Coluna Brasĺia-DF para quinta-feira, 3 de julho de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Em Lisboa, almoço que homenageou e colocou sentados à mesa em frente ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ex-presidente Michel Temer, comandante de honra do MDB, foi lido por muitos como mais um passo do ensaio de uma possível federação entre os dois partidos. Por lá passaram ainda o presidente do MDB, Baleia Rossi, e do Republicanos, Marcos Pereira, ambos deputados por São Paulo, além de quase 500 pessoas, entre políticos, empresários e membros do mundo jurídico.

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A federação entre as duas legendas é uma das grandes apostas do MDB para encorpar sua bancada rumo a 2026, como forma de unir forças para ampliar o espaço na Câmara: “O MDB é um centro estendido, estamos resolvendo as questões regionais, mas as conversas estão avançando” , afirmou o deputado Hildo Rocha, vice-líder do partido na Câmara. Ele é muito claro quando questionado sobre a indicação de um vice-emedebista para a chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição: “Não temos intenção de indicar um vice do MDB para Lula. Além disso, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem feito um bom trabalho” , contornou Rocha. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não foi almoço em Lisboa, é, hoje, a maior aposta.
Em política, a ordem dos fatores…
Lula está convencido de que sua melhor alternativa para a supervisão de uma política de base rumo a 2026 é, primeiramente, conquistar uma parcela expressiva da população e, depois, reaglutinar apoios políticos. Se não se mostrar visualmente viável, a tendência é a turma buscar outros caminhos. Aliás, a base começou a minguar depois que a popularidade caiu.
… altera o produto
Os partidos de centro, por exemplo, só ficarão mais próximos a Lula se sentirem firmes na reeleição. Até aqui, a ordem é manter o ensaio de movimentos longe do PT. A conclusão dos parlamentares é que o governo pode até conseguir pacificar a questão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, a relação seguirá tensa e só se pacificará se a popularidade subir.
Movimentos coordenados
Pouco antes de a Câmara aprovar a urgência da proposta que fixa critérios para concessão de benefícios tributários e financeiros essa semana, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, esteve no Congresso para começar uma conversa sobre os cortes de 10% dos subsídios a todos os setores. O governo deverá enviar seu projeto em breve, para tramitação conjunta com o projeto do deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), que trata desse tema.
Falta de comunicação
A base do governo na Câmara dos Deputados tem reclamado de “falta de comunicação” com o Planalto. O caso do veto presidencial ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um exemplo. Muitos governantes não sabiam que o governo havia vetado o item, a ser derrubado no Congresso Nacional mediante acordo. Muitos foram para os microfones, criticar o governo nesse quesito, criticar o governo sem saber que havia acordo para a derrubada.
Foi ele!
Nesse curto-circuito, muitos dizem que é difícil a conversa com a Casa Civil, leia-se o ministro Rui Costa, que custa a receber até os amigos do seu partido.
CURTI/

Os olhos de Motta/ Enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta, está em Lisboa, sua assessoria mantém total atenção às entrevistas concedidas por governo e oposição no Salão Verde. A ordem é não perder um lance e informar diretamente ao chefe.
Por falar em Lisboa…/ No almoço em Portugal, um dos anfitriões, o ex-deputado Fábio Ramalho, fez questão de posar ao lado dos homenageados, Hugo Motta e Michel Temer, e do ministro das Cidades, Jader Filho (foto).
Ainda não/ O senador Cleitinho (Republicanos-MG), um dos favoritos, de acordo com pesquisas eleitorais, na disputa do governo de Minas Gerais, disse à coluna que só no ano que vem é que decidirá sobre uma candidatura. “Ainda há muita coisa a ser resolvida no Senado para se pensar nas eleições de 2026” .
Constrangimento/ Durante a sessão solene em homenagem aos 77 anos da Nakba, a catástrofe palestina, um participante ficou gritando no Plenário “Viva ao Hamas” , o que deu “munição” de crítica para a oposição e muita gente deu razão.
Deixe para depois/ Com a pauta do Senado abarrotada de projetos e medidas provisórias, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), adiou o balanço que havia prometido a alguns senadores para essa quarta-feira.

