Um tempo que não passou

Publicado em ÍNTEGRA

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Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Ollanta Humala e Nadine Heredia, ex-casal presidencial do Peru. Foto: Getty Images

 

        3.169 quilômetros separam Brasília de Lima, a capital do Peru. De lá, desta lonjura, chegam notícias de que mais um ex-presidente daquele país é condenado por corrupção. Nesse caso agora, Ollanta Humala, acusado de ter recebido U$ 3 milhões em contribuições ilegais. Com a condenação de Humala a 15 anos de prisão, já somam quatro ex-presidentes peruanos, condenados pelos mesmos motivos.  Só pra  lembrar, também condenados por corrupção foram os ex-mandatários Alejandro Toledo, Alan Garcia e Pedro Kuczynski. Garcia suicidou-se em 2019 para não ser preso.

O que esses ex-presidentes possuem em comum, além do gosto pelo dinheiro fácil? Perguntaria alguém interessado no assunto. Todos eles foram, como assim dizer, “abduzidos” pelo dinheiro oferecido aos quatro pela construtora brasileira Odebrecht, agora rebatizada de Novonor. A esposa de Toledo, refugiou-se na embaixada brasileira em Lima, de onde, graças a atuação pessoal do presidente Lula, foi acolhida como exilada política, livrando-se da cadeia junto com o marido. Curioso não só o poder sobrenatural dessa empresa que praticamente levou à ruína nada menos do que quatro presidentes peruanos. Que lábia. Que lobby.

A Odebrecht, por suas ações deletérias praticamente eliminou o presidencialismo naquela parte do continente, mostrando como comprar chefes do Executivo e outros poderes, deixando à mostra toda a fragilidade das instituições republicanas desse lado do planeta. O esquema aplicado sobre a República do Peru pela construtora se resumia a repasses ilegais e milionários para campanhas políticas destes candidatos, com vistas a adquirir, lá na frente, nacos do Estado em forma de obras superfaturadas.

O que a empresa admitiu aos procuradores nacionais  foi ter “investido” em vários países da América Latina algo como US$ 800 milhões, mas, observando o estrago feito naquele período pela Odebrecht no continente, esses valores podem ser muito mais elevados. O falecido Hugo Chaves, da Venezuela aparece em algumas dessas operações, com malas de dinheiro para campanhas dos amigos, viajando por toda a  América Latina à bordo de um jatinho particular, chegando e saindo sem mais alardes, sempre ajudado por políticos do mesmo lado da moeda. De fato, foi um tempo em que a Odebrecht tinha parte das repúblicas latino-americanas nas mãos. Os recursos para tamanha empreitada vinham de todos os lados, inclusive de bancos estatais.

‘        Difícil saber como essa empresa conseguia tempo para gerir grandes obras desses Estados, ao mesmo tempo em que administrava  movimentação de dinheiro para o pagamento de propinas de todo o gênero. O interessante, nesse caso que se desenrola há milhares de quilômetros daqui, reverbera um assunto que muitos, aqui no Brasil, não querem nem ouvir falar. É como falar em corda na casa de enforcado.

          Pelo o que se vê, lá no Peru, esses casos escandalosos envolvendo a participação de presidentes da República com o recebimento de subornos dessa famosa e internacional empreiteira, não estão ficando impunes. Um a um, esses mandatários vão sendo arrolados, condenados e presos. Por aqui, faz-se cara de paisagem para essa notícia, pois trazem lembranças de um passado que, para nós que acreditamos ainda na justiça, não passou.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A vaidade é um princípio de corrupção.”

Machado de Assis

Foto: escritas.org

 

Mistério

Não me pergunte a razão de um carro com a insígnia dos Comandos de Operações Especiais estava fazendo dentro do Iate Clube de Brasília às 6h30 da manhã.

 

História de Brasília

O Hospital Distrital, quando inaugurado, possuía um serviço de comunicações que era a última palavra. Quando uma pessoa precisava falar com um médico, e êste  estivesse  ausente do consultório, a telefonista chamava pelo transistor, e o aparelho que êle tinha no bolso dava um sinal. Era só procurar o telefone mais próximo, e estava feira a comunicação. (Publicada em 29.04.1962)

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