Recados do diminutivo: gripezinha e resfriadinho

Publicado em português

“É gripezinha”, diagnosticou Bolsonaro. Referia-se à Covid-19. Choveram críticas. Pancadas vieram da direita, da esquerda, do centro. Ufa! O presidente voltou atrás? Qual o quê! Gripezinha virou resfriadinho.

Resultado: o diminutivo entrou na agenda. Curiosos correram atrás do jeito camaleão de falar. Os diminutivos são criaturas irracionais. Exprimem a linguagem do coração. Cheios de emoção, falam de carinho, ódio, ironia. Chamar um livro pequeno de livrinho indica tamanho pequeno. Mas de amorzinho o gatão de 1,90m e 150kg denota afeto. Dizer que a garota é bonitinha não deve alegrá-la. Deu-se um jeitinho de afirmar que a moça é feia.

Ao referir-se a alguém como professorzinho, doutorzinho ou empregadinho, desqualifica-se o professor, o doutor, o empregado. Ofende-os. Se a gente adjetivar o substantivo, aumenta o poder da agressão. Quer algo mais pejorativo que advogadinho de porta de cadeia? Ou professorzinho do interior? Ou empregadinho de boteco? Mata sem dó.

Moral da história

O diminutivo enriquece a expressão. Mas não o faz de graça. Cobra preço. Vale a pena pagá-lo? Você decide. Você escolhe.

Fora!

Ao falar em gripezinha e resfriadinho, Sua Excelência reduziu a Covid-19 a zero à esquerda. Bobeou. Feliz, a gripezinha levantou a cabeça, esfregou as mãos e partiu pro ataque. Valha-nos, Deus! Vade retro, satanás! Xô! Xô! Xô!