa petista
mais à frente.

Lula com Haddad e Manuela de vice para compor a chapa em setembro

Publicado em Eleições 2018

Reunida em São Paulo, a cúpula do PCdoB terminou cedendo às pressões do PT por uma aliança ainda no primeiro turno e, no final da noite, comunicou aos petistas a retirada da candidatura de Manuela D’Ávila. A decisão foi tomada depois da promessa do PT de que, caso Lula não consiga levar a candidatura adiante, Fernando Haddad assumirá a cabeça de chapa e Manuela, a vaga de vice. O último prazo para mudança da chapa é 20 dias antes da eleição. Até lá, avisam os petistas e integrantes do PCdoB, Lula aparecerá ainda como candidato e Haddad no papel de vice. Mas o PCdoB estará coligado e sem candidato. O site vermelho, do PCdoB, já se antecipou e estampou há pouco uma foto de Lula e Manuela com a seguinte legenda: “Após fechada a aliança entre o PCdoB e o PT para a disputa presidencial, as direções receberam a indicação do presidente Lula de que a deputada Manuela D’Ávila deverá ser indicada como candidata a vice-presidente”.

O acordo entre os dois partidos deixa claro que o PT tem plena consciência de que Lula não será candidato. Até a solução do slogan “Lula com Haddad em letras garrafais indica que o partido fará a partir de agora todo um esforço para transferir os votos de Lula para Haddad. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, entretanto, não entrega os pontos. “Está confirmado que o PCdoB fará aliança conosco no primeiro turno. Mas nosso candidato é o Lula, Haddad é vice. Não está confirmado que Manuela será vice. Lá na frente, se não conseguirmos seguir com o presidente Lula, podemos discutir, mas isso não está fechado”, disse Pimenta ao blog.

A decisão de retirar a candidatura de Manuela foi para garantir a formatação do acordo entre os dois partidos ainda no primeiro turno. Caso Manuela mantivesse a candidatura, não seria possível compor a aliança dando o tempo de tevê do PCdoB e recursos do fundo eleitoral para uma parceria nesta eleição. E com a decisão do TSE, de encaminhar as chapas até o dia 6, não dava para esperar o dia 15, data do registro.

Agora, é arrumar a situação dos estados. Em Minas, por exemplo, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), que seria candidata ao Senado, caminha para ser candidata a vice-governadora na chapa de Fernando Pimentel à reeleição.

Lula tentou repetir a coligação de 1989. Levou o PCdoB, mas não o PSB

Publicado em Eleições 2018, Política

Em 1989, quando chegou ao segundo turno por uma diferença de menos de 1% dos votos em relação ao candidato do PDT, Leonel Brizola, Lula tinha uma aliança com o PCdoB e o PSB, que, na ponta do lápis, lhe garantiram a vaga no segundo turno. Agora, ciente das semelhanças entre esta e aquela eleição presidencial, ambas com um número expressivo de candidatos (em 89, eram 22 e agora 14), o ex-presidente fez o que pode para atrair os mesmos aliados. Queria recriar a fórmula a fim de garantir o mesmo resultado. Não conseguiu fechar uma aliança formal com o PSB, mas evitou que os socialistas fechassem com Ciro Gomes (PDT). Quanto ao PCdoB, o acordo demorou, mas saiu. Há pouco, os comunistas decidiram retirar a candidatura de e Manuela e fechar aliança com o PT. a/gora, o partido vai esperar 15 de agosto para decidir se ela será vice. O partido de Manuela demorou a ceder. Inicialmente, considerou um sinal de desrespeito e decidiu manter a candidatura. Iinclusive indicou o sindicalista Adílson Araújo pra a chapa. A decisão porém durou pouco.

O PCdoB termnou aceitando a chapa puro sangue Lula-Haddad, anunciada há pouco. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, chegou a ser apontada como opção. Porém, de Curitiba, uma carta do ex-presidente Lula apontou sua preferência pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (veja post anterior). Lula aproveita para tentar tirar dos próprios ombros as dificuldades em fechar com o PCdoB. Joga a decisão para a comissão executiva nacional do partido. Assim, se a composição atual não levar o partido ao segundo turno, o ex-presidente sempre poderá dizer que a culpa caberá aos dirigentes, em especia, Gleisi. Em conversas reservadas, tem muita gente dizendo que a presidente do PT queria a vaga e, por isso, conduziu mal a negociação. Isso porque todo o esforço dos últimos dias deixaram mágoas não só no PDT, como também no PSB e no PCdoB. Só para lembrar: em 1989, no segundo turno, Brizola transferiu todos os votos para o PT. Agora, a aposta é a de que se o partido de Lula chegar ao segundo turno, dificilmente Ciro Gomes fará o mesmo. Especialmente, se o adversário for Geraldo Alckmin (PSDB). Essa será mais uma diferença para Lula entre a primeira eleição que ele concorreu e, talvez, a última a que foi indicado candidato pelo PT.

Lula decide por Haddad

Publicado em Eleições 2018

Diante da divisão do PT em torno da candidatura a vice, o ex-presidente Lula encerrou essa discussão com uma carta em que defendeu o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para compor a chapa. No texto que enviou ao partido, Lula comete um ato falho e, pela primeira vez, deixa transparecer que pode terminar não conseguindo emplacar a própria candidatura. Isso porque ele falou com todas as letras que caberia ao partido deliberar sobre a inclusão de Manuela D’Ávila na chapa. Ocorre que o PCdoB já decidiu lançar a deputada gaúcha como sua candidata a presidente e terá como vice o sindicalista Adílson Araújo.

A posição de Lula está em análise nesse momento pela executiva nacional do PT. Inicialmente, a disposição era indicar o nome que comporia a chapa apenas em 15 de agosto, data do registro da candidatura, mas uma interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que as atas das convenções devem ser registradas no sistema do TSE até 6 de agosto, ou seja, esta segunda-feira. Especialistas consideram que, se isso não for feito, a candidatura corre o risco de ser impugnada. Nesse cenário não resta muito ao PT, senão, resolver logo essa questão. A chapa petista será conhecida ainda esta noite.

PT entre Haddad e Gleisi

Publicado em Eleições 2018, Política

A comissão executiva nacional do Partido dos Trabalhadores se reunirá agora em São Paulo para discutir a formação da chapa que concorrerá à Presidência da da República. A tendência é chapa pura e há grupos se formando em torno de uma discreta queda de braço: Uma ala prefere apostar na presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para o papel de vice. Outros, preferem Fernando Haddad, o ex-prefeito de São Paulo. O PCdoB já está fora. Embora alguns ainda tenham esperanças de atrair o partido de Manuela D’Ávila para uma aliança, os comunistas não querem dar um salto no escuro, ou seja, retirar Manuela e ficar á mercê da Justiça, esperando Lula. Por isso, o partido escolheu logo o sindicalista Adílson Araújo para a vaga de vice e foi cuidar da própria vida. Agora, a briga é petista. Só para variar um pouquinho.

Haddad está responsável pela elaboração do plano de governo e joga em parceria com uma ala mais light do partido, onde está também o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, que recusou a vaga na chapa. Foi aí que o grupo ligado à senadora que comanda o PT, que não é tão fã assim de Haddad, passou a trabalhar a hipótese de a própria Gleisi assumir a vaga, embora muitos digam que Haddad é considerado o melhor nome. A ideia dos petistas é anunciar o nome ainda na noite de hoje. As próximas horas serão longas.

Lula quer limpar a área

Publicado em coluna Brasília-DF

Dois movimentos de Lula deixaram os integrantes das legendas mais à esquerda com a certeza de que o ex-presidente não quer apoiar ninguém que não seja de seu partido e, mesmo na condição de detento, quer retirar os adversários do campo do PT “na marra”. Primeiro, foi o torniquete à candidatura de Ciro Gomes, do PDT, com o acordo entre PT e PSB. Agora, vem a proposta para que o PCdoB retire Manuela D’Ávila do páreo, feche aliança com o PT e fique à disposição para quando Lula decidir apresentar a deputada gaúcha como candidata à vice na composição encabeçada por um petista. Pela interpretação do Tribunal Superior Eleitoral, a chapa tem que ser fechada e registrada no sistema do TSE até dia 6, 24 horas depois de encerrado o prazo de convenções. Lula não quer cumprir o prazo.

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Tem gente revoltada no PCdoB, que se reúne hoje em São Paulo para discutir o assunto. Afinal, aos poucos, descobre-se que Lula não quer um vice agora, porque precisa posar como candidato sozinho, sem outro representante, pelo menos, até 15 de agosto, quando, então deverá indicar um outro petista para a própria vaga, sem precisar correr o risco de que um vice de outro partido, no papel de “parceiro de Lula”, acabe caindo nas graças daqueles que hoje votam no ex-presidente. Para muitos, ficou cristalino que Lula e o PT, mais uma vez, querem tudo para si.

As viagens de Lupi

O presidente do PDT, Carlos Lupi, está percorrendo o país e organizando as chapas. Em São Paulo, avisou o PSB, do governador Márcio França, que o partido vai desembarcar como já fez em Pernambuco, em relação a Paulo Câmara. A amigos, Lupi tem dito que não dá para apoiar aqueles que se uniram para tirar espaço do candidato do PDT, Ciro Gomes. “Quem pariu Matheus que o embale. Vou cuidar do meu time”, diz o comandante pedetista.

Águas passadas

As diferenças entre o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG), e o PT não são mais tão contundentes a ponto de levar o deputado a descartar aliança. Júlio, que fez um parecer pela cassação do mandato de José Dirceu no passado, diz que o partido fará o que for melhor para os socialistas. O que será, ele diz ter até domingo para discutir.

Baixas calorias

O ex-deputado Paulo Delgado, cada vez mais livre depois que se desfiliou do PT, retomou o bom humor com toda força. E já fala até em um segundo turno “diet”. “Para um país que está precisando de dieta equilibrada, nada melhor do que um segundo turno entre as chapas de Marina/Eduardo Jorge e Geraldo Alckmin/Ana Amélia”, diz ele.

Segurança no campo

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, apresenta na semana que vem à Confederação Nacional de Agricultura (CNA) um esboço da proposta governamental para tentar conter o roubo de gado e das lavouras espalhadas pelo país. A reunião de Jungmann com o presidente da CNA, João Martins, é desdobramento dos encontros do semestre passado, quando a confederação apresentou um quadro preocupante da situação no interior do país.

A chapa da língua afiada/ O deputado Sílvio Costa (Avante-PE), que sempre foi bastante eloquente, se mostra pronto para assumir a vaga de vice numa chapa encabeçada por Ciro Gomes. “Ninguém é candidato a vice, mas será um privilégio ser vice de Ciro. Será uma chapa ficha limpa, de um Brasil honesto e decente”, diz ele à coluna, sem, no entanto, citar o temperamento de ambos.

Por falar em ficha limpa…/ Os candidatos tentam, mas a realidade bate à porta. Em busca de tempo de tevê, o Podemos, do candidato a presidente da República, Álvaro Dias, terminou encostado no PTC, de… Fernando Collor.

Por falar em Pernambuco…/ A certeza da vitória na convenção nacional do partido é tal que os pernambucanos sequer virão a Brasília para ouvir o discurso daqueles que rejeitam a tal neutralidade, com restrição de alianças a partidos de esquerda. É que a convenção estadual está marcada para o mesmo dia e mesmo horário.

Dê tempo ao tempo/ A aposta é de que a vereadora Marília Arraes vai acabar desistindo da guerra contra o PSB e terminará fazendo uma campanha à deputada federal.

Enquanto isso, no PSDB…/ O candidato Geraldo Alckmin faz hoje a sua convenção com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (foto). Antes, entretanto, passará nas convenções do PR e do PPS. Aliás, nos últimos dias, ele teve uma maratona de convenções e apoios, ganhando musculatura política. Resta saber se essa grande estrutura defenderá e trabalhará pelo candidato no mundo real e virtual.