Concentração

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Congresso Nacional durante a votação dos vetos presidenciais 03/03/2020                      Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

 

           De acordo com dados recentes divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nessas últimas eleições de 2022, nada menos do que 90,7% de todos os recursos provenientes do Fundo Eleitoral ficaram concentrados em mãos de apenas 3,4% dos candidatos. Isso equivale a dizer que, dos milhares de candidatos que disputaram cargos eletivos em todo o país, apenas 950 deles tiveram acesso pleno aos R$ 2,5 bilhões liberados.

          Trata-se de uma concentração de recursos que, de certa forma, parece copiar o modelo que desde sempre tem existido dentro da sociedade brasileira, considerada hoje a que apresenta uma das mais desiguais do planeta. Segundo o IBGE, entre 2020 e 2021, 1% dos mais ricos do país chegava a ganhar mensalmente 38,4% mais renda do que os 50% mais pobres, ou metade da população.

         Essa desigualdade se alastra também pelo mundo. A cada 30 horas surge um novo bilionário no planeta, sendo que, no mesmo intervalo de tempo, mais de um milhão de pessoas cai para o patamar de extrema pobreza.

         O mundo político, tal qual é organizado em nosso país, copia as mazelas da desigualdade social existente aqui e além mar. Na verdade, o que temos em matéria de organização política é a predominância do chamado caciquismo, no qual os donos das legendas organizam a distribuição do dinheiro do pagador de impostos, via Fundos Eleitorais e Partidários, de acordo com critérios distantes anos luz de quaisquer princípios republicanos ou éticos.

          Por aqui, o grosso dos recursos desses Fundos vai parar em mãos de candidatos de etnia branca, ligados aos caciques, que escolhem, a dedo, quem tem chance de se eleger e quem não tem. Nesse butim legal, apenas o Partido Novo não utiliza os recursos do Fundo Eleitoral em suas campanhas. No geral, os candidatos negros chegam a receber 11 vezes menos que candidatos brancos e ligados às cúpulas partidárias. Esse tipo de desigualdade não fica restrito apenas a cor da pele.

         Pesquisas mostram que o Fundo Eleitoral, além de não incentivar a participação das mulheres na vida política nacional, destina menos de 30% para elas, mesmo havendo cota de gênero. Para piorar uma situação que em si já é desigual e injusta, o atraso no repasse dos recursos do Fundo Eleitoral para as campanhas para os candidatos chega a inviabilizar algumas campanhas.

         É preciso deixar claro aqui que os processos de desigualdades observados e existentes dentro do atual modelo político e partidário do país provocam consequências diretas também para a vida social, espelhando essa injustiça. A resolução dos grandes problemas nacionais passa também pelas instituições partidárias. Se essas são injustas e mal organizadas, também o será a sociedade.

         As políticas públicas são também reflexos dos modelos partidários, pois são exercitadas por entes políticos, ligados a partidos. Se os partidos não tomarem para si a responsabilidade de se organizarem como entidades totalmente montadas a partir de bases éticas e humanas, com especial atenção à boa administração dos recursos públicos, de forma equânime e justa, todo o resto e com ele o Estado, o governo e a própria sociedade estão fadados ao fracasso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Penso, logo existo.”

René Descartes

Imagem: Frans Hals – Portret van René Descartes.jpg

 

Homenagem

Um verdadeiro astro que passou por Brasília e deixou muitas histórias e ciência. Como membro fundador do Centro de Pesquisas Físicas, aponta a biografia dos arquivos da UnB, o físico Roberto Aureliano Salmerón deixou enorme legado. Faleceu em junho do primeiro ano de pandemia, aos 98 anos. Para quem cresceu em Brasília, esse nome se mistura à vizinhança e às revistas científicas de Física Nuclear de Altas Energias.

Roberto Aureliano Salmeron. Foto: Revista FAPESP

 

Salão Nobre

Em 15 de dezembro, 18 h, toma posse, no Tre-DF, o desembargador Demétrius Gomes Cavalcanti. Um coquetel no local, após a solenidade, será a oportunidade para cumprimentar o novo membro titular da Corte.

Desembargador Demétrius Cavalcanti. Foto: tre-df.jus

 

Guinada

Lucas Gabriel Lourenço de Paula, com vários diplomas em Tecnologia da Informação, pensa no sistema Azure na SUS. Atendimento agendado, sem fila, casos mais simples por consulta remota. No histórico, o registro dos médicos em serviço, histórico de atendimento. Ideias e meios existem. Com um pouco de vontade política, o SUS seria um diferencial no planeta.

 

INSS

Dados dos aposentados precisam ter segurança redobrada. O último trote recebido pelo José Felipe Ramos foi que seu dinheiro do mês ficaria preso porque, segundo o sistema, ele havia feito um empréstimo, o que não era verdade. Nesse caso, pegue o nome e matrícula do funcionário e um telefone fixo para conferir a veracidade no próprio INSS.

Imagem: pocosdecaldas.mg.gov

 

História de Brasília

Quanto aos salários em atraso, há uma informação boa: sairá a dinheiro no dia 14, porque a Prefeitura fêz um adiantamento à Fundação, enquanto o Tribunal de Contas registra a verba do novo ano financeiro. (Publicada em 13.03.1962)

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