Voto de Minerva

Publicado em português

O julgamento da chapa Dilma-Temer deu 3 x 3. Três juízes votaram pela cassação da dupla. Três, pela absolvição. Empate em tribunal não tem vez. O jeito? O presidente dá a palavra final. É o voto de Minerva. Vê-lo assim, ao vivo e em cores em decisão tão importante, suscitou curiosidade pra lá de natural. De onde veio a prática?

Veio de longe, da mitologia grega. Orestes matou a mãe e o namorado dela. Com o assassinato, vingou o pai. Agamenon foi morto pelo casal logo que ele voltou da guerra de Troia. O rapaz cometeu o crime mais grave da Grécia. A pena para o matricida era a morte. Carrascos cruéis aplicavam a punição. Eram as infernais Erínias, especialistas em torturar os pecadores.

Consciente do que o esperava, Orestes pediu socorro a Apolo. O deus topou ajudá-lo. Levou-o para ser julgado no aerópago, o supremo tribunal de lá. Atena presidiu o primeiro julgamento do mundo. Doze cidadãos atenienses formavam o júri. A votação terminou empatada. Coube à presidente o desempate. Ela declarou Orestes inocente. Ops! Com o voto de Minerva, nasceu o patriarcado. Os homens assumiram o poder.

Eles

A palavra patriarcado vem do grego. Lá e cá tem duas partes. Uma: pater, que quer dizer pai. A outra: arché, que significa comando. Em bom português: patriarcado é o poder dos homens.

Elas

O voto de Minerva foi o divisor de águas. Antes da decisão da deusa da sabedoria, imperava o matriarcado. As mulheres tinham o poder. Com o bater do martelo no julgamento de Orestes, o comando mudou de mãos.