Xô, comércio macabro

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Pode? Não pode. Mas aconteceu. A administradora do cemitério de Brasília profanava túmulos. Na calada da noite, roubava caixões e desocupava sepulturas. Depois, revendia tudo. No Dia de Finados, o comércio macabro veio à tona. Familiares foram homenagear os que foram na frente e… surpresa! Encontraram as covas vazias. O horror motivou a abertura da CPI dos Ossos. As investigações levaram a seqüência de horrores.
 
 
Resultado: o governo não teve saída. Conjugou o verbo intervir. Mas se cercou de cuidados. O trissílabo é desacreditado como político louquinho pra ser eleito. É que ele revela a família na cara. Filhote de vir, conjuga-se como o paizão. Mas muitos não acreditam. Juram que ele deriva de ver. É um tal de intervi pra cá, interviu pra lá, intervisse pracolá. Cruz-credo! Ele dá o troco. Desmoraliza os algozes.
 
 
O DNA
 

Mantenha seu moral lá no alto. Flexione intervir como manda a certidão de nascimento: eu venho (intervenho), ele vem (intervém), nós vimos (intervimos), eles vêm (intervêm); eu vim (intervim), ele veio (interveio), nós viemos (interviemos), eles vieram (intervieram); se eu viesse (interviesse), ele viesse (interviesse), nós viéssemos (interviéssemos), eles viessem (interviessem); quando eu vier (intervier), ele vier (intervier), nós viermos (interviermos), eles vierem (intervierem). E por aí vai. 
 

 
O grampo

 
Reparou? Ele vem, ele intervém. O acento se explica. Monossílabo terminado em em dispensa o grampinho. É o caso de bem, quem, ele tem. Intervém, com mais de uma sílaba, joga no time das oxítonas. As terminadas em em ganham o agudão: armazém, contém, alguém, ninguém. E, claro, intervém.
 

A vez
 

Monossílabos terminados em em nunca ganham acento? Ganham num caso. Quando diferenciam o singular do plural. Veja: ele vem, eles vêm; ele tem, eles têm.
 

 
Dose dupla
 
Não bobeie. Abra os dois olhos. A terminação êem só ocorre com verbos pra lá de especiais. São os que, na 3ª pessoa do singular, terminam em ê. Na 3ª do plural, dobram o e e mantêm o acento: ele vê, eles vêem; ele crê, eles crêem; ele lê, eles lêem; ele dê, eles dêem.

 
Redação oficial
 
 
Na redação oficial, aparece um chavão repetido há décadas. Apesar da avançada idade, porém, continua a despertar dúvidas. Trata-se da introdução de cartas, ofícios e memorandos. Você sabe qual a forma nota mil?
 

a. Vimos pela presente…

b. Viemos pela presente…

 
Trata-se do presente do verbo vir (eu venho, ele vem, nós vimos, eles vêm). Viemos é passado (eu vim, ele veio, nós viemos, eles vieram). Como sabemos que se trata do presente? Na dúvida, mude a pessoa. Em vez de nós, use eu (venho pela presente).
 

Concurso
 
Os concursos adoram pegar a moçada pelo pé. Uma das ciladas preferidas é a confusão com os verbos vir e ver. Questões como esta são pra lá de comuns. Qual a opção nota mil?
 
a. Quando eu vir Maria, perguntarei se eles vêm ou não vêm ao jantar.

b. Quando eu vir Maria, perguntarei se eles veem ou não veem ao jantar.

c. Quando eu ver Maria, perguntarei se eles vêm ou não vêm ao jantar.

d. Quando eu ver Maria, perguntarei se eles vêem ou não vêem ao jantar.
 

Eta confusão! No sufoco, como se safar? Lembre-se de que o futuro do subjuntivo deriva do pretérito perfeito. Mais precisamente — da 3ª pessoa do plural menos o -am final: eu vi, ele viu, nós vimos, eles vir(am).

Desvendado o mistério. A opção a merece nota mil.