Quem chegar, que pague a conta

Publicado em Política

Pelo andar da carruagem o presidente eleito, seja quem for, terá que  chamar os congressistas que terminam seus mandatos em janeiro do ano que vem e pedir encarecidamente que pensem suas vezes antes de aumentar despesas sem cálculos do impacto orçamentário e provimento de recursos financeiros para pagamento.  Hoje, por exemplo, os congressista derrubaram o veto do presidente Michel Temer ao reajuste do piso salarial dos agentes comunitários de saúde e combate às endemias. São, aproximadamente, 300 mil agentes comunitários de saúde e outros 100 mil de combate a endemias. Outras categorias também fazem pressão no Congresso em busca de reajustes salariais. Temer havia a parte relativa aos reajustes por falta de caixa. previa apenas uma correção em 2022, a fim de dar ao próximo presidente liberdade para tratar do tema. Agora, restará ao eleito a conta a pagar, uma vez que a derrubada do veto será levada a promulgação.

Cid, o sincero

Publicado em Eleições 2018

As afirmações de Cid Gomes na noite desta segunda-feira num ato pró-Haddad no Ceará reflete exatamente o que se passa na cabeça dos políticos dos mais variados partidos que sempre conviveram com o PT.  Ele estourou a bolha. Falou de público o que todos falam nos bastidores.  O vídeo é grande para ser incluído aqui, mas está disponível no site do Correio.  mas se você não está com paciência para vídeo, aí vão as declarações. “Tem que fazer um mea culpa. Tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira”, disse Cid, sendo prontamente repreendido por parte da plateia. “É assim, é? Pois tu vai perder a eleição. Não admitiu erros que cometeram.  Isso é para perder a eleição e é bem feito perder”, afirmou, provocando  uma sonora vaia.

“O teu tipo, assim, que acha que fez tudo certo. pois vão, vão, vão e vão perder feio porque fizeram muita besteira, aparelharam as repartições públicas, acharam que eram os donos de um país e o Brasil não aceita ter dono”.  O inconformismo dos petistas com o discurso do “aliado” foi num crescente e chegou ápice quando ele gritou: “Quem criou Bolsonaro foram essas figuras que acham que são donos da verdade. Tudo bem, me calo numa boa” Foi quando os presentes começaram a entoar um Lulalá. “Lula? Lula tá preso. Babacas!”, reagiu Cid.  ele citou ainda Jair Bolsonaro, como algo “terrível”: “O Brasil está numa encruzilhada, e dela pode sair um mal terrível para o Brasil, terrível”, ressaltou.

O PT, no início da campanha, trabalhou dia e noite para que o PSB não fechasse com o PDT de Ciro Gomes. Os petistas tinham plena consciência de que, Ciro, com tempo de tevê e apoios pelo país afora teria uma vida mais fácil, podendo inclusive chegar ao segundo turno. Sem esses dois ingredientes, a campanha de Ciro ficou sufocada. O PT, por sua vez, sabia que tinha fôlego para chegar ao segundo turno. Agora aposta que o discurso da defesa da democracia era maior do que o anti-petismo. A contrapesas declarações de Cid Gomes, nem os aliados acreditam mais nisso.

 

Frentes versus partidos

Publicado em coluna Brasília-DF

Se eleito presidente da República em 28 de outubro, Jair Bolsonaro pretende substituir o relacionamento com as lideranças partidárias pelo contato direto com as frentes parlamentares. Esse foi um dos principais recados repassados ontem ao comando da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), que levou uma comissão de parlamentares para reafirmar o apoio ao presidenciável. A ordem é discutir propostas com cada frente parlamentar, grupos que, aliás, ganharam mais expressão no Congresso.

Um dos testes de Bolsonaro, se eleito, será conseguir realizar esse projeto. No Congresso, o encaminhamento de votação sempre foi feito pelos líderes partidários. Se as bancadas temáticas quiserem algum poder maior nesse sentido, terão que disputar espaço com os líderes. Será mais uma disputa, entre as tantas que se avizinham para o Parlamento no ano que vem.

UDR perde Agricultura

Jair Bolsonaro aproveitou a conversa com a presidente da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA), Tereza Cristina (DEM-MS), e outros integrantes do grupo para reforçar o convite para que, caso seja eleito, eles indiquem alguém do setor para o cargo de ministro da Agricultura,  O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia, estava do lado e não esboçou reação.

Projetos em alta

Na conversa com a FPA, entraram na agenda a demarcação de terras indígenas com aprovação do Congresso e uma lei trabalhista específica
para o setor rural.

Pato novo…

A expressiva votação de Major Olímpio para o Senado fez com que alguns de seus aliados pensassem em fazer dele presidente da Casa. Só tem um probleminha: quem elege a maior bancada tem, por tradição, direito ao cargo. Todos que tentaram quebrar isso sofreram sérias consequências no passado.

…Não mergulha fundo
Aqueles que conhecem o funcionamento do Senado temem que a pretensão do Major crie, desde cedo, um clima de animosidade desnecessário com grandes bancadas. Se Bolsonaro for eleito presidente, conforme apontam as pesquisas de ontem, a intenção de alguns para evitar o confronto é buscar um nome mais palatável dentro do próprio MDB, respeitando a tradição.

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E o Perillo, hein?/ As apostas dos tucanos são as de que, no ano que vem, outros integrantes do partido podem ter o mesmo destino de Marconi Perillo, preso ao prestar depoimento ontem. É que hoje, o foro privilegiado só vale para atos cometidos no mandato. Em 2019, mesmo quem se reelegeu, estará em outro mandato.

Olímpio 2022/ O apoio do senador eleito Major Olímpio (PSL) e de Paulo Skaf (MDB) ao governador candidato Márcio França está diretamente relacionado ao prazo de validade. França concorre à reeleição, portanto, tem mais quatro anos de governo, deixando menos um concorrente na roda. Se Doria vencer, poderá disputar um novo mandato.

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Daciolo é fofo/ O deputado Cabo Daciolo (Patri-RJ) fez sucesso ontem num café à tarde, em Brasília, simpático a todos que fizeram questão de ir cumprimentá-lo. “Paixx!”, dizia ele a todos. A quem quis saber quem ele apoiará no segundo turno, Daciolo dizia apenas que continuava na campanha de desconfiança da urna eletrônica.

Ordem à tropa/ A vantagem nas pesquisas fez o comando de campanha de Jair Bolsonaro entrar num esforço para manter a mobilização. Entre seus aliados, ninguém esquece que o PT ganhou quatro eleições no segundo turno, sendo que a última delas, a de 2014, a divisão do país era muito parecida com a atual.

O strike no MDB

Publicado em Eleições 2018

Numa lapada só, o eleitor mandou para casa senadores como Romero Jucá, Edison Lobão, Valdir Raupp, Eunício Oliveira, Roberto Requião e, menos conhecido, mas não menos importante, Waldemir Moka. Esses senhores têm duas coisas em comum: São senadores e pertencem ao MDB, o partido do presidente Michel Temer. De todos eles, Jucá era considerado o mais próximo do atual presidente. Requião, por sua vez, era mais independente. Porém a sigla pesou.

 

A situação mais angustiante foi a do eterno líder do governo, Romero Jucá, em Roiraima. Ele só soube que a eleição estava perdida quando já passava da meia-noite e havia menos de 500 votos a serem apurados. Houve momentos em que a diferença dele para o segundo colocado chegou a 400 votos ao longo da apuração.  Haja calmante para suportar a ansiedade.

Jucá planejava ocupar a Presidência da Casa.  No partido, houve quem previsse uma disputa entre  ele e Eunício Oliveira, outro que não se reelegeu. Do trio de emedebistas que almejava concorrer à Presidência da Casa sobrou apenas Renan Calheiros, de Alagoas, reeleito. Se outro aparecer no páreo dentro do partido será o senador Eduardo Braga. Renan e Eduardo têm em comum o fato de ter feito uma campanha colada na imagem do ex-presidente.

O MDB, embora com a bancada reduzida à metade, ainda será a maior da Casa, dada a pulverização do Parlamento em diversos partidos. São 20 legendas com representação no Senado. O MDB terá 11. Se hoje é difícil formar maioria para aprovar um projeto, imagine em 2019. O futuro presidente, sem dúvida, terá trabalho dobrado.

 

Salvaram-se os

Gasto com funcionalismo em baixa

Publicado em coluna Brasília-DF
 
Se confirmada a percepção das principais lideranças no Congresso Nacional, o próximo governo tem pouca ou nenhuma chance de aumentar os gastos com o funcionalismo público federal. Dados da pesquisa Painel do Poder, realizada em setembro pela In Press Oficina junto a 57 líderes no Legislativo, mostram que 35% deles acreditam que não haverá alteração no montante atual, e outros 30% creem que ele pode ser, inclusive, reduzido. O maior entrave é o deficit fiscal, da ordem de R$ 139 bilhões.
A mesma pesquisa identificou a privatização de serviços públicos como a aposta de seis em cada 10 líderes ouvidos no levantamento. Quanto ao programa Bolsa Família, metade dos entrevistados acredita que não sofrerá grandes alterações, e nenhum deles sugere que possa ser extinto.
BBB em alta.
 
Apelidadas de BBB, as bancadas da Bala, da Bíblia e do Boi são as que mais devem crescer nas eleições do próximo domingo, pelo menos, na avaliação dos próprios deputados e senadores ouvidos pela pesquisa Painel do Poder. Dos 57 entrevistados, 63% apostam no crescimento da “bancada da bala”, 61% acreditam que os evangélicos ampliarão sua representação e 35% estimam que a bancada ruralista também será maior na próxima legislatura. Sindicalistas e ambientalistas, na avaliação dos líderes, perderão assentos na
Câmara e no Senado.
Dois gumes
 
A entrevista de Jair Bolsonaro à TV Record foi sob encomenda para que ele estivesse em evidência e não ficasse à mercê dos adversários no último dia de campanha na telinha. Porém, o fato de aparecer no momento em que as ordens médicas recomendam que ele fale por, no máximo, 10 minutos, fez com que muitos aliados preferissem que ele ficasse calado. Afinal, num mundo onde tudo muda rápido, qualquer deslize ali poderia quebrar a onda.
Público-alvo
A preferência pela Record, a emissora do bispo Edir Macedo, tinha o objetivo de atingir justamente os eleitores de Fernando Haddad, do PT, que estão nas classes de menor renda. Enquanto Jair Bolsonaro apareceria de bom moço em uma emissora, Haddad seria confrontado na outra.
Enquanto isso, nos estados…
Há uma verdadeira corrida de políticos declarando voto em Jair Bolsonaro. Paulo Skaf, do MDB, é um deles. Sob o risco de perder a vaga no segundo turno para o governador Márcio França, candidato à reeleição, Skaf declarou apoio ao capitão reformado. Em Pernambuco, quem ensaia movimento semelhante é Mendonça Filho, candidato ao Senado pelo DEM, que chegou a ser cotado para vice na chapa de Geraldo Alckmin.
Se liga aí, Doria
Aliados de João Doria (PSDB) buscam votos nesta reta final, de olho nos movimentos de Márcio França nas pesquisas internas. Se o governador-candidato ultrapassar Skaf e for ao segundo turno, será o fim do reinado tucano em São Paulo.
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Anastasia e o Novo/ O Partido Novo fará com que o senador Antonio Anastasia seja levado a enfrentar um segundo turno contra o governador-candidato, Fernando Pimentel, do PT. É que Romeu Zema, do Novo, ganhou fôlego na reta final.
Zema e Amoêdo/ Zema, entretanto, está com um problema: o fato de ter pedido votos para Jair Bolsonaro no debate desta semana irritou a cúpula do partido. Afinal, se é para mudar a política, não dá para fazer como os políticos tradicionais, que largam seus candidatos a presidente no meio do caminho sem a menor cerimônia. Se brincar, Zema chega ao domingo sem partido.
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Muita calma nessa hora/ O ex-deputado Paulo Delgado (foto) considera que o segundo turno será o tempo perfeito para que quem chegar lá possa esclarecer seu programa de governo, em especial, Jair Bolsonaro, que passou a maior parte da campanha no hospital: “Mergulhar em Bolsonaro no domingo é como entrar de cabeça num rio escuro e raso, onde a única certeza é a de que ali não tem peixe vermelho. Mas ninguém sabe que outros estranhos bichos coloridos nadam no fundo desse rio”.
Aquele bar já vai fechar/ Vendido há quase dois meses, o piano do bar do Piantella, que embalava muitas cantorias dos clientes, foi comprado por um frequentador que prefere o anonimato. Aliás, desde que os smartphones passaram a registrar tudo em todos os lugares, as cantorias no antigo bar foram minguando. Agora, salvo raríssimas exceções, as excelências só cantam em convescotes privados e com público reduzido, longe da inconveniência dos smartphones alheios.

Caso da entrevista de Lula ameaça o plano de Toffoli de pacificar o STF

Publicado em coluna Brasília-DF

O Judiciário na guerra eleitoral

Os últimos dias de campanha eleitoral apontam para o ativismo do Poder Judiciário, sem precedentes. No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ricardo Lewandowski enfrentou o vice-presidente da Corte, Luiz Fux, e reforçou a liberação de entrevista de Lula à Folha de S.Paulo. Mal Lewandowski anunciou sua decisão, o juiz Sérgio Moro, do Paraná, levantou o sigilo de parte da delação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na qual o leque de acusações ao PT é farto.

Nesse clima, o presidente do STF, Dias Toffoli, vê escoar por entre os dedos o plano de pacificar a Suprema Corte. Ontem, em São Paulo, ele e Lewandowski tiveram uma conversa nada amigável, quando o presidente relatou seu plano de levar o caso da entrevista a plenário. Como chefe supremo do Poder Judiciário, Toffoli se preparava para ocupar o lugar de pacificador após as eleições. Antes, porém, ele terá de acalmar os ânimos no próprio STF. Começou, na noite de ontem, reafirmando sua autoridade e cassando, de próprio punho, a liminar de Lewandowski. Nos bastidores, há quem diga que não poderia ter outra atitude, diante das cobranças do colega. O Judiciário, que planejava atuar para pacificar o país no pós-eleitoral, agora entrou na guerra das paixões eleitorais, tão dividido quando os partidos e os eleitores. Ou Toffoli acalma os ânimos por ali ou perderá o papel de pacificador.

Bolsonaro e Doria

Em 2016, Fernando Haddad subiu alguns pontos na eleição para prefeito de São Paulo, e a consequência foi a maioria anti-PT levar João Doria, do PSDB, à vitória no primeiro turno. A subida do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, de quatro pontos na pesquisa do Ibope, deixa claro que não é impossível ao capitão reformado repetir a performance de Doria.

Bolsonaro e Haddad

Os cálculos do grupo mais próximo da campanha do capitão reformado são de que Haddad tem hoje o teto do PT. E daí, dificilmente sairá, ainda que a eleição seja em dois turnos. Os aliados dele já contam, sim, com a vitória.

Alckmin e Doria I

A esperança do PSDB é de que o medo da vitória de Bolsonaro, ou de Haddad, leve uma parcela do eleitorado a dar ou ao petista ou ao capitão o mesmo destino de Celso Russomano em 2016. Ele despencou 10 pontos percentuais na última semana da campanha para prefeito de São Paulo, levando o tucano João Doria, que estava bem atrás, à vitória no primeiro turno.

Alckmin e Doria II

O ânimo dos tucanos reside na pesquisa BTG pactual, divulgada ontem, que apontou números diferentes dos do Ibope. No levantamento do BTG, Alckmin tem um crescimento de três pontos, chegando a 11%, na frente de Ciro Gomes (9%). Bolsonaro aparece com 31%, e Haddad, 24%.

CURTIDAS

No embalo de Palocci/ Embora sua equipe conte com a vitória no primeiro turno, Bolsonaro se prepara para a segunda rodada, e contra Fernando Haddad. Da mesma forma que seus opositores exploram as declarações de Hamilton Mourão com crítica ao 13º salário e ao adicional de férias, a turma do PSL de Bolsonaro vai passar a tratar da delação de Antonio Palocci, com denúncias contra o PT. De quebra, falará ainda do controle da mídia e da “democracia direta”, sem passar pelo Congresso, como prioridades do programa petista.

Nas ruas/ No Rio de Janeiro, um atento observador fez questão de contar o tempo que levaria para passar a carreata pró-Bolsonaro na frente de sua casa, no último domingo. Foram mais de 40 minutos.

Movimentos tardios I/ De olho nas pesquisas que hoje apontam a divisão do país entre as candidaturas de Bolsonaro e Haddad, os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (foto), e de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira, ambos do MDB, gravaram mensagens de apoio a Geraldo Alckmin. Ambos
não são do grupo do presidente
Michel Temer.

Movimentos tardios II/ Hartung menciona o risco de a polarização aprofundar a divisão dos brasileiros depois das eleições. O apoio, entretanto, talvez tenha vindo tarde. No domingo, Vitória viu uma das expressivas manifestações em prol de Jair Bolsonaro.

Toffoli suspende decisão de Lewandowski

Presidente do STF, Dias toffoli
Publicado em Política

Depois da ríspida conversa que teve com o ministro Lewandowski hoje cedo em São Paulo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, suspendeu a liminar de Lewandowski que liberava a entrevista do ex-presidente Lula. O assunto provocou um confronto no STF, depois que o ministro Luiz Fux, vice-presidente da Suprema Corte, havia suspendido a liminar de Lewandowski que autorizava a concessão da entrevista, solicitada oficialmente à Justiça pelo jornal Folha de S.Paulo. Lewandowski, então, partiu para o confronto com Fux e reforçou a liminar. O impasse deixou a Polícia Federal baratinada. Sem saber a qual ministro atender, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, consultou Toffoli sobre que decisão estava valendo. Toffoli, então, respondeu ao ministro que ficasse com a decisão de Fux. E, em seguida, passou a trabalhar no seu próprio despacho sobre o tema (veja abaixo). Toffoli tenta, assim, repor sua autoridade enquanto comandante do Poder Judiciário. Porém, o STF não está em paz.

PT, PSDB e PDT querem mesmo espaço dado a Bolsonaro em entrevistas

Publicado em Eleições 2018

Os principais adversários do candidato do PSL,Jair Bolsonaro, recorreram ã Justiça em busca do mesmo espaço de entrevista que o apresentador José Luiz Datena deu ao capitão reformado essa semana. O PSDB, por exemplo, decidiu ingressar com a ação hoje à tarde, depois receber uma resposta negativa da emissora para que fosse aberto o mesmo espaço a Geraldo Alckmin. A Band respondeu à equipe de Alckmin que já havia entrevistado o candidato do PSDB. O PDT e o PT também decidiram recorrer.

Esconda um fato com outro

Publicado em coluna Brasília-DF

Assim que a revista Veja começou a circular, com a reportagem sobre um processo em que o candidato Jair Bolsonaro é acusado de ocultação de patrimônio, as redes sociais se encheram de memes com capas falsas da revista, dizendo que o candidato era acusado de grudar chiclete no cabelo de um amiguinho e que o seu cachorro teria fugido de casa, porque a ração era ruim. Paralelamente, o próprio Bolsonaro, em entrevista na tevê, afirmava que não aceitaria resultado diferente da sua eleição. Os dois movimentos são coordenados e planejados. A ordem é criar polêmica com outros temas e sair da pauta relativa às críticas do candidato a vice, Hamilton Mourão, a respeito do 13º salário e do adicional de férias. De quebra, deixar em segundo plano qualquer notícia a respeito do patrimônio oculto e colocar no ar a segurança, de um modo geral, tanto a da população quanto a das urnas. Aí, Bolsonaro nada de braçada.

Debate interditado I

Até aqui, nenhum candidato a presidente disse o que fará para reduzir os impostos sobre os combustíveis, a energia elétrica e as telecomunicações, áreas que terminam por atingir toda a população. “Todos eles estão acima de 30% nos estados e 15% na União”, comentou o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.

Debate interditado II

Moreira afirmou, em discurso para executivos da área de petróleo, que o brasileiro está “pagando a energia mais cara do mundo. Intolerável para o dia a dia das pessoas”. Nos bastidores, empresários simpáticos ao governo Temer comentavam que, se o presidente tivesse apostado na Reforma Tributária, em vez da Previdenciária, a história seria diferente.

Atirou no que viu…

… e acertou no que não viu. Num segundo turno, o Datafolha aponta que quem tem a maior dianteira em relação ao candidato do PT, Fernando Haddad, é Ciro Gomes (PDT). Geraldo Alckmin (PSDB) parece empatado com Haddad e Bolsonaro perderia para o petista. Alckmin está rouco de tanto dizer que ele é o melhor nome para derrotar o PT. Porém, as pesquisas ainda não confirmam esse cenário.

Por falar em PSDB…

O tucanato ficou em estado de alerta com a operação da Polícia Federal sobre Marconi Perillo, que coordenou a campanha de Alckmin na largada. A ordem é continuar com o discurso de que essas operações às vésperas do primeiro turno têm motivações políticas.

Por falar em PT…

Um setor do partido ficou atônito com a perspectiva de o ex-presidente Lula conseguir dar entrevistas nesta reta final de campanha. Há o receio de que ele estanque a ampliação de votos do candidato Fernando Haddad. Afinal, a curva do petista é ascendente do jeito que está. E os petistas temem que qualquer alteração mais brusca freie a subida.

Aquele Mourão f@&#*!/ As declarações do general Hamilton Mourão (foto) sobre o 13º salário tiraram até mesmo os colegas dele do sério. O que os amigos têm comentado nos bastidores não se escreve.

O neo MDB I/ É assim que os deputados estão chamando o PP, o partido presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), que ontem, a 10 dias do primeiro turno das eleições, se viu alvo de busca e apreensão. Dividiu-se em três estações nessa campanha, à espera de quem vai vencer o pleito.

O neo MDB II/ O PP, que saiu chamuscado do mensalão e do petrolão, tem um pé na canoa do PT, outro fincado na campanha de Jair Bolsonaro, está oficialmente com Geraldo Alckmin. A estratégia é: quem ganhar, puxa as demais alas do partido para o barco.

Roriz/ As despedidas ao governador Joaquim Roriz não deixaram dúvidas de que a disputa pela herança política está posta. Até aqui, nenhum dos antigos apoiadores e aliados conseguiu liderar politicamente o clã.

Levy Fidelix diz que será presidente da Câmara se Bolsonaro vencer

Publicado em coluna Brasília-DF

A ambição do santo de casa

Candidato a deputado federal, o presidente do PRTB, Levy Fidelix, tem dito que será presidente da Câmara, em caso de vitória de Jair Bolsonaro. Para quem não se lembra, Levy comanda o partido do candidato a vice, o general Hamilton Mourão, aquele que, conforme antecipou a coluna Brasília-DF ontem, criticou o 13º salário e o adicional de férias.

Antes de se apresentar para comandar a Câmara, Levy tem ainda que passar pelo crivo do eleitor paulista e dar muitas explicações ao Tribunal Superior Eleitoral. As irregularidades no uso dos recursos do fundo partidário são recorrentes na agremiação. As análises de 2009 a 2012, por exemplo, detectaram mais de R$ 1 milhão aplicados irregularmente, segundo informações disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tanto é que o TSE pediu devolução ao erário de parte dos valores recebidos pelo partido.

Diante de tanta confusão, já tem gente no grupo aliado a Bolsonaro disposta a dar uma chega pra lá geral no partido do vice. Não dá para Mourão dizer que quer moralizar o Brasil, e até criticar as leis trabalhistas, se o seu próprio partido tem as contas sob suspeita de irregularidades no TSE.

O tiro no pé do general

Ainda que o general Mourão tenha tentado reduzir o estrago da sua declaração sobre o 13º salário, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) dedicará os próximos dias a explorar a crítica. Ontem, por exemplo, o tucano mostrou em seu programa de tevê a página deste blog, que publicou a notícia em primeira mão. Se você ainda não viu o vídeo, está lá. Não menciona “planejamento gerencial”, nem tampouco foi descontextualizada.

O estrago está feito

Alckmin sabe bem o que uma declaração mal colocada pode causar. Em 2006, quando disputou contra Lula, ele passou todo o segundo turno jurando que não privatizaria o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras. A defensiva lhe tirou votos naquele ano. Agora, embora Bolsonaro tenha desautorizado o general, e o próprio Mourão tenha recuado, a suspeita está lançada.

Onde pega

Mourão é preparado, demonstra conhecimento de economia em suas exposições e já disse que a reforma constitucional pode ser feita por uma comissão de notáveis, sem passar pelo Congresso. Esses detalhes somados serão fartamente explorados nas redes sociais para dizer que o capitão Bolsonaro pode estar apenas servindo de ponte para um mandato do general.

 

CURTIDAS

Temer isolado/ Agora, no 3º andar do Planalto, onde está o gabinete presidencial, até os funcionários têm acesso controlado às salas usadas pelo presidente da República. São quatro estações de portas de vidro espalhadas no corredor. Ou seja, está no fim aquela história do sujeito que vai visitar um assessor do outro lado e termina na sala de Michel Temer ou da chefia de gabinete sem ser convidado. Para passar ali agora, só com autorização formal.

Histórias de Roriz I/ O ex-governador do DF Joaquim Roriz não perdia a chance de dar conselhos a aliados interessados em saber como ele conquistava a simpatia da população local. Certa vez, chamado a uma reunião da campanha de José Serra, em 2002, ele não titubeou: “Tem que fazer que nem eu: dar cesta básica, leite, lote”. Serra arregalou os olhos. Enquanto candidato, não tinha como fazer isso.

Histórias de Roriz II/ Cristovam Buarque, depois de perder a eleição para Roriz, quis saber de alguns eleitores mais humildes o porquê do voto no oponente. A resposta deu aos aliados do petista — que ouviram a história — a razão do sucesso: “O Cristovam fez o saneamento, mas se não fosse o Roriz, eu não estava aqui, no meu lote”.