Troca-troca (4)

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Onde x aonde

De uma coisa ninguém duvida. O aonde é uma respeitável palavra casada. Resulta do encontro irresistível da preposição a com o pronome onde. Mas a união não se dá sem mais nem menos. Há requisitos.

Só ocorre com verbos de movimento que exigem a preposição a. O verbo ir, por exemplo. Quem vai vai a algum lugar:

Aonde você vai?
Vou ao Recife.
Gostaria que me dissesse aonde você vai.


Chegar joga no mesmo time. É verbo de movimento que pede a preposição a (quem chega chega a algum lugar):

Cheguei a João Pessoa.
Aonde o pacote econômico quer chegar?
Sei mais ou menos aonde ele quer chegar.
Ela provou que tem capacidade para chegar aonde chegou.

Conduzir não fica atrás. Preenche as duas condições da união feliz (quem conduz conduz a algum lugar):

Aonde nos conduzirão os caprichos do governo?
Ninguém sabe aonde as medidas nos conduzirão.

Atenção, precipitado. Para merecer o aonde, o verbo tem de preencher as duas condições. Uma só não é suficiente. Assistir, por exemplo, pede a preposição a. Mas não indica movimento. Pular indica movimento. Mas não aceita a preposição a. Com eles & cia., o aonde não tem vez. Não tem vez também nestas frases:

Onde você está?
Gostaria de saber onde você está.

Estar não indica movimento nem exige a preposição a (quem está está em algum lugar).

Não me disse aonde pretende trabalhar quando concluir o curso.

Trabalhar não preenche nenhuma das duas condições. Com ele, só o onde tem passagem:

Não me disse onde pretende trabalhar quando concluir o curso.