Outro reizinho mandão

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

          Assédio, que os especialistas nessa modalidade de cerco costumam definir como conduta contumaz e abusiva através de gestos, atos, comportamentos e palavras, com o intuito de provocar danos à integridade física e psíquica de um indivíduo, pode ocorrer, também, quando indivíduos, por suas altas posições de mando, nas áreas político e econômica, passam a eleger uma instituição ou grupo antagônico como alvos de perseguições, visando descredibilizá-los perante a sociedade. É o que vulgarmente, nesse caso, chama-se fritura. E é justamente isso que vem ocorrendo agora, envolvendo o atual presidente da República e seu grupo, com relação à autonomia do Banco Central.

          De fato, o Banco Central vem, desde o início do governo, sendo alvo das críticas generalizadas, tanto do chefe do Executivo, que dá o tom aos comentários, como dos ministros e de toda a bancada petista, que, em uníssono, vem reclamando tanto da independência da instituição como da gestão pessoal do atual presidente do Banco.

          O que se tem aqui, e mais uma vez, é a fritura de Roberto Campos Neto e de toda a sua equipe. A raiz do bullying contra o BC está na sua autonomia, regulada pelas Leis Complementar 179 e pelo PLP 19/2019, que na prática elevou o BC à autarquia de natureza especial, desvinculando-o da tutela do Ministério da Economia e, portanto, do governo.

          A simples ideia da emancipação e autonomia dessa importante instituição, que cuida tanto da estabilidade de preços como zela pela eficiência de todo o sistema financeiro, controlando a inflação e protegendo a moeda, vai totalmente contra o que seriam os princípios de todo e qualquer governo de esquerda, que tem, no centralismo econômico político, seu grande e único propósito.

          O cerco ferrenho empreendido pelos petistas ao Banco Central tem como mote a taxa de juros, fixada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e nominada como Taxa Selic, em 13,75%. No campo político e palanqueiro, o chefe do Executivo acusa, sistematicamente, Campos Neto de estar a serviço do governo anterior.

         Por diversas vezes, o comando do BC tem alertado que as repetidas falas do atual governo e de membros de sua equipe não só têm atrapalhado a economia como tem provocado estragos significativos na política econômica do Estado e no próprio mercado.

         Erroneamente, o chefe do Executivo vem dizendo que a atual gestão do BC trabalha contra o Estado e a favor do mercado financeiro. O que é uma acusação despropositada e, ao mesmo tempo, muito grave. O que se tem aqui são as razões conflitantes entre o que prometeu em campanha um candidato, sem programa de governo, e as diretrizes econômicas sérias e balizadas nos números frios da matemática financeira, feitas pela única instituição capaz, hoje em dia, de barrar as investidas de um governo que se move ao sabor das incertezas dos ventos.

         O que não só o mercado teme, como os próprios brasileiros antenados nessa questão também, é que o governo consiga, mesmo a duras penas, rever a independência do BC no Congresso; não possui ainda maioria, ou vá recorrer direto para o Supremo, onde sabe que seus desejos são sempre aceitos.

          Se houver, de fato,  a possibilidade surreal do furo no teto de gastos, em mais de R$ 200 bi e do desmanche da Lei das Estatais para lotear, politicamente, mais uma vez, as empresas do Estado, a aposta agora é que a autonomia do Banco Central pode, nesse contexto, estar com os dias contados.

A frase que foi pronunciada:

“As plantas são mais corajosas do que quase todos os seres humanos: uma laranjeira prefere morrer a produzir limões, ao passo que, em vez de morrer, o homem comum prefere ser alguém que não é.”

Mokokoma Mokhonoana

Mokokoma Mokhonoana. Foto: revisionpath.com

 

Aborto

Grande oportunidade para discutir o aborto. Dr. Felipe Lopes e Dr.a Érica Guedes. Para quem tiver dúvidas ou certezas. O importante é participar. Dia 18 de fevereiro. Inscrições pelo telefone 3326- 1180.

Cartaz: Divulgação

 

Congresso

A linguagem GPT de Inteligência Artificial já começa a gerar expectativas para os Consultores Legislativos do parlamento brasileiro. Questões como direitos autorais, extinção de profissões, educação, saúde. Está tudo começando e o interesse é fenomenal.

 

Na praia

Por falar em interesse fenomenal, outra discussão de quem faz as regras recai sobre o financiamento de congressos de várias categorias profissionais. A partir de que ponto a ética é ultrapassada? E qual o nível da necessidade de aceitar favores escusos?

Esse mundo

Essa é uma boa hora para se valer dos discursos antigos e atestar as metamorfoses de opinião. Basta dizer que, em um evento, as madames Bolsonaristas e Lulistas estavam separadas, até que dona Lu Alckmin entra no recinto. As convidadas presentes deixaram a ideologia de lado e se renderam à elegância de dona Lu.

Foto postada no perfil oficial de Lu Alckmin no Instagram

 

Pergunta que não quer calar

Alunos da USP correm com abaixo assinado contra Janaína Paschoal. Segundo a advogada, eles não conseguem conviver com a divergência. Hoje em dia, quem consegue?

Janaína Paschoal. Foto: odia.ig.com

 

História de Brasília

Vão tirar também os japoneses da Cidade Livre. Os que tinham granjas no Correio Vicente Pires serão transferidos para outras granjas, e receberão assistência técnica da Superintendência de Agricultura. (Publicada em 15.03.1962)

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