Palavras que confundem

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Lembra-se da tomada e do focinho de porco? Ambos são salientes e
têm dois buracos. Mas um dá choque. O outro cheira. Confundi-los acarreta problemas. Melhor estar atento às diferenças.
Na língua também há tomadas e focinhos de porco. Trata-se de palavras que, na aparência ou na pronúncia, são quase iguais. Mas uma não conhece a outra nem de elevador. É o caso de hora e ora, oh! e ó, mas e mais, mal e mau.
Ora x hora
A pronúncia de hora e ora é a mesma. Mas o sentido não tem nenhum parentesco. Veja como não cair na esparrela de tomar uma pela outra:
Hora significa 60 minutos:
A velocidade na ponte é de 60km por hora.
Ganho R$ 50,00 por hora de trabalho.
Quando divertir-se? a qualquer hora. Afinal, como diz o outro,
toda hora é hora.
Ora quer dizer por enquanto, por agora:
Por ora, a velocidade na ponte é de 60km por hora.
O governo não pretende, por ora, privatizar as universidades
federais.
Lamento, mas, por ora, nada posso fazer.
Oh! e só
Oh! ou ó? A pronúncia de uma é gêmea univitelina da outra. Por isso, na hora de escrever, pinta a confusão. São duas grafias. E dois sentidos. Quando usar uma palavra ou outra?
O ó aparece no vocativo, quando gente chama alguém:
Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas?
Até tu, ó Brutus, meu filho?
Seu pai morreu? Morreu pra você, ó filho ingrato.
O oh! é interjeição. Tem vez quando a gente fica de boca aberta de
Admiração ou espanto:
Oh! Que linda voz!
Oh! Que trapaceiro! Quem diria, hem?
Oh! Que surpresa!
Ó Paulo, não entendi seu oh! de espanto. Pode me explicar?
Mas e mais
Mais é o contrário de menos:
Trabalho mais (menos) que ele.
Se pudesse, viajaria mais (menos).
Um mais um é igual a dois.
É isso: sem mais nem menos.
Mas
quer dizer porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto:
Tirei boas notas, mas (porém) não consegui me classificar entre os dez primeiros.
Lula viaja muito, mas (no entanto) não se cansa.
Ele trabalha pouco, mas (contudo) ganha muito.
 
Mau e mal
Com u ou com l? Os professores não se cansam de explicar:
Mau é adjetivo: homem mau, lobo mau, mau funcionário, mau humor.
Mal
tem dois papéis:
Pode ser substantivo: nos filmes, o mal não tem vez. A violência
é o mal da atualidade. A tuberculose foi o mal do século 19.
Pode ser advérbio: Dormi mal. Trabalha mal. Anda mal das
pernas. Não tenho paciência com mal-humorados.
Na dúvida, recorra ao macete. Mau é o contrário de bom. Reescreva a frase. Deu bom? O u pede passagem: homem mau (homem bom), lobo mau (lobo bom), mau funcionário (bom funcionário), mau humor (bom humor).
Mal opõe-se a bem: Nos filmes, o bem não tem vez. A tuberculose foi o bem do século 19. Dormi bem. Anda bem das pernas. Só tenho paciência com bem humorados.
Guarde isto: como diz o outro, não confie no ouvido. Ele engana o bobo na casca do ovo.
 
Moral, questão de gênero
O moral? A moral? As duas palavras estão em todos os dicionários. Escrevem-se do mesmo jeitinho. Mas o gênero faz a diferença. Uma é macha. A outra, fêmea. Muita gente não sabe disso. Na maior ingenuidade, mistura alhos com bugalhos. O resultado é um só. Pensa que está dando um recado, dá outro. Pior: não dá recado nenhum. Deixa o leitor a ver navios.
A juventude dificilmente fala em moral. Rapazes e moças preferem dizer astral. Há pessoas