Senhoras e senhores, abram alas, que as grandonas pedem passagem. Elas são as maiúsculas. O nome veio do latim. Na língua dos Césares, majusculus quer dizer “um tanto maior”. Maioral, maioria, maioridade, major, majoritário, majorar pertencem à mesma família. Todos são aparentados com maior.
Por isso, têm complexo de Deus. Se deixar, ocupam um senhor espaço. Manda o bom-senso pôr-lhes o pé no freio. Para dar-lhes um chega pra lá, dois princípios se impõem. Um deles: só as use nos casos obrigatórios. O outro: não as empregue para valorizar ou destacar ideias. Maiúsculas devem ser as ideias, não as letras. Dê a vez às grandonas:
1. nos nomes próprios reais ou fictícios: Rafael; João da Silva; Branca de Neve; Europa; França; Bahia; Maputo; Atlântida; Renascimento; Idade Média; Região Norte;
2. no primeiro elemento do título de livros (escrito em itálico): O tempo e o vento; Memórias póstumas de Brás Cubas; Vocabulário ortográfico da língua portuguesa;
3. no nome que designa instituição: Presidência da República; Poder Judiciário; Ministério da Educação;
4. no nome de impostos e taxas: Imposto de Renda; Imposto Predial e Territorial Urbano; Taxa do Lixo;
5. nos atos de autoridades quando especificado o número ou o nome: Lei 2.346; Medida Provisória 242; Decreto 945; Lei Antitruste.
O ato perde a majestade em dois casos. Um: depois da primeira referência. O outro: na ausência do número ou do nome: A medida provisória trata do Plano Real;
6. nas palavras Estado (país), União e Federação (associação de estados): “A sociedade controla o Estado”; “A Constituição enumera as competências da União”; “Impõe-se preservar a Federação”;
7. nas datas comemorativas e nome de festas religiosas: Sete de Setembro; Proclamação da República; Dia das Mães; Natal.
Alerta! Nomes de dias, meses, estações do ano e festas pagãs não têm privilégios: Se o carnaval cair em fevereiro, vou desfilar em escola de samba. Espero que seja no sábado.