VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Passado o que seria o primeiro tempo da pandemia, depois de um avanço tímido do programa de vacinação, o que se observa, no Brasil, enquanto não acontece o prosseguimento desse jogo da morte, é o que muitos já previam: aumentos significativos tanto nos preços dos combustíveis quanto nos preços dos produtos da cesta básica e nas tarifas de energia elétrica.
Ao lado dessas curvas perigosamente voltadas para cima, o que se tem é o encolhimento de nichos inteiros do pequeno comércio varejista, tragado pela pandemia, que fez desaparecer também boa parte do chamado terceiro setor, formado por prestação de serviços de toda a ordem. Tudo isso embalado por uma crise hídrica jamais vista, tendo ainda, como pano de fundo, o aumento da pobreza, o aumento dos desmatamentos e o aumento da violência urbana. São problemas de sobra até mesmo para o mais fanático dos pessimistas.
Em meio a esse cenário, que parece do fim do mundo, o atual governo tenta trabalhar com o centrão, que forma não apenas a sua base de apoio, mas a base de apoio de qualquer um outro mandatário, que, disposto a pagar o alto preço cobrado, não sabe ao certo em que direção seguir. É nesse marasmo que o gigante Brasil permanece deitado eternamente. E é dentro desse gigante que dezenas de milhões de brasileiros assistem o que parece um trágico e dramático momento da história do país. Estamos imersos, literalmente, na paz dos cemitérios. Difícil é explicar esse quadro todo para o cidadão comum, que a tudo assiste sem entender de onde sopra esse vento frio.
Uma visita aos supermercados pode dar uma noção resumida do que acontece. Em 13 das 17 capitais analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudo Socioeconômicos (Dieese), o custo médio da cesta básica aumentou muita acima da inflação. Nem mesmo o comércio consegue dar conta da oscilação esquizofrênica dos preços, quando se notam diferenças de preços do mesmo produto da ordem de mais de 500% de um local para outro.
Para o consumidor de baixa renda entrar num desses supermercados é uma verdadeira tortura e uma humilhação, já que, com os trocados que carrega no bolso, pouco ou nada pode comprar. Arroz chegou a R$ 30, feijão a R$ 9, carne só se for de capivara.
Para um país que o governo diz orgulhoso de ser o maior produtor mundial de carne bovina, de aves, de suínos, não faz sentido observar famílias inteiras nos centros de atacados e de distribuição de alimentos, recolhendo ossos para levar para casa para fazer sopa. E como entender a estatal Petrobras, que vende o gás de cozinha a preços tão altos e inacessíveis ao pequeno consumidor que, para não ficar mal diante a população, resolveu investir R$ 300 milhões em programas de subsídio para criar o vale-gás.
Depois do vale-refeição, do vale-transporte e outros vales, num país onde o cidadão pouco vale, fica o dilema entre dar cidadania, na forma de educação de qualidade, saúde e segurança, ou conceder vales diversos, amarrando a população a políticas populistas e demagógicas que valem somente até às próximas eleições.
A frase que foi pronunciada:
“Mas então é fácil, fácil demais, fazer sermões sobre os perigos do paternalismo e a necessidade de assumir a responsabilidade por nossas próprias vidas, do conforto de nosso sofá em nosso lar seguro e higiênico. Não somos nós, que vivemos no mundo rico, os beneficiários constantes de um paternalismo agora tão profundamente embutido no sistema que mal o notamos?”
Abhijit V. Banerjee, Poor Economics: A Radical Rethinking of the Way to Fight Global Poverty
Participação
Fátima Bueno, do Lago Norte, reforça a necessidade de se abordar a falta de compromisso do agronegócio com o meio ambiente, trazendo a aridez permanente das terras exauridas. Diz a leitora que as gigantescas nuvens de poeira chegaram para engolir cidades como alerta máximo à degradação continuada do solo por plantações extensivas, pastos e garimpos em várias regiões do Brasil. A tão propalada exportação de carne, grãos e minérios, como salvação da economia nacional, não prevê o desabastecimento futuro, agravado com a escassez dos recursos hídricos, incentivo ao desmatamento e métodos antiquados de produção de energia.
Isso pode, Arnaldo?
Veja, no Blog do Ari Cunha, um homem-bomba cruzando a Ponte do Bragueto.
História de Brasília
Taguatinga está ameaçada de servir à população, água contaminada. E’ que a água que abastece a cidade é retirada do Córrego do Cortado, e já fizeram loteamento no local da captação. (Publicada em 08/02/1962)