Tempos luleiros

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Enquanto a população brasileira permanece distraída com as revelações que vão sendo levantadas pela CPI da Covid e que indicam, até aqui, o cometimento de uma série contínua dos mais variados e graves crimes, tanto por empresários como por políticos e pelo próprio governo durante a pandemia, o país vai sendo virado ao avesso pelo Legislativo, na sua tentativa de desfigurar a Lei de Improbidade Administrativa (LIA), um dos maiores avanços já conquistados pelos cidadãos no controle dos gastos públicos.

Caso vingue a proposta defendida pela maioria da classe política das duas Casas do Congresso, e que conta com o apoio também da maioria dos prefeitos e governadores, a Lei de Improbidade Administrativa sofrerá um processo de abrandamento chamado ardilosamente de “flexibilização”.

Com isso, um dos mais modernos mecanismos para coibir que maus gestores permaneçam cometendo barbaridades e crimes com o orçamento público, e que foi um dos marcos da cidadania contidos na própria Constituição, perderá sua eficácia, em nome de uma vaga segurança jurídica reclamada pelos políticos. Sem as penalidades e sem os limites impostos pela Lei de Improbidade, voltamos ao tempo dos gastos públicos sem controle e, portanto, um dos facilitares da corrupção.

A supressão da modalidade culposa de improbidade administrativa permitirá o retorno e a atuação desastrosa dos maus gestores ao período pré-constitucional, quando a farra com o dinheiro público era a regra e a punição aos corruptos, pelos desvios e o mau emprego desses recursos, era uma raríssima exceção. Cada cochilo da população ou sua alienação, devido a assuntos paralelos, corresponde a uma armação dos políticos para aliviar suas responsabilidades e arrefecer quaisquer possibilidades de futuras penalidades.

O Ministério Público, que também anda cochilando nos momentos em que a população mais precisa, acordou com essa manobra e já mandou avisar que irá acompanhar de perto a desfiguração dessa importante Lei. Políticos com cargos de prefeito e governadores vinham, há tempos, insistindo na modificação dessa Lei, de forma a torná-la inócua ou ao menos inofensiva para os maus gestores.

Pelo texto modificado agora, as ações negligentes, imperitas ou imprudentes, mesmo que causem danos ao erário do estado, não poderão mais ser enquadradas como improbidade e crime, devendo no futuro serem classificadas como modalidade culposa ou sem intenção de cometimento de crime.

É o caso aqui daquele político peralta arguir que cometeu o desvio ou a má aplicação dos recursos dos contribuintes por mero descuido ou desatenção, sendo perdoado por esse ato de mal pensado. Até mesmo o prazo estabelecido pela Lei foi modificado, dando menos tempo ao Ministério Público para instaurar, apurar e concluir as investigações dos possíveis delitos; caso contrário, o crime restará prescrito.

Como se não bastassem tantos benefícios àqueles que, por antecipação, já preveem uma grande quantidade de gestões ruinosas em estados e municípios, existem aqueles políticos que advogam até que a Lei possa conter dispositivos que garantam sua imediata aplicação em favor dos réus do presente e do futuro, num movimento de retroação marota e que é a cara e o caráter dos nossos representantes, feitos a nossa imagem, segundo nosso desejo diante das urnas.

A frase que foi pronunciada:

Nenhuma administração pública será aceitável a menos que os funcionários públicos sejam educados e agradáveis com o povo.”

Amit Kalantri, Riqueza das Palavras

Amit Kalantri. Foto: nicelocal.in

Vivo

Estranho que, em um calor desses, os ovos vendidos em mercados não estejam recebendo refrigeração.

Foto: minhasaude.proteste.org

Lei humanizada

É preciso urgentemente que algum parlamentar se sensibilize com a situação de estudantes gestantes e puérperas. A lei garante a prova domiciliar. Mas agora, com a pandemia, nota-se que a vantagem não é tão grande assim. Uma aluna de medicina nos escreve contando que teve um bebê e não consegue fazer uma prova online no mesmo tempo em que os outros alunos. Precisa parar para dar atenção à criança, trocá-la, amamentá-la. Precisa de mais tempo, sem prejuízo. Há professores que não são flexíveis e apontam o “sistema de provas” como vilão.

Foto: guarulhos.sp.gov

História de Brasília

A Agência Nacional é uma repartição deficiente desde a sua fundação, ao tempo da ditadura. Ao invés de informar os atos do govêrno, fica, em geral, endeusando as pessoas, e é por isto que cada govêrno muda logo de diretor. Vem daí a política, o amigo, o compadre, o conterrâneo, e tudo mais que possa prejudicar. – AC. (Publicada em 07/02/1962)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin