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Atenção, editor:
Os asteriscos viram macaquitas.
Obrigada.
Recado
“A leitura solitária de romances era vista como um perigo para as jovens e mais ainda para as mulheres casadas.”
Ana Elisa Ribeiro
®MDUL¯
Leitor pergunta
Volta e meia, alguém é classificado de “enigmático como esfinge”. O título pertenceu a Greta Garbo. Mais recentemente passou para José Dirceu. Ele ficou uns 20 anos casado sem nunca ter revelado à mulher a verdadeira identidade. Vá ser frio assim no Pólo Norte, sô! Minha questão: qual a origem da imagem?
Clarice Beta, Caruaru
A Esfinge parecia mulher. Mas mulher não era. Tinha rosto e peito de moça. O corpo era de leão. As asas, de urubu. E a cauda, de dragão. A monstra veio não se sabe de onde. Instalou-se em Tebas (Grécia) no alto de um rochedo. Quando um viajante passava, ela o obrigava a parar. E exigia que ele desvendasse este enigma:
Qual o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?
Os coitados não descobriam a resposta. Ela os devorava. Depois, lambia os beiços de prazer. Um dia, Édipo passou por ali. A Esfinge pensou que mais uma comidinha estava no papo. Parou o rapaz e apresentou a mesma adivinhação. Ele respondeu rapidinho:
O homem. Engatinha de quatro. Caminha em duas pernas. E, quando fica velhinho, usa bengala.
Frustrada, ela se matou. Mas virou substantivo comum. Esfinge é a pessoa calada, cheia de mistérios. Um enigma. ®MDUL¯
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Adoro português. Leio tudo sobre o assunto. Dicionários e gramáticas são velhos companheiros meus. Mas uma lição nunca me saiu da cabeça. Lembro-me quando o carrancudo professor de Português nos disse para esquecermos as comparações “mais bem” e “mais mal”. Daquele dia em diante, só “melhor” e “pior” deveriam freqüentar nossas falas e cadernos. Acreditei piamente. Mas hoje tenho dúvida sobre o radicalismo do mestre. Estou certo?
Augusto Nardelli Pinto, Brasília
Certíssimo. Na ânsia de mudar a cabeça da meninada, os professores ensinam meia verdade. Aprendida a lição, os mestres se esquecem da outra metadinha. Mais bem e mais mal se usam antes de particípio: ®MDUL¯mais bem classificado, mais mal classificado, ®MDUL¯mais bem votado, mais mal votado.
Moral da história: meia verdade é meia mentira.
®MDUL¯***
Estudo na quinta série. Outro dia, estava escrevendo histórias que acontecem no meu jardim. Falava do joão-de-barro. Ele é um pássaro muito prevenido. Constrói uma casinha e, ao concluí-la, começa a construir outra de reserva. Em certo momento, precisei usar o plural da avezinha trabalhadeira. Não soube. Você sabe?
Janice Bolas, Boa Vista
Sei. É joões-de-barro.
Uma dica: em geral, os dicionários trazem os plurais diferentes. Você localiza o verbete no singular. No finzinho, está o plural.
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Há um dicionário circulando na internet. Não é grande. Tem uns 50 verbetes. Todos fazem rir. Onde está a graça? Na interpretação dos vocábulos ao pé da letra. Mando alguns para os leitores da coluna:
unção ®MDUL¯ erro de concordância muito freqüente. O correto seria “um é”.
vidente ®MDUL¯ dentista falando sobre seu trabalho.
talento ®MDUL¯ característica de alguma coisa devagar.
sossega ®MDUL¯ mulher desprovida de visão.
rodapé ®MDUL¯ quem tinha carro, mas agora roda a pé.
sexólogo ®MDUL¯ sexo apressado.
bacanal ®MDUL¯ reunião de bacanas
leilão ®MDUL¯ Leila com mais de dois metros de altura
locadora ®MDUL¯ mulher maluca chamada Dora
Cecília Silva, Rio
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Vírgula antes do e? Sei que existe. Mas desconheço seus mistérios. Pode desvendá-los?
Isabel Cristina, Pelotas
Num caso só num caso aparece vírgula antes do e. A conjunção curva-se à necessidade de clareza. Aí, o período precisa preencher duas condições. Uma: as orações devem ter sujeitos diferentes. A outra: a leitura rápida deve dar margem a falso recado:
*®MDUL¯O Iraque atacou o Kuweit,®MDUL¯ e®MDUL¯ os Estados Unidos reagiram.
Sem a vírgula, fica a impressão de que o Iraque atacou os dois países. Errado. A vírgula evita a ambigüidade.
Outro exemplo:
*®MDUL¯Beija-®MDUL¯Flor leva o bi no Rio, e ®MDUL¯ São Clemente cai.
Sem a vírgula, daria a impressão de que a escola leva o bi no Rio e em São Clemente. É demais.
