Zebu de carne a preço de ouro

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Reprodução/Twitter

 

Um país como o nosso, duramente castigado por uma pandemia que recrudesceu, por obra e inação de um Estado leviano e de uma classe política indiferente e egoísta, o que era um secular fenômeno de desigualdade social, tornado dormente por ações populistas, vai, aos poucos, se transformando numa espécie de apartheid, acendendo conflitos reprimidos e levando-nos a todos a um beco, cuja saída se depara com um precipício escarpado.

Reverter um quadro com essas configurações de tragédia anunciada não é obra para estadistas de meia-pataca, tampouco para malfeitores travestidos de políticos, cujo objeto de seus projetos passa longe de qualquer crise social e bem perto dos cofres públicos.

Num cenário instável como esse, prestes a explodir, qualquer fato, por mais corriqueiro que seja, é motivo para detonar manifestações de revoltas. A instalação recente de uma escultura, denominada Touro de Ouro, instalado defronte à sede da B3 ou Bolsa de Valores em São Paulo, tão logo foi inaugurada, transformou-se em motivo de protestos por parte de movimentos sociais.

Na verdade, dado o momento atual, o que foi instalado ali é um monumento com uma imensa área “em branco”, onde as pichações e as garatujas de protestos irão se multiplicar, não apenas por sua visibilidade mediática, mas por, subliminarmente, representar um símbolo máximo do que seria o capitalismo do tipo selvagem e especulativo.

A primeira inscrição a inaugurar o mural do Touro de Ouro, uma espécie modernizada do Brioche de Maria Antonieta, às vésperas da tomada da Bastilha em 1789, vinha com os dizeres: “Taxar os Ricos”, o que faz algum sentido, quando se observa a discrepância entre a pujança financeira de alguns setores da economia nacional e as imagens que mostram famílias inteiras comprando ossos nos açougues ou simplesmente buscando-os em containers em frente aos atacadistas de alimento.

O que se sabe e a experiência histórica tem demonstrado, repetidas vezes, é que país algum alcançou o patamar de nação desenvolvida, sem antes resolver as questões sociais, principalmente aquelas referentes ao combate à fome e à desnutrição de suas populações. Nesse sentido, o pobre Touro de Ouro é muito mais um boi de piranha expiatório, lançado em meio à população famélica que, constantemente, cruza aquela região do centro financeiro de São Paulo.

Na linguagem estratégica e marota de alguns partidos políticos, o combate à crise e à fome só se faz com a eliminação dos bilionários que investem em instituições como as bolsas de valores. Nada mais falso e mais passível de enganar e açular aqueles que perderam a razão pelo sofrimento impingido pela fome.

A reprodução do touro instalado em Wall Street, em Nova York, remete a outra cópia, essa das lojas Havan, que ostenta em suas fachadas uma enorme réplica da Estátua da Liberdade, também vista naquela cidade americana. Mais do que uma mostra de nossa falta de imaginação, que nos leva a copiar símbolos americanos sem sentido para o Brasil, no universo cultural interno, a colocação desse animal não simboliza a espécie genuinamente nacional que é o Boi Zebu, com sua corcova característica, fruto de anos de pesquisa genética.

Mesmo que fosse uma escultura do Zebu de ouro, pouco serviria para a população que anseia vê-lo em carne, de preferência, dentro da panela. Para nossas autoridades pançudas e pantagruélicas, trata-se aqui de uma bobagem sem sentido. Mais ensinamentos da história mostram que revoluções não se fazem com base em ideologias, mas são catalisadas pelo fenômeno humano da fome e da barriga vazia.

A palavra que foi pronunciada:

Conficídio”

Expressão usada pelo senador Eduardo Girão para intitular o discurso de Tofolli sobre o abuso de poder do Judiciário.

Só erro

O descaso do governo do DF por uma instituição respeitada como o Instituto Ludovico Pavoni, o Ceal, é inexplicável. Depois de divulgar as emendas parlamentares que encheram os cofres do GDF, não há como compreender essa indiferença com milhares de crianças surdas e famílias que só têm o Ceal como apoio. Deve haver algum erro na não continuação do convênio. É hora de a população se solidarizar com essas famílias. Dona Michelle Bolsonaro também!

Foto: ceallp.org

Paz

Aos poucos, os shoppings centers recebem corais que trazem, na música natalina, a paz tão desejada nos últimos tempos. Desde o dueto violão e sax dos músicos do Corpo de Bombeiros ao Coral Infantil Adventista, todos querem estar no momento da performance.

Foto: ParkShopping/Divulgação

História de Brasília

A propósito, até hoje o DTUI não colocou poste de telefones públicos nem na Rodoviária nem na Asa Norte. (Publicada em 14/02/1962)

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