Metros e retros

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      “A cada ação corresponde uma reação”, ensina a física. Na língua de camiseta e chinelo, há expressões que dão o mesmo recado. “Bateu, levou”, ameaçam os valentes. “Quem diz o que quer ouve o que não quer”, afirmam os senhores de estopim curto. “Aqui se faz, aqui se paga”, ameaçam os catastróficos.     A observação nasceu a propósito de metrossexual. A palavra veio ao mundo nos States em 1994. É cria do colunista Mark Simpson. Ele juntou metropolitano com heterossexual. Deu metrossexual. Com a polissílaba, definiu o homem moderno, urbano e extremamente vaidoso. Gasta 30% do salário em cremes, massagens, academias, salões de beleza, cirurgias plásticas. É o objeto de desejo dos publicitários, que vivem de olho em novos filões de consumo.     Em resposta ao metrossexual, pintou o retrossexual. Retro forma palavras como retrovisor, restrospectiva, retrógrado, retroceder. Elas têm um denominador comum. Olham pra trás. O retrossexual mantém os valores de tempos idos e vividos. Pisa duro, fala alto, usa camisa aberta, dispensa xampus e cremes, chama o garçom com estalo de dedos ou altos brados. Para ele, dividir a conta com mulher é ofensa. Entrar em clínica de estética é coisa de gay. O adjetivo machão soa como música.     Os termos criaram símbolos. David Beckham é exemplo de metrossexual. Lindo, vaidoso e louco por mulher. Reginaldo Rossi joga no time oposto. Diz-se homem com h maiúsculo. Com excesso de testosterona, não tem medo de mostrar a força e a masculinidade. Não pede. Faz. Mulher dele não tem de ser sensual e amiga. Precisa cuidar da casa e dos filhos.     Metros e retros parecem viver em polos opostos. Mas só aparentemente. Uns e outros têm um ponto comum. Preferem o sexo oposto. São heterossexuais. Héteros, na língua curta dos termos modernos. Ops! Com acento.