Mea Culpa

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Cazo

 

           Até que ponto o fenômeno da violência em nosso país, uma das mais altas em todo o mundo, pode ser considerado uma questão social, ligada, sobretudo, a fatores como desigualdade econômica existente em nossa sociedade? Essa é, entre muitas outras questões, o ponto de partida para que se compreenda essa que é uma das maiores preocupações de nossa população nos dias de hoje.

          Um outro problema inserido nesse debate, que já se estende sem conclusões por décadas, é o de saber que, tomado sob o ponto de vista eminentemente político, com todos os vieses ideológicos que isso comporta, a violência se multiplica, chegando mesmo a ganhar um preocupante crescimento exponencial, à medida em que decrescem as respostas efetivas ao seu combate. Isso significa que, mais importante até do que entender esse fenômeno de forma acadêmica e sonolenta, é pôr em prática, logo de início, as medidas previstas nos códigos legais, de forma ágil e sem hesitações.

         É da hesitação da justiça, em cumprir seu papel, que se aproveitam os malfeitores para persistirem na criminalidade. A reincidência no cometimento de crimes é, entre nós, o fator que mais tem contribuído para a escalada da violência. Não é por outro motivo que os operadores de justiça, principalmente aqueles que trabalham na ponta, como os policiais, já chegaram a uma conclusão assustadora: os marginais perderam o medo ou respeito pelos agentes da lei. Debocham dos policiais, e até zombam de juízes, sem receio algum de que isso vá resultar em mais penalidades.

         Um outro problema de grande importância, também já constatado, é que o interior das cadeias e presídios nacionais, seu dia a dia, é hoje controlado pelo próprio crime organizado. Isso significa que quem dá as cartas dentro desses estabelecimentos correcionais são os mesmos que cometeram crimes. Dentro desses recintos, existe até mesmo regras e leis próprias, redigidas e cobradas pelos detentos. É nessas prisões que se encontram as mais organizadas, profícuas e bem montadas universidades do crime. É um mundo paralelo que as autoridades fingem desconhecer.

         Há quem afirme inclusive que os presídios ajudam a multiplicar o número de criminosos. Fosse esse um mundo totalmente fechado e blindado do exterior isso não teria maiores problemas. A questão aqui é que de dentro dos presídios, mesmo os de maior segurança, partem, diariamente, ordens e serviços que devem ser cumpridos por aqueles que estão fora de seus muros. Essa intermediação é feita ou por familiares ou mesmo por uma legião de advogados de defesa, que levam e trazem mensagens, tanto de dentro para fora como de fora para dentro. Há uma espécie de status quo antigo que ninguém ousa alterar ou pôr fim. Somente por essa realidade visível, é possível intuir que mais do que um problema social, o crescimento da criminalidade e da violência dela decorrente é sistêmica e estrutural, e está incrustado e enraizado dentro do próprio sistema. Só não vê quem não quer.

         Mais importante até do que identificar o fator social, como causa primeira da criminalidade, é reconhecer que o nutriente dessa máquina infernal, que infelicita hoje os brasileiros, é dado por um elemento que não aparece nos estudos acadêmicos e científicos: a corrupção. É ela que nutre e perpetua o crime. Observem que, em países onde a corrupção é um traço insignificante, os índices de criminalidade praticamente inexistem ou são também insignificantes. Descontadas as proporções, dentro dos presídios, são replicadas e espelhadas as mesmas práticas corruptas que se observam para além de seus muros. É disso que estamos falando. Muito antes de ser um problema social e até político, a violência decorre de um ato de mea culpa, vindo daqueles que possuem responsabilidade sobre essa calamidade.

A frase que foi pronunciada:

“Você está na prisão. Se você deseja sair da prisão, a primeira coisa que deve fazer é perceber que está na prisão. Se você pensa que é livre, não pode escapar.”

G.I. Gurdjieff

G.I. Gurdjieff. Foto: ggurdjieff.com

 

Cuidados

Mais de 7 milhões de brasileiros foram ludibriados por golpes em 2023. As informações foram divulgadas na pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), em parceria com a Offerwise Pesquisas. clonagem do cartão de crédito e/ou débito (6%); compra de produtos em anúncios falsos postados em redes sociais clonadas de amigos e/ou conhecidos (4%); transações financeiras na conta bancária sem autorização (3%); emissão de cartões de crédito sem autorização usando documentos falsos, perdidos ou roubados (3%); empréstimo do nome sem autorização usando documentos falsos, perdidos ou roubados (3%).

Foto: Mohamed Hassan / Pixabay

 

História de Brasília

Na pista da última corrida, próximo à chegada, havia um barraco onde estava escrita a cal a palavra ‘perigo’. O dr. Comparator da Consispa, atualmente em São Paulo, contando isso a amigos, foi em todos os buracos de São Paulo, precisaria de uma turma de duzentos homens trabalhando durante cinco anos para consertar. (Publicada 01.04.1962)

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